Corte as unhas do seu gato.

Arranhador
Minha tentativa (gigante) de desestimular ataques ao sofá.

Cachorros desgastam suas unhas pelo simples atrito com o solo (embora esse desgaste seja insignificante em cães de apartamento, porque o piso é liso demais). Já as unhas dos gatos, como são retráteis, não gastam com caminhadas. Para mantê-las curtas, o felino tem o instinto de desgastá-las em troncos, arranhadores ou o que mais encontrar pela frente (leia-se: seus móveis).

Só que normalmente o poste de arranhar (ou o seu sofá) não é suficiente para manter as garras curtas, já que elas crescem mais rapidamente do que um gato de apartamento dá conta de gastá-las. Se ele for um felino meio preguiçoso, então, a situação piora.

Unhas grandes detonam os móveis, arranham os humanos durante  as brincadeiras e machucam o próprio gato. Quando ele se coça, pode acabar se ferindo. Se há mais de um gato na casa, eles podem se arranhar seriamente durante brincadeiras ou brigas. Em casos extremos, as unhas crescem tanto que, como naturalmente se curvam para dentro, perfuram a pata do bichano – nesse caso, só um veterinário pode desfazer o estrago.

No dia-a-dia, você pode e deve ajudar seu gatinho cortando as unhas dele. Use um cortador próprio para gatos (que permite calcular melhor a altura do corte). Há quem prefira usar o cortador de unhas humano (o “trim”), mas acho-o mais difícil para quem não tem experiência – nada impede que você tente, porém.

Aproveite quando ele está sonolento ou dormindo para pegar uma pata e apertá-la por baixo (na “almofada”) suavemente, para que as unhas apareçam. Cortar apenas a ponta de cada unha já basta, mas logo elas estarão compridas de novo. Para não precisar fazer isso toda semana, você pode cortar um pedaço maior; nesse caso, observe bem a unha e verá que a parte mais larga é rosada: não corte esse pedaço! A unha do gato é diferente da nossa, ela é irrigada e faz parte do próprio dedo (por isso, a remoção total das unhas é um ato extremamente cruel– é como amputar a última falange dos nossos dedos). Se você cortar a parte rosa, seu gato sangrará e sentirá dor.

Quando a unha do gato é escura, não dá pra ver essa parte rosada. Aí, se você não tiver muita experiência, é melhor cortar apenas as pontinhas e deixar para o veterinário (ou para o funcionário do petshop de confiança) o trabalho de cortá-las mais profundamente de vez em quando.

O corte da unha, se feito corretamente, não provoca dor nenhuma no gato, mas a maioria deles não gosta que mexam em suas patas. É comum que ele a fique puxando enquanto você tenta fazer o trabalho. Por isso, acho ideal pegá-lo durante o sono. De qualquer modo, não estresse seu animal – se conseguir cortar apenas uma ou duas unhas antes que ele escape, deixe-o em paz e conclua o serviço depois.

Veja esse passo-a-passo ilustrado para entender melhor como cortar as unhas do seu gato. Este outro está em inglês, mas traz ótimas fotos e mostra um cortador de unhas próprio para os felinos (à venda em petshops).

Quanto às garras traseiras, durante o grooming (o banho que o gato se dá várias vezes ao dia), ele as puxa com os dentes, retirando as capas delas. Isso costuma ser suficiente para mantê-las num tamanho aceitável, sem que precisemos cortá-las.

Agora, vou te contar uma coisa: eu não faço um bom trabalho cortando as unhas da Cacau. Acabo ficando com medo de machucá-la e, por isso, corto quase nada – e quase nunca. Tenho uma amiga (oi, Sandra!) que faz esse favor pra mim, de tempos em tempos.

Seja no petshop, no veterinário, com a ajuda de uma amiga ou sozinha, é importantíssimo cortar as unhas do seu bichinho de vez em quando, para a proteger a saúde e o bem-estar dele. Isso também é posse responsável.

Fuuuuuurminator!

Rasqueadeira.
Exemplo de rasqueadeira.

Logo que adotei minha primeira gata, fiz uma compra monstruosa de enxoval – e absolutamente inútil. Tanto que, na semana seguinte, devolvi vários itens que foram rigorosamente desprezadas pela Mel.

Uma das coisas que comprei e nunca usei foi uma rasqueadeira como a da foto ao lado – uma espécie de pente ou escova para gatos. A Mel simplesmente odiava aquele treco e, tudo bem, ela quase não tinha pelos mesmo, então eu nem insistia.

Aí, veio a Cacau. Gata de pelo curto também, mas com uma quantidade absurda de subpelo – que a deixa linda, macia e fofinha, e deixa minha casa e minhas roupas parecendo uma continuidade dela. Tentei usar a rasqueadeira, mas ela parecia odiá-la com ainda mais vigor que a Mel. Também, olha a aparência do negócio… imagina um monte de agulhas fininhas raspando a sua pele. Não deve ser muito bacana.

Furminator
A minha furminator.

Passa o tempo e acho um vídeo no youtube de um negócio que prometia maravilhas, um tal de furminator, o “exterminador de pelos”. Produto importado, caro (veja, uma rasqueadeira comum custa uns 15 reais; o tal do furminator metido a besta custava quase cem realezas em 2009) e “sabe-se lá se funciona”, mas era tanto o pelo da Cacau que resolvi pagar pra ver.

E não é que o treco é bom?!

Não sei exatamente qual é a mágica. Provavelmente, são as cerdas metálicas bem juntinhas que agarram o pelo melhor que aqueles pentes largos; além disso, como são curtas e não são tão finas, não devem arranhar a pele dos gatos. Fato é que a Cacau adora ser escovada com o tal do furminator (a Mel tinha as suas fases). Basta pegá-lo e dar umas batidinhas na cama que ela vem correndo, se deita de lado, depois vira para o outro lado pra eu completar o trabalho… num dia inspirado, isso pode durar quase meia hora. Às vezes ela não está com tanto saco assim, e aí dou só uma escovadela básica de minuto e meio – já é o suficiente para tirar muito pelo.

A furminator em ação aqui em casa.
A furminator em ação.

Não forço, não seguro a Cacau e, claro, tomo cuidado pra não machucá-la. Sempre sou gentil. Ela está sem paciência? Ok, eu tento de novo outro dia. Procuro transformar a escovação num momento de carinho e mesmo assim consigo tirar pelo suficiente para estufar um bicho de pelúcia.

Dá pra encontrar a furminator no Mercado Livre e você pode ver um vídeo comparando a furminator a uma escova comum no youtube. Para gatos de pelo longo, suponho que a delicadeza na escovação deva ser ainda maior, por causa dos eventuais nós, mas os benefícios também serão maiores.

Cabe lembrar que a furminator só tira os pelos que já cairiam naturalmente. Ao contrário do que alguns dizem por aí, ela não é uma tosquiadeira. As cerdas não têm corte. Vale dizer, também, que os benefícios não são somente estéticos, mas também dizem respeito à saúde do felino, já que a escovação constante evita a formação de bolas de pelo e facilita a higiene regular do gato.

Usando com cuidado, a furminator ajuda a manter o gato e a casa bonitos e livres de bolas de pelo… e ainda fortalece os laços entre humanos e bichanos. Recomendo!

(Em tempo: aquele nome que você vê pela metade no cabo da minha furminator é o do importador, que costumava comprar, reembalar e distribuir em petshops; faz séculos que não vejo com essa marca.)

McDonalds, Bolívia e o isso tem a ver com a gente.

Em dezembro passado, uma das notícias mais comentadas na minha timeline do twitter foi o fechamento do McDonald’s na Bolívia. Pra início de conversa, dois esclarecimentos:

  • O McDonald’s não fechou no fim de 2011. Na verdade, foi em 2002. Acontece que foi lançando em dezembro passado um documentário analisando o fechamento (falo dele logo mais) e os desavisados acharam que tudo era absoluta novidade. Pesquisa, oi?
  • Os comunistas de plantão (eles ainda existem, por incrença que parível) apressaram-se a dizer que isso era uma vitória em cima do capitalismo feio-bobo-e-chato blá blá blá. Parece que não acompanham a História. Regimes políticos são incapazes de modificar gostos, hábitos ou padrões culturais. Conseguem, no máximo, sufocá-los, reprimi-los. Um dia a barragem racha, como aconteceu, na ex-União Soviética e em toda a cortina de ferro.

O que aconteceu na Bolívia não foi uma questão política, mas predominantemente cultural, e ligeiramente econômica.

Ligeiramente econômica porque uma refeição na franquia custava o triplo de um almoço tipicamente boliviano, segundo o documentário. Baita diferença, não? Só que aqui no Brasil o McDonald’s também é bastante caro, e as lojas só se multiplicam. Você pode argumentar que as classes média e alta bolivianas são menores que as nossas, mas a rede de lanchonetes lá era bem pequena: oito lojas espalhadas pelas três maiores cidades do país. Não acredito, portanto, que a insuficiência de público devia-se ao preço.

Cheddar McMelt
Uma das minhas refeições nada saudáveis.

E não era mesmo essa a razão. A explicação para, em cinco anos (de 1997 a 2002), o McDonald’s não ter decolado na Bolívia é que o povo boliviano é profundamente ligado à sua culinária local. Valoriza-a, preserva-a, tem orgulho dos seus pratos. Fast food não é pra eles: por lá, comer é um ato demorado, que se inicia pelo preparo lento da comida.

É isso o que explica o documentário Por que quebro McDonald’s?. Como esclarece o cineasta Fernando Martínez, o filme é principalmente sobre a cozinha boliviana, e a cozinha boliviana está profundamente arraigada à cultura do país. Segundo ele, “o documentário é um pretexto para falar da cultura boliviana”.

Isso lembra o movimento slow food, iniciado na Itália em 1986 para defender uma maior qualidade na escolha e preparo dos alimentos, desde o uso de produtos regionais até a volta aos hábitos alimentares pré-fast-food. Lembra também a Carta de São Paulo, movimento iniciado por chefs que buscam a valorização dos produtores locais e o respeito na elaboração da comida e no ato de comer.

Só que na Bolívia não foi preciso a criação de um movimento para revalorizar a cozinha local, simplesmente porque ela nunca foi depreciada.

A antiga dieta do brasileiro, baseada em salada, arroz, feijão e bife, é saudável e equilibrada. Acontece que cada vez mais nos rendemos às comidas congeladas, aos pacotes de supermercado e, claro, ao fast food, tudo em nome da praticidade. Não é à toa que os índices de obesidade têm crescido, especialmente entre crianças (que, claro, aprendem a comer errado com os pais). Ah, mas a gente não pode desacelerar, não pode parar pra comer melhor, não dá, não há tempo, vamos nos atrasar… Se continuarmos com essa síndrome de coelho da Alice, logo mais teremos de diminuir o ritmo não por opção, mas por inúmero problemas de saúde causados por maus hábitos alimentares.

Não é melhor tirar um tempinho a cada dia para comer decentemente?

Em tempo: este texto não é uma campanha anti-McDonald’s. Adoro Cheddar McMelt e saí de Super Size Me morrendo de vontade de comer fast food. Só que não faço disso um hábito – uma vez por mês já é demais.

Referências

Café ajuda a curar a ressaca… será?

Ai, essa ressaca bandida...
Ai, essa ressaca bandida…

Bem, o que realmente sei que cura ressaca é:

  • manter-se bêbado;
  • tomar muita, muita água (bem mais saudável que a primeira alternativa).

Mas há quem diga que a combinação de café e aspirina é um modo eficiente de curar a ressaca. Um estudo feito com ratos de laboratório mostrou que a mistura aliviou as dores de cabeça que os bichinhos tiveram após ingerirem etanol.

Se você tentar essa receitinha após as comemorações do reveillon, avise-me. 😉

Até o ano que vem!

Imagem: nkzs, royalty free.