Faça uma incisão no lado mais grosso da picanha e vá passando a faca por dentro dela até chegar à ponta. Cuidado para não cortar as bordas! Quando tiver aprofundado o corte o suficiente para alcançar a ponta fina da carne, puxe-a com cuidado com a mão, virando a peça do avesso.
Recheie a picanha com queijo provolone e passe sal grosso na superfície.
Leve ao forno médio por cerca de uma hora.
Dicas e Complementos
Quando se vira a picanha, a camada de gordura fica do lado de dentro da carne. Ela derrete e mantém a peça úmida e suculenta, com um sabor incrível.
Para esta receita, é melhor trabalhar com peças pequenas. Facilita a “virada”.
Um vinho tinto cai muito bem para acompanhar. Melhor ainda se for da uva Taná, que combina com churrascos e comidas gordurosas perfeitamente.
A receita é bem simples. Só não a classifico como “fácil” porque é preciso paciência para cortar a carne com calma e algum jeitinho para virá-la. Quanto à quantidade… serve três pessoas normais ou duas esfomeadas, como foi o caso no dia em que provei essa delícia.
Tempo de preparo: 1 hora e meia
Grau de dificuldade: moderada
Rendimento: 3 porções
Atualização: para ver outro jeito de virar e rechear a picanha, dê uma olhada nesse post do Comideria.
No colégio, História era minha matéria favorita. No dia-a-dia, o interesse por comida (e por comer, obviamente) é constante. Claro que um livro juntando essas duas delícias chamaria minha atenção. Apesar disso, Brasil 1500/2000: 500 Anos de Sabor mofou na minha estante por anos (talvez desde 2000, de fato). Eu não sabia o que estava perdendo.
O livro é um verdadeiro passeio pela história gastronômica do Brasil. Da Colônia até os dias atuais, passando pelas contribuições dos índios, dos negros e das várias correntes migratórias, 500 Anos de Sabor é uma leitura fascinante, nada diet e capaz de agradar até quem não curte esquentar a barriga no fogão ou ler sobre batalhas, datas e figuras históricas. Afinal, todo mundo gosta de uma boa mesa (aliás, eis aí um bom jeito de motivar o estudo da História).
Conta-se, por exemplo, que a onipresente mandioca veio dos índios (ao passo que sua bebida preferida, o cauim, não caiu nas graças dos europeus – felizmente); que a mesa portuguesa só ganhou sabor de verdade com os temperos trazidos pelos negros em honra aos seus orixás; que entradas e bandeiras enriqueceram a culinária nacional com pratos rápidos e de fácil conservação, como a paçoca de carne-seca; que as Grandes Guerras, assolando a Europa, fizeram os olhos e o paladar brasileiros voltarem-se para os vizinhos norte-americanos.
A discussão sobre a origem da feijoada também está presente, claro:
Como toda paixão, a feijoada costuma gerar acaloradas polêmicas. Teria mesmo nascido na senzala? Não teria muito mais a ver com receitas portuguesas mesmo, das regiões da Estremadura, do Alto Douro e Trás-os-Montes, que misturam feijão de vários tipos, menos o feijão preto, a linguiças, orelhas e pés de porco, e que se recomenda comer com arroz, especialmente na terça-feira de carnaval? Não seria uma receita muito mais moderna, surgida ali pelo final do século passado [XIX], a partir de informações culinárias de outros países, já então mais frequentes no Brasil, inspiradas por outros cozidos, como o cassoulet francês, que também leva feijão – branco – no seu preparo?
(…)
O que se pode fazer com segurança, para chegar mais perto da verdade, é relembrar um pouco os hábitos alimentares da senzala brasileira, nos dois primeiros séculos de colonização. (…)
Quando a escassez de comida não era tanta, suas refeições básicas juntavam a onipresente farinha de mandioca à carne ou peixe, além dos vegetais que estivessem à mão. E quando podiam, os escravos procuravam manter sua alimentação de origem, que não prescindia do feijão preto, trazido por eles da África, mais muita pimenta-malagueta como tempero. Dos senhores de engenho recebiam às vezes restos de carnes, mais a permissão para entrar nos pomares, servindo-se das frutas disponíveis, entre elas a laranja. E a aguardente costumava ser distribuída até com fartura, menos por generosidade e mais para estimular a alegria, aumentando assim, quem sabe, o empenho na lida dos canaviais.
Feijão preto, restos de carnes, farinha de mandioca, pimenta, laranja, até a bebida – não é difícil reconhecer na união desses elementos um parentesco bem próximo com a nossa feijoada contemporânea. (…) Não deve ser mera coincidência.
Às margens do texto, poesia, prosa, ditos populares e canções ilustram a fusão entre culinária e cultura.
500 Anos de Sabor foi patrocinado pelo Pão de Açúcar em 2000 e não é mais vendido; quase nem escrevo sobre ele. O Neto Cury (que me lembrou dos sebos), a Cynthia Semíramis (que falou sobre a preservação da memória do livro) e a Júlia Reis (que nem sabia que o livro tinha a ver com a praia dela) disseram que isso não é razão suficiente pra não falar dele. Estão certos. O texto é bacana, as receitas (mais de duzentas) vão da maniçoba à charlotte russe e, veja só, dá pra comprá-lo na Estante Virtual, meu sebo favorito.
O texto da Gabi foi o mais inspirador pra mim. Não só porque sou uma descendente de italianos apaixonada por massas, mas porque macarrão ao molho de tomate é um dos pratos favoritos da minha mãe.
A todos os participantes, muito obrigada! Espero que tenham gostado de fazer os textos como gostei de os ler.
Gabi, o pessoal da editora vai entrar em contato contigo e mandar os livros para a sua casa logo, logo. 🙂
Ninguém lê um livro de receitas de cabo a rabo, certo? Seria como ler um dicionário, não é mesmo?
Não!
Tudo depende do livro, na verdade. Semana pasada caiu-me nas mãos um tão gostoso (sem trocadilhos) que vale a pena ler de ponta a ponta: é A Conversa Chegou À Cozinha, da Rita Lobo, criadora do site Panelinha e blogueira.
O livro tem dois diferenciais muito bacanas.
O primeiro deles é que cada bloco de receitas é precedido por uma crônica, um texto escrito originalmente para o blog da autora. Além de abrirem o apetite, os textos são divertidos e bem escritos.
O segundo diferencial é a variedade de receitas, mais que a quantidade delas. Na verdade, são apenas quarenta e poucas, mas que cobrem um vasto cardápio. Tem receita de coquetel, de comida vegetariana, de bolo de chocolate, receita para uma só pessoa (perfeita pra quem não cozinha só pra não ter que lavar a louça), pra doze de uma vez e por aí afora. Algumas são simplérrimas, outras exigem mais trabalho, mas todas são explicadas nos mínimos detalhes, do jeito que eu gosto.
As crônicas e as receitas já foram devidamente devoradas com os olhos. Falta-me agora, organizar minha rotina (não é à toa que o DdF está às moscas) e voltar a cozinhar, pra testar os pratos e devorá-los no sentido literal da coisa.
Ficha Técnica
Título: A Conversa Chegou À Cozinha
Autora: Rita Lobo
Primeira edição: 2008
Editora: Ediouro
Páginas: 207
Cotação: bah, sem testar as receitas? Complicado. Pelas crônicas, fácil.
Quer ganhar um exemplar do A Conversa Chegou à Cozinha? É tão simples quanto fazer arroz: escreva um post no seu blog dedicado a uma comida especial para você. Uma que traga lembranças de infância, ou que relembre um episódio com os filhos, ou remeta a uma recordação de viagem.
Faça um trackback para este artigo, ou deixe um comentário com o link para o seu post (sem isso, não há como anotar sua participação).
O texto mais bacana leva A Conversa Chegou À Cozinha e, de quebra, ganha também o livro O Mundo É O Que Você Come.
Você tem até o dia 20 de março para entrar na roda!