Seu blog é acessível?

Acessibilidade na web significa uma internet verdadeiramente inclusiva
e com mais oportunidade de acesso de negócios para todos.

Muito se fala sobre acessibilidade na web – basta fazer uma rápida consulta ao todo-poderoso para ver a quantidade de páginas dedicadas ao assunto. A primeira vez que li com alguma atenção algo sobre o tema foi há cerca de apenas um mês, no blog do Bruno Torres. Semana passada, o Anny Rose lançou a Campanha Torne seu blog acessível para todos. Foi aí que parei para pensar realmente nessa questão.

O que é acessibilidade?

Acessibilidade é possibilitar a todas as pessoas condições adequadas de uso de produtos, serviços e espaços, independentemente de suas limitações.

15% da população brasileira têm algum tipo de deficiência física. É obrigação do Estado e da sociedade civil incluir esse contingente, propiciando-lhe condições equivalentes às do restante das pessoas.

No mundo físico, isso significa, entre outras coisas:

  • acréscimo de rampas de acesso em prédios e calçadas
  • adaptações em ônibus
  • elevadores espaçosos o suficiente para uma cadeira de rodas
  • banheiros adaptados com barras auxiliares
  • portas largas
  • programações televisivas legendadas ou complementadas por tradução simultânea para a linguagem de sinais
  • telefones públicos (orelhões) e caixas eletrônicos numa altura compatível com cadeirantes
  • pontos gratuitos de acesso à internet
  • calçadas largas
  • lugares para cadeiras de rodas em cinemas e teatros

A lista é extensa e os itens acima são meramente exemplificativos. Ainda falta muito para que todos tenham direitos iguais neste país, e isso passa pela implementação de métodos de acessibilidade.

O que é acessibilidade na web?

No mundo virtual, a acessibilidade é representada por sites que permitem a todas as pessoas a compreensão do seu conteúdo, independentemente das suas limitações físicas ou do equipamento que estão utilizando para navegar pela internet.

Uma pessoa cega, por exemplo, usa um software especial que lê para ela o conteúdo de um site (como o Jaws, cujo link para download encontra-se no fim deste artigo). O programa não é adivinho: para que funcione corretamente é necessário, por exemplo, que o idioma usado no site esteja especificado no seu código-fonte, e que todas as imagens da página tenham um texto descritivo.

Alguém que visita um site por meio de um pda, smartphone ou outro aparelho com tela reduzida deve ser capaz de navegar por ele confortavelmente. Isso também é acessibilidade.

Ainda é comum, no Brasil, o uso de conexão discada – portanto, lenta – para acessar a internet. Um site acessível é rápido o suficiente para superar essa limitação.

Há pessoas com limitações físicas ou de coordenação motora que impossibilitam o uso do mouse – a navegabilidade do site deve ser possível via teclado para incluir esse público.

Campanha “Torne seu blog acessível a todos”

Na verdade, o Anny centrou sua campanha em torno da acessibilidade para deficientes visuais, um ótimo ponto para começar.

Deficientes visuais têm dificuldades para inserir-se nos sistemas educacionais e, conseqüentemente, no mercado de trabalho. A internet torna-se uma ferramenta de grande valia para esse público, pela infinidade de informações que pode agregar. Além disso, para eles pode ser muito mais prático fazer compras e pagar contas sem sair de casa, usando serviços online – desde que os sites que fornecem estes serviços sejam acessíveis, é claro.

Ademais, sites acessíveis a deficientes visuais tendem a ser mais acessíveis a outros grupos de indivíduos e a pessoas que usam equipamentos com alguma limitação, como dispositivos móveis, em que não convém, por exemplo, exibir imagens.

A campanha, como o título indica, concentra-se em tornar os blogs mais acessíveis.

Como adaptar seu blog às necessidades dos deficientes visuais?

Que tal seguir as dez dicas abaixo e melhorar a acessibilidade do seu blog?

1. O idioma do blog está especificado?

No seu navegador, vá em Exibir/Código-fonte. Uma janela se abrirá, com o código do seu blog. Numa das primeiras linhas, deve haver a seguinte informação:

<meta http-equiv="Content-Language" content="pt-br" />

Sem isso, o programa de leitura não identificará automaticamente o idioma e tentará ler seu texto como se estivesse em inglês, dificultando a compreensão.

Se seu blog não contém essa informação, copie e cole a linha de código acima no cabeçalho (header) do seu blog, entre as tags <head> e </head>.

2. As imagens possuem descrição?

Desabilite o carregamento de imagens do seu navegador. No Firefox, vá em “Ferramentas”, depois “Opções”; clique em “Conteúdo” e desmarque a caixa “Carregar imagens automaticamente”. No Internet Explorer, o caminho é Ferramentas/Opções da Internet/Avançadas; depois, procure por “Mostrar imagens” e desmarque a caixa.

Recarregue seu blog.

As imagens que você usa no layout e para ilustrar seu texto contêm uma descrição? Essa descrição é suficientemente clara para dar uma idéia ao cego do que está ali?

Você usa imagens no menu? Quando as imagens estão desabilitadas, ainda é possível saber para onde cada opção conduz?

Acrescentar descrições a imagens é muito simples – basta usar o atributo “alt”. Na foto que ilustra a receita Bolo de Milho, por exemplo, a imagem é apresentada a partir de um código semelhante ao seguinte:


<img src="https://farm1.static.flickr.com/550m.jpg" class="alignleft" alt="Bolo de Milho - clique para ampliar" height="135" width="180" />

Note que não bastaria escrever “clique para ampliar” – é necessário dar uma idéia do conteúdo da imagem para que a experiência do deficiente visual seja minimamente satisfatória.

Menus e botões construídos com imagens são críticos: sem o atributo “alt”, tornam a navegação pelo blog impossível ao cego.

3. Seus links dizem para onde o visitante será encaminhado?

Essa é velha e vale para facilitar a vida de deficientes e não-deficientes: links do tipo clique aqui dificultam a acessibilidade.

Você deve informar ao leitor para onde ele irá ao clicar em um link. Escreva, por exemplo, “leia sobre a campanha pela acessibilidade nos blogs“, não simplesmente “clique aqui”. Complemente a informação usando o atributo “title”, que está para os links como o “alt” está para as imagens:

<a href="http://www.tvretro.net/2007/06/campanha-torne-seu-blog-acessvel-para.html" title="Torne seu blog acessível para todos - TV Retrô" target="_blank">leia sobre a campanha pela acessibilidade nos blogs</a>

Tenho por padrão usar o “title” para indicar o assunto principal do link e o local em que se encontra – o nome do blog ou do portal, por exemplo.

4. Você coloca informações em flash? Seu blog usa menus que dependem do mouse?

“Flash” é aquela animação “bonitinha” que traz informações irrelevantes – ou não.

Alguns sites o utilizam para criar introduções que ninguém vê. Outros colocam conteúdo realmente importante, textos inteiros de interesse para o visitante, ou botões essenciais para a navegação. Infelizmente, os cegos não têm acesso ao material colocado em flash.

Menus que mostram submenus somente com a passagem do mouse sobre eles também são fonte de dor de cabeça para os cegos, já que o programas de leitura ignorará os submenus.

5. Onde fica o conteúdo principal do seu site?

Os softwares de leitura lêem um site da esquerda para a direita, e de cima para baixo. Se você tem um blog cujo menu lateral está à esquerda, todo o conteúdo do menu será lido antes que se chegue ao artigo, que é o que realmente interessa ao visitante.

Se eu fosse cega, sairia do blog e procuraria por informação em outros sites, que dedicassem o lado esquerdo ao conteúdo principal.

6. Quantos “tabs” é necessário para se chegar ao conteúdo principal?

Cegos usam a tecla “tab” para pular de um campo a outro, ou de um link a outro, até encontrarem o que procuram.

Imagine um blog que traga dezenas de links antes do artigo – são dezenas de “tabs” antes de chegar ao que interessa. Lembre-se que, para saber se estão no lugar certo, os cegos têm que esperar que o programa de leitura diga-lhe o texto – não podem, simplesmente, dar 40 “tabs” um atrás do outro.

O Dia de Folga demanda 24 “tabs” antes que a leitura de um artigo tenha início. Esse número cai para 16 se o javascript for desabilitado, já que isso elimina as propagandas do AdSense.

7. O título do seu artigo é um link?

Se não for, o software de leitura o ignorará, procurando pelo próximo link da página. Seu visitante cego não será capaz de encontrar o início do texto.

Boas plataformas de blogs, como o WordPress, WordPress.com e Blogger/Blogspot transformam os títulos de artigos em links que, entre outros méritos, têm o de ajudar a localização do conteúdo pelo cego. Dê preferência a essas plataformas na hora de contruir seu blog.

8. Você usa captcha para evitar spams?

Captcha é uma imagem com letras disfarçadas, exibida no campo dos comentários; as letras devem ser digitadas pelo leitor que quiser comentar, para provar que ele é humano, não spammer.

Captcha torra a paciência de qualquer mortal. Alguns deles, para piorar, não oferecem uma descrição da imagem. Assim, impedem que os cegos comentem, igualando-os a spammers.

Verifique se o captcha em seu blog fornece uma descrição para a imagem. De qualquer forma, considere substitui-lo por uma pergunta de resposta fácil: “quanto é 2 + 3”, por exemplo. É um mecanismo menos irritante e tão eficaz quanto o captcha para afastar spammers. Existem alguns plugins para isso, se seu blog é movido a WordPress.

Se possível, instale plugins anti-spam como o Akismet, e poupe seu visitante dessa chatice de provar que é humano para deixar um comentário.

9. As cores do seu blog fornecem contraste adequado?

Não se deve pensar apenas nos cegos, mas também nos leitores com visão subnormal ou cegos para cores (daltônicos).

A cor das letras em seu blog é suficientemente contrastante com o fundo, ou confunde-se com ele? E o contraste entre o texto comum e os links, é adequado?

No site Colorblind Web Page Filter é possível realizar uma séries de testes para verificar se o esquema de cores do seu blog é acessível.

10. O tamanho da fonte do seu blog é ajustável?

Os navegadores fornecem uma ferramenta que permite aumentar o tamanho das letras de um site: confira no menu Exibir/Tamanho do texto. Veja se funciona no seu blog. Recomenda-se o uso das unidades “%” ou “em” para o melhor funcionamento desse recurso, utilíssimo para visitantes com visão subnormal.

Conclusão

Várias dicas deste texto foram retiradas do vídeo Acessibilidade web: custo ou benefício, essencial para quem se preocupa com a inclusão digital. A frase de abertura do artigo também foi retirada desse vídeo. Abaixo, você encontrará links de referência que fornecem informações importantes sobre acessibilidade.

Acessibilidade é um assunto extenso e que abrange uma vasta gama de técnicas em prol da integração de pessoas com diferentes tipos de dificuldades ou limitações.

No caso dos deficientes visuais, bastam pequenas mudanças de hábito dos blogueiros e umas poucas modificações no layout para que os blogs lhes sejam acessíveis. As dicas acima são todas simples, mas fundamentais para facilitar a vida desse grupo significativo de usuários. Várias delas facilitam a acessibilidade de modo geral, não apenas por deficientes visuais.

É fundamental que todos os sites, não só os blogs, procurem se adequar para atender a essa parcela da população. Como disse o Bruno Torres, acessibilidade não é altruísmo: quando sites de compras ou bancos adaptam seu conteúdo em prol dos deficientes visuais, seus lucros aumentam, já que eles também consomem produtos e serviços.

O Dia de Folga não é tão acessível quanto poderia mas, a partir de hoje, procurarei melhorá-lo cada vez mais neste aspecto.

Promova a adequação do seu blog para os padrões de acessibilidade, tanto quanto possível. Divulgue a campanha. Aprofunde-se no tema, espalhe a idéia, fale sobre as questões de acessibilidade com designers, desenvolvedores, arquiteto, engenheiros. Não se limite à web.

A conscientização é o primeiro passo para a acessibilidade.

Referências

Enquete: os gastos com o Pan-americano 2007 valem a pena?

Em comentário de 18 de maio de 2007, Juca Kfouri destacou alguns pontos do relatório do Tribunal de Contas da União sobre o Pan-americano Rio 2007, dos quais menciono dois:

  • A estrutura é superdimensionada, quase suficiente para abrigar as Olimpíadas. O Pan poderia ser realizado com menos obras, adaptando a estrutura já existente no Rio de Janeiro.
  • O orçamento federal atual é dez vezes maior que o inicialmente proposto, em 2002.

Pesquisando pela web, é possível encontrar números exorbitantes. Alguns exemplos:

Conhecendo os políticos e empreiteiros deste país, é mesmo difícil acreditar na lisura e no bom uso dos recursos públicos em tantas obras.

Há quem diga que, apesar de astronômicos, os gastos valem a pena e devem ser vistos como um belo investimento. Um Panamericano bem organizado atrairá milhões de reais em turismo, tanto durante sua realização quanto no futuro, pois contribuirá para melhorar a imagem do Brasil no exterior. Além disso, as instalações esportivas serão aproveitadas pela comunidade local, especialmente pela população de renda mais baixa.

Quem afirma que os gastos são descabidos destaca os graves problemas que o Brasil em geral, e a cidade do Rio de Janeiro em particular, têm em todas as áreas fundamentalmente importantes: educação, saúde, segurança, habitação. Argumenta-se que os bilhões gastos no Pan poderiam ser melhor empregados em políticas públicas duradouras e acrescentam que a maioria do povo carioca não irá usufruir dos eventuais benefícios trazidos pelo evento “para inglês ver”.

O Dia de Folga quer saber o que você acha:

Os gastos com o Pan-americano 2007 valem a pena?

  • Sim, pois reverterão na melhoria da imagem do Brasil e da qualidade de vida dos cariocas.
  • Não, os recursos deveriam ser usados para resolver os graves problemas do Rio de Janeiro.

A enquete está na barra lateral do DF e ficará no ar até o fim dos Jogos. Participe!

Atualização em 28 de junho de 2007: a Veridiana, do 30&Alguns e do Geek Chic (só hoje descobri que são da mesma autora), está listando os textos dos blogueiros sobre o Pan 2007. Vale a pena passar por lá e conhecer opiniões variadas sobre o tema.

Enquete: pena de morte – contra ou a favor?

Resultado da enquete: pena de morte - contra ou a favor?Depois de quase quatro meses e 500 participantes, encerro a enquete aberta em 16 de fevereiro, motivada pelo assassinato bárbaro do menino João Hélio: Pena de morte – contra ou a favor?

Você pode conferir o resultado na imagem ao lado (clique para ampliar).

Em números percentuais, a enquete terminou assim:

  • 27% dos leitores são a favor da pena de morte, argumentando que a medida livraria a sociedade de indivíduos irrecuperáveis.
  • 16% são favoráveis, porque acreditam que a pena de morte ajudaria a reduzir a criminalidade.
  • 10% dos votantes são a favor pelo caráter retributivo da pena (olho por olho, dente por dente).
  • 22% são contrários, devido às falhas do sistema judiciário, que poderiam resultar na condenação de inocentes.
  • 14% são contra, por motivo de consciência (religioso, filosófico ou afim).
  • 12% são contra porque não acreditam que a pena de morte reduziria a criminalidade.

Simplificando os resultados:

  • 53% ou 264 leitores são a favor da pena de morte.
  • 47% ou 236 leitores são contra a pena de morte.

Uma disputada realmente apertada. Confesso que esperava uma vantagem maior para os defensores da pena capital, especialmente levando-se em conta os horrores que diariamente são apresentados pela imprensa.

Alguns leitores escreveram-me perguntando minha opinião. Sou favorável à pena de morte. Acredito que ela retiraria do convívio social, de uma vez por todas, criaturas abjetas, que apenas em termos puramente biológicos podem ser consideradas “humanas”, seres desprezíveis que nem mesmo o melhor sistema prisional do mundo seria capaz de recuperar.

Não creio que a pena de morte reduziria a criminalidade. O criminoso sempre conta com a impunidade e o psicopata não tem qualquer temor da punição. É necessário um aparato tão grande e com tantas fases para alguém ser preso e condenado que é fácil para o bandido acreditar que sairá ileso. Por outro lado, não vejo a questão da redução dos crimes como fator determinante para a instituição ou não da pena de morte. A questão, para mim, é bem outra, e passa pela tranqüilidade social, não por estatísticas.

Quanto ao risco de falhas no sistema judiciário, entendo que ele seria tão minimizado pelos sucessivos recursos e pelo tempo necessário para chegar-se à execução que tenderia a zero. Sem mencionar que a pena de morte não significaria o fim do in dubio, pro reo, mas sim o reforço deste princípio – à menor sombra de dúvida sobre a autoria do crime, a pena capital não seria aplicada.

O “olho por olho, dente por dente” parece-me um argumento primitivo demais para justificar uma medida drástica como a pena de morte, e passível de ser usado em situações de justiçamento com as quais não concordo, em tese (porque, na prática, a teoria sempre pode ser outra).

Quanto ao motivo de consciência para afastar a pena capital, bem, esse é o único argumento que, na minha opinião, não comporta réplica. Cada indivíduo tem suas próprias convicções morais e religiosas e cultivá-las é direito soberano, até o momento em que não interfiram com outros direitos fundamentais.

Finalmente, é bom ressaltar que só enxergo a aplicação da pena de morte em casos extremos, como o de matadores seriais (serial killers), estupradores ou assassinos com ficha criminal.

Claro que tudo isso é simplesmente a minha opinião.

Amanhã, colocarei nova enquete no Dia de Folga. O assunto será mais leve: o Pan-americano 2007.

Você sabe o que é 3R?

Lixão3R (ou 3 erres ou, ainda, 3R’s) é um recurso mnemônico para um processo seqüencial que visa à diminuição dos resíduos sólidos – em bom português, é um caminho para produzirmos menos lixo.

Reduzir

Reutilizar

Reciclar

Tenho certeza de que você já ouviu falar muito em reciclagem, seja de papel, latinhas ou plástico. Supermercados fazem campanhas, catadores estão por toda parte, shoppings colocam lixeiras compartimentadas à disposição dos clientes.

Acontece que reciclar é só a terceira parte do processo. Então, por que é a mais famosa?

Porque ficamos com nossa consciência tranqüila quando separamos nosso lixo em categorias e o passamos adiante. Dizemos “ótimo, fiz minha parte pelo meio ambiente” e nem nos preocupamos com o destino dos nossos “recicláveis”.

Só que reciclar exige dinheiro, indústrias, mão-de-obra. Se, de um lado, cria empregos (e subempregos também), de outro é fato que o Brasil não tem uma indústria de reciclagem preparada para receber as 250.000 toneladas de lixo produzidas diariamente no país. Muito do que poderia ser reciclado perde-se por aí, por falta de transporte até os centros apropriados ou por incapacidade de processamento pelas indústrias.

Além disso, aquilo que é reciclável já foi, um dia, matéria-prima que poderia ter sido poupada se fizéssemos um uso mais consciente dos recursos – inclusive daqueles que saem diretamente dos nossos bolsos.

Entenda: não estou dizendo que a reciclagem é inútil; apenas que ela não é suficiente.

O que fazer, então?

Aplicar o 3R.

Reduzir o lixo produzido diariamente é a forma mais efetiva de preservar matéria-prima e diminuir a quantidade de de resíduos sólidos.

O segundo passo é reutilizar materiais sempre que possível.

Então, apenas o que realmente precisa ser consumido e não pode ser reaproveitado será encaminhado para a reciclagem.

A aplicação prática mais corriqueira do procedimento 3R diz respeito ao papel que usamos na impressão diária de documentos, tanto em casa quanto no trabalho.

Reduza o papel utilizado. Antes de apertar o “Imprimir”, revise o texto. Tenha a certeza de não ter deixado passar erros de português, de endereçamento ou de formatação que tornarão inútil o documento. Eu sei, revisar no computador é cansativo, mas é perfeitamente possível quando se trata de um texto de poucas páginas.

Reflita: você precisa mesmo imprimir este material? Se é uma página da internet, não pode simplesmente salvá-la no computador, diretamente ou pela conversão em um arquivo .pdf? A impressão de todo o texto é necessária, ou basta um pequeno trecho, que pode ser selecionado com o mouse e impresso por meio do menu “Arquivo/Imprimir…/Seleção”? Esse mesmo trecho não pode ser salvo num arquivo de texto (o bom e velho “copiar/colar”), ao invés de se transformar em mais uma folha que ficará perdida no meio do seu escritório?

Leve em conta, também, que a tinta da impressora está pela hora da morte, o que já justifica um cuidado maior antes de desperdiçá-la, nem que seja em prol das suas próprias finanças.

Reutilize o verso. Se a impressora e o tipo de papel permitirem a impressão no verso, faça-a. Se a formalidade do texto ou a política da empresa não autorizam o frente-e-verso, utilize-o ao menos quando se tratar de uma minuta que ainda será revisada pelo chefe antes de atingir a versão final. Se nem isso for possível, reaproveite a face limpinha das folhas que iriam para o lixo para montar blocos de rascunho, ou leve-as para casa e faça a alegria dos seus filhos, sobrinhos ou afilhados – que criança não gosta de rabiscar?

O papel impresso nas duas faces ainda pode servir para relaxar com a prática do origami, ou para forrar a gaiola do passarinho quando o jornal acaba. Use sua criatividade!

Recicle o que sobrar. Claro que não dá para eliminar todo o papel e aqui é que entra a reciclagem. A folha que iria para o lixo vira dinheiro nas mãos de cooperativas e ajuda a sustentar famílias. Existe uma associação de catadores de papel na sua cidade? Sua empresa coleta o lixo de papel e faz o encaminhamento até essas organizações? Esta é uma ótima forma de colaborar com o meio ambiente e, de quebra, criar uma boa publicidade para a empresa, apresentando-a como socialmente responsável, gastando pouco ou nada. Aqui entram, também, os recipientes coletores em supermercados e shoppings, voltados para o público doméstico.

Qual é a sua sugestão para a aplicação do 3R no dia-a-dia?