Meio ambiente também é problema seu

Este artigo faz parte do Blog Action Day, movimento ao qual aderiu o Nossa Opinião. Também pretende retomar a discussão sobre Ecologia no Dia de Folga.

Blog Action Day

Ecologia: ciência que estuda as relações dos seres vivos entre si ou com o meio orgânico ou inorgânico no qual vivem.

Meio ambiente: conjunto de fatores físicos, biológicos e químicos que cerca os seres vivos, influenciando-se e sendo influenciados por eles.

(Fonte: Dicionário Houaiss da língua portuguesa)

Quando o assunto é meio ambiente, muita gente ainda se coloca em posições extremistas. De um lado, estão os ecochatos, criaturas que gostariam de voltar à idade da pedra lascada – mas sem consumir carne – e amaldiçoam o progresso tecnológico; de outro, está a turma do não-tô-nem-aí, que encara o ambientalismo como prosopopéia flácida para acalentar bovino.

Como em quase tudo na vida, vale a máxima aristotélica: a virtude está no meio.

Xiitas ecochatos causaram, é verdade, um grande prejuízo à causa ambiental. Ações polêmicas de grupos como o Greenpeace, pertubações do status quo sem a menor conversa prévia e campanhas pouco fundamentadas criaram em muita gente um ranço contra qualquer tema relacionado a ecologia.

Nossa OpiniãoSó que não importam seus ranços ou preconceitos – a menos que você more numa bolha, está em constante interação com o meio ambiente. Quando você sofre com secas ou inundações, quando tem irritações respiratórias, quando escolhe verduras e legumes de fontes confiáveis, quando aprecia um bonito pôr-do-sol, quando reclama da poluição sonora e visual, você reforça a existência dessa interação.

Lentamente, o mundo está acordando para uma visão equilibrada das relações do homem com o espaço em que está inserido. A era das campanhas bombásticas ficou para trás; o que os ambientalistas procuram, atualmente, é a conscientização por meio de demonstrações científicas do estrago que já foi feito ao planeta e do que nos aguarda num futuro próximo, caso não repensemos nossos hábitos.

O marco dessa virada foi 2006: Al Gore, com seu documentário vencedor do Oscar Uma Verdade Inconveniente, realizou um brilhante e lúcido trabalho de conscientização. Merecidamente, acabou de receber, com o IPCC (Painel Intergovernamental para Mudanças Climáticas), o Prêmio Nobel da Paz. Entre os agraciados em anos anteriores estão personalidades como Kofi Annan, Nelson Mandela, Martin Luther King e Mikhail Gorbachev, o que dá uma idéia da importância da preocupação ambiental no mundo contemporâneo.

Aqui no Brasil, a consciência ecológica ainda não chegou para muita gente. Temos um governo que vê o meio ambiente como entrave para o progresso e se alinha com os pontos de vista da China, que já ocupa o posto de maior poluidora mundial. Muitos brasileiros prendem-se a discursos individualistas e demagógicos. Sobre o Dia Mundial Sem Carro, em 22 de setembro último, houve quem dissesse que era frescura de ecochato, sem atentar para a necessidade urgente de racionalização do espaço urbano antes que se chegue ao completo caos. E sempre tem alguém para bradar “com tanta criança passando fome, vocês ficam se preocupando com plantinha”, numa visão reducionista e ultrapassada do problema ambiental.

Apesar desse atraso, estamos vivendo o ano em que o meio ambiente entrou na pauta de discussões entre governantes, estudiosos, economistas e amigos em mesa de boteco. Aos poucos, surgem alternativas, mudanças de comportamento, revisão de valores e padrões de consumo que apontam para uma nova forma de encarar a ecologia.

A estrada do desenvolvimento sustentável é longa. Você pode começar a percorrê-la já, com pequenas atitudes, ou continuar no grupo dos egocêntricos acomodados parados no tempo e no espaço. E aí, o que vai ser?

Você sabe o que é 3R?

Lixão3R (ou 3 erres ou, ainda, 3R’s) é um recurso mnemônico para um processo seqüencial que visa à diminuição dos resíduos sólidos – em bom português, é um caminho para produzirmos menos lixo.

Reduzir

Reutilizar

Reciclar

Tenho certeza de que você já ouviu falar muito em reciclagem, seja de papel, latinhas ou plástico. Supermercados fazem campanhas, catadores estão por toda parte, shoppings colocam lixeiras compartimentadas à disposição dos clientes.

Acontece que reciclar é só a terceira parte do processo. Então, por que é a mais famosa?

Porque ficamos com nossa consciência tranqüila quando separamos nosso lixo em categorias e o passamos adiante. Dizemos “ótimo, fiz minha parte pelo meio ambiente” e nem nos preocupamos com o destino dos nossos “recicláveis”.

Só que reciclar exige dinheiro, indústrias, mão-de-obra. Se, de um lado, cria empregos (e subempregos também), de outro é fato que o Brasil não tem uma indústria de reciclagem preparada para receber as 250.000 toneladas de lixo produzidas diariamente no país. Muito do que poderia ser reciclado perde-se por aí, por falta de transporte até os centros apropriados ou por incapacidade de processamento pelas indústrias.

Além disso, aquilo que é reciclável já foi, um dia, matéria-prima que poderia ter sido poupada se fizéssemos um uso mais consciente dos recursos – inclusive daqueles que saem diretamente dos nossos bolsos.

Entenda: não estou dizendo que a reciclagem é inútil; apenas que ela não é suficiente.

O que fazer, então?

Aplicar o 3R.

Reduzir o lixo produzido diariamente é a forma mais efetiva de preservar matéria-prima e diminuir a quantidade de de resíduos sólidos.

O segundo passo é reutilizar materiais sempre que possível.

Então, apenas o que realmente precisa ser consumido e não pode ser reaproveitado será encaminhado para a reciclagem.

A aplicação prática mais corriqueira do procedimento 3R diz respeito ao papel que usamos na impressão diária de documentos, tanto em casa quanto no trabalho.

Reduza o papel utilizado. Antes de apertar o “Imprimir”, revise o texto. Tenha a certeza de não ter deixado passar erros de português, de endereçamento ou de formatação que tornarão inútil o documento. Eu sei, revisar no computador é cansativo, mas é perfeitamente possível quando se trata de um texto de poucas páginas.

Reflita: você precisa mesmo imprimir este material? Se é uma página da internet, não pode simplesmente salvá-la no computador, diretamente ou pela conversão em um arquivo .pdf? A impressão de todo o texto é necessária, ou basta um pequeno trecho, que pode ser selecionado com o mouse e impresso por meio do menu “Arquivo/Imprimir…/Seleção”? Esse mesmo trecho não pode ser salvo num arquivo de texto (o bom e velho “copiar/colar”), ao invés de se transformar em mais uma folha que ficará perdida no meio do seu escritório?

Leve em conta, também, que a tinta da impressora está pela hora da morte, o que já justifica um cuidado maior antes de desperdiçá-la, nem que seja em prol das suas próprias finanças.

Reutilize o verso. Se a impressora e o tipo de papel permitirem a impressão no verso, faça-a. Se a formalidade do texto ou a política da empresa não autorizam o frente-e-verso, utilize-o ao menos quando se tratar de uma minuta que ainda será revisada pelo chefe antes de atingir a versão final. Se nem isso for possível, reaproveite a face limpinha das folhas que iriam para o lixo para montar blocos de rascunho, ou leve-as para casa e faça a alegria dos seus filhos, sobrinhos ou afilhados – que criança não gosta de rabiscar?

O papel impresso nas duas faces ainda pode servir para relaxar com a prática do origami, ou para forrar a gaiola do passarinho quando o jornal acaba. Use sua criatividade!

Recicle o que sobrar. Claro que não dá para eliminar todo o papel e aqui é que entra a reciclagem. A folha que iria para o lixo vira dinheiro nas mãos de cooperativas e ajuda a sustentar famílias. Existe uma associação de catadores de papel na sua cidade? Sua empresa coleta o lixo de papel e faz o encaminhamento até essas organizações? Esta é uma ótima forma de colaborar com o meio ambiente e, de quebra, criar uma boa publicidade para a empresa, apresentando-a como socialmente responsável, gastando pouco ou nada. Aqui entram, também, os recipientes coletores em supermercados e shoppings, voltados para o público doméstico.

Qual é a sua sugestão para a aplicação do 3R no dia-a-dia?

Dia da Terra

Dia da TerraO Dia da Terra é celebrado em duas datas distintas: 21 de março e 22 de abril.

O dia 21 de março marca o primeiro equinócio do ano, o início da primavera no hemisfério Norte e do outono no hemisfério Sul. Em 1970, a ONU passou a considerá-lo o “Dia da Terra”, um dia para celebrar a vida no planeta. Hoje, a data é mais conhecida como Dia Internacional da Terra.

O dia 22 de abril, cuja primeira comemoração também se deu em 1970, teve a clara intenção de mobilizar a sociedade contra a destruição ambiental. Devido ao forte apoio popular ao movimento de 22 de abril de 1970, com a adesão de mais de 20 milhões de norte-americanos, o dia 22 de abril ganhou projeção e, hoje em dia, é comemorado em mais de 175 países como o Dia da Terra.

O Dia da Terra é um momento de reflexão sobre o que tem sido feito ao meio ambiente e sobre a responsabilidade que cada indivíduo tem de usar racionalmente os recursos naturais. Com a questão do aquecimento global ocupando destaque na pauta mundial, extrapolando os interesses dos ecólogos e ganhando destaque em discussões políticas e econômicas nos quatro cantos do globo, ficou claro que a preservação do meio ambiente não é apenas um discurso de ecochatos, mas uma necessidade urgente, cabendo a cada indivíduo uma quota de responsabilidade.

Ações simples fazem a diferença no contexto atual. A coleta seletiva de lixo e o uso racional da eletricidade e da água são bons exemplos dessas ações individuais.

O que você tem feito para preservar o meio ambiente?

Referências

Campanha da Fraternidade e Ecologia

Todos os anos, na quarta-feira de cinzas, a Igreja Católica lança a Campanha da Fraternidade (CF), que vigora durante os quarenta dias que antecedem a Páscoa. Acima de qualquer doutrinação, a CF procura despertar a sociedade civil para problemas comuns a todos os seus membros. A proposta é gerar o debate, sensibilizar e buscar soluções para questões que ultrapassam qualquer denominação religiosa.

Freqüentemente, o tema escolhido liga-se a algum grupo social marginalizado. Idosos, deficientes, índios e desempregados, por exemplo, já estiveram no foco da Campanha. Em 2007, fugindo a essa regra, o assunto é a Amazônia.

Não é a primeira vez que a CF aborda uma questão ecológica: em 2004, o tema foi “Fraternidade e Água”, revelando-se a preocupação com a poluição e com a má distribuição dos recursos hídricos. O pioneirismo da Campanha da Fraternidade 2007 está em tratar um tema localizado geograficamente (embora de interesse nacional e mesmo mundial).

A abordagem integra as preocupações ambientais e sociais. De um lado, tem-se o cuidado com os indíos, caboclos e ribeirinhos, com a preservação do seu espaço, dos seus hábitos e dos seus meios de subsistência; de outro, a questão climática – apesar do consenso de que a Amazônia não é o “pulmão do mundo”, sabe-se que um desequilíbrio em seu complexo ecossistema implica na perda de riquezas naturais inestimáveis e as constantes queimadas na região são responsáveis por grande parte das emissões de gás carbônico do Brasil, incrementando o aquecimento global.

Presente se faz, também, a preocupação com o braço da globalização avançando gananciosamente em direção aos recursos amazônicos que, se são patrimônio mundial, são, antes de mais nada, patrimônio do Brasil. Cabe, então, ao povo brasileiro agir para a preservação da Amazônia e para a proteção de seus povos, pressionando as autoridades para que implementem medidas de desenvolvimento sustentável, patrulhamento, combate ao desmatamento e à evasão de recursos naturais e melhoria dos índices de desenvolvimento humano da população amazônica.

Cartaz da Campanha da Fraternidade 2007Dos vários textos lançados todos os anos para a divulgação da Campanha da Fraternidade, tradicionalmente um deles traz os elementos principais que embasam e justificam a escolha do tema: a explicação do cartaz escolhido para ilustrar a CF (foto ao lado). Dada a clareza do texto, transcrevo-o abaixo.

Explicação do Cartaz da CF 2007

“Na parte superior do Cartaz, a terra seca e rachada representa a realidade de algumas partes da Amazônia durante a estiagem e adverte que, sem o devido cuidado, toda a região pode ser destruída.

A abundante presença da água lembra que a Amazônia é uma importante reserva de água doce no planeta, além de transmitir uma sensação de transparência, força e vitalidade.

O elemento principal do Cartaz é a vitória-régia, conhecida pelos índios como “panela de espíritos”. Considerada um dos símbolos da Amazônia, essa planta é forte e tem raízes profundas que tocam o leito do rio; ao mesmo tempo, é sensível, assim como o povo nativo da região, que sobrevive com muita garra, mas precisa do apoio fraterno de toda a sociedade brasileira.

As três flores brancas e amarelas têm extrema relevância no Cartaz, uma vez que representam a Santíssima Trindade: Pai, Filho e Espírito Santo. Essas flores lembram que a Amazônia é obra de Deus Criador e Providente entregue aos nossos cuidados.

A criança representa os índios e toda a comunidade da região, suas crenças, sonhos e esperanças. Seu olhar inocente e o sorriso sutil são um convite à superação das dificuldades e à construção de um futuro melhor para a Amazônia.

Ao mostrar o contraste entre a terra seca e a exuberância da água, o Cartaz chama a atenção para a devastação da Amazônia e o descaso com a vida. Representa a esperança de encontrar uma solução para os conflitos da região com base na solidariedade e no respeito às diferenças.”

Referência