O que vi (e o que achei) do XI FICBrasília

As férias da semana passada permitiram-me assistir a 7 dos 14 filmes do XI FICBrasília exibidos no CCBB. A seguir, um resuminho de cada um deles, minhas impressões e os horário de reapresentação.

Apology of an Economic Hitman, de Stelios Koul (Grécia, 2008, documentário, 90 minutos). A história impressionante de como os Estados Unidos tornaram-se um império global valendo-se, em primeiro lugar, do seu poderio econômico.

John Perkins, autor do livro em que se baseia o documentário, foi um “assassino econômico”. Seu trabalho consistia em aliciar presidentes de países do Terceiro Mundo; a alternativa era a morte. O processo era tão cruel quanto simples: fornecer enormes empréstimos aos países necessitados, sufocando-os com dívidas insaldáveis para, então, conduzi-los de forma a beneficiar os EUA, não só econômica mas politicamente, por meio, por exemplo, da compra de votos na ONU.

O filme relata a atuação dos assassinos econômicos no Equador, na Venezuela, no Panamá e no Iraque, desenvolve o conceito de corporocracia e demonstra como as grandes empresas privadas, o governo e pentágono andam de mãos dadas há décadas. Dias 13 (17h) e 15 (21h). 5 estrelas

Arranca-me a Vida, de Roberto Sneider (México, 2009, drama, 110 minutos). A história de Catalina, uma adolescente sonhadora que se torna uma mulher forte e inconformada por viver à sombra do marido. Baseado no livro homônimo de Ángeles Mastretta.

Em 1931, Catalina, uma menina de 15 anos conhece o general de araque Andrés Ascencio, com quem se casa. Ascencio cultiva o sonho de tornar-se presidente do México, não importa por cima de quantos cadáveres tenha de passar. Cati precisa lidar com o marido cruel, autoritário e infiel. Ela não se dobra, contudo. Na verdade, torna-se cada vez mais decidida a tomar para si o rumo da sua vida. A história é narrada por Catalina, o que é decisivo no tom feminista do filme. A música, o figurino e a cenografia de época são um espetáculo à parte. Dias 8 (19h) e 10 (21h). 5 estrelas

Francia, de Adrián Caetano (Argentina, 2009, comédia, 77 minutos). A história de Mariana, uma menina de 12 anos filha de pais separados e com problemas na escola.

Dramédia de pais separados, com baixo poder aquisitivo e uma filha que não consegue encontrar seu lugar na ordem da família e da escola. A intenção do diretor era contar a história do ponto de vista da menina (conforme afirmou, em rápida palestra após a exibição), mas ele próprio parece esquecer-se disso na maior parte da película, tornando a trama irregular. Seria um filme mais divertido se menos pretensioso. Dia 14 (21h). 2 estrelas

I am Happy, de Soraya Umewaka (Japão/Brasil, 2009, documentário, 66 minutos). Filmado em regiões pobre do Rio, como o Morro do Cantagalo, o documentário traça paralelos entre pobres e ricos.

O documentário começa num ritmo maniqueísta: bandidos são coitados sem oportunidade, a polícia é má. Logo perde esse tom (felizmente), mas segue no maniqueísmo, afirmando e reafirmando que os pobres é que são felizes e que os ricos não têm felicidade verdadeira. Retrata preconceitos mas é, em si, uma produção preconceituosa. Enaltece a pobreza, suscita o conformismo, indica que não há mobilidade social no Brasil. Conheço várias famílias que, em uma ou duas gerações, progrediram social e economicamente – você não conhece?

Tem o mérito de exibir o belo e pouco conhecido  trabalho da política comunitária (GPAE) nos morros cariocas. E só. Dias 8 (15h) e 13 (19h). 2 estrelas

Karma: Crime, Passion, Reincarnation, de M.R. Shahjahan (Índia, 2008, suspense, 100 minutos). Uma moça acompanha seu futuro marido à Índia para conhecer o pai dele. Alucinações a perseguem, uma forte sensação de déjà vu a domina e ela começa a se envolver numa história de assassinato ocorrida muitos anos antes.

Um clichê atrás do outro e diálogos que lembram novela mexicana – esses são os pontos que ressaltam do filme. A história mescla suspense e terror, com um toque de cinema noir. Apesar do artificialismo, consegue reservar alguma surpresa até o último momento. Paisagens e roupas indianas compõem um bonito visual. Dias 7 (17h) e 10 (19h). 2 estrelas

O Pequeno Burguês – Filosofia de Vida, de Eduardo Mansur (Brasil, 2008, documentário, 70 minutos). A vida de Martinho da Vila, com depoimentos dos seus filhos, de Dudu Nobre e outros.

Eu esperava um filme mais musical e emocionante, como o belíssimo Vinícius. Achei o roteiro um tanto sem sal. Sem dúvida, 15 ou 20 minutos a menos o teriam tornado mais interessante. Ainda assim, vale para os fãs do sambista. Dias 8 (21h) e 15 (19h). 2 estrelas

Petition, de Zhao Liang (China, 2009, documentário, 120 minutos). A vida miserável dos chineses que seguem a Pequim para peticionar contra as autoridades de suas cidades de origem.

Zhao Ling acompanhou vários peticionantes ao longo de mais de uma década: um fazendeiro lesado pelo Estado, uma mulher que teve a casa desapropriada sem qualquer indenização, outra cujo marido morreu durante um exame de rotina e foi cremado antes que houvesse qualquer investigação, um advogado que teve sua firma fechada sem explicações, entre outros.

O que se vê é um país com leis meramente formais, em que pedir por justiça é considerado uma afronta ao governo. Representantes dos governos locais, chamados “caçadores”, são pagos para evitar que os cidadão peticionem. Ameaças, torturas, prisões arbitrárias, tudo vale para que desistam dos seus direitos. Enquanto tentam conseguir algo, são obrigados a abandonar suas casas e morar em favelas. A filha da mulher que teve o marido morto é proibida de frequentar a escola porque a mãe está peticionando contra o governo.

Fica-se diante da realidade chocante de um regime ditatorial em que apenas a miséria é repartida e deixa a certeza de que o Estado Democrático de Direito é o menos pior dos regimes. Dias 12 (16h30m) e 14 (14h30m). 4 estrelas

Risoto de Gorgonzola com Passas

Risoto é uma das coisas mais simples e práticas de se fazer. Você aproveita o que tiver na geladeira e em menos de meia hora tem um prato delicioso. Veja o passo-a-passo desse risoto de gorgonzola com uvas passas.

Ingredientes

Risoto de Gorgonzola com Passas - ingredientes
Ingredientes principais do risoto
  • 1 colher (sopa) de azeite
  • 1 xícara (chá) de arroz para risoto (arbóreo ou carnaroli)
  • 1/2 xícara de vinho branco seco
  • 4 xícaras (chá) de água
  • 100 gramas de queijo gorgonzola
  • 50 gramas de uvas passas brancas sem sementes
  • sal
  • 1 colher (sopa) de manteiga
  • pimenta-do-reino branca moída (opcional)
  • uvas verdes sem sementes para decorar (opcional)

Você também precisará de

Preparo

Cubra as uvas passas com água morna para hidratá-las e esfarele o gorgonzola com um garfo.

Coloque as quatro xícaras de água numa panela e leve ao fogo para ferver.

Em outra panela, esquente o azeite e refogue o arroz. Acrescente o vinho branco e mexa até que mais da metade dele tenha evaporado.

Coloque a água quente aos poucos, mexendo sempre. Primeiro derrame uma ou duas conchas e espere até que a maior parte tenha evaporado; depois, mais um pouco de água e assim por diante. O arroz vai ficando mais e mais cremoso.

Quando toda a água já estiver no arroz, junte o queijo gorgonzola e mexa até incorporá-lo. Prove o sal – essa é a hora de colocar um pouco, se achar necessário. Uma boa pitada cai bem, mas cuidado com o exagero, o gorgonzola já é salgado. Se quiser, acrescente duas ou três pitadas de pimenta-do-reino branca moída.

Depois de ajustar o tempero, escorra as uvas passas, jogue-as na panela e continue mexendo até o risoto estar no ponto.

Desligue o fogo, acrescente a manteiga, misture bem e sirva imediatamente.

Dicas e Complementos

Risoto de Gorgonzola com Passas
Risoto de Gorgonzola com Passas

Não lave o arroz antes de usá-lo para não perder o amido, que é fundamental para a cremosidade do prato.

O arroz deve ficar al dente, ou seja, deve apresentar uma leve resistência ao ser mordido.

O cozimento leva 20 ou 22 minutos – se estiver na dúvida sobre o ponto, controle-o pelo tempo.

Não deixe o arroz secar em momento algum, muito menos na etapa final. O risoto deve ser servido bem cremoso, nunca ressecado.

  • Tempo de preparo: 30 minutos
  • Grau de dificuldade: fácil
  • Rendimento: 2 porções

XI FICBrasília começa hoje!

Foi dada a largada para a décima-primeira edição do Festival Internacional de Cinema de Brasília. Parada obrigatória para cinéfilos, este ano o festival apresenta em apenas 12 dias mais de 80 filmes  – uma verdadeira maratona.

A casa tradicional do Festival é o Cine Academia, na Academia de Tênis (SCES Trecho 4 Conjunto 5 Lote 1/B), mas este ano o CCBB de Brasília também entra na roda, com a vantagem de ter entradas bem mais baratas: 4 reais a inteira, 2 a meia.

Veja a lista de filmes que estarão no CCBB de Brasília:

  • Apology of an Economic Hitman (Grécia, documentário, 90 min.)
  • Arranca-me a Vida (México, drama, 110 min.)
  • Bonus Track (Argentina, drama, 84 min.)
  • El Niño Pez (Argentina/Espanha/França, drama 96 min.)
  • Francia (Argentina, comédia, 77 min.)
  • O Pequeno Burguês – Filosofia de Vida (Brasil, documentário, 70 min.)
  • I am Happy (Japão/Brasil, documentário, 66 min.)
  • Je Veux Voir (Líbano/França, drama, 75 min.)
  • Karma: Crime, Passion, Reincarnation (Índia, suspense, 100 min.)
  • March (Áustria, drama, 83 min.)
  • Material (Alemanha, documentário, 164 min.)
  • Petition (China, documentário, 120 min.)
  • Prince of Broadway (EUA, drama, 100 min.)
  • Wakaranai (Japão, drama, 104 min.)

Você pode ver a programação e as sinopses de cada filme no site oficial do Festival. No CCBB, também há o livreto com a programação de novembro, incluindo os horários e informações sobre os filmes que estarão em cartaz por lá.

O FICBrasília é uma excelente oportunidade de sair do circuito pipoca de Hollywood. O bom cinema não se resume, afinal de contas, aos Estados Unidos.

Como ando numa pegada sambista, daqui a pouco verei O Pequeno Burguês – Filosofia de Vida, documentário sobre Martinho da Vila. A estréia é hoje no CCBB, às 17 horas, com reapresentação nos dias 8 (21 horas) e 15 (19 horas).

A gente se vê por lá. 😉

Alguns Quereres

Quero promessas coloridas embrulhadas em papéis de realidade.
Quero umas poucas certezas e alguns mistérios no meu caminho.
Quero dormir cedo do dia seguinte e acordar tarde de depois de amanhã.
Quero poesias e sonhos concretos, ao alcance das mãos e dos olhos.
Quero perder-me de vez em quando, para achar-me depois, em outras paragens.
Quero a eternidade para os bons momentos.
Quero prolongar sabores.
Quero toques macios e música contínua.
Quero não pensar demais, nem de menos – só na medida certa.
Quero amigos o tempo todo e amores de vez em quando.
Quero a leveza da manhã de sol após a chuva da madrugada.
Quero dias e noites livres.
Quero saber exatamente do que gosto hoje, que pode não ser o mesmo que me agradava ontem.
Quero tempos que tragam novos olhares.
Quero alguns velhos olhares dentro de tempos perenes.
Quero a beleza além da aparência.
Quero render-me ao nada, esvaziar o pensamento, jogar fora os medos.
Quero a inconsequência inocente da criança que cai e levanta em seguida.
Quero a vida toda, a cada segundo.
Quero saber que não existem metades, só o inteiro.
Quero demais, às vezes.
Quero continuar querendo, apesar disso, a cada dia renovando desejos.

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Em 03 de novembro de 2003, o Dia de Folga deixou de ser página no Pop para se tornar blog no Weblogger (eu sei, meu passado me condena).

Pra comemorar a idade “avançada”, nada como um texto velho. Republicar alguns daquela época está nos meus planos desde sempre. Esse aqui, porém, não seria republicado se não tivesse ganhado elogios recentemente. É de 18 de janeiro de 2005 e, possivelmente, a única tentativa de poesia que foi além do meu caderno.