Depois do assassinato de uma família no Espírito Santo, motivado por aposta entre jogadores de RPG (role playing game), deputados capixabas protocolaram projetos de leis que visam à proibição da venda de livros para o jogo. O mesmo rebu já tinha acontecido em 2001, quando a estudante Aline Silveira Soareso foi assassinada em meio a uma partida do jogo. Os vereadores de Vila Velha chegaram a aprovar projeto de lei proibindo a comercialização dos livros (não encontrei confirmação de que o projeto tenha sido sancionado pelo Executivo local).
É isso aí. Vamos proibir a venda de livros de RPG. Vamos marginalizar os seus jogadores e taxá-los de bandidos.
Aproveitemos para banir, também, a exibição de filmes violentos e os desenhos animados de combates e tiros. Proibamos, ainda, as facas de cozinha, instrumentos de tantos crimes, e as banheiras, que podem servir para o afogamento. Ah, não esqueçamos de condenar todo e qualquer jogo de cartas, fonte potencial de apostas macabras.
Pessoas desequilibradas existem em qualquer meio. De uma forma ou de outra, acabam por extravasar sua insanidade. Podem usar como válvula de escape um jogo, um romance, uma novela ou o raio que os parta.
O que não faz sentido é tomar alguns loucos e usá-los como padrão para condenar todo um passatempo que, para noventa e nove por cento dos seus usuários, é lúdico e recreativo.
Ignorância e preconceito motivaram, ao longo da História, infinitamente mais mortes que todas as atividades de lazer somadas.
Babaquice proibir a venda dos jogos… De nada tem a ver os filmes ou jogos… A violência está na índole de cada um.
Até porque não vai adiantar nada proibir, na verdade só vai aumentar a vontade de quem ainda não conhece o jogo, conhecer, porque tudo que é proibido sempre tem um gostinho melhor…
E, já que estamos falando de proibição, vamos proibir a Bíblia, porque está cheia de cenas de violência. E vamos proibir tudo que lembre sexo, porque todo mundo sabe que pessoas sexualmente excitadas são mais violentas. O que esses politicozinhos de araque não entendem é lógica básica:
Malucos existem.
Malucos que jogam RPG existem.
Se não existisse RPG, não existiriam malucos que jogam RPG.
Mas continuariam a existir malucos.