A Vinum Brasilis não é mais a mesma.

Há sete edições frequento a Vinum Brasilis, um evento de degustação de vinhos brasileiros que acontece anualmente em Brasília. Já falei sobre a Vinum Brasilis aqui no blog. Este ano, estive por lá no segundo dia de evento, 17 de agosto, e… a Vinum Brasilis não é mais a mesma.

Nesta 11ª edição, a organização do evento foi transferida para outra empresa e o resultado deixou a desejar. Pra início de conversa, a VB costumava acontecer num espaço próximo a uma das poucas estações de metrô da cidade (no campus do IESB da asa sul, pra quem conhece Brasília). Dessa vez, foi transferido para o Lago Norte – um lugar distante, sem serviço decente de transporte púbico e para onde a corrida de táxi sai bem salgada. Não dá pra entender que um evento focado em bebidas ocorra em um lugar que privilegia o uso do carro. Pra piorar, o serviço de transporte gratuito das edições anteriores simplesmente não existiu em 2018, justamente quando seria mais necessário.

Infelizmente, esse não foi o único problema do evento. Senão, vejamos:

  • Banheiros químicos. Odeio banheiros químicos (quem gosta?) e, no caso, eram completamente desnecessários. A VB ocorreu no estacionamento de um shopping, bastava que na entrada fosse colocada uma daquelas pulseirinhas de papel para permitir a saída, o uso de banheiro do shopping e o retorno. Ou, quem sabe, podiam ter escolhido um local com banheiros de verdade (como era no IESB ou, antes disso, no Centro de Convenções).
  • Local semiaberto. Se tivesse chovido, o evento estaria arruinado. “Ah, mas não chove em Brasília em agosto”. Pois no dia seguinte, 18 de agosto, caiu um verdadeiro temporal em Brasília. Deram sopa pro azar.
  • Pouca comida. Tradicionalmente, há mesas de pães e frios. Dessa vez, uma única mesa, acanhada e mal abastecida. As escassas bandejas de frios não duravam 3 minutos. Vale notar que o evento teve início às 18 horas – todo mundo vai direto do trabalho, sem tempo pra jantar. Ah, e como bem lembrou o Roan nos comentários, sequer havia palitos para os embutidos. Guardanapos também eram um luxo: esperava-se que os convidados limpassem as mãos engorduradas – pela falta de palitos – na própria roupa.
  • Buffet pago. A organização divulgou que haveria um serviço de buffet da Sweet Cake. Em outras edições, esse serviço foi gratuito. Dessa vez, pagava-se de 20 a 25 reais por um pratinho de isopor de massa ou risoto, com talheres de plástico.
  • Poucos expositores, em comparação a edições passadas.
  • Espaço pequeno. Os expositores e os frequentadores ficavam amontoados. Pra piorar, havia palcos, tablados e outras coisas absolutamente dispensáveis ocupando o já apertado espaço.

Vale dizer que não se trata de um evento gratuito. O preço do ingresso é de oitenta reais.

Bem, então não valeu a pena ter ido?

Valeu, sim. Porque, felizmente, a Vinum Brasilis não é mais a mesma também no que diz respeito à qualidade dos vinhos expostos, que só aumenta ano a ano.

Mesmo os vinhos tintos, que são um conhecido ponto fraco dos brasileiros (muito doces, muito aguados, muito sem graça), evoluíram nitidamente nos últimos anos e não fizeram feio. O grande problema, continua sendo o preço: é muito difícil encontrar uma boa garrafa de tinto nacional por menos de 60 reais, e com esse valor compra-se uma ótima garrafa de vinho espanhol ou sulamericano. E isso apesar do altíssimo imposto de importação.

As estrelas do evento continuam a ser os espumantes. O produto nacional é excelente e o preço é competitivo.

Dentre as ótimas vinícolas, destaco Don Giovanni, Maximo Boschi, Rio Sol (que voltou a cuidar da qualidade dos seus tintos e surpreendeu), Lidio Carraro, Valmarino (especialmente pelos espumantes), Dom Cândido e, a maior surpresa da noite, Pireneus, cujas vinhas ficam em Goiás, a pouco mais de cem quilômetros de Brasília.

Vou de novo à Vinum Brasilis no próximo ano? Sem dúvida. Mas, cá entre nós, estou torcendo para que a organização mude novamente de mãos.

Vinum Brasilis

Eu sempre deixo pra fazer esse post mais perto da data e… acabo esquecendo. Pois bem, esse ano vou falar sobre o Vinum Brasilis ainda em abril, e você marque no seu calendário: ele acontece em agosto. 😉

Vinum Brasilis 2012
Nero Gold Chardonnay, com flocos de ouro.

O Vinum Brasilis vai pra sétima edição em 2014 e é uma ótima oportunidade para degustar vinhos nacionais, inclusive aqueles que não são facilmente encontrados no mercado (o que pode ser um tanto frustrante). Não perco desde 2012. Naquele ano, a grande novidade foi o espumante Nero Gold, da vinícola Domno, com flocos de ouro comestível 23 quilates. A gente come primeiro com os olhos… e bebe primeiro com os olhos também, então só de ver o brilho o espumante já ficava mais saboroso. 😉

Em 2013, preocupei-me em anotar minhas impressões sobre um vinho ou outro (a gente prova dezenas e acaba registrando só os que chamam muito a atenção mesmo – e, se não anotar, mal vai se lembrar no dia seguinte). O Brasil brilha nos espumantes e na Vinum Brasilis são encontrados vários ótimos. O Perini foi muito, muito agradável. Contudo, dia desses o Sr. Monte comprou uma garrafa e ela não estava tão boa, tinha um certo amargor (por outro lado, ele comprou um rosé Perine tempos atrás que estava muito bom).

Saindo dos espumantes, havia bons vinhos brancos, mas nenhum que me marcasse.

Vinum Brasilis 2012
Sr. Monte e eu na Vinum Brasilis 2012.

Quanto aos tintos, nunca gostei dos brasileiros. Acho-os muito aguados e/ou muito doces. Alguns que estavam na Vinum Brasilis 2013, porém, estavam ótimos. O cabernet da Salton, por exemplo, surpreendeu. Dentre os que tomei (é impossível provar todos), o melhor tinto foi da Sozo, produzido em Vacaria (RS). O dono da vinícola, José Sozo, estava lá demonstrando, batendo papo e contando histórias. Já no fim da feira, formou-se uma rodinha em torno da mesa e dos cabernet e merlot muito prazerosos que ele trouxe. Infelizmente, porém, não estão à venda em Brasília. Segundo Sozo, não é fácil que pequenos produtores consigam espaço nas gôndolas da cidade.

A Vinum Brasilis acontece em meados de agosto, em algum lugar do Plano Piloto (com serviço de transporte gratuito para alguns pontos da cidade  – ou seja, dá pra beber, sim!). Nos últimos anos, o convite custou 60 reais. Esse preço inclui a degustação dos vinhos e vários petiscos (pães, queijos, embutidos e, em 2013, rolaram umas estações de massas e saladas). No blog Decantando a Vida, você sempre fica sabendo do início da venda dos ingressos (em julho). Aí é comprar logo, porque eles são limitados, viu?

A gente se vê na próxima Vinum Brasilis!

Vinhos: onde comprar?

De vez em quando, alguém me pergunta onde comprar vinhos decentes – e por “decente” entenda-se o seguinte:

  • algo que não seja fechado com chapinha
  • que não seja vendido em galão
  • que custe mais que cerveja
  • que não tenha as expressões “fino de mesa” ou “suave” escritas no rótulo
  • que não cause a mãe de todas as ressacas no dia seguinte

Estes são os parâmetros mínimos para um vinho decente. O céu é o limite, claro, quando se trata de qualidade e de preço – tudo vai depender do seu bolso e do seu paladar. Mas acredite: você não precisa desembolsar três dígitos para apreciar um vinho honesto. Na verdade, sabendo onde e como comprar, com 20 reais já dá pra começar a brincadeira.

Não vou dar aqui uma aula de enologia. A sessão de gastronomia das livrarias e a internet são ótimas fontes de informação para quem está começando. Nas livrarias, sugiro que você dê uma folheada e fuja de livros com expressões rebuscadas, que tentam descrever um vinho como tendo “o sabor de maçãs quase verdes colhidas numa manhã nevoenta e rosada dos Alpes” – existem livros sobre vinhos que não são pedantes, vai por mim. Na internet, um bom lugar pra começar é o blog Sommelier Wine (falo mais da Wine a seguir), ou o bom e velho Google.

Agora vem a parte em que realmente indico alguns locais pra compra de vinhos. Vou começar pelas lojas físicas, então se você não é de Brasília pode achar que não vale a pena continuar lendo – mas vale, porque tem umas dicas gerais no meio. Vem comigo.

Sam’s Club: se você mora numa das cidades que têm Sam’s Club (o mercado atacadista do Wal-Mart), aproveite. É preciso ter cartão de sócio e a anuidade custa 60 reais. Garanto que vale a pena, e uma das razões principais são os vinhos. Você não vai encontrar sempre os mesmos rótulos ou os mesmos preços, e nem tudo tem um preço justo, mas sempre haverá algumas boas opções. Gosto de ficar de olho nos espumantes e nos Casillero del Diablo. Também é uma boa checar os outros chilenos e os argentinos.

Clube des Sommeliers Pão de Açúcar: nem todos os rótulos que levam a marca Club des Sommeliers do Pão de Açúcar são bons e eu jamais me arriscaria a dar um deles de presente, mas vale a pena comprar uns de vez em quando para consumo próprio – especialmente quando estão em oferta. Costumo me dar bem com os espumantes e já tomei bons carmenères e merlots. Nunca dei sorte com os cabernets. A dica é sempre dar uma olhada nas prateleiras – ou, se você mora em uma cidade com entrega em casa, verifique o site de vez em quando.

Outros Supermercados: eventualmente, aparecem boas oportunidades no Big Box e no Wal-Mart. Quando estiver fazendo as compras de mês, dê uma olhadinha, mas não espere encontrar garrafas que valham a pena. Se não estiver anunciado em promoção, não compre – é quase certo que você pagará mais do que o vinho realmente custa.

Adega do Vinho, na CLSW 104, Bloco C, Sudoeste, também merece uma visita, especialmente se você está buscando uma garrafa para presentear alguém.

“Mas Lu, e a Superadega?”

Bem, a Superadega é um caso à parte.

Ela realmente tinha preços excelentes logo que abriu sua loja física no SIA, há alguns anos. Rapidamente se tornou conhecida dos apreciadores de vinho e ainda hoje é o primeiro nome que vem à mente da maioria deles. Só que, atualmente, ela se vale da fama do passado e, olha, você pode quebrar a cara por lá, não só com os vinhos, mas com todos os produtos (já que ela virou, na verdade, um hipermercado). Ainda assim, vou à Superadega quando quero algo muito especial, ou uma indicação muito particular de uva ou harmonização –  no subsolo da loja ficam os melhores vinhos e um enólogo muito competente, pronto a dar informações. (No subsolo também ficam os melhores destilados e o preço às vezes vale a pena.)

Agora chego à minha dica favorita: Wine.com.br. E essa dica todo mundo pode aproveitar, porque a Wine entrega no Brasil inteiro.

A Wine é a salvação da lavoura pra quem mora em cidades pequenas, que geralmente não contam com boas lojas para comprar vinhos, mas também é muito interessante pra quem mora em cidades grandes, graças a uma carta de vinhos variada e a um preço honesto – com a comodidade de receber suas garrafas em casa. Você pode se associar a uma das três modalidades do ClubeW (ou a todas…) e receber mensalmente uma seleção de vinhos. Associados compram qualquer vinho do site com 15% de desconto e frete grátis, mas quem não é sócio também pode comprar e conta com boas ofertas, além de frete grátis de vez em quando. Os vinhos vêm muito bem embalados e chegam rápido – e, se houver algum problema, o Serviço de Atendimento ao Consumidor é prestativo e eficiente. No mínimo 60% do meu consumo mensal de vinho é provido pela Wine hoje em dia.

Se você resolver se associar à Wine, pode usar esse código: LCNM028. Você ganhará um presente da Wine, e eu também. 😉

Eis minhas dicas para comprar vinhos, especialmente em Brasília, com uma boa relação custo x benefício. E as suas?

Atualizações:

A Vanessa lembrou que a Wine é excelente pra comprar meias garrafas – realmente, é o lugar onde você encontrará mais opções.

O Ricardo conta que a Adega da 303 Sul tem ótimas opções de vinhos italianos a 25 reais e Chablis por 55 reais, além de espumantes a bons preços. Gosto muito dos italianos, mas é difícil encontrar opções em conta em Brasília. Devo conhecer essa loja em breve!