Sobre Meninos e Lobos

Ficha técnica

Mystic River. EUA, 2003. Suspense. 137 min. Direção: Clint Eastwood. Com Sean Penn, Tim Robbins e Kevin Bacon.

Três amigos adolescentes seguem caminhos opostos. Anos depois, um deles, que se tornou policial, tem que investigar a morte da filha do outro, um ex-presidiário. O terceiro é um dos suspeitos.

Mais informações: Adoro Cinema.

Comentários

4 estrelas

Apesar do elenco de peso, não estava lá muito interessada em ver Sobre Meninos e Lobos, até ouvir duas ou três pessoas elogiando-o. Animei-me e, devo dizer, não me arrependi.

O filme é magistralmente conduzido. Não sabia que o Clint Eastwood dirigia tão bem, nunca tinha visto nenhum filme dele. Não há tiroteios, perseguições, batidas de carros. Sem apelar para nenhum desses recursos, o enredo prende a atenção do espectador por mais de duas horas.

A discussão sobre a possibilidade de uma ação supostamente trivial mudar toda uma vida, ou melhor, várias vidas, permeia o filme e faz-nos refletir sobre os passos que damos, as decisões que tomamos, as situações que vivemos.

Passei boa parte do tempo tentando adivinhar o fim da história e cheguei bem perto, embora tenha errado feio quanto à motivação.

O roteiro é baseado em um livro de Dennis Lehane que, obviamente, já está na minha listinha de leitura.

Sexo, Amor e Traição

Ficha técnica

Brasil, 2003. Comédia. 89 min. Direção: Jorge Fernando. Com Fábio Assunção, Malu Mader, Murilo Benício e Alessandra Negrini.

As idas e vindas amorosas de dois casais, que moram em apartamentos vizinhos, e seus amigos no Rio de Janeiro.

Mais informações: Adoro Cinema.

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4,5 estrelas

Sexo, Amor e Traição não tem maiores pretensões, mas muito bem conduzido. Nada da direção elétrica do Guel Arraes, vista, por exemplo, em O Auto da Compadecida e Lisbela e o Prisioneiro. Não há os diálogos furiosamente velozes, os cortes bruscos de cena. Jorge Fernando optou por contar a história em um ritmo mais calmo, embora não lento.

O tema do filme lembra Simplesmente Amor, produção norte-americana. Ambos tratam dos encontros e desencontros amorosos. O filme brasileiro o faz de forma mais picante, com direito ao colírio Fábio Assunção em trajes inexistentes.

Há cenas divertidíssimas, como a do Marcelo Antony encenando um strip-tease de cuequinha vermelha. O filme rende boas risadas e contém momentos de expectativa, nos quais a platéia fica torcendo por tal ou qual desfecho.

Correção ao texto do filme: o tipo sangüíneo conhecido como “doador universal” é o O negativo, não positivo, como foi dito. Ah, existe um erro de continuidade – pode até ser que haja outros, mas não sou exatamente uma pessoa atenciosa.

Atualização: Sexo, Amor e Traição é, na verdade, um plágio da produção mexicana Sexo, Pudor y Lágrimas. Tsc, tsc, que vergonha para o cinema nacional.

As Invasões Bárbaras

Ficha Técnica

Les Invasions Barbares. Canadá/França, 2003. Drama. 99 min. Direção: Denys Arcand. Com Rémy Girard, Stéphane Rousseau e Marie-Josée Croze.

Um professor à beira da morte revê a família depois de anos. Seu filho organiza uma reunião de despedida, com as amantes e os amigos do pai. Continuação de O Declínio do Império Americano. Vencedor dos prêmios de melhor roteiro e melhor atriz no Festival de Cannes.

Mais informações: Adoro Cinema.

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4 estrelas

Quando perguntei a uma colega que já tinha visto As Invasões Bárbaras se o filme era uma comédia, ela hesitou um bocado antes de responder que sim. Entendo, após assistir, o motivo da hesitação. O filme proporciona boas e várias risadas, mas não é apenas uma comédia. Está muito além disso. Força o espectador a refletir sobre a vida e a morte, sobre a forma como gastamos nossos dias, como passamos nossas vidas.

Fala-se de muita coisa importante ao longo da história: a força do amor e o poder do dinheiro; o valor das amizades; a hipocrisia das autoridades; a falência do sistema público de saúde (não, o filme não se passa no Brasil); a corrupção; drogas; e outras coisas que, se mencionar aqui, poderão diminuir o impacto do filme. Tudo isso vem entremeado com uma boa dose de humor francês. Ácido, corrosivo, negro. Cenas que nos provocam risos e, quando paramos para refletir, percebemos que estamos rindo das nossas próprias misérias.

Não é um filme leve como Simplesmente Amor ou O Albergue Espanhol, os dois últimos que vi. A história é densa. É impossível não se emocionar.

Execelente filme.

O Albergue Espanhol

Ficha técnica

L’auberge espagnole. França/Espanha, 2003. Comédia Romântica. 115 min. Direção: Cédric Klapisch. Com: Romain Duris, Judith Godrèche e Audrey Tautou.

Rapaz francês vai estudar na Espanha e divide apartamento com estudantes de várias nacionalidades.

Mais informações: Adoro Cinema.

Comentários

4 estrelas

Não me lembro exatamente quais as nacionalidade dos moradores dessa irreverente “república”. Há uma inglesa, um alemão, uma única espanhola. Xavier, o rapaz francês mencionado na sinopse da Folha, fica felicíssimo quando consegue vaga nesse exótico mundo. Depois dele, ainda passa a morar com eles uma belga homossexual que dá a Xavier algumas aulas sobre o que as mulheres gostam – ensinamentos que ele não tarde em pôr em prática. Ah, sim, o irmão da inglesa passa uma temporada no apartamento, também. Eu não tinha mencionado que isso se passa em um apartamento? O que você esperava? Uma mansão? Aí, não teria graças, oras!

O Albergue Espanhol é envolvente. Traz algumas doses de drama, mas o que predomina mesmo é o humor – não o pastelão americano, mas o humor mais cotidiano dos europeus. Cotidiano e, por isso mesmo, factível. É possível colocar-se no lugar da personagem, imaginar-se vivendo as mesmas situações.

O idioma “oficial” do albergue é o inglês, carregado de sotaque – ótimo para ser entendido por quem não fala grande coisa, como eu. Há trechos também em francês (vários), espanhol e até catalão.

Saí do cinema com vontade de “mochilar” pela Europa. Sabe o que fiz? Fiquei quietinha e esperei a vontade passar! Sou organizadinha demais para conseguir viver em uma república, especialmente em uma tão bagunçada!

Ah, a protagonista de Bem-me-quer, mal-me-quer, Audrey Tautou, tem uma participação nesse filme, como a namorada do Xavier, Martine. Ela também  interpreta o papel principal de O Fabuloso Destino de Amélie Poulain.

Um dos filmes mais divertidos do ano.