Quando eu tinha o Espresso do Meio-Dia, não era raro que alguém “corrigisse” o nome do blog, insistindo que “espresso” é com “x”. Bem, não é com “x”. O “espresso” que remete ao cafezinho é com “s”. Acredite.
“Espresso” é uma palavra do italiano e significa “espremido”, porque nessa técnica o café é extraído com o uso de pressão. Uma máquina de espresso aplica uma pressão de 9 bar (9 “atmosferas”) para extrair a bebida. Em português, “espremer” e “espremido” também são com “s”, como em italiano, o que torna ainda mais descabida essa grafia com “x”.
Provavelmente, o hábito de escrever “expresso” faz referência à “rapidez” com que é servido o cafezinho. Só que, na verdade, preparar um espresso nem é assim tão rápido se você tiver que ligar a máquina e esperar até que fique pronta para a extração – isso é nítido se você tiver uma máquina doméstica. Acontece que a maioria das pessoas toma espresso apenas na rua, e os bares e restaurantes deixam a máquina sempre no ponto, o que leva à ilusão de que o espresso é… expresso.
Por fim, cabe lembrar que o resto do mundo escreve espresso (embora já comece a aparecer “expresso” no idioma inglês com certa frequência, também em associação à suposta rapidez do método de preparo, derivando a nova grafia do termo “express”).
Existem mil maneiras de preparar chai (invente uma). Aqui, acrescento uma colher (chá) rasa de masala a uma xícara (chá) de leite e levo ao fogo baixo, mexendo a leiteira de vez em quando pra que demore mais a ferver e para que os sabores da masala se incorporem melhor. Enquanto isso, fervo uma xícara (chá) de água e preparo o chá preto usando dois saquinhos. Depois, passo o leite numa peneira fina para segurar a maior parte da masala (não segura tudo porque minha peneira não é tão fina), misturo ao chá e está pronto. Rende duas xícaras (o que, pra mim, é dose única).
Como eu disse, existem várias maneiras de preparar o chai:
eu uso leite desnatado, mas reza a lenda que as especiarias soltam mais aroma e sabor se você usar leite integral;
tradicionalmente, junto com o leite ferve-se uma colher (sopa) de açúcar ou mel;
também tradicionalmente, levam-se todos os ingredientes ao fogo de uma vez, usando chá preto a granel – ainda não fiz assim simplesmente porque não achei chá preto a granel (a propósito: use chá barato, não acrescentará nada à sua bebida usar um twinings ou semelhante).
Se levar todos os ingredientes ao fogo ao mesmo tempo, retarde a fervura mexendo a leiteira de vez em quando. Assim que ferver, desligue o fogo e deixe a bebida descansar por uns três ou quatro minutos antes de coar e servir.
E a masala?
Também existem mil maneiras de preparar masala. Os ingredientes mais comuns são canela, cardamomo, pimenta-do-reino, gengibre, cravo-da-índia e nós-moscada. As proporções variam enormemente. Eu fiz assim:
1 parte de canela em pó
1 parte de cardamomo em pó
1 parte de pimenta-do-reino preta em pó
1/2 parte de gengibre em pó
1/2 parte de cravo-da-índia em pó
1/2 parte de noz-moscada em pó
Misture tudo e guarde num pote de vidro com boa vedação. Recomenda-se 1/2 colher (chá) de masala para cada xícara, mas isso depende do quão apimentado você quer o seu chai.
Às vezes, quando não estou a fim de tomar leite, acrescento uma pitada de masala ao chá preto e mais nada. Também faço o inverso (uma pitada – mais generosa – de masala ao leite, sem o chá) de vez em quando.
Sense8 talvez não te fisgue no primeiro episódio, nem no segundo. Insista mesmo assim, porque valerá a pena.
Comecei a ver Sense8, nova série da Netflix, depois de ler comentários que me deixaram curiosa. Seria, afinal de contas, uma série inovadora e cativante, ou chata e estereotipada? Eu tinha que conferir por mim mesma.
Os dois primeiros episódios de Sense8 são um tanto confusos. Logo você descobre que há oito protagonistas. Isso, por si só, já parece excessivo. Como desenvolver oito histórias? Bom Friends tinha seis protagonistas e conseguiu, E.R. e Grey’s Anatomy tiveram/têm trocentos personagens importantes em cada temporada, mas a diferença é que todos eles pertencem sempre ao mesmo núcleo. No caso de Sense8, cada protagonista não só tem seu próprio núcleo, mas também seu próprio ambiente. Seu próprio país. Estão espalhados pelos quatro cantos do mundo. Costurar tudo isso parece uma missão impossível.
Mas não é. A série prova que é possível, e o faz com maestria. Apenas dê o devido tempo. Não a julgue pelos dois primeiros episódios (embora eu deva admitir que já estava fisgada antes do primeiro episódio acabar, apesar das minhas dúvidas sobre se aquilo tudo daria certo).
O pulo do gato é que, no fim das contas, embora os oito protagonistas estejam espalhados pelo planeta e tenham vidas completamente independentes, eles formam, sim, um núcleo – e num nível muito mais intenso do que já visto em outros seriados. Eles são sensates (pegou?, pegou?), seres humanos especiais, conectados empática e telepaticamente. Isso lhes permite compartilhar sensações, experiências e conhecimento. É como se cada um deles, do alto dos seus 25 anos, tivesse as vivências e o aprendizado acumulado de oito vidas. Imagine multiplicar seu tempo na Terra por oito. Imagine tudo que você poderia estudar, aprender, conhecer e viver. Isso é muito melhor que o vira-tempo da Hermione.
Claro que nem tudo são flores. Há inimigos (o Whispers, com certeza; a Yrsa, talvez; e em alguns momentos desconfiei do Jonas) que tornam a trama mais interessante. A temporada, assim, se desenvolve em três planos interligados: as vidas pessoais de cada um deles; a descoberta de que eles estão conectados, com toda a confusão, as surpresas e as vantagens que isso traz; e a luta pela sobrevivência, já que logo fica claro que estão sendo caçados.
Há grandes cenas de ação, uma certa pirotecnia, mas no fundo Sense8 é uma série sobre pessoas, como também disse a Simone – e são as séries sobre pessoas que mais me atraem, a ponto até de eu passar por cima de histórias fracas (oi, Scorpion, estou olhando pra você).
As histórias de Sense8, porém, estão longe de serem fracas (e as inconsistências são poucas e superáveis). Cada protagonista traz um cenário e uma vida muito particulares e cada um deles é confrontado com escolhas difíceis nessa temporada, escolhas decisivas para suas próprias vidas e para as vidas das pessoas que amam. Conversando com fãs da série e lendo resenhas, dá pra ver que é difícil apontar um favorito absoluto. A gente acaba gostando de todos eles (se bem que demorei meia temporada pra gostar da Sun, e nada menos que 10 episódios pra simpatizar com o Wolfgang), mas sempre tem dois ou três que exercem maior atração sobre cada fã. Se você juntar três fãs, provavelmente cobrirá os oito personagens. Os meus favoritos? A Riley, desde os primeiros segundos, com sua mistura de força e fragilidade – provavelmente é a personagem com menos habilidades, mas ela tem uma energia vibrante e une todos os demais; e o Lito, o ator latino canastrão e adorável, responsável pelas maiores risadas da série (uma delas, inclusive, num dos momentos mais tensos da temporada) e por um dos diálogos mais sensíveis.
Sense8 não é uma série mainstream. Felizmente está na Netflix, que não tem medo de apostar em histórias pouco convencionais. Num canal de tv normal, eu temeria pela continuidade da série.
Por outro lado, o ruim de estar na Netflix é que só daqui a um ano teremos a segunda temporada…
Para encerrar a resenha, roubo a ideia da Simone e deixo aqui uma cena do quarto episódio que traduz bem essa temporada. A essa altura, eu já estava apaixonada pelo seriado e até agora fico arrepiada quando vejo o vídeo: