Sabe o que é culinária fusion?

Segundo o Marcos Emílio Gomes, coordenador do projeto O Melhor da Cidade, da Revista Veja,Gastronomia Fusion

é aquela em que você come pouco, paga muito e não consegue identificar se o que está no prato é animal, vegetal ou mineral.

Claro que foi uma brincadeira do comentarista, que também mencionou que a gastronomia contemporânea, modismo anterior à fusion, caracterizava-se pela ausência de suco de manga no mercado, já que todo prato levava suco de manga. Poucas vezes vi brincadeiras com tanto fundo de verdade. 😉

O comentário foi feito na CBN, em 26 de julho de 2007, e você encontra o áudio na página Turismo e Gastronomia. Por alguma razão misteriosa, só ontem recebi o áudio no meu agregador de feeds.

A propósito, vou a São Paulo daqui a uns dias (para o BlogCamp, mas esticarei a viagem) e agradeço aos leitores que quiserem mandar sugestões gastronômicas e culturais. 🙂

Faça Você Mesmo

Toda semana, recebo no email de contato alguma dúvida sobre WordPress. Não sei grande coisa mas, bem ou mal, já são mais de dois anos usando a ferramenta. Aprendi um ‘cadinho nesse período e tenho o maior prazer em solucionar dúvidas de iniciantes. O WordPress é uma plataforma excelente, quero mais é que sua base de usuários se expanda, e que jeito melhor de conseguir isso que tirando as dúvidas dos neófitos? (Ah, se os fanboys do linux pensassem assim.)

Acontece que 90% das perguntas que me chegam são tão básicas que uma simples pesquisa naquele que tudo sabe retornaria a resposta. Ao invés de gastar alguns segundos pesquisando por lá, o usuário prefere abrir sua caixa de entrada, digitar meu email, redigir uma explicação, expor sua dúvida e aguardar alguns dias pela resposta. Vá lá, eu não me importo: faço a pesquisa para o sujeito e envio a resposta que ele mesmo teria obtido sem dificuldades.

Só que isso é contraproducente para o leitor e para mim. Sabe aquela história de ensinar a pescar, ao invés de dar o peixe? Então. Pelo fim do assistencialismo e pela melhor distribuição do conhecimento (até parece plataforma de campanha política), resolvi traçar um pequeno caminho das pedras para os novatos em WordPress.

Aprenda Inglês

Ao menos o mínimo para encontrar traduções num dicionário bilíngüe.

O WordPress conta com milhares de usuários espalhados pelo mundo inteiro. São eles que tiram as dúvidas uns dos outros, desenvolvem plugins e inventam gambiarras. Obviamente, essa Babel se comunica usando o idioma de Shakespeare.

Não dá pra fugir: o inglês é a língua oficial da internet (podia ser pior – já pensou se fosse o mandarim?). Se você não se vira nesse idioma, claro que pode se aventurar no WordPress (existe suporte em português e no fim do artigo faço referência a ele), mas as dificuldades serão maiores. Considere usar o WordPress.com ou o Blogspot/Blogger, boas plataformas gratuitas com versões em português. Elas darão muito menos autonomia, flexibilidade e recursos, mas sua vida será mais fácil.

Ou se joga e aprende inglês na marra. Quem ganha é você.

Desencane do PHP

A linguagem de programação do WordPress é o php. A boa notícia é que você não precisa saber lhufas disso.

No início, poderá ser assustador editar um arquivo do tema e ver aquela sopa de letrinhas coloridas. Com o tempo, você aprenderá o suficiente para não fazer bobagem. Até lá, sempre que for editar um arquivo, faça uma cópia de segurança.

O Google É Seu Amigo

Bart Simpson e o GoogleEsse mantra é repetido exaustivamente em listas de discussão e deve ficar gravado na sua mente com mais nitidez que o resultado de 2+2. Listeiros costumam presentear autores de perguntas dispensáveis com a sigla STFG – Search The F*cking Google ou com um link bem eloqüente (ou sua versão em português).

Não se melindre se receber uma dessas respostas. A intenção do listeiro é a melhor possível: poupar o seu tempo e o dele.

Experimente fazer a busca usando palavras-chaves ligadas à sua dúvida, mais o termo “wordpress”. Se, por exemplo, os acentos dos seus textos ficaram bagunçados após alguma instalação do WordPress, pesquise por caracteres acentuados wordpress ou caracteres especiais wordpress (pense sempre em sinônimos). Busque, se necessário, a solução em inglês: charset problem wordpress (embora esse seja um típico caso em que páginas em português são mais úteis, por razões óbvias).

Se procura um plugin para executar determinada função, como a inserção das imagens dos comentaristas nos respectivos comentários, acrescente a palavra “plugin” à pesquisa: wordpress plugin imagem comentarista; wordpress plugin foto comentário; wordpress plugin avatar comentaristas; wordpress plugin image comments author (sinônimos, gente, sinônimos). Aspas também ajudam a restringir a pesquisa: “wordpress plugin” avatar “comment author”.

Se ao instalar o WordPress, fazer upgrade ou adicionar um plugin você receber uma mensagem de erro, use-a como argumento de busca no Google. Se mais gente teve o problema, alguém deve ter encontrado a solução. Se ninguém reportou o mesmo erro, considere que o problema pode estar no seu servidor ou na sua instalação. Refaça o upload dos arquivos, confira se o seu servidor possui os requisitos mínimos para rodar WordPress, verifique se o plugin que deseja utilizar é compatível com sua versão da plataforma.

Beba na Fonte

O WordPress tem uma excelente compilação de dicas, informações e orientações, o WordPress Codex. Se você se pergunta como listar categorias em ordem alfabética, o que é loop ou como trocar o layout do blog, encontrará as respostas no Codex. Aliás, você encontrará quase tudo sobre o WordPress no Codex.

Algumas páginas que merecem destaque

A ferramenta de pesquisa do Codex, por outro lado, não é das melhores. Vale mais usar o Google, adicionando os termos “codex” e “wordpress” à sua pesquisa.

Existe, ainda, um fórum de suporte muito ativo e um diretório de plugins que reúne boa parte dos acessórios para WordPress.

Temas à Vontade

“Tema” é o nome dado ao conjunto de arquivos que determina a aparência do blog movido a WordPress. O tema-padrão é o Kubrick, entregue já na instalação da plataforma, bem construído e com algumas funções “de fábrica”. A instalação também traz o tema Classic, um dos piores possíveis.

Centenas (milhares?) de temas são encontrados gratuitamente pela web. Você pode escolher o que mais se adapta ao seu gosto e às necessidades do seu blog e, inclusive, pode modificá-lo à vontade. É comum encontrar blogs que, no rodapé, informam que “Este blog usa o tema X, de Fulano de Tal, modificado”. É questão de respeito pelo trabalho alheio manter-se o nome e o link do autor do tema original.

Fazer pequenas alterações num tema é muito mais fácil que criá-lo do zero. Se você não tem familiaridade com folhas de estilos, vasculhe a web atrás de um layout que o agrade e faça os ajustes aos poucos. Com o tempo, passará a dominar as regrinhas de CSS e ficará à vontade para criar seus próprios temas.

O tema do Dia de Folga é feito por mim, o que não quer dizer que eu entenda do riscado. Aprendi na tentativa-e-erro e ainda sofro a cada reformulação. Se você tiver alguma dúvida, posso tentar ajudar, mas não garanto o resultado.

Bons lugares para pesquisar sobre temas e folhas de estilo

Temas para todos os gostos

Faça seu próprio tema, mesmo sem entender lhufas de folha de estilos

Tradução para o Português

Algumas partes de temas e plugins têm de ser traduzidas na unha. Felizmente, quase tudo (inclusive o painel de administração) pode ser traduzido automaticamente, bastando o upload de um arquivinho que você encontra no Bagulhos ou no tajiquan.pro. Essas almas caridosas pegaram o arquivo nativo do WordPress e tiveram a pachorra de traduzir linha por linha. Você também pode fazer sua própria tradução – ambos os sites ensinam como fazer e oferecem o arquivo original para download.

Informações em Português

Existem boas fontes de pesquisa sobre o WordPress em português:

Atualmente, muitos blogs brasileiros rodam WordPress e é comum que seus autores escrevam um ou outro artigo sobre a plataforma. Se você não domina o inglês, vale a pena googlar em português primeiro.

Folgando na Rede # 7

Rede arco-írisDa época do guaraná de rolha

Alguns links que há séculos estão na pasta Favoritos e merecem ser compartilhados:

Descobertas um pouco menos pré-históricas

Recentes

O Folgando na Rede deveria ser uma série de fim-de-semana, mas a esperta aqui iniciou a compilação, parou no meio do caminho e esqueceu-se totalmente de concluir e agendar a publicação. Ao menos a leseira serviu para ampliar a lista de links recentes.

Cena de Viagem

Em novembro de 2005, resolvi conhecer a Serra Gaúcha. Foram 8 dias excelentes, plenos de passeios, comes e bebes, compras e diversões variadas.

Quando você opta por um pacote turístico, tem a chance de conhecer algo além do roteiro: gente. As pessoas que passam contigo esses dias, andando de ônibus pra cima e pra baixo, pedindo “tira uma foto pra mim”, dividindo a mesa do café-da-manhã no hotel, tornam-se companheiras, amigas de ocasião. Você sabe que não vai revê-las, mas são parte integrante do pacote e tornam a viagem mais interessante.

Algumas marcam mais que outras, claro.

Tinha o quarteto de velhinhas que tagarelavam o tempo todo e compravam horrores. Parecia que os espíritos de meninas de 16, 18 anos tinham se enganado e tomado conta daquelas sexagenárias (ou septuagenárias, sabe-se lá) cheias de energia.

Tinha o jovem casal em lua-de-mel, cheio de planos, carinhos e brilho nos olhos. Enquanto os dois passeavam, sabiam que seus pais estavam arrumando a casa que seria seu novo lar ao retornarem.

Tinha uma família inteira: pai, mãe, três filhos e uma cunhada resolveram tirar férias juntos, curtir a companhia uns dos outros e descobrir um pouco mais sobre a cultura dos seus antepassados italianos. O patriarca não cabia em si de tanta alegria.

Tinha o casal idoso que nunca havia andado de avião. Sua filha economizara por meses para ajudar a bancar a viagem, parte de um presente de aniversário de casamento cujo desfecho seria uma enorme festa-surpresa no dia da volta à casa.

Tinha a mulher cheia de expectativas sobre seu futuro: acabara o supletivo de segundo grau e passara no vestibular há poucos dias, estava namorando e pensava em ter filhos.

No mesmo vôo de volta, estávamos todos no mesmo avião e o trajeto Porto Alegre-São Paulo foi uma farra. Espalhados entre nós, os poucos passageiros que não eram do pacote assistiam resignados à nossa bagunça. Alguns trocaram seus lugares conosco, na esperança de terem um pouquinho de paz. Aproveitávamos para registrar as últimas imagens do passeio, trocar emails e fazer promessas de eu-te-mando-aquela-foto.

O vôo chegou a Congonhas no horário previsto. Quase todos desembarcaram – só seis de nós seguimos viagem para Brasília.

Nunca revi ou troquei emails com a maioria daqueles companheiros de viagem. Sei que os jovens que estavam em lua-de-mel continuam felizes e que a festa de recepção ao casal idoso foi um dos últimos momentos daquele senhor com sua família.

Logo que li sobre a tragédia com o Airbus da TAM, em 17 de julho passado, revi todos os rostos.

Lembrei-me das brincadeiras, dos papos no ônibus, do cansaço sereno ao fim da viagem. Lembrei-me dos rostos, sotaques, histórias, sorrisos. Pensei nas pessoas que meus companheiros de viagem tinham deixado para trás com a certeza de torná-las a ver dias depois.

E se os netos das quatro velhinhas nunca mais ganhassem os abraços e beijos das avós, que falaram deles a viagem toda?

E se os pais do casal em lua-de-mel se vissem dentro de um novo lar que nunca receberia seus moradores?

E se os parentes e amigos da família paulistana não tivessem ninguém para recepcionar no aeroporto?

E se os convidados para a festa de boas-vindas preparada para o casal idoso recebessem a notícia de que ele jamais voltaria para casa?

E se o futuro da mulher recém-universitária não existisse?

Quando ouço alguma notícia sobre tragédia com o Airbus, quando a contagem de corpos reconhecidos é atualizada, quando vejo o descaso com que as autoridades tratam o caso, quando assisto ao jogo de empurra-empurra, quando tenho a nítida sensação de que tudo vai dar em nada, a imagem que me ocorre não é nenhuma das exaustivamente exibidas pela imprensa nos últimos dias. A imagem que me ocorre é a dos meus companheiros de viagem naquela volta de Porto Alegre.

Os passageiros do vôo da TAM eram exatamente como aquele grupo. Gente com família, amigos, sonhos, esperanças, futuro. Pessoas que aguardavam o abraço no aeroporto ao desembarcarem, ou que planejavam o dia seguinte de trabalho. Gente que deixou pendências, suspiros, brigas mal-resolvidas, sorrisos, roupa no varal, filho na escola.

Vidas que se tornam números do caos aéreo, somados aos do acidente da Gol há 11 meses.

Tem gente que acha que é um número pequeno e afirma que as estradas mal-conservadas do Brasil matam muito mais por semana. Como se um descalabro justificasse o outro.

Eu só posso imaginar a dor dos que perderam alguém nessa tragédia. E não consigo vê-la como algo pequeno.

Este texto faz parte da blogagem coletiva Vôo JJ 3054 – Uma Cena, organizada por Gustavo D’Andrea.