Efeito Borboleta

Ficha técnica

The Butterfly Effect. EUA, 2004. Ficção Científica. 113 min. Direção: Eric Bress e J. Mackye Gruber. Com: Ashton Kutcher, Amy Smart e Kevin Schmidt.

Homem traumatizado com fatos do passado consegue voltar no tempo e faz mudanças que afetam o presente.

Mais informações: Adoro Cinema.

Comentários

4,5 estrelas

“É dito que algo tão pequeno como o bater das asas de uma borboleta pode causar um tufão do outro lado do mundo.” Essa frase abre Efeito Borboleta e freqüentemente é utilizada para exemplificar a teoria do caos.

O protagonista sofre de lapsos de memória em situações-limite, desde a infância. Já adulto, descobre que pode usar precisamente esses momentos para alterar uma cadeia de eventos. Inúmeras vezes, tenta fazer modificações para melhorar sua própria vida e a das pessoas que ama – só que brincar com o tempo gera conseqüências imprevisíveis e, freqüentemente, desastrosas.

A trama é bem desenvolvida. O espectador sente-se tentado a prever quais serão as mudanças que cada ação do protagonista acarretará. Mesmo que adivinhe vez por outra, o filme mantém-se interessante por reservar detalhes surpreendentes e, principalmente, pela reflexão que gera: “E se eu tivesse feito isso? E se eu tivesse feito aquilo?”. É muito comum perguntarmo-nos esse tipo de coisa quando desejamos mudar algo cujo resultado não nos foi agradável. Geralmente, inventamos desfechos melhores, ideais. Acreditamos que, se tivéssemos saído de casa cinco minutos mais cedo, não teríamos nos envolvido em um acidente de carro, por exemplo. Só que nos esquecemos da teoria do caos – as coisas não vão, necessariamente, sair da forma que desejamos. Se saíssemos de casa cinco minutos antes, poderíamos ter sido vítimas de uma bala perdida – hipoteticamente, claro.

O filme é realmente muito, muito bom.

Um pouco sobre a teoria do caos

Tradicionalmente, sistemas que não apresentavam qualquer ordem aparente eram descartados pelos cientistas. A partir dos anos 60, alguns deles começaram a tentar explicar tais sistemas, como as gotas d’água que pingam de uma torneira mal fechada e as nuvens de fumaça de um cigarro. Desses estudos, nasceram intrincadas eqüações. O estudo aplica-se a diversos ramos do conhecimento, podendo ser utilizado, por exemplo, para prever ataques epilépticos ou o crescimento de uma população.

A teoria do caos não é uma teoria da desordem, mas uma busca no aparente acaso de uma ordem intrínseca. Uma das principais conclusões da teoria do caos é que o desenvolvimento de sistemas caóticos depende das condições iniciais. Tendo-se como condição inicial uma situação modificada pelo protagonista de Efeito Borboleta, inicia-se uma seqüência de eventos que pode alterar completamente os anos seguintes, de forma aparentemente imprevisível, mas teoricamente passível de ser estudada pela teoria do caos.

(Dia de Folga também é cultura, mas não é plágio. As explicações acima foram resumidas a partir dos textos desse endereço).

Teoria do Caos versus Lei de Murphy

Numa visão simplista (a minha), a teoria do caos é uma forma científica de eqüacionar a famosa Lei de Murphy e seu corolário: se alguma coisa pode dar errado, dará, e na pior seqüência possível.

Bem, estou sendo pessimista. Partindo-se de uma situação inicial qualquer, a cadeia de eventos pode se desenvolver de modo a produzir um resultado bom e desejado.

Ahã.

Teoria do Caos e Parque dos Dinossauros

Lembram-se desse filme jurássico? Um dos principais personagens é o matemático Ian Malcom, estudioso da teoria do caos, que fica horrorizado ao ver a recriação de dinos e tenta demonstrar, com o auxílio da teoria, como a experiência tenderia a uma catástrofe. A teoria é bem explicada no livro de Michael Crichton que deu origem ao filme.

No filme, Malcom estava certo. “Se alguma coisa pode dar errado…” – Lei de Murphy aplicada à teoria do caos.

O Dia Depois de Amanhã

Ficha técnica

The Day after Tomorrow. EUA, 2004. Ficção Científica. 124 min. Direção: Roland Emmerich. Com Dennis Quaid, Jake Gyllenhaal, Emmy Rossum e Sela Ward.

Várias alterações climáticas no planeta provocam fenômenos naturais de grandes proporções, como maremotos e furacões. Enquanto os sobreviventes migram para o sul, para fugir das geadas, um cientista segue o caminho inverso à procura de seu filho, em Nova York.

Mais informações: Adoro Cinema.

Comentários

3 estrelas

O Dia Depois de Amanhã é um típico filme-catástrofe. O diretor é o mesmo de Independence Day. Assim que o filme começa, você já imagina aparecer, na parte inferior da tela, aquele símbolo da Globo e as letras em amarelo formando “Tela Quente”.

O enredo tenta ser moralizante, com aquela velha lição: “se vocês não cuidarem bem do planeta, ele não cuidará bem de vocês”. Os efeitos especiais são ótimos, ainda que dêem margem a situações extremamente mentirosas de vez em quando, como lobos voadores e lufadas de gelo que mais parecem monstros apocalípticos.

A melhor parte é ver os Estados Unidos se dando realmente mal. Não há grandes heróis, não há uma fórmula mágica para reverter a situação, não há uma resposta milagrosa na hora “h”. O que é visto são americanos fugindo desesperadamente, sendo rejeitados pelos mexicanos, atravessando o Rio Grande a nado (numa inversão da corrente migratória ilegal México-Estados Unidos). O cinema inteiro vibrou de alegria quando foi anunciado que os americanos poderiam, sim, entrar no México – desde que a dívida externa da América Latina fosse perdoada.

O Brasil se daria muito bem numa catástrofe climática como a retratada no filme: não seria diretamente atingido, e ainda se livraria da dívida externa. Perfeito.

Vale como uma diversão despretensiosa em uma tarde de férias.

Notinha

Durante a sessão:
Eu, não levando o filme nada a sério: – Já reparou como esses desastres nunca acontecem em outro lugar, só nos Estados Unidos?
Kika, no mesmo estado de espírito: – É. Os Estados Unidos são egoístas até com as catástrofes.

Matrix Revolutions

Ficha técnica

The Matrix Revolutions. EUA, 2003. Ficção Científica. 129 min. Direção: Andy e Larry Wachowski. Com Keanu Reeves, Carrie-Anne Moss, Laurence Fishburne e Hugo Weaving.

A última parte da trilogia continua no momento em que parou Matrix Reloaded, quando as sentinelas tinham conseguido invadir Sião, a única cidade dominada pelos humanos.

Mais informações: Adoro Cinema.

Comentários

3 estrelas

Tudo que envolve muita expectativa também envolve um grande risco de decepção. Assim foi com Matrix Revolutions. A trilogia, que começou brilhantemente e teve uma boa continuação, terminou de modo frustrante.

Não digo que joguei dinheiro fora, ou que o filme não presta. Presta, sim. Recomendo. Assista, como uma boa forma de lazer. Só não espere grandes questões filosóficas, muito menos a resposta para todas as que foram levantadas nas duas primeiras partes. Não há respostas. É justamente nesse aspecto que o filme decepciona.

Os efeitos especiais são fantásticos. O filme é recheado de ação. Não entedia, não dá sono. Mantém a atenção do público.

O problema é a falta de argumentação, de explicações convincentes ou, simplesmente, de explicações, ponto. Quando Matrix Revolutions termina, você se pergunta: “Já acabou? Era só isso?”. Primeiro, pensei que não tinha entendido nada. Depois, percebi que não havia mesmo nada para entender. Então, senti-me lograda.

A conclusão a que se chega é que 90% de toda a filosofia que foi vista em Matrix estava apenas na cabeça dos fãs. Os irmãos Wachowski não tinham tantas intenções quanto procurávamos ver nos filmes. Não eram tão profundos. Não estavam deixando pistas. Simplesmente, criaram uma trama interessante e fizeram um excelente filme de ação. Isso é meritório, mas pára por aí. Debater as grandes questões da humanidade não estava nos planos dos Wachowski. Nós, os fãs, é que pensamos que estava.

Acontece. É comum uma manifestação artística ou cultural tomar dimensões maiores do que as desejadas ou esperadas pelos próprios criadores. Sou fã de Star Trek e, às vezes, surpreendia-me com a quantidade de significados que os trekkers conseguiam tirar de uma simples frase. Em outras ocasiões, eu mesma pegava-me divagando profundamente sobre alguma passagem que, provavelmente, foi escrita sem maiores pretensões.

Após Matrix Reloaded, circularam inúmeros textos filosóficos sobre a trilogia, com as mais diversas e ricas interpretações. Tudo coisa da cabeça dos admiradores da série. Apenas isso. E sobre os diversos finais? Li alguns infinitamente mais interessantes do que o final de Revolutions. Parece que faltou imaginação aos Wachowski. Faltou saber como acabar a história. Daí, fizeram qualquer coisa.

A Folha de São Paulo deu uma estrela. Eu daria três. Repito: o filme vale a pena. Não me arrependo de ter visto no cinema e certamente vou revê-lo na TV, futuramente. É um excelente filme de ação. Não espere mais que isso, e gostará bastante.