Corrente musical

A Mônica me passou dever-de-casa. Amando música como amo, não hesitei em responder.

a) Quantos gigabytes usados com música:

Nenhum. O que tenho em MP3 está em quatro cedês (dois deles comprados prontinhos, um dos Beatles e um – claro! – da Legião). Não sou fã de MP3, provavelmente porque meu ex-cd-palyer (buáááááá!) não tocava.

b) Último CD que comprei:

Giramundo, da Fernanda Porto. Esperava mais dele.

c) Música tocando no momento:

Na minha cabeça toca Homem com H, do Ney Matogrosso, que foi a última que ouvi antes de vir pro trabalho.

d) Cinco músicas que tenho escutado bastante:

e) 5 pessoas pra passar a batata quente:

Escolhi cinco do Planalto Central:

Papo multimídia

– Adoro o som da Danni Carlos. Ontem, descobri que adoro só o som, mesmo. A entrevista dela no Jô Soares foi, no mínimo, decepcionante.

– Por outro lado, outro dos convidados de ontem foi o escritor e crítico literário Silviano Santigado. Entrevista interessante e inteligente, como há muito eu não via naquele programa.

– A propósito, sou só eu que acho, ou aquele terno de veludo cotelê verde do Jô é realmente medonho?

– E dois programas da tv aberta (não, não tenho tv a cabo, preciso contentar-me com Globo, SBT e afins) têm se mostrado, no mínimo, curiosos. O primeiro é o Saca-Rolha, apresentado por Marcelo Tas, Lobão e Mariana Weickert, na Rede 21, Às 22h30m. Meia hora de um talk show que, por menos útil que se mostre, consegue atrair a atenção pelo exotismo dos apresentadores. O outro programa, no ar há mais tempo, é o Fora do ar, veiculado pelo SBT todas as quartas-feiras às 23h e apresentado por Adriane Galisteu, Cacá Rosset, Hebe Camargo e Jorge Kajuru. Os quatro comentam fatos da semana em tom crítico, sem aliviar ninguém. As opiniões mostram-se, às vezes, um tanto polêmicas e até retrógradas – o que é um ótimo material para debate entre amigos no dia seguinte.

– Na última quarta-feira, por exemplo, Cacá citou uma frase do Clube da Luta como se fosse sua para criticar os publicitários. A frase: “A publicidade nos faz trabalhar em empregos de que não gostamos para comprar coisas das quais não precisamos.” O motivo da citação: criticar e condenar todos os publicitários, defendendo a idéia de que seria melhor se não existissem. Claro que o objetivo maior era polemizar.

Cazuza – O Tempo Não Pára

Ficha técnica

Brasil, 2004. Drama. 100 min. Direção: Sandra Werneck e Walter Carvalho. Com Daniel de Oliveira, Marieta Severo e Reginaldo Faria.

O filme acompanha a vida de Cazuza (1958-1990), desde o início de sua carreira, quando ele cantava em inglês no Circo Voador, e seu relacionamento com os pais e os amigos.

Mais informações: Adoro Cinema.

Comentários

4 estrelas

Nunca fui tiete do Cazuza ou do Barão Vermelho, mas sempre curti as músicas, tenho um CD (coletânea), gosto quando toca alguma coisa na rádio. Lembro-me bem das últimas imagens do Cazuza, fraco, debilitado. Lembro o tanto que o desamparo dele me comoveu e, ao mesmo tempo, assustou. Em 1990, eu tinha onze anos, pouca coisa mais velha que a AIDS, da qual pouco se falava, ainda. Dizia-se que era uma doença cruel, mortal e que castigava os gays e os drogados. Sim, eram esses os termos. Não em casa, mas o que eu ouvia na rua passava sempre por aí. A AIDS era um castigo, uma maldição.

Com onze anos, ainda não compreendia a carga de preconceito por trás disso, mas entendia a face da morte apresentada pela AIDS e a dor que ela provocava. Gravou-se na minha memória a imagem do Cazuza como símbolo dessa dor toda. Fui ver o filme já esperando pela dose de sofrimento que, inevitavelmente, ele teria de mostrar. Uma história sem final feliz.

No entanto, Cazuza – O Tempo Não Pára não é um tributo à morte, mas uma ode à vida. O filme apresenta um garoto elétrico, um tanto rebelde, mas também um ser humano doce e sincero. Acima de tudo, fiel a si próprio. Alguém que viveu intensamente, loucamente, sim. Que teve defeitos, virtudes, amigos, amores, aventuras. Compôs grandes canções, fez sucesso, tornou-se o líder de uma das grandes bandas dos anos 80. Cresceu, mas permaneceu menino. Desesperou, mas contou com família e amigos para apoiá-lo. Sofreu, mas teve garra e não desistiu. Vida breve, mas aproveitada, sem dúvida.

O Daniel de Oliveira dá um banho de interpretação e, ao lado da excelente Marieta Severo, diverte e emociona o público. Dá bem para imaginar toda a preocupação que o Cazuza deu à mãe, mesmo assim sempre doce, amorosa, presente. Orgulhosa do filho que tinha, nunca envergonhada.

Vergonhoso foi um comentário cínico ouvido à saída da sessão (não por mim, mas por uma companheira de filme): “Se tivesse usado camisinha, isso não tinha acontecido”. Tem gente que não merece essa classificação, mesmo.

Eu me segurei para não abrir o berreiro nas cenas finais. Ainda assim, algumas lágrimas teimosas caíram.

O filme conta com um elenco de primeira, muito carismático, e um ritmo ágil, incapaz de entediar. Tem cenas feitas para chocar, o que é ótimo. Só desta forma, sem meias palavras, pode-se diminuir a hipocrisia e o preconceito. Se as pessoas devem ser julgadas, que o sejam pelo seu caráter, pela bondade ou maldade que exalam, não por suas preferências sexuais.

Mais um aspecto interessante é a tumultuada relação entre o incontrolável Cazuza e o perfeccionista Frejat, com direito a alguns momentos muito engraçados.