Presente de Natal pra quem mora longe

A dica chega em cima da hora, mas vale guardá-la pra uso futuro. Só que o potencial presenteado ou, mais provavelmente, presenteada, tem de morar longe mesmo. De preferência na Europa (Canadá, Israel, Japão e alguns outros países também estão valendo).

Mês passado, a Angel me convidou pra dar uma navegada por um site de vendas da Natura voltado para o exterior. Já conhecia o site convencional. Compro os produtos com alguma regularidade, gosto da qualidade e da preocupação da empresa com o meio ambiente. O livreto de produtos é de papel reciclado, vários itens têm refil para diminuir o consumo de matéria-prima e desde 2006 a Natura aboliu completamente os testes em animais.

Divago. Voltando ao assunto.

O site que a Angel me pediu pra testar foi a Natura Brasil – Virtual Store. E é o seguinte: ele é uma mão na roda pra presentear quem mora longe, e também (eu diria principalmente) para quem está morando no exterior e sente saudade de algum produto da marca.

Não está tudo lá, é verdade. Falta, por exemplo, o Sève, favorito de muita gente (mas os óleos trifásicos, que prefiro, estão por lá). Vi a linha Chronos (face), a Eko (banho e corpo), a linha infantil, entre outras. De maquiagem (ca-la-ro que fui direto na maquiagem), tem a Diversa que, se bem me lembro, é a linha mais sofisticada do catálogo.

A navegação não é das mais fáceis e exige alguma atenção. O formulário de busca ajuda, mas clique em “ok” – o enter não funciona. Quase me perco enquanto buscava o gloss, por causa de uma imagem de batom exibida com a legenda errada. Esses detalhes podem dificultar a vida de quem não está tão costumado à internet.

O site não entrega no Brasil, mas seria lógico que aceitasse um endereço brasileiro para pagamento – não aceita. Por enquanto, o jeito é colocar um endereço estangeiro falso e pagar. A Angel me informou que a empresa já está ciente do problema.

O frete é bem acima do que estamos acostumados a pagar em sites como Submarino e Americanas. Lembre-se, a entrega é internacional. A dica é ficar de olho nas promoções de frete grátis, que são frequentes.

A loja virtual traz, ainda, quilos de informações sobre a Natura. Nesse ponto, achei até que ganha do site nacional, porque as informações estão mais “na cara” de quem visita a loja.

Natura Diversas - duo de sombras, blush e gloss
Natura Diversas - duo de sombras, blush e gloss.

No geral, o site é bacana e fazer o test drive foi um prazer. Já passei a dica para uma amiga com parentes na Europa. Fica agora a informação pra você, e uma foto dos mimos que a Angel me mandou por ter participado do teste. O estojo de sombras e blush é superprático (finalmente estou me lembrando de usar blush). O gloss é, simplesmente, um arraso. Estou apaixonada por ele, de verdade. Andava carente de um bom gloss.

(Tem foto melhor na câmera “oficial” – essa é do celular. Depois faço a troca.)

Ah, em tempo: a Geórgia cuida desse projeto junto com a Angel.

Outubro Rosa: lembranças

Eu tinha uns 12 ou 13 anos e morava no Rio de Janeiro. Foi justamente numa metrópole que eu e minha mãe encontramos com uma profissional cada vez mais escassa: uma costureira de mão cheia, dessas que fazem de bermudinha a vestidos de baile com o mesmo primor – e do lado de casa. Íamos a pé encontrar a Dona Rosinha e na casa dela passávamos a tarde, folheando revistas de moda, tirando medidas, provando os esboços e batendo papo.

Havia três gerações ali – Dona Rosinha tinha idade para ser minha avó – e eu mais escutava que falava. Às vezes, desligava-me da conversa enquanto via as revistas e imaginava as roupas novas. Também olhava bastante ao redor, vasculhando sem tocar as grandes cestas de retalhos (eu sabia que sairia de lá com alguns), o enorme espaço que servia de sala de costura e prova e, logo ali ao lado, a sala de visitas que fazia parte do lar da Dona Rosinha. Na estante escura, uma televisão grande e bichinhos de porcelana sobre toalhas de crochê. Um daqueles retratos clássicos pendurado na parede: várias fotos pequenas de um bebê, formando um círculo sépia, com uma imagem do mesmo menino ao centro, maior e posada.

Nesse ambiente de casa de vó do interior é que a expressão “câncer de mama” tomou forma pela primeira vez. Dona Rosinha tivera câncer de mama muitos anos antes, quando era uma jovem mãe. Quando falei “mas você está curada, né?”, ela explicou que o câncer sumira há tempos, mas de vez em quando ela dava uma conferida. Nos primeiros anos, todo mês precisava checar se estava mesmo bem. Depois, a visita ao médico era a cada seis meses e, finalmente, tornou-se uma rotina anual. “Pra sempre?”. Sim, pra sempre.

Era difícil imaginar que aquela mulher forte, trabalhadeira, criativa e caprichosa tivesse algum dia ficado tão seriamente doente, mas era a mais pura verdade. Dona Rosinha podia mostrar a prova concreta em seu corpo, ou melhor, podia mostrar o que não estava lá: seus seios haviam sido totalmente removidos em função do câncer.

Aquela imagem, que até hoje está bem clara na memória, não me causou piedade – e talvez isso soe extremamente insensível, mas foi assim mesmo. Não me recordo de ter olhado para a Dona Rosinha com pena. Esse o sentimento simplesmente não era compatível com minha costureira preferida com cara de avó. Dona Rosinha era uma mulher talentosa, cheia de energia e que transbordava vitalidade. Se havia algo a sentir por aquela fortaleza de um metro e meio de altura, era admiração. Pura e simples admiração.

Hoje as coisas são muito diferentes do que eram na época em que a Dona Rosinha teve câncer. As mulheres têm mais informações, a medicina evoluiu, há o diagnóstico precoce e a cirurgia reconstrutora faz do tratamento. O trauma físico e psicológico é menor, as taxas de sobrevivência são maiores.

Ainda assim, se eu me tornar parte das estatísticas do câncer de mama, na sua forma mais branda ou não, desejo que possa lembrar-me da Dona Rosinha, cujo nome não poderia ser mais apropriado como símbolo de vitória sobre o tumor. Que eu me lembre da volta por cima apesar da violência do câncer. Que eu lembre que uma doença, qualquer que seja, não me define como ser humano ou como mulher. Que eu lembre que minha feminilidade não se resume a uma parte do meu corpo, mas permeia cada célula, cada sopro de vontade, espírito e alma.

Que eu me lembre, que você se lembre e que sigamos em frente com garra, amor e vontade, mesmo que a vida não seja cor-de-rosa.

Eu tô voltando

Quase duas semanas sem atualizar o DF, antecedidas por duas semanas de atualizações escassas. Eu sei, estou sumida. Tirei férias, viajei – ainda estou na Morada das Deusas, aliás -, escrevi para outros cantos e o Dia de Folga foi ficando para trás. Nem é falta de assunto – nunca é. Mas semana que vem eu tô voltando.

Em tempo, aí vão 1.000 UCI: você sabia que Tô Voltando não é do Chico Buarque? Pesquisas googlísticas revelam que o samba é parceria de Paulo César Pinheiro e Maurício Tapajós. Papagaio come milho…

Morreu Athos Bulcão

O mais brasiliense de todos os cariocas morreu hoje de manhã, em decorrência de complicações provocadas pelo Mal de Parkinson. O artista plástico Athos Bulcão tinha 90 anos, 50 deles vividos em Brasília. Chegou aqui como pioneiro, em meio ao nada feito de terra vermelha e árvores retorcidas. Aqui será enterrado, em respeito à sua vontade.

O primeiro trabalho marcante na longa carreira de Bulcão foi como assistente de Candido Portinari (de quem foi aluno) na elaboração do mural da Igreja de São Francisco de Assis, na Pampulha (Belo Horizonte – MG) (clique para ampliar):

Detalhe da Igreja de São Francisco de Assis

Em Brasília, Athos Bulcão quebrou a monotonia do concreto de Niemeyer, dando vida e cor a vários prédios que, sem sua arte, seriam tão áridos quanto o cerrado. Seus trabalhos mais conhecidos são em azulejaria mas, mesmo quando lidava apenas com o branco-concreto, conseguia enriquecê-lo, como na fachada do Teatro Nacional (clique para ampliar):

Teatro Nacional - na lateral à esquerda, os blocos concebidos por Athos Bulcão

Bulcão foi um artista democrático. Seu trabalho não está trancado em museus, mas exposto nas ruas, integrando o dia-a-dia dos habitantes de Brasília, muitas vezes de forma imperceptível.

Visite o site da Fundação Athos Bulcão ou faça uma pesquisa usando o Google Imagens para ver mais obras desse excelente artista plástico.