Livro da vez: “A Terra Partida”, trilogia de N. K. Jemisin.
Descobri Jemisin em 2019, começando por “A Quinta Estação”, primeiro livro da trilogia “A Terra Partida”. Só em 2020 li os outros dois. No meio do caminho, li dela “How Long ’til Black Future Month?” e a duologia Dreamblood, que já resenhei aqui, ambos sem tradução. “A Terra Partida”, por outro lado, está todinha traduzida, então você não tem desculpas para não conhecer o trabalho fantástico dessa autora.
Em um mundo que parece a Terra, os orogenes são responsáveis por manter a integridade da superfície, preservando-a de abalos sísmicos devastadores. Por essa habilidade ímpar, são respeitados mas, acima de tudo, temidos e em alguns casos caçados, escravizados e mortos.
No primeiro livro, acompanhamos três orogenes, três mulheres em diferentes fases da vida e com diferentes domínios sobre seus poderes: Damaya, Syenite e Essun. Aos poucos vamos conhecendo esse mundo tão estranho e ao mesmo tempo tão familiar em seu caráter fragmentário, preconceituoso e racista. No fim de “A Quinta Estação”, Syen é provocada a embarcar em uma missão, e o leitor embarca com ela ao longo dos dois livros seguintes, “O Portão do Obelisco” e “O Céu de Pedra”.
A construção de mundos (worldbuilding) é o ponto forte da escrita de Jemisin. Nunca li nada parecido, o que evidentemente causou uma enorme sensação de estranhamento no começo. Essa sensação vai se dissipando graças ao segundo ponto forte da escritora: a criação de personagens complexos e apaixonantes. Você vai amar alguns, vai odiar outros e vai mudar de ideia ao longo da trilogia, mas não vai ficar indiferente às suas histórias. Mundo e personagens se entrelaçam de forma orgânica para contar uma história emocionante, uma das melhores tramas de fantasia que já li.
Estrelinhas no caderno: