Saiu o cd da Thais Uessugui

Thais Uessugui - Japonêga Lembra que, quando divulguei a enquete sobre o Dia de Folga (que resolvi deixar perpetuamente no ar), ofereci brindes aos participantes? Lembra que um deles era o primeiro cd da Thais Uessugui e tive de trocar por outro porque o lançamento atrasou?

Pois bem: em maio, o cd da Thais, Japonêga, foi lançado! Você pode encomendá-lo no site da gravadora. Em breve, estará à venda em outros cantos, também.

Antes de comprar, você pode ouvir algumas músicas no MySpace da Thais e no ADD 464, do Maestro Billy.

Vai conferir, que vale a pena – é música brasileira de qualidade!

Atualização: para saber mais sobre a Thais, você pode baixar a entrevista de quase 20 minutos para a Rádio Verde Oliva (mp3, 8,17 MB), dada no fim de abril.

Apenas Uma Vez

Ficha Técnica

  • Título original: Once
  • País de origem: Irlanda
  • Ano: 2006
  • Gênero: Musical
  • Duração: 85 minutos
  • Direção: John Carney
  • Roteiro: John Carney
  • Elenco: Glen Hansard, Markéta Inglová, Hugh Walsh, Geoff Minogue, Bill Hodnett, Danuse Ktrestova, Mal Whyte, Niall Cleary, Gerard Hendrick, Alastair Foley.
  • Sinopse: Dublin, Irlanda. Um músico de rua (Glen Hansard) irlandês encontra, por acaso, uma jovem mãe (Markéta Inglová) tcheca, vendedora ambulante, nascendo um forte relacionamento entre eles.

Comentários

Apenas Uma Vez Embora Apenas Uma Vez seja “oficialmente” classificado como um drama, vá à sessão (ou alugue o dvd) sabendo que verá um musical. Sim, é bom avisar logo – há gente que simplemente odeia o gênero. Eu gosto muito, e Apenas Uma Vez ajuda mesmo os não-apreciadores por ser daqueles musicais mais realistas – a história se desenvolve em torno da e graças à música, mas os protagonistas não “conversam cantando”, como sói acontecer.

As canções são pop e muito bonitas – tanto assim que levou o Oscar 2008 de Melhor Canção Original por Falling Slowly (composta pelo casal protagonista). Nenhuma surpresa. O que realmente me surpreende é que Apenas Uma Vez tenha ganhado o prêmio do público de melhor filme dramático no Festival de Sundance. Once é um bom filme, sim, mas não tem nada de original, não é nenhuma Pequena Miss Sunshine. Será que não havia nenhum filme independente mais interessante este ano? Ou o charme é filmar com uma câmera de mão e pronto, o prêmio está no papo? Deixe-me explicar minha bronca, antes que venham as pedras. Apenas Uma Vez é legal, mas se resume a uma colagem de alguns excelentes filmes: Rent[bb] (a boemia, as dificuldades financeiras), Letra e Música[bb] (o par romântico se junta graças à música e estabelece uma parceria em torno dela) e Antes do Amanhecer[bb] (o encontro inesperado e o forte laço criado rapidamente). Por melhor que a colagem fique, a pergunta que não quer calar é: para que fazer um filme que apenas repete outros?

As belas vozes do casal Glen Hansard e Markéta Inglová são, realmente, o melhor do filme. Os dois estão em perfeita sintonia e é um prazer ouvi-los cantar. Diga-se de passagem que é uma pena não haver mais espaço para Markéta – a voz da moça é belíssima, redonda, cheia, tocante. O solo ao piano, já próximo do fim do filme, é a cena mais emocionante.

Cotação: 3 estrelas

Curiosidades

O protagonista Glen Hansard é cantor, violonista e compositor. Integra a banda The Frames e lançou seu primeiro álbum, The Swell Season, em 2006, projeto no qual a multi-instrumentista, compositora e cantora Markéta Inglová também participou.

Glen e Markéta começaram a namorar durante as filmagens de Once que, aliás, duraram apenas 17 dias.

Serviço

Outros filmes citados:

Aos Meus Amigos

“Il faut faire du scandale.”
(a frase preferida do personagem Léo)

Aos Meus Amigos A minissérie do início do ano da Rede Globo, desta vez, foi Queridos Amigos. A responsável pela adaptação de livro em minissérie foi a própria autora do original: Maria Adelaide Amaral escreveu Aos Meus Amigos em 1992 e reconstruiu a narrativa para adaptá-la à televisão. O resultado foi excelente, com atores de primeiro time e uma trilha sonora maravilhosa, com estrelas como Gonzaguinha e Elis Regina. Como geralmente acontece, porém, o livro supera a adaptação.

Aos Meus Amigos tem Léo (interpretado pelo excelente Dan Stulbach) como personagem central. Ele é a “cola” da história, embora o primeiro diálogo já anuncie: “O Léo morreu”. Léo foi inspirado numa figura real: o jornalista Décio Bar, que cometeu suicídio em 1991 e era amigo da escritora. Foi sua morte que motivou o livro, dedicado a ele. O pano de fundo, na ficção, é 1989, marcado pela volta das eleições diretas no Brasil e, no mundo, pela queda do Muro de Berlim. Era uma época de grandes transformações, de paradigmas quebrados e esperanças renascidas.

Toda a história de Aos Meus Amigos se passa em pouco mais de um dia. Os amigos de Léo se reencontram – alguns não se viam há anos – para o velório e o enterro. O leitor penetra em seus mundos, repletos de frustrações, casamentos desfeitos, fragilidades, amargura e incertezas. É um grande mosaico, formado de fragmentos de histórias pessoais mescladas a fatos históricos, frutos das reminiscências dos protagonistas.

Aos Meus Amigos flui facilmente, mas não espere encontrar um livro leve. Pelo contrário: há momentos em que é preciso interromper a leitura para respirar, dar uma pausa nas tragédias dos personagens, nos seus dramas. O livro não cansa, mas exaure em alguns momentos. Se você lembrar que boa parte dele se passa durante o ambiente depressivo de um velório, isso faz todo o sentido.

Queridos Amigos herdou do livro os personagens e seus contornos psicológicos, mas inovou muito na história. Na verdade, ela não foi adaptada, mas inspirada no livro, como frisa a nova edição e indicava a abertura da minissérie. A própria Maria Adelaide Amaral explicou, no Marília Gabriela Entrevista (canal GNT), que teve de criar várias situações novas para fazer as trezentas e poucas páginas preencherem 25 capítulos.

O resultado é que a minissérie, embora tocante, diluiu bastante a história. O primeiro capítulo apresenta Léo tentando reunir seus amigos para “celebrar a vida”; sua morte ficou para o final. Novos personagens aparecem e a trama se prolonga por dias e dias. Nesse processo, a grande perda foram os diálogos fortes do livro. No original, há debates intensos sobre política, crenças, movimento estudantil, crises existenciais, amor, filosofia. Na televisão, não há a mesma profundidade.

Queridos Amigos foi uma excelente minissérie, mas Aos Meus Amigos é ainda melhor. Seria interessante ver o livro transformado em filme. O cinema aproveitaria melhor toda a densidade e o drama da história, sem a necessidade de concessões, com mais fidelidade ao texto e ao ritmo. Aos Meus Amigos renderia um filmão e fugiria do tema vida-de-pobre-é-difícil, em que o cinema brasileiro tornou-se especialista.

Ficha Técnica

  • Título: Aos Meus Amigos
  • Autora: Maria Adelaide Amaral
  • Primeira edição: 1992
  • Editora: Globo
  • Páginas: 336
  • Pesquise o preço de Aos Meus Amigos.

Ironia

Veja só como são as coisas: deixei alguns artigos pré-agendados para serem publicados durante minha viagem, para que o Dia de Folga não ficasse às moscas. A viagem já acabou, os textos agendados também… e não consigo atualizar o DF – ao menos, não do modo como gostaria.

O caso é que meu computador decidiu prolongar as férias dele por conta própria, pifando de uma forma absurda e preocupante. Até conseguir uma solução – e, com um pouco de sorte, os GB de dados que estão presos lá – vou me virando como for possível.

Ah, sobre o Oscar. Pois é, ganhou Onde os Fracos Não Têm Vez. O filme tem pontos fortes e grandes qualidades, é verdade. Algumas das estatuetas foram merecidas. A de melhor filme, no entanto, continuo achando um exagero. Mas essa é a graça do Oscar: ver os indicados, assistir à cerimônia morrendo de sono e tédio, discordar dos premiados e esperar pela festa do ano que vem.

Pensando bem… é, dá pra entender por que tanta gente não vê graça no Oscar.

Serviço