Mau Jornalismo

Hesitei bastante em contar essa historinha. A última coisa que quero é reacender a pseudoguerra entre imprensa tradicional e blogueiros que, na minha opinião, não passa de um factóide criado por jornalistas mal-intencionados. Faz mais de dois meses que este artigo está rascunhado – dá pra ver o quanto hesitei. Bom, vamos começar do início.

O dia 17 de julho de 2007 foi marcado pela tragédia com o Airbus A320 da TAM, que levou à morte quase 200 pessoas após um pouso mal-sucedido no Aeroporto de Congonhas. O desastre despertou várias reações. Na blogosfera, a Veridiana Serpa propôs a blogagem coletiva Eu Exijo Ordem e Progresso. Em 17 de agosto, dezenas de blogueiros participaram do protesto. Minha contribuição, Aja!, é uma crônica indignada com os descalabros, de um lado, e a passividade, de outro.

Aí, em 13 de março, a Veri descobriu que um obscuro Jornal Tribuna do Sudoeste havia publicado o meu texto e creditado como se fosse dela. A Veri entrou em contato com o tal jornal, explicou o equívoco, enviou o meu link e o da blogagem coletiva e pediu a correção do crédito.

A resposta é uma pérola:

Infelizmente, não teremos como colocar uma “errata” a respeito da autoria do referido texto, devido ao fato de sua publicação no nosso jornal já ter ocorrido há mais de seis meses.

Somos um semanário do interior de Goiás e temos dificuldade em produzir a coluna “Ponto de Vista”, pq nossos leitores não têm o costume de enviar artigos. A saída é buscar textos interessantes pela net – tal qual ocorreu na edição do dia 25 de agosto de 2007.

Peço a gentileza de incluir este meu e-mail na sua mailing list e, na medida do possível, encaminhar para ele textos que possam ser veiculados nas nossas páginas.

Vamos brincar de jogo dos erros?

1. Ah, vocês não têm como colocar uma errata? Como assim, Bial? Ninguém pediu a republicação do jornal de 25 de agosto, cuja maior utilidade deve ter sido embrulhar peixe no dia seguinte. Agora, custa corrigir duas linhas de um texto que está na internet?

2. Têm dificuldade em fazer a tal coluna? Não têm inteligência para atrair leitores inteligentes? Sinto muito, mas a saída não é buscar textos alheios pela web – a não ser que o jornal não se preocupe nem um pouco com sua credibilidade e menos ainda com seus leitores. Se você não tem competência, não se estabeleça: elimine a coluna, simples assim.

3. Ainda por cima, o sujeito é preguiçoso – para não ter mais o trabalho de “buscar textos interessantes pela net”, quer que a Veri mande artigos para ele. Vai pagar salário pra ela fazer o seu trabalho? Não, claro que não. Quer uma porção de fritas pra acompanhar?

Pensando bem, a preguiça e a incompetência já estão muito claras na recusa em alterar os crédito no texto, ou em pedir para alguém mais esperto fazê-lo.

Ainda dei-me ao trabalho de mandar um email educado para o cidadão, explicando que eu não queria a reimpressão do jornaleco – bastava acessar o texto online, apagar um link e um nome e inserir outro link e outro nome. Você recebeu resposta? Porque eu ainda estou esperando.

Veja: não estou reclamando do erro, mas da falta de cortesia em consertá-lo quando solicitado.

A Veridiana me lembrou que tivemos sorte: já pensou se descubro meu texto em outro site assinado pela Veri? Eu poderia pensar que ela tivesse feito isso de sacanagem. Bom, eu não pensaria isso da Veri, mas sem dúvida seria uma bela saia justa.

O que me intriga é que a Veri, como boa blogueira, não replicou meu texto, mas apenas fez o link. O tal jornalista teve de acessar meu blog para copiar o artigo. Será que não percebeu que tinha clicado em alguma coisinha estranha e chegado em um canto diferente?

O pior é que nem acredito que tenha havido má-fé. A Navalha de Hanlon funciona quase sempre.

E qual lição tiramos disso? A mais óbvia, claro: existem bons e maus blogueiros, assim como existem bons e maus jornalistas – e isso vale para qualquer outra profissão.

E existe gente burra, também.

Vá pentear macaco-aranha, Obama!

Macaco-aranha Não bastassem os ecochatos, que prestam um desserviço ao debate ambiental há décadas, destaca-se atualmente uma outra espécie irritante: os ecodemagogos. Semana passada foi a vez do quase-candidato democrata à presidência dos Estados Unidos, Barack Obama proclamar que a Amazônia é um “recurso global”. O recado, pra lá de óbvio, não passou batido ao jornal The New York Times, que publicou em 18 de maio a matéria De quem é a Amazônia, afinal? (em inglês – no Último Segundo há uma tradução), destacando opiniões favoráveis à internacionalização da floresta – da nossa floresta.

Soberania nacional? Integridade territorial? Pelo visto, Obama e outros formadores de opinião por aí desconhecem esses conceitos – quando se referem ao país alheio, claro. Quer apostar que a reação seria bem diferente se alguém sugerisse a internacionalização da Floresta Boreal do Alasca, por exemplo?

Que se fale em proteção da Amazônia, em responsabilidade do Brasil por cuidar dela, em estipulação de padrões mínimos de conduta, até aí, tudo bem. Não defendo a falácia “ah, eles destruíram o que é deles, logo podemos destruir o que é nosso” – embora a premissa seja verdadeira, um erro não justifica o outro.

Mecanismos de controle do desmatamento, aliás, existem. Na verdade, o simples boicote do comércio internacional a produtos oriundos da exploração predatória da Amazônia já faria um belo trabalho, sensibilizando os produtores onde realmente dói – mas ninguém quer isso, não é? Todos lucram com a devastação da floresta. A diferença é que uns são mais demagogos que outros.

Enfim. É justo e necessário que haja uma preocupação com a preservação e que se discutam regras de exploração racional dos recursos florestais. Agora, dizer que a Amazônia é “do mundo”, que se trata de um “recurso global”, um “patrimônio natural” ou o que quer que seja já é passar dos limites do discurso sensato. Brasília, a cidade em que moro, é patrimônio cultural da humanidade e nem por isso está aberta ao domínio estrangeiro.

Do jeito que a coisa vai, acabo virando republicana.

Foto: Sir. Keko (link para a imagem).

Macarrão ao Molho de Lula

Meu avô já dizia: um monte de coisas boas misturadas tem que resultar numa comida gostosa. Vai daí que, dia desses, abri a despensa e segui essa máxima. O resultado? Um macarrão leve, saboroso e que só não ficou mais bonito por causa das tais lulas – mas isso eu explico no final.

Ingredientes

Macarrão ao Molho de Lula - Alguns Ingredientes

  • 1 colher (sopa) de manteiga
  • 1 cebola média picadinha
  • 2 dentes de alho amassados
  • 1 lata de lula de caldeirada pronta para o consumo
  • 2 tomates maduros grandes, sem pele e sem sementes, picados
  • 1 xícara de água
  • 6 folhinhas de manjericão
  • Sal a gosto
  • Pimenta-do-reino a gosto
  • Meia xícara de vinho branco seco
  • Meia caixinha de creme de leite light (100 gramas)
  • 200 gramas de macarrão prafuso (fusilli)

Você também precisará de

Preparo

Molho

Macarrão ao Molho de Lula - Primeira Etapa do Molho O preparo de toda macarronada começa pelo molho.

Refogue a manteiga, o alho e a cebola, até que ela fique macia e brilhante – não deixe queimar. Prefiro usar fogo baixo, justamente para não correr o risco.

Abaixe o fogo (se ainda não o fez). Acrescente a lata de lula e refogue por uns 2 ou 3 minutos.

Macarrão ao Molho de Lula - Segunda Etapa do Molho Junte os tomates picados e deixe que formem o molho, em fogo baixo. Demora um bocadinho, uns 15 ou 20 minutos. Aqui, entra também a xícara de água. Vá colocando aos poucos, para ajudar na formação do molho, mas tenha cuidado para não deixá-lo muito ralo.

Enquanto os tomates derretem, adicione as folhas de manjericão, o sal e a pimenta-do-reino. Prove para corrigir o tempero.

Quando o tomate tiver sumido (ou quase – às vezes sobram uns pedacinhos, não faz mal), derrame o vinho branco. Deixe ferver por uns 3 minutos. Se o molho estiver grosso demais, coloque mais um pouco d’água.

Desligue o fogo, acrescente a metade da caixinha de creme de leite e mexa bem, até o molho ficar homogêneo. Sirva imediatamente.

Macarrão

Macarrão ao Molho de Lula Durante o preparo do molho, coloque a água do macarrão para ferver (calcula-se 1 litro d’água para cada 100 gramas de macarrão) com uma colher (sopa) de sal.

Quando ferver, jogue o macarrão de uma vez, dê uma mexida com uma colher de pau e marque o tempo recomendado na embalagem. O macarrão deve sempre ficar al dente, ou seja, ligeiramente resistente, mas macio. Ele deve ser mastigável – nada de deixá-lo virar papa.

Despeje o macarrão no escorredor, abra a torneira da pia e dê uma rápida passada d’água fria por ele. Isso serve para “lavar” o amido e interromper o cozimento, garantindo que o macarrão não grude e não passe do ponto. Arrume numa travessa e sirva.

Dicas e Complementos

A tal “lula de caldeirada” é uma espécie de conserva de lula feita com óleo, tomate e condimentos. Poderia ser uma maravilha, mas… bem, olhe a foto da caixa e compare com o conteúdo (já meio escorrido – era óleo demais, escorri uma parte e só lembrei de tirar a foto depois).

A diferença entre a embalagem e a realidade

Meu conselho? Procure outra marca. Ou substitua a lula por atum enlatado em pedaços, ou por filezinhos de camarão.

O ideal é que a massa e o molho fiquem prontos ao mesmo tempo. Como sou meio descoordenada, fiz o molho primeiro, exceto a parte do creme de leite; cozinhei o macarrão; religuei o fogo do molho e, enquanto esquentava, escorri o macarrão; desliguei o fogo e acrescentei o creme de leite. Fica a dica para os descoordenados como eu.

Por Baco, não use vinho porcaria para cozinhar. É apenas meia xícara – use o vinho que você tomará na refeição.

Aliás, esse macarrão fica excelente servido com um bom vinho branco. Uma saladinha de entrada também cai bem.

  • Tempo de preparo: 40 minutos
  • Grau de dificuldade: fácil
  • Rendimento: 2 porções (para pessoas não-esfomeadas)

Como Falar Bem em Público

Você sabe falar em público?

Não estou dizendo aquele papinho de mesa de boteco, com uma dúzia de amigos.

Imagine que você precisa fazer uma apresentação para, digamos, 40 pessoas. Você não conhece a maioria. Todos os olhos e ouvidos estarão voltados para você pelos próximos 30 minutos. Você será avaliado – pelos ouvintes, sempre, e também pelo orientador/contratante/professor/coordenador da palestra. Sua carreira acadêmica/profissional pode se beneficiar disso… ou não.

Tremeu?

E se a situação é uma prova oral de faculdade ou concurso público? Piorou?

Até que não tenho grandes problemas para falar em público. Mesmo assim, confesso, os minutos que antecedem uma palestra ou apresentação me gelam o estômago. Os primeiros minutos de falação, também. Depois, relaxo.

O problema é quando tudo que tenho são poucos minutos.

Minha maior mancada nesse quesito foi há alguns meses, numa entrevista ao vivo para a CBN. Eu estava muito tensa. A primeira frase da entrevistadora, a Tânia Morales, foi completamente inesperada: “Diz para os ouvintes o endereço do teu blog”. Caramba, mídia tradicional divulgando endereço de blog? Aí, falei:

– Agá-tê-tê-pê-dois-pontos-barra-barra…

Putz. Quem é que fala “http://” antes de começar um endereço eletrônico?

Só quem está muito nervosa, mesmo.

Felizmente, a Tânia era um doce de entrevistadora, fui ficando mais tranqüila e, quando ela pediu novamente o endereço do blog, ao fim do programa, consegui dizer só “diadefolgapontocom”. Ufa.

Como Falar Bem em Público Tudo isso para contar que ganhei do Wagner Fontoura o livro Como Falar Bem em Público, escrito por William Douglas, Rogério Sanches Cunha e Ana Lúcia Spina. William Douglas é famoso entre concurseiros pelo seu best seller Como passar em provas e concursos[bb]. Rogério Sanches é um dos melhores professores que já tive. Ambos estão acostumados a lidar com platéia e fazem isso muito bem. Ana Lúcia Spina é especializada em preparar alunos para provas orais em concursos públicos.

Longe de apoiar-se em frases vagas de auto-ajuda (“Mantenha a calma”, “Respire fundo” e outras tantas que não ajudam nada), Como Falar Bem em Público dá conselhos práticos que vão desde o vestuário adequado até dicas de negociação (minha matéria preferida na faculdade).

Como ganhei dois exemplares, um deles será enviado a um dos leitores do Dia de Folga. Para correr o risco de ganhar, basta abrir o coração e dizer:

Qual a experiência mais embaraçosa que você teve ao falar em público?

Responda nos comentários, ou escreva um texto no seu blog e faça o trackback para este artigo (sem o trackback, não tenho como localizar o seu texto).

A promoção é curta. Reza a lenda que dia 31 de maio é o Dia Mundial da Comunicação Social. Então, é isso: você tem até o dia 31 de maio para compartilhar sua experiência traumática com o discurso em público.

Ah, nunca passou por um apuro desses? Invente, tente, faça um comentário diferente.

Ficha Técnica

  • Título: Como Falar Bem em Público
  • Autores: William Douglas, Rogério Sanches Cunha e Ana Lúcia Spina
  • Editora: Ediouro
  • Páginas: 190
  • Preço: pesquise por Como Falar Bem em Público no JáCotei.

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