México – Ciudad de México, Puebla e Playa del Carmen

Sem dúvida, essa foi a melhor viagem do ano e uma das melhores ever. Em parte porque há coisas incríveis pra ver no México, em parte porque, aparentemente, estou aprendendo a planejar melhor minhas viagens, embora ainda cometa alguns erros.

Dicas Gerais

O México é um país enorme e tão variado quanto o Brasil. A menos que você passe no mínimo um mês lá, conforme-se com o fato de que não conseguirá ver todas as coisas interessantes que nossos hermanos da América do Norte têm a mostrar.

As distâncias costumam ser grandes. Quando são pequenas, vale a pena usar os ônibus da ADO, que são muito confortáveis e baratos.

Aliás, de modo geral, o México é um país barato. A exceção fica por conta de Cancun e adjacências, onde tudo é cotado em dólares.

Que moeda levar para o México? Dólares. Onde fazer câmbio? No aeroporto da Cidade do México, por incrença que parível. Aeroportos costumam ter péssimas cotações – o da Cidade do México é a exceção à regra.

Circula pela internet a dica de fazer câmbio no banco IXE do aeroporto. Pois bem, rodei tudo, não achei, ninguém conhecia e, por fim, um garçom me disse que tinha sido comprado pelo Banorte e que não havia mais loja no aeroporto, apenas um caixa eletrônico. Troquei meus dólares no Ci Bank, a 18,25 pesos mexicanos por dólar. Na Cidade do México (vamos abreviá-la para CDMX, ok?, eles usam assim por lá) e em Puebla, a cotação girava em torno de 18. Em Playa del Carmen, caía para 17,50.

Em novembro de 2016, 1 real valia mais ou menos 5 pesos.

Trump foi eleito presidente três dias antes de eu sair do México e o peso mexicano desvalorizou bastante nesse período. Vi o dólar por 18,20 pesos no meu último dia em Playa del Carmen, e por 18,40 no aeroporto de CDMX. Parece um bom momento para programar sua viagem pra lá.

Quando ir? Fui em baixa temporada e na época em que há mais risco de furacões (outubro/novembro), mas trata-se de um risco pequeno, na verdade. Escolhi essa época para pagar menos, pegar menos calor e pouca chuva em Playa del Carmen. Durante o verão, o calor é de matar e há mais chuvas. Na CDMX e em Puebla, o clima é mais constante durante todo o ano, fresco (em razão da altitude) e com poucas chuvas – quase nenhuma na CDMX. A alta temporada em Cancun e Playa del Carmen começa em dezembro e vai até março (inverno no hemisfério norte e invasão de norte-americanos e europeus). Eu recomendo a época em que fui, mas você deve dar uma pesquisada no climatempo e sites análogos antes de decidir.

Fato é que escolhi a época da minha viagem em função do Día de Muertos (que coincide com nosso dia de finados, 2 de novembro), que é celebrado de maneira ímpar no México.

Quanto tempo ficar no México? Depende do viajante e do itinerário. Eu elegi três cidades: CDMX, Puebla e Playa del Carmen. Cheguei na CDMX no dia 28 de outubro, fui para Puebla em 1º de novembro e segui para Playa del Carmen em 7 de novembro, onde fiquei até o dia 11. Recomendo um roteiro ligeiramente diferente: 3 dias inteiros em CDMX, 5 dias em Puebla e 5 dias em Playa del Carmen.

Emiti a passagem São Paulo – CDMX – São Paulo. A volta foi complicada, porque tive de ir de Playa a Cancun (uma hora e dez minutos de ônibus), de Cancun a CDMX (duas horas e meia de vôo) e da CDMX a SP (nove horas de vôo). Somando as esperas no aeroporto e o fuso horário de quatro horas, isso significou sair do hotel de Playa às nove da manhã de sexta e chegar em casa às sete e meia da manhã de sábado. É, foi puxado. Valem lembrar que, se você só quer aproveitar o caribe mexicano, há vôos diretos do Brasil a Cancun (mas o México é muito mais que suas praias).

A propósito, o avião da TAM era uma lata de sardinha e mal era possível encaixar a mala de bordo no bagageiro. De Puebla a Cancun, voei Aero México, vôo dividido em dois trechos, ambos num jatinho minúsculo da Embraer (50 pessoas!, sem espaço pra mala de bordo!, o nariz do avião é mais baixo que eu!), mas o espaço entre poltronas era ótimo. De Cancun a CDMX, também pela Aero México, peguei um dos melhores aviões da vida, com ótimo espaço entre poltronas e para bagagem de bordo. Ou seja, Aero México vareia.

Internet: no México, não é muito comum encontrar wifi, mesmo em restaurantes. Comprei um chip da Telcel (a empresa mais fácil de encontrar). Gastei 79 pesos no chip, 100 pesos no plano de internet e 1 hora na loja (nem tinha fila, mas a funcionária não sabia fazer nada, o sistema estava lento etc. – senti-me em casa). O pacote escolhido foi o de 23 dias (por que diabos não 22 ou 24?), com 600 MB de dados para o período (whatsapp e facebook à vontade). Mais que suficiente. A conexão é mais ou menos (melhor que nada). Funciona em todo o país. A Claro pertence ao mesmo grupo – se você tiver o chip da Claro, acho que vale a pena levar pra ver se consegue habilitar a Telcel sem pagar novo chip.

Falando em telefone, lá vai uma curiosidade: os mexicanos atendem o telefone falando “Bueno. Soa bastante rude, como quem diz “Bom, e aí, tá ligando por quê?”, mas há uma explicação: quando as linhas telefônicas começaram a ser instaladas, o sinal costumava ser muito ruim, prejudicando a qualidade da ligação. Quando o sinal estava bom, o interlocutor comunicava o fato dizendo “bueno”, indicando que a linha funcionava e a conversa podia ter seguimento. Vem daí o “bueno”, portanto não o considere uma ofensa.

Da mesma forma, é bom saber que em espanhol usa-se muito o verbo no imperativo e isso não é considerado ríspido (diferentemente do que acontece em português). Quando você chegar ao hotel, é provável que o recepcionista fale “Passa, passa”. Uma colega do curso de espanhol comentou que na primeira vez em que ouviu isso pensou “ora, eu não sou cachorro pra esse fulano me mandar passar”, mas a expressão quer dizer apenas “Entre” e é cortês, acredite.

Quanto gastei? O trecho São Paulo – CDMX – São Paulo custou 40.000 pontos multiplos, mais 364 reais de taxas de embarque. Os demais gastos serão apontados nos textos sobre cada cidade.

O que fazer no México? Senta que lá vem a história…

A viagem toda, em três capítulos:

  • Cidade do México: lições de história pré-hispânica.
  • Puebla: gastronomia em destaque. (em breve)
  • Playa del Carmen: belezas naturais. (em breve)

Campos do Jordão

Já que estou morando em São Paulo, resolvi aproveitar a oportunidade para conhecer alguns pontos turísticos próximos e que, se não estivesse do lado, não me daria ao trabalho. Comecei com Campos do Jordão.

A Viagem

A passagem de ônibus de ida e volta custou 106 reais (já com a taxa de conveniência por comprar em casa), pela empresa Pássaro Marron. É preciso trocar o voucher na rodoviária antes de embarcar, o que achei uma grande perda de tempo mas, pelo menos, na ida já pude trocar o voucher da volta também.

O ônibus é básico, mas confortável (sem wifi, como o motorista fez questão de avisar antes que tivesse de ouvir 34 pessoas perguntando) e a estrada, claro, é excelente. Afinal, estamos em São Paulo. A viagem dura três horas.

O Hotel

Campos do Jordão me espantou pelos preços. Já sabia que era um destino caro – aparentemente, todo paulista é ricaço -, mas mesmo assim levei um susto ao pesquisar preços no booking.com. Qualquer pousada simples e com avaliação abaixo de 9 cobra 300 reais a diária, em baixa temporada.

Pesquisando em blogs, descobri a Pousada solar D’Izabel (que não está no booking.com). Os comentários sobre ela no TripAdvisor são os melhores possíveis, e com justiça. Ok, não foi baratinha, 285 reais a diária. Pela qualidade, localização e pelos preços da cidade, porém, acabou sendo justa.

A pousada está mais para um hotel, na verdade. É grandinha, com recepção 24 horas, amenidades de banheiro e quartos espaçosos (o armário é pequeno, mas presume-se que você não ficará muito tempo em Campos do Jordão – volto nisso mais à frente). Tudo muito limpo, novo, bem cuidado.

Dois são os pontos fortes da pousada. O primeiro é a localização – não poderia ser melhor! Está a uns oito minutos a pé do centrinho de Campos do Jordão (no Capivari). Você chega num segundo na parte turística da cidade. Por outro lado, dorme em paz. Não há bares por perto, não há música noite adentro, não há ninguém perambulando na rua. Uma paz de dar gosto. (A pousada admite crianças, e algumas têm pais que não sabem educar, mas fazer o quê, isso é vida em sociedade.)

O segundo ponto forte do Solar D’Izabel é a alimentação. O café-da-manhã é muito completo e vai das 8h ao meio-dia, com várias frutas, sucos, pães, frios e bolos, entre outras guloseimas. Há a opção de pedir ovos feitos na hora. À tarde, há chás de vários sabores (twinings, pra minha felicidade), café espresso (grão moídos na hora – nova onda de felicidade) e bolo à disposição. A recepção informa que ficam até as 19h, mas acho que esse é apenas o horário máximo para a reposição dos bolos. O que sobra fica lá e a máquina de café (que também libera a água quente pro chá) pode ser usada até as 22h. Pra finalizar, às sextas e sábados há sopa (no meu primeiro dia, era um creme de palmito divino; no segundo, uma sopa toscana) das 19h às 20h30m, que você pode comer à vontade com torradas feitas lá mesmo e queijo ralado.

Pra ficar ainda melhor, a comilança é servida em uma louça linda.

O Transporte na Cidade

Conforme um taxista me disse, Campos do Jordão tem duas ruas principais e quase nada além disso. É fácil se localizar na cidade. Por outro lado, se você não está de carro, terá contratempos.

Eu nunca estou de carro quando viajo, detesto dirigir onde não conheço e detesto perder tempo procurando vaga. Normalmente, fico bem contente em usar o transporte público. Acontece que transporte público não é o forte de Campos do Jordão e quase todos os pontos turísticos são distantes – o ônibus demorará muito, ou até nem haverá linha de ônibus.

A segunda opção, claro, é o táxi (não existe uber e, a bem da verdade, os apps para chamar táxis não funcionam a contento). Prepare-se para se assustar com a conta. Não vi o preço da bandeirada, mas é alta: uma corrida de 3 km. custa entre 25 e 30 reais, sem trânsito.

Existe a possibilidade de contratar uma van, formando um pequeno grupo (adequado a famílias grandes) ou encaixando-se em um (opção para casal ou pessoas viajando sozinhas), mas claro que isso traz o inconveniente da “excursão”: horários fixos e companhias que você não escolhe. Por outro lado, sai bem mais barato que corridas avulsas de táxi.

Campos do Jordão implora por um ônibus do tipo hop on/hop off.  São cerca de dez pontos turísticos relevantes, num raio de cerca de dez quilômetros. No trânsito fácil da cidade, um ônibus como esse, com circulação em fins-de-semana e feriados, economizaria tempo e dinheiro e beneficiaria as próprias atrações turísticos com uma afluência maior e mais constante de público.

As Atrações Turísticas

Eu tinha três dias e escolhi aproveitá-los com calma, sem querer conhecer todos os pontos famosos da cidade – até poque vários deles envolvem trilhas e caminhadas pelo mato, que me interessam apenas em doses homeopáticas.

Baden Baden

Cheguei à rodoviária, almocei muito bem (mais abaixo) e fui para a fábrica da Baden Baden. É necessário agendar o tour. É mesmo necessário agendar o tour. Se você não agendar, pode até conseguir um encaixe, mas precisará de sorte e paciência.

O tour dura cerca de meia hora. O visitante é apresentado aos quatro elementos que compõem qualquer cerveja: água, lúpulo, levedura e malte de cevada ou trigo (também é alertado de que aquelas cervejas baratas de latinha levam milho ou arroz em vez de cevada, por isso são baratinhas e quase intragáveis). É possível ver os tonéis por onde passa a mistura até virar cerveja. O tour se encerra com a apresentação da linha completa da Baden Baden (ressaltando-se a composição de cada uma e dicas de harmonização) e com a degustação de dois tipos. No meu dia (fiquei com a impressão de que isso varia), era a vez da indian pale ale e da chocolate. Por fim, o turista ganha um copinho de cerveja de lembrança (confesso que esperava uma das taças bonitas da Baden, mas nem) e passar na loja, que não tem os melhores preços, mas pode ser interessante para comprar uma ou outra linha que dificilmente se vê em supermercados. Eu comprei a Witbier, cerveja de trigo adicionada de laranja e coentro, premiada em competições na Europa. Muito leve e fresca, pouco amarga, gostei bastante.

À noite, saí pra conhecer o centrinho de Capivari. Eu já tinha comido (o creme de palmito delicioso da pousada), então fui só passear e tomar chocolate quente. Não faltam opções pra isso, aliás. Acabei indo à loja Araucária, tanto por ser famosa quanto por ter um espaço agradável e um preço menos caro. Chocolate quente aprovado, cremoso, delicioso. No dia seguinte, provei o chocolate branco quente e, como se pode imaginar, é muito doce. Ficou perfeito quando segui a sugestão da vendedora e derreti um tablete de chocolate amargo nele.

Sobre o centrinho, é bem inho mesmo, mas charmoso e bom pra andar a pé (as ruas são fechadas para carros). Tem um clima meio natalino, graças ao friozinho da Serra da Mantiqueira e às luzinhas que decoram algumas fachadas. Quase todo restaurante tem música ao vivo, o que pode ser um pesadelo se você não curte MPB e rock dos anos 80 (eu curto, desculpa). Tem umas galerias, umas lojinhas de artesanato, várias lojas de malhas e tricôs e um empório – o Matterhorn – que fica aberto até a meia-noite, ótimo pra comprar água e lanchinhos.

Outros pontos que visitei e foram bacanas:

  • Amantikir: lindo, mas muito difícil de chegar.
  • Teleférico e Parque dos Elefantes: divertido especialmente para crianças.
  • Palácio Boa Vista: se você tiver tempo.
  • Bosque do Silêncio: perto do centro e bastante agradável.

Pontos turísticos famosos que não me interessaram: Pico do Itapeva (só tem uma vista incrível se o céu estiver limpinho, e estava nublado durante a maior parte da viagem), Pedra do Baú (trilhas e mais trilhas), Horto Florestal (talvez eu fosse se tivesse um dia a mais, mas, como ouvi dizer que não é bem cuidado, não me animei), trenzinho pela cidade (tedioso), trem até Santo Antônio do Pinhal (seria uma alternativa se eu tivesse um dia a mais, mas já fiz passeios de trem maiores e mais bonitos), fábrica de chocolate da Araucária (apenas uma sala com vidraças e duas pessoas temperando chocolate) e Ducha de Prata (vi fotos e achei bem mequetrefe).

Comes & Bebes

Assim que desembarquei na rodoviária, abri o TripAdvisor pra escolher onde almoçar. A sugestão que acolhi foi o Sans Souci (pertinho da rodoviária, dá pra ir a pé), sétimo restaurante melhor avaliado da cidade (de uns 360). Não me arrependi.

Outros restaurantes que visitei e foram bacanas:

  • Restaurante Capivari
  • Villa Gourmet

Tudo isso entremeado com as comidinhas da pousada e com o chocolate quente da Araucária. No fim das contas, comer faz parte das atrações turísticas da cidade.

“Mas você não foi ao Restaurante Baden Baden?!” O restaurante fica no centrinho e, a bem da verdade, não é da Baden há anos, embora revenda os produtos. Está sempre cheio, o que me desencorajou, porque dizem que o atendimento fica péssimo quando está cheio. No domingo à noite estava vazio, tentei dar uma chance, mas fui mal atendida e saí antes de pedir qualquer coisa. Então não, não fui à Baden Baden, e não recomendaria, num lugar com tantas outras opções.

“Mas você não comeu o pastel do Maluf?!” O tal do pastel gigante, na verdade, equivale a dois pastéis de feira e custa 30 reais. Eu moro uma região cheia de feiras com pastéis deliciosos por menos de 5 reais cada. Então, não, não fiz a menor questão de comer o pastel do Maluf, que deve ter esse nome por ser um roubo, só pode.

Veredito

A viagem foi muito agradável. Foram dias gostosos, com um friozinho bom e tempo pra espairecer, mas não entendo essa fissura de alguns paulistanos de quererem ir pra lá todo ano, e até várias vezes no mesmo ao. Três dias está de ótimo tamanho (eu teria ficado entediada com mais tempo), e passemos aos próximos destinos.

Feminista, eu?

Tenho dificuldades com rótulos, formas, encaixes. Parece que sempre algo fica sobrando ou faltando, como aquela roupa “tamanho único” da loja de departamentos que, no fim das contas, não fica realmente boa em ninguém.

E tem esse rótulo do feminismo, de ser feminista.

Eu não sou sufragista.
Eu não sou sufragista.

Durante a maior parte da minha vida, não tomei conhecimento do que fosse feminismo. Dito isso, meu sonho aos doze anos era fazer jornalismo na USP, morar num flat e ser uma profissional bem-sucedida, solteira e sem filhos – mas o que isso tem a ver com feminismo, não é mesmo?

Eu acreditava mesmo que o movimento feminista não tinha qualquer influência na minha vida.

Exceto pela simples razão de que, se não fosse pelo feminismo, eu sequer teria feito Direito. Talvez tivesse alguma profissão, mas jamais atuaria num reduto predominantemente masculino – não teria autorização para chegar perto dele. Eu teria a obrigação de ter filhos e marido e, se escolhesse outro caminho, seria taxada de “leviana” ou de “amargurada” – no mínimo. Não que esses reducionismos ofensivos não ocorram hoje; é só que não fazem a menor diferença na minha vida. Eu passo por cima e sigo minha vida normalmente – o que não seria possível sem o feminismo e sem as milhões de mulheres que adotam a mesma postura, certas de que não valem “menos” por adotarem comportamentos que fogem dos estereótipos.

Mas ainda tem a coisa dos rótulos. As mulheres que se declaravam feministas e que conheci nos primeiros anos da vida adulta, ou que tinham esse rótulo pregado nelas, não tinham nada a ver comigo. Eu simplesmente não as entendia, nem me identificava com elas. Não engolia o radicalismo, não compreendia as bandeiras, não achava racional que implicassem com outras mulheres só por gostarem de esmalte, maquiagem, saia.

Demorou pra eu descobrir que o feminismos, como qualquer outra coisa, é feito por pessoas e que cada uma traz seus conceitos, valores e opiniões – mas que eles não precisam ser gravados em pedra, tampouco são universais. Há uma única exceção, uma única verdade essencial, que merece ser gravada em pedra, sintetizada em uma frase que, por mais clichê que seja, representa o núcleo essencial do feminismo: a ideia de que a mulher, da mesma forma que o homem, pode ser e fazer o que quiser.

Sou uma sufragista no fim das contas.
Sou uma sufragista no fim das contas.

Sim, porque, deixadas todas as bandeiras de lado, todas as nuances, todas as alas, os partidos, as polêmicas, feminismo é “apenas isso”. A ideia de que mulheres têm tantos direitos quanto os homens. De que deveriam ser tão livres e tão respeitadas quanto eles. De que apenas a elas cabe escolher seus caminhos.

Estamos em cada lar. Somos metade da raça humana. Vocês não podem parar todas nós.
Estamos em cada lar. Somos metade da raça humana. Vocês não podem parar todas nós.

Faz poucos anos que entendi isso. Que ser feminista é, fundamentalmente, defender que mulheres podem ocupar os mesmos espaços que homens. É, também, reclamar de (e tentar mudar) comentários misóginos, cantadas grosseiras, preconceitos enraizados há gerações, piadinhas ofensivas, tratamentos degradantes, diferenças salariais.

Ser feminista não é abandonar maquiagens, saias, esmaltes, depilação – a menos que você queira e, se você quiser, tem o direito de fazê-lo. Porque, em essência, ser feminista é ter o direito de fazer o que se quer. É o direito de não ter filhos, ou de ter dois e trabalhar exclusivamente em casa, ou ter quatro e ainda trabalhar fora. É o direito de escolher qualquer carreira ou carreira nenhuma. É o direito de usar batom vermelho sem ouvir “parece puta” ou de assumir os cabelos grisalhos sem que pensem que você é “desleixada”. É o direito de não ser compelida a usar meia-calça no ambiente de trabalho, e de não ser assediada por trabalhar de saia e salto alto. É o direito de usar biquíni sim, independentemente do corpo. É o direito de beber e ficar bêbada, ou de ser abstêmia, ou de adorar sexo, ou de ficar virgem até o casamento.

Bem sei que “o meu tipo” de feminismo não agrada linhas radicais de feministas. Foram elas que, por muitos anos, convenceram-me de que eu não era feminista “de verdade”. Lamento que pensem assim, e reservo-me o direito de afirmar que estão erradas.

Afinal, estamos todas do mesmo lado. Do lado da igualdade.

Já sou mulher faz algum tempo. Seria estupidez não estar do meu lado. (Maya Angelou)

Imagens: o filme Suffragette (as três primeiras) e algum post no FB.

E as promessas de ano novo, como vão?

Sempre digo que não vou fazer promessas de ano novo… e sempre faço. Em regra, costumam ser tentativas de criar novos hábito. Algumas são bem-sucedidas, outras nem tanto.

Esse ano, a coisa foi bem mal em janeiro. Aí, resolvi procurar algum app pra ajudar a acompanhar as tais resoluções de ano novo – e claro que achei vários. Para Android, os mais populares são o Goal Tracker (mais direto) e o Rewire (mais bonitinho). Só que ambos têm o mesmo defeito: os hábitos a acompanhar devem ser diários. Eu queria estabelecer também algumas rotinas semanais.

Pesquisei um pouco mais e encontrei o Pledge. É bonitinho, amigável e permite agendar hábitos em outra periodicidade que não a diária. Além disso, dá pra programar lembretes, pra não acontecer de você só se lembrar o que deixou de fazer ao longo do dia quando já se prepara pra dormir.

Até agora, tem funcionado bem. Não vou dizer que sempre me lembro das minhas resoluções, mas pelo menos sempre sou lembrada delas. Isso ajuda a cumpri-las. Ou a desistir delas (meditação, estou olhando pra você).

P.S. se você tiver sugestões de apps semelhantes pra iphone, compartilhe nos comentários.

P.P.S. sim, todos os apps são em inglês, mas são bem fáceis de usar, bem visuais – e você cria as “promessas” no idioma que preferir.