Nunca vi um produto potencial ser tão comentado na blogosfera como o tal iPhone, da Apple. Depois que a marca emplacou o iPod, tudo que ela promete lançar torna-se hit antes mesmo de sair do papel.
Pois bem: depois de meses de especulação, o iPhone está (quase) virando realidade. Steve Jobs apresentou o protótipo esta semana, na MacWorld Expo 2007, em San Francisco, EUA. Imediatamente, o assunto virou febre na web, perdendo espaço apenas para o bloqueio do youtube provocado por dona Cica, embora o modelo só esteja no comércio a partir de junho, a um preço salgado que começa em quinhentas doletas.
Deixo a descrição do aparelhinho por conta deste texto do Meio Bit, que também indica os links para a página do produto no site da Apple. Eu vi o site, assisti ao videozinho uma três vezes e, admito, babei. O ponto alto é a integração entre telefone celular, câmera fotográfica e o consagrado mp3 player da Apple, tudo num aparelho com tela sensível ao toque. Além disso, é um gadget de grife e inegavelmente lindo.
Agora, sem querer dar uma de raposa contemplando uvas inatingíveis, o iPhone não é a última cocada do tabuleiro. Para começar, não possui slot de expansão, deixando o comprador limitado à memória que o aparelho oferece de fábrica e que nem é tanta assim: 4 GB ou 8 GB. Já existem iPods de 80 GB, logo vê-se que 8 não é tanto assim. A câmera fotográfica também poderia ter uma resolução maior – a Nokia, nos seus últimos lançamentos de celular, já usa câmeras de 3 megapixels. Ainda por cima, o iPhone somente será vendido em conjunto com planos de minutos contratados com a operadora Cingular, ao menos durante os primeiros anos, o que já deixa os brasileiros de fora (até encontrarem uma forma de desbloquearem o aparelho).
A pior parte, na minha opinião, vem agora: é impossível instalar softwares de terceiros. Quem tem celular rodando Symbian (presente nos modelos mais sofisticados da Nokia) sabe como os programinhas adicionais enriquecem as funções do aparelho. Os proprietários de pocket pc phone ou treo também estão acostumados à facilidade. O iPhone permitirá apenas a instalação de widgets, pequenos aplicativos criados para funções restritas, como informar a previsão do tempo e, em princípio, feitos exclusivamente pela Apple.
Para bagunçar o coreto, a Cisco Systems está processando a Apple por uso não autorizado do nome iPhone, de propriedade da Cisco e usado por ela para designar seu telefone projetado para uso em redes VoIP como o Skype.
Com tantos problemas e limitações, essa agitação toda em torno do iPhone revela-se “muito barulho por nada”, ou por muito pouco, na melhor das hipóteses. Com menos dinheiro é possível comprar aparelhos mais completos que, se não têm o charme de um iPod incrementado, também não têm as restrições impostas pela Apple. Será que só a grife bastará para tornar o iPhone um sucesso de vendas?