Comentários Perdidos

O Dia de Folga passou por mudanças (de novo) ontem e, com isso, os comentários deixados após a realização do backup mais atualizado foram perdidos. Felizmente, foram só dois comentários, e ambos chegaram a ser recebidos na minha conta de email.

O Paulo Villela no texto sobre o Picasa, disse:

Lu,
Legal o seu texto sobre o Picasa.
Fui lá conferir um pouco do serviço e aparentemente é simples e objetivo.
Para quem deseja montar seus álbuns de fotografias é uma boa dica!

Realmente, quem visita o Picasa acaba se encantando pela praticidade.

O John Baeyens, cujo email serviu de inspiração para meu artigo sobre o Twitter, acrescentou:

Boa analise, Luciana !
Mais:
http://blog.notsoso.com/?p=18

O texto indicado (em inglês) ressalta a falta de um plano de negócios para o Twitter, o que, juntamente com o alto custo do serviço (embora seja provido de graça aos usuários), pode transformá-lo numa bolha tecnológica parecida com a que explodiu em 2000.

Sobre a mudança no Dia de Folga responsável pela não-publicação desses comentários, falarei mais em breve. 🙂

Folgando na Rede # 1

Rede arco-írisTradicionalmente, não publico textos nos Dia de Folga aos sábados e domingos – primeiro, porque a audiência cai aos fins-de-semana, segundo porque eu também mereço uma folguinha.

Mas-contudo-porém-todavia, tradições estão aí para serem quebradas. Sendo assim, a partir de hoje publicarei, aos sábados, um pequeno (juro!) artigo com links interessantes encontrados durante a semana.

Além de servir para posterior consulta (minha e dos internautas), será uma forma de retomar a proposta original da categoria Blogosfera, que era divulgar blogs legais que eu encontrava por aí. As indicações, porém, não ficarão restritas a blogs – qualquer coisa que desperte meu interesse e esteja na web aparecerá por aqui.

Com vocês, o Folgando na Rede. 🙂

Para ler

Crash Tester: a Jess Aline está voltando, em novo endereço e usando o amado-idolatrado WordPress. O Crash Tester fala sobre tecnologia e novidades na web numa linguagem leve e traz outros assuntos menos geek, como música e televisão.

De(ath)sign – Baseado em Fatos Estúpidos: site de quadrinhos sobre as agruras da profissão de designer. Divertidíssimo, especialmente se você nunca passou pelas situações ali descritas. Vi primeiro na teoria glacial.

Discussão sobre Código de Conduta em blogs: Tim O’Reilly, o criador da expressão (não do conceito de) “web 2.0” propôs um código de conduta para blogs. As regras sugeridas por O’Reilly têm sido discutidas na blogosfera e sofreram inúmeras críticas. De minha parte, defendo a liberdade de expressão de todo blogueiro, bem como o direito de ditar suas próprias regras dentro do seu espaço na web. A Nospheratt escreveu um ótimo artigo sobre os perigos desta espécie de censura pretendida por O’Reilly.

Para ouvir

Uso de computador à noite pode atrapalhar o sono, segundo pesquisa divulgada por Gilberto Dimenstein. Tenho a ligeira impressão de que isso também pode afetar as horas de sono dos não-tão-jovens… O primeiro link carrega o arquivo de áudio (em wma).

Para assistir

Como funcionaria a web 2.0 no “mundo real”? Um pessoal maluco resolveu experimentar e criou um Supermercado 2.0. O vídeo, muito bem bolado, brinca com conceitos como tags e feeds e com alguns serviços, como del.icio.us, Flickr, orkut e Pandora (para mim, a metáfora mais divertida). Em inglês. Vi primeiro no The Brack-up Brain Weblog.

O Cheiro do Ralo

Ficha Técnica

Brasil, 2006. Comédia. 112 minutos. Direção: Heitor Dhalia. Com Selton Mello, Paula Braun, Lourenço Mutarelli, Flávio Bauraqui, Fabiana Guglielmetti, Sílvia Lourenço.

Lourenço (Selton Mello), dono de uma loja que compra e vende objetos usados, vê-se em apuros após ter que se relacionar com uma de suas clientes, que julgava estar sob seu controle.

Mais informações: Adoro Cinema.

Comentários

5 estrelas

Parece que os filmes nacionais sempre vêm sob rótulos: antes, era o cinema novo, depois foi a pornochanchada. Recentemente, a comédia de situação. Não que haja algum demérito em seguir padrões de sucesso a cada época. Por outro lado, é agradável ver um filme ignorar tendências e crescer por si mesmo. É o caso de O Cheiro do Ralo.

Quem espera uma comédia como O Auto da Compadecida ou O Coronel e o Lobisomem, dois outros filmes que têm Selton Mello como protagonista, pode começar a rever seus conceitos. Em O Cheiro do Ralo, a comédia anda de mãos dadas com o drama e o papel de Selton Mello é bem diferente daqueles em que o público está acostumado a vê-lo.

Lourenço é um sujeito misantropo e taciturno. Sua interação com outros seres humanos dá-se na base da compra e venda (ou apenas compra, já que não se vê nada sendo vendido na loja que lhe pertence). Seu olhar sobre as pessoas não é diferente do que lança aos objetos que lhe são apresentados. Não por acaso, nenhum personagem tem nome além do próprio Lourenço. O protagonista coisifica todos que o rodeiam, avalia-os de cima abaixo em busca de alguma utilidade ou função para si próprio. Assim, mantém tudo sob o estrito domínio dos seus interesses – ou quase tudo.

As maiores frustrações de Lourenço são, justamente, as duas únicas “coisas” que não pode controlar: o cheiro do ralo do banheirinho de seu galpão e a garçonete da lanchonete da esquina. Esses elementos se tornam, conseqüentemente, suas grandes obsessões.

O Cheiro do Ralo, em termos visuais, é muito simples – aliás, foi filmado com a cara e a coragem, gastando modestíssimos, 300 mil reais, uma ninharia para um longa-metragem. O que chama a atenção é o discurso. Num filme, espera-se encontrar vários pontos de vista, colocados obviamente ou não. Em O Cheiro do Ralo, a narrativa é toda em primeira pessoa. A câmera acompanha o olhar de Lourenço, com poucos escapes – e, mesmo durante estes, a perspectiva é a de Lourenço. A direção de Heitor Dhalia entrega aos espectadores a idéia de que Lourenço é o centro do mundo, exatamente como lhe parece.

Lourenço guarda inegável semelhança com Mersault, personagem psicopata do livro O Estrangeiro, de Albert Camus. O caráter obsessivo do protagonista de O Cheiro do Ralo contribui, ainda, para aproximá-lo do livro O Processo, em que Joseph K. sente-se torturado por não descobrir as causas que o levaram a ser processado. O existencialismo é a tônica do filme.

Haverá quem critique a produção pelas cenas de nudez – que, realmente, seriam apelativas se não tivessem um contexto, evidenciando ainda mais a coisificação das criaturas. Minha única crítica é que O Cheiro do Ralo tenta se explicar demais, fazendo questão de traduzir em palavras suas idéias. Talvez tantas explicações sejam necessárias para que a história se faça compreender pelo grande público.

O Cheiro do Ralo é daqueles filmes que entrarão para a história do cinema nacional, graças à qualidade de seu argumento e à ousadia de sua equipe.

Merece destaque a atuação de Sílvia Lourenço como uma viciada em desespero. O filme traz, ainda, as participações especiais de Suzana Alves, a Tiazinha, como uma professora de ginástica, e de Paulo César Peréio como a voz do pai da noiva de Lourenço.

Referências

Twitter – será que a moda pega por aqui?

(ou Os Grupos de Internautas Brasileiros)

TweetyEnquanto o Twitter chegou à casa dos 100.000 usuários no fim do mês passado, com direito a wiki e fã-clube, e já tem até concorrente, aqui no Brasil a moda simplesmente não pegou – ou, pelo menos, não ainda.

O Twitter existe para que os internautas respondam a uma única pergunta: o que você está fazendo? Para entender melhor, dê uma chegada à página inicial do serviço e observe as atualizações mais recentes. Nesse exato momento, 12h45m, o usuário Hobs707 informa que está fazendo uma pizza, enquanto labelreader enrola no trabalho e DanBowles pensa em como terá um fim-de-semana atribulado. Como membro, você pode digitar mensagens de até 140 caracteres que contem aos seus amigos e ao mundo o que ocupa sua vida a cada instante.

Mas espere, isso não é tudo! Você pode atualizar o Twitter do seu desktop, sem a necessidade de entrar no site, usando programas criados exclusivamente para este fim e que permitem, de quebra, que você leia as últimas atualizações dos seus amigos. Você também pode enviar suas novidades pelo seu comunicador instantâneo (GTalk, Jabber ou AIM) ou do celular. Para completar, pode exibir no seu blog uma caixinha com suas atualizações mais recentes.

“Tá”, você pergunta, “e pra que serve isso?”

Essa questão é quase tão insolúvel quanto o mistério da vida, do universo e de tudo o mais. Rios de tinta, ou melhor, milhares de pixels têm sido gastos na tentativa de explicar a utilidade do Twitter. As justificativas vão das mais simples (estar em contato com os amigos) às mais elaboradas (formar uma rede de negócios, por exemplo). Boa parte da blogosfera, porém, só consegue vê-lo como uma grande inutilidade com forte apelo ao voyerismo de uns e, em contrapartida, ao narcisismo de outros.

Seja lá como for, a moda “pegou” nos Estados Unidos. Por aqui, no entanto, o Twitter não anda fazendo sucesso. O que explica essa indiferença dos internautas brasileiros, normalmente ligeiros em aderir aos modismos da web?

Tenho cá minha teoria, claro.

Para começar, divido os usuários da web no Brasil, grosso modo, em três grandes grupos:

1. Leitores

2. Orkuteiros

3. Blogueiros

Já admito que essa divisão não se funda em critérios científicos de qualquer espécie, mas na mera observação.

Grupo 1 – Leitores

Neste grupo estão as pessoas que dedicam a maior parte do seu tempo online à leitura de notícias, à troca de emails e ao uso de motores de busca (como o Google). Muitos participam de listas de discussões; alguns juntam-se a fóruns. Eventualmente, podem ter registro em comunidades ou redes sociais, como o orkut, mas não dedicam muito tempo a elas. Também não são grandes adeptos de comunicadores instantâneos, restringindo seu uso ao bate-papo com amigos “da vida real”. Dificilmente lêem um blog e, quando o fazem, é por tratar-se do blog de um conhecido, ou por terem caído nele por acidente, vindos principalmente do Google.

A maior parte dos internautas brasileiros enquadra-se no Grupo 1.

Grupo 2 – Orkuteiros

O orkut chegou ao Brasil no começo de 2004 como uma espécie de clube exclusivo. Poucas pessoas tinham acesso, que só se dava por convite. Com o lema “Quem você conhece”, a idéia era, justamente, levar para o mundo “virtual” os contatos da “vida real”. Por outro lado, servia como teste da teoria dos seis graus de separação, segundo a qual todas as pessoas do mundo estão distantes umas das outras por, no máximo, seis conhecidos.

Quem entrou no orkut no início lembra como era legal essa nova forma de rever conhecidos perdidos no tempo, de fazer novas amizades e trocar informações. Com o tempo (e, segundo alguns, com a invasão dos brasileiros), o site tornou-se reduto de emos e miguxos, que escrevem num idioma só muito levemente parecido com o português e passam o tempo espiando a vida alheia. Isso pra não mencionar a presença de criminosos empenhados na formação de quadrilhas e na propagação de idéias abjetas, como racismo e pedofilia.

O indivíduo do Grupo 2 pratica as mesmas atividades na internet que o indivíduo do Grupo 1; entretanto, mais da metade do seu tempo online é dedicada ao orkut e a outras redes de relacionamento, a sites de paqueras e a conversas em comunicadores instantâneos (particularmente no msn, embora a integração do GTalk ao orkut tenha tirado um pouco do mercado do comunicador da Microsoft). Youtube e variados serviços de fotolog também disputam a atenção dos orkuteiros. Uma parcela deste grupo possui blog tão-somente para contar suas aventuras cotidianas no estilo “querido diário”.

Grupo 3 – Blogueiros

De longe, o menor grupo da web brasileira.

Freqüentemente, o internauta do Grupo 3 pratica as atividades do Grupo 2 – ou seja, tem perfil no orkut e em diversas outras redes sociais, como youtube e Flickr e usa comunicadores instantâneos; no entanto, o tempo que passa em redes sociais é bem mais reduzido. Seu tempo é gasto com atividades do Grupo 1 (troca de emails, participação em listas de discussão e fóruns e leitura na web em geral) e, prioritariamente, com a atividade própria deste grupo: blogar, obviamente.

Blogar é mais que produzir texto. Inclui a leitura contínua de outros blogs, além da “grande mídia”, e a pesquisa por material para idéias e textos. No caso de vários blogueiros, uma parcela do tempo é usada, ainda, para manter seu próprio blog em servidor pago, com domínio próprio – como insinuei aqui, essa parte pode ser bem desgastante.

Certo: leitores, orkuteiros e blogueiros – e aí?

E aí que a minha conclusão é a seguinte:

O Grupo 1 não tem interesse no voyerismo proporcionado pelo Twitter. De todos, é o grupo que passa menos tempo em frente ao computador e foca sua atenção em tarefas bem objetivas.

O Grupo 2 está muito bem servido pelo orkut e pelas demais redes sociais. Expõe seu passo-a-passo em fotologs, com direito a letras de músicas melosas e imagens photoshopadas. Sabe o que seus amigos estão fazendo pelos nicknames do msn.

O Grupo 3 ainda está se perguntando a que veio o Twitter. Trata-se de um grupo que adora novidades mas que, justamente por ver tantas todos os dias, assume uma postura mais crítica. Ademais, 140 caracteres é muito pouco para um texto – a maioria dos blogueiros é prolixa! 😉

Vai daí que não vejo o Twitter se tornando um fenômeno por estas terras. Talez um usuário ou outro consiga dar-lhe uma utilidade maior do que, simplesmente, informar o que vai jantar hoje – e os twitters desse grupo podem se tornar bem interessantes. A maioria, porém, vai cansar logo da bricadeira e voltará aos seus afazeres principais, seja trocando emails, seja no orkut ou em blogs.

Este artigo foi motivado pela pergunta que John Baeyens me fez hoje cedo: “Lu, você sabe por que não tenho ninguém do Brasil no Twitter?”. Taí minha opinião, John.

Referências

A opinião de alguns blogueiros brasileiros sobre o Twitter (não deixe de ler os comentários a cada artigo, que enriquecem a discussão)

  • Dudu Tomaselli: radicalmente contra o Twitter.
  • Mundo Linear: vê o serviço como digno de atenção e com várias possíveis utilidades.
  • Superfície Reflexiva: destaca a inutilidade do Twitter.
  • Meio Bit: dá algumas dicas sobre como usar o serviço.
  • futuro.vc: texto bem completo sobre as várias maneiras de enviar novas atualizações ao Twitter.

Opiniões mundo afora (os textos a seguir são em inglês)

  • lifehack.org: sugestões para o bom uso do Twitter.
  • SplashCast: pistas para entender o sucesso do Twitter.
  • Scripting News: levanta dúvidas sobre o futuro do serviço.
  • Ten Zen Monkeys: a crítica ao Twitter mais divertida que já vi.
  • E L S U A: oferece dez motivos para usar o Twitter como reforço para as redes sociais.
  • 901am: mais cinco dicas para usar o serviço com produtividade.