Por que será que é tão difícil respeitar o próximo? Veja que não me refiro ao respeito pelos amigos ou familiares (embora esse também não ande lá essas coisas), mas àquele que você deveria ter pelas pessoas que vivem no seu prédio, na sua rua, na sua cidade.

Meu condomínio tem uma lista de discussão e ela não costuma ser um ambiente agradável, o que se reflete também na dita “vida real”: vizinhos incapazes de dizer bom-dia quando entram no elevador, vizinha de cima que insiste em andar de salto toc-toc-toc-toc, gente que larga lixo pelas áreas comuns, e por aí vai.
Qual a graça de tornar o cotidiano dos outros um pouco pior?
Qual a graça de jogar na calçada o papel que entupirá o bueiro, de passar de carro com o som tão alto que as janelas das redondezas tremem, de não dar seta, de buzinar quando o trânsito está obviamente parado?
Qual a graça de fingir que está dormindo no assento preferencial do metrô pra não ceder o lugar a quem precisa, ou de ficar na frente da porta atrapalhando entrada e saída mesmo quando há espaço nos corredores?
Qual a graça de tratar mal a caixa do supermercado, de achincalhar o namorado em público, de ficar com o troco que foi passado a mais por engano, de bater em cachorro?
Qual a graça de pautar a vida pelo “digo tudo o que penso, danem-se os outros”?
Qual a graça de invadir o espaço alheio, física ou verbalmente?
Qual a graça de demonstrar indignação com “os rumos do país” e não fazer o mínimo pra se tornar uma pessoa um pouquinho melhor no dia-a-dia?
Atualização: A Simone fez um texto sobre a falta de gentileza que nos cerca, e que começa cedo.
Imagem: Bruno Coutinho, cc.
