Violação de Privacidade

Ficha técnica

The Final Cut. EUA, 2004. Ficção Científica. 104 min. Direção: Omar Naim. Com: Robin Williams, Mira Sorvino e James Caviezel.

Num futuro próximo, as pessoas podem comprar um chip que, instalado no cérebro, grava todas as suas memórias, transformando-as posteriormente em um filme. Homem especialista em editar essas lembranças começa a ser atormentado pelo seu passado ao descobrir uma pessoa na memória de um diretor de sua empresa.

Mais informações: Adoro Cinema.

Comentários

Meia estrela

O filme é fraquíssimo. Meia estrela, no máximo – e “pra fazer caridade”!

O enredo mistura O Show de Truman (a questão de estar sempre sendo observado), Brilho Eterno de uma Mente Sem Lembranças (vale a pena rever o passado, ou é melhor apagá-lo?) e Vanilla Sky (a reconstrução das lembranças). Três filmes ótimos. O resultado da salada? Um fiasco.

Em destaque, dois temas: a invasão da privacidade (como indicado pelo título em português) e a manipulação das lembranças – algo que, vez por outra, todos nós gostaríamos de poder fazer. Em Brilho Eterno e Vanilla Sky, essa manipulação é feita com o consentimento do “dono” das memórias – em Violação, é realizada após a sua morte.

O roteiro ainda traz: um drama pessoal de infância; uma tentativa superficial de abordar questões éticas; um romance capenga; um simulacro de cenas de ação.

No fim das contas, são tantos os tópicos que Violação de Privacidade propôs que terminou por não cuidar bem de nenhum deles. Quis abraçar o mundo com as pernas e caiu de cara no chão.

Não vale sequer pela atuação do Robin Williams, medíocre (no sentido literal: mediana, comum).

Um dos piores filmes de 2004.

Mar Adentro

Ficha técnica

Espanha, 2004. Drama. 125 min. Direção: Alejandro Amenábar. Com Javier Bardem, Belén Rueda e Lola Dueñas.

O filme conta a história verídica de um homem que luta pelo direito à eutanásia depois de sofrer um acidente que o deixou tetraplégico. Do mesmo diretor de Os Outros. Vencedor do Oscar de filme estrangeiro.

Mais informações: Adoro Cinema.

Comentários

5 estrelas

Vale cinco estrelas lacrimosas. Passei metade do filme chorando, e a outra metade com os olhos embaçados.

A pedra de toque de Mar Adentro é a discussão sobre o direito de morrer, diante de uma vida extremamente limitada. É tema polêmico e, atualmente, na moda – depois do caso Teri Schiavo, bem como graças ao sucesso de Menina de Ouro. O filme analisa vários aspectos da questão: questiona por que as pessoas têm tanta dificuldade em aceitar que alguém queira a própria morte, quando ela chegará para todos, cedo ou tarde; aborda largamente as razões daqueles que estão próximos que os levam a relutar diante da eutanásia; traz aspectos religiosos, morais e jurídicos sobre a matéria.

Não são feitos julgamentos, nem fornecidas respostas -seria impossível fazê-lo, diante de um verdadeiro dilema. A grande contribuição do filme é provocar questionamentos, forçando os espectadores a pensarem sobre o assunto. Algumas passagens merecem destaque:

Advogada, para a cunhada de Rámon, o protagonista:

– O que você pensa de tudo isso?
– Ele quer morrer. Sempre fala isso – dando de ombros.
– Mas você, Manuela, o que pensa?
– O que eu penso não importa. O que importa é o que ele quer.

O irmão de Rámon, para o filho Javier:

– Ele quer morrer, você sabe o que isso significa?! Você nunca mais vai vê-lo!

Dois diálogos que mostram claramente como as pessoas que gostam de alguém que deseja a eutanásia reagem: no primeiro, a posição de Manuela, seca, embora altruísta; no segundo, o irmão de Rámon não encontra argumentos para convencer o filho de que o tio está errado, a não ser um puramente egoísta.

Advogado de Rámon, perante o tribunal:

– Vivemos em um Estado laico. Um Estado que valoriza ao máximo a propriedade privada e a liberdade e que, em nome da dignidade humana, repudia a tortura e os maus-tratos, considerados degradantes. Não é, então, justo que quem se sinta degradado em sua existência possa dela dispor livremente? E, se ele não pode agir sozinho, por que razão quem venha a ajudá-lo comete crime? Quem tenta se suicidar e falha não é punido, justamente porque se acredita que tinha o direito de tentar. No entanto, diante da eutanásia esse Estado, que se diz laico, age para punir , em nome de convicções metafísicas, religiosas, quem auxilia o outro a ter uma morte digna.

Padre, para Rámon:

– Uma liberdade que limita a vida não é liberdade!
– E uma vida que limita a liberdade não é vida!

Notinhas

Os diálogos não foram literalmente transcritos, mas baseados no que me lembrava.

Sim, sou a favor da eutanásia. Sou favorável a que se conceda ao ser humano a autonomia para decidir entre uma vida cheia de limitações e a morte. Acredito que o Estado não deveria se intrometer nessa decisão, pelos mesmos argumentos colocados pelo advogado, no filme.

Constantine

Ficha técnica

Constantine. EUA, 2005. Aventura. 121 min. Direção: Francis Lawrence. Com Keanu Reeves, Rachel Weisz e Djimon Houson.

Um experiente ocultista e uma policial cética investigam o assassinato da irmã gêmea dela.

Mais informações: Adoro Cinema.

Comentários

5 estrelas

Constantine é excelente – vale ir ao cinema para vê-lo, especialmente porque em DVD algumas cenas perderão o impacto. Efeitos visuais ótimos, trama muito interessante (corroborando uma – sim, porque sou inconstante até nisso – das minhas teorias sobre essa história toda de Céu e Inferno), Keanu Reeves em interpretação convincente (fácil, fácil, a gente se esquece de que ele é o Neo), um ou outro momento divertido para aliviar a tensão. Quem não deve ter gostado do filme é a Sousa Cruz.

Adaptação para o cinema dos quadrinhos Hellblazer.

O Fantasma da Ópera

Ficha técnica

The Phantom of the Opera. EUA, 2004. Musical. 143 min. Direção: Joel Schumacher. Com Gerard Butler, Emmy Rossum, Minnie Driver e Patrick Wilson.

Homem assombra uma companhia de ópera francesa e leva a soprano à loucura. Uma história de amor começa quando uma jovem assume seu posto.

Mais informações: Adoro Cinema.

Comentários

5 estrelas

Sou suspeita, suspeitíssima para comentar O Fantasma da Ópera. Adoro musicais em geral, isso não é novidade. E sou completamente apaixonada pelo musical de Andrew Lloyd Webber. O livro de Gaston Leroux que serve de base à peça não tem tanta força. Pertence ao Romantismo, torna-se por vezes arrastado e apresenta um Fantasma mais cruel do que o imaginário coletivo acostumou-se a idealizar. É de Webber o mérito de ter tornado a história popular, com um vilão tão carismático que é quase impossível não torcer por ele, ao menos por alguns instantes.

As canções da peça estão todas lá. Os atores estão excelentes, transmitindo as características marcantes de cada personagem: a ingenuidade de Christine, a bobice de Raoul (é um personagem que nasceu para ser fraco) e o carisma do Fantasma. Tá, é inevitável comparar e constatar que a Sarah Brightman canta e interpreta melhor que a Emmy Rossum, mas o desempenho dela está longe de ser ruim.

A execução da trilha sonora é magistral. Os primeiros acordes da música-tema provocam arrepios. A interpretação de Music of the Night é profundamente sensual, envolvente até o último fio de cabelo.

Algumas tomadas lembram Moulin Rouge, outro filme que adoro.

Agora, estejam avisados, o filme é praticamente todo cantado. A versão levada às telas é praticamente a transcrição do musical – quem não gosta do gênero, não se arrisque a assistir a mais de duas horas cantadas.