Livro da vez: Mariposa Vermelha, de Fernanda Castro.
Amarílis tem poderes mágicos, mas vive em uma sociedade que persegue pessoas como ela, então passa a vida ocultando seus dons. Um dia, contudo, tomada de raiva após, decide invocar um demônio para ajudá-la a matar uma pessoa. Tolú é o demônio que a atende e a relação entre eles não se desenvolve exatamente como Amarílis esperava.
O livro merecia mais páginas dedicadas ao background de Amarílis (no começo mesmo, não durante a história) para justificar as suas escolhas A Flor de Lótus, grupo que aparece de forma meio súbita na história, é interessantíssima. Alguns lances poderiam ser mais desenvolvidos, como a própria Flor de Lótus e a personalidade do senhorio da protagonista. Ou seja: diferente do que acontece com tantos livros desnecessariamente prolixos, esse é mais enxuto do que precisaria ser. Algumas questões que só são abordadas na terceira parte poderiam ter surgido antes em um contexto mais natural e fundamentando melhor alguns comportamentos.
A escrita de Fernanda Castro é excelente. A autora domina o idioma (há uns deslizes de colocação pronominal que a revisão poderia ter corrigido) e evita clichês. Eu teria preferido nomes próprios mais diversos, o uso de plantas/flores me pareceu um recurso meio infantil.
Independentemente dessas questões, a história flui muito bem, diverte e prende. Não há momentos de tédio. Há um gancho para uma continuação – algo que, em geral, não me interessa, mas agrada muita gente e o mercado editorial aplaude. Apesar do gancho, o final é bastante satisfatório e o suspense criado antes dele é um ponto forte do livro.
Recomendo para quem busca bons jovens autores nacionais (algo raro) e especialmente para quem curte fantasia urbana.