Da primeira vez que um grande amor termina, você tem absoluta certeza de que vai morrer. Tudo que entende é que a sua vida acabou ali, no segundo em que ele deu as costas. Não há mais futuro. Supondo-se vagamente que não morra, uma coisa é inegável: você nunca mais será amada novamente.
Da segunda vez que um grande amor termina – o quê?, como assim, “segunda vez”? Pois é. Acontece que você estava errada. Você continuou a viver e, veja só que coisa, foi amada novamente – e correspondeu! Pois então: da segunda vez em que termina um grande amor, você jura que será a última – isto é, na hipótese de sobreviver (mas o fato é que, dada a primeira experiência, você começa a achar que também não será dessa vez que morrerá). Encarnando Scarlett O’Hara, você seca as lágrimas, olha para o céu, ergue os punhos e brada: “Nunca mais amarei novamente!”.
Da terceira vez que um grande amor termina, você sofre como se fosse a primeira. Encolhe-se na cama, encharca o travesseiro e soluça até dormir, finalmente. Pergunta-se o que fez de errado e imagina mil conversas e alternativas que teriam evitado o fim desse amor que parecia eterno. Só que, a essa altura, você sabe que vai passar. Sim, novas cicatrizes surgirão. O medo de outro tombo aumentará, inevitavelmente. Mas você sabe que a vida continua e que, um dia, estará pronta para amar de novo.
Então, torcerá para que seja a última vez.
(Escrito em 9.9.2011.)
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