Inferno astral fora de época

Essa é a única forma de descrever as duas últimas semanas: uma bagunça completa, mudanças traumáticas, tudo isso atingindo minha “vida virtual”, mas não se limitando a ela.

Como se não bastasse, estou sem internet em casa desde ontem e o provedor informou que o conserto está agendado para amanhã. Só porque tenho dezenas de coisas para implementar no blog.

E, falando no blog, quem passou por aqui nos últimos dias deparou-se com páginas de erro, acentuação inexistente, layout padrão do WP e, por fim, total reformulação. Devo uma satisfação, e já vou dá-la.

Um monte de coisas para comentar, feriado chegando e viagem agendada. Assim, terei que postergar artigos por mais alguns dias, mas aguarde: depois do Carnaval, força total.

De resto, torço para que o universo se lembre desse caos antecipado e poupe-me do inferno astral quando chegar a hora.

Mais Estranho que a Ficção

Ficha Técnica

Stranger than Fiction. EUA, 2006. Comédia. 113 minutos. Direção: Marc Forster. Com Will Ferrell, Tony Hale, Maggie Gyllenhaal, Emma Thompson, Queen Latifah, Dustin Hoffman.

Certa manhã, Harold Crick (Will Ferrell), um funcionário da Receita Federal, passa a ouvir seus pensamentos como se fossem narrados por uma voz feminina (de Emma Thompson). A voz narra não apenas suas idéias, mas também seus sentimentos e atos com grande precisão. Apenas Harold consegue ouvir esta voz, o que o faz ficar agoniado. Esta sensação aumenta ainda mais quando descobre pela voz que está prestes a morrer, o que o faz desesperadamente tentar descobrir quem está falando em sua cabeça e como impedir sua própria morte.

Mais informações: Adoro Cinema.

Comentários

2,5 estrelas

Filme do mesmo diretor de Em Busca da Terra do Nunca, excelente produção de 2004. Infelizmente, Mais Estranho que a Ficção não manteve a excelência, apesar de seu elenco de estrelas. Emma Thompson – sem maquiagem e perfeita no papel de escritora atormentada – e Dustin Hoffman – um tanto sub-aproveitado – não são suficientes para conferir dinamismo a um roteiro pretensioso, que não entrega o que promete.

A idéia que impulsiona a história – a discussão sobre o ato de escrever um romance, numa espécie de metalinguagem – sequer é original. Tema semelhante (especificamente, o processo de escrever um roteiro para cinema) foi explorado em Adaptação, do fantástico Charlie Kaufman. Mais Estranho que a Ficção também incorpora um pouco de O Show de Truman (sensação de perda do controle sobre a própria vida) e de Quero ser John Malkovich (tem gente na minha cabeça!),outro filme imperdível de Kaufman. Não é à toa que, como me disse um amigo, tem gente definindo o filme como “um Kaufman para quem não entende Kaufman”.

Só que é simples assim: se você quer ver surrealismo com tensão bem colocada e generosas doses de humor negro – drama e comédia ao mesmo tempo e na medida certa -, não aceite imitações: só Kaufman é original.

Em Mais Estranho que a Ficção, falta, além de criatividade, ritmo. O filme é tão irremediavelmente lento que nem mesmo a vivaz personagem de Maggie Gyllenhaal consegue animá-lo, embora a ela sejam devidos bons momentos poéticos.

A história ainda poderia ser salva por um desfecho incomum, mas nem no último momento o filme se recupera. O espectador é levado a ansiar pelo final perfeito, apenas para ver-se frustrado.

Um dos diálogos finais vem sob medida para definir o filme:

– It’s ok.
– But not great?
– No; it’s ok.

Esse trecho, dito no contexto do filme e referindo-se ao seu elemento principal, ao lado da cena em que Harold afirma ter gostado especialmente de uma determinada parte da história – que é, de fato, uma das melhores -, são as grandes piadas do filme sobre si próprio. Essa brincadeira seria interessante, se fosse honesta. Não é o caso aqui. Mais Estranho que a Ficção, longe de ser um roteiro que confortavelmente ri de si mesmo, propõe-se a ser uma história cult, “cabeça”, inteligente. Se não tivesse tantas aspirações, seria divertido. Como as tem, é apenas medíocre.

O que são feeds?

Já falei sobre feeds aqui no blog, mas no contexto específico da discussão acerca de feeds completos ou resumidos. Na ocasião, morri de preguiça de explicar o que é feed para os leitores que nunca ouviram falar do assunto.

Essa semana, deixei a preguiça de lado e fiz um texto cuja intenção é mostrar as vantagens do uso dos feeds para a sua vida cotidiana. O artigo não vai entrar na cronologia do blog; é uma página estática e o acesso rápido dá-se pela barra lateral, na seção Dicas e Informações.

Leia o artigo e comece a usar essa facilidade – garanto que não se arrependerá!

Já estou acostumada

Da série Furtos – Parte 3 de 3

Essa aconteceu na vida real.

Oito horas da noite. Estacionamento próximo a uma das melhores creperias da cidade. Vários carros parados, já que é uma rua com diversos outros restaurantes. Flanelinha presente, claro.

Traseira do carro ao alcance da visão durante todo o tempo passado no restaurante. Normalmente tranqüilíssima com essas coisas, eu estava incomodamente apreensiva, voltando o olhar para o carro de vez em quando.

Quatro horas, quatro pratos e muita conversa depois, eu e melhor-amiga vamos pegar o carro.

Abro a porta do carro.

Novecentos reais em material escolar novinho da irmã da melhor-amiga, que estava no porta-malas, espalhado pelos bancos. Porta-luvas escancarado. Tampa do espaço para o som arranhada.

Pra variar, um filho de uma ronca-e-fuça miserável, safado, %&$#*@% arrombou meu carro atrás de cd-player.

Quebrou a cara, mas antes disso quebrou a pintura junto à maçaneta da porta do passageiro.

Carro novo, cinco meses e meio, sem nenhum arranhão. Hora ou outra, tinha que acontecer alguma coisa, mesmo.

O cúmplic…, digo, flanelinha, virou fumaça.

Povo no trabalho não entendeu a minha calma ao narrar o fato, hoje.

Conta comigo:

  • 1. Já tive um carro furtado. Saí do trabalho e andei o estacionamento inteiro até aceitar que não, não parei em outro lugar, parei aqui mesmo e levaram o carro (que reapareceu depois de quase um mês).
  • 2. O seguinte foi arrombado, fechadura danificada, lataria amassada, fiação arrebentada – tudo isso para levar um toca-fitas dos mais simples.
  • 3. Depois de ano e meio, o mesmo carro foi aberto novamente, dessa vez com mais delicadeza, e lá se foi meu cd-player.
  • 4. Entre um incidente e outro, o carro do meu pai ficou comigo por uns dias, e adivinha?, ladrão arrombou debaixo da minha janela, levou umas moedinhas e um guarda-chuva (deixou o toca-fitas, sei lá por que cargas d’água).

É ou não é o suficiente pra nem estressar mais?

Especialmente porque o prejuízo foi pequeno: o material escolar restou intacto (se o %$&*@# gostasse de estudar, não estaria arrombando carro), as coisas que habitam meu carro continuam todas por lá, o módulo RCA que joga o som do meu mp3-player (meu pda, na verdade) para os auto-falantes não foi encontrado (graças aos caras que fizeram uma ótima instalação) e a fechadura continua trancando (se bem que não sei que diferença isso faz).

O defeito na pintura, segundo meu pai, nem dá pra se notar. Eu o vejo a léguas de distância. Igual adolescente com uma espinhazinha no rosto, que só enxerga o vermelhão do tamanho do mundo.

Estou pensando em deixar a pintura descascada mesmo. Quem sabe coloque um lembrete, cada vez que estacionar o carro: “Seu colega já passou por aqui. Volte outro dia”.