Dois novos blogs

O tempo é escasso, só que blogar é um vício: você sabe que não dá conta, mas não consegue resistir.

O ano mal começou e já venho apresentar dois novos projetos.

O Calendário

Todo dia é dia de alguma coisa. Foi por isso que criei O Calendário, em março de 2008, colocando em prática uma idéia surgida em Vila Velha na companhia da Joaninha. No dia primeiro de janeiro criei vergonha e, resolução de ano novo, resolvi pôr o blog em movimento.

Não conseguirei atualizar todos os dias, obviamente – as lacunas que ficarem, a gente completa nos anos vindouros.

Cadê o Atum?

Projeto coletivo, nascido no apagar das luzes de 2008 e batizado pela Srta. Bia no nosso micro-mini-luluzinhacamp.

As companheiras de blog são Rebecca e Virginia, duas amigas blogueiras e, desde o fim do ano, gateiras. Ou criávamos um blog só para falarmos das nossas amadas, ou nossos blogs habituais virariam diários de focinhos.

No Cadê o Atum?, você encontrará nossas experiências, algumas dicas e um monte de links sobre gatinhos.

Ambos os projetos são hospedados pela Porto Fácil, empresa que recomendo até debaixo d’água.

Presente de Natal

Ano passado, meu presente de natal chegou cedo. Veio sem aviso e sem preparativos, embora fosse desejado há anos. Entrou na minha casa embrulhado em manta azul, mas via-se a carinha branca e rosada.

Esse presente depende de mim para sobreviver, e já não imagino a casa sem ele.

Sim, é um serzinho. Ou melhor, uma serzinha. Ela tem focinho molhado, rabo comprido, patinhas cor-de-rosa e pelo quase todo branco, exceto por uma manchinha na testa. Cresce a olhos vistos. Esfrega-se nas minhas pernas e dá beijinho de esquimó quando chego do trabalho. Dorme sob a minha coberta e rouba-me o travesseiro de madrugada. Chama-se Mel e, você já percebeu, é uma gatinha.

Mel chegou tímida e medrosa, além de muito carente. Um mês depois, é uma mistura de pipoca com carrapato.

Quase dormindo - só nessa hora fica quietinha.
Quase dormindo - só nessa hora fica quietinha.

Minha gatinha não é uma simples “companhia”, como tantos reduzem a relação com um animal. Companhia é a televisão, o computador ou um bom livro. Mel é um ser único, tem seus quereres, sua personalidade e, agora, conta comigo para mantê-la feliz.

Encaro-a de vez em quando e, por instantes, não acredito que assumi tamanha responsabilidade. Logo eu, a rainha má das plantas, a dedo-cinza dos vasinhos de temperos.

Ela me tira do sério duas vezes por dia, é verdade. Ignora meus nãos, atrapalha meu sono, espalha areia pelo chão e derruba meus enfeites.

Depois, olha-me com ares de “quero colo”, aninha-se, toma banho e adormece tranquila. Todo aborrecimento se vai, e descubro-me amando uma criaturinha quente e ronronante.

Escrito primeiro para o moleco viajante.

A Gateira e suas Gatas

Primeiro, veio a Mel, arteira e maluca. Depois, a Cacau, elegante e gentil. Para não cair na tentação de transformar meu blog oficial num blog gateiro, criei o Cadê o Atum?, batizado por uma garotinha adorável e tal.

As gatas, que se acham minhas donas, falaram que não iam ficar de fora – afinal, o blog é sobre elas! Só sossegaram quando também ganharam o direito de escrever por aqui.

Junte-se a nós nessa aventura pelo mundo dos miados e patinhas. Você pode até ouvir uns fssst e uns crash! de vez em quando, mas os puurrrr e ron-ron-ron são maioria absoluta.

Um Brinde ao Vanderlei

Vanderlei Cordeiro de Lima, exemplo de ombridade.
Vanderlei Cordeiro de Lima, exemplo de ombridade.

Vanderlei Cordeiro de Lima, 39 anos, aposentou-se no último dia 31, após correr a São Silvestre de 2008.

“Quem é esse cara?”, você pergunta.

Vanderlei é ex-bóia-fria, fundista, medalhista olímpico e herói. Nas Olímpiadas de Atenas, em 2004, corria em direção a uma inédita medalha de ouro na maratona. No 36º quilômetro, um maluco invadiu a prova e agarrou Vanderlei. O sujeitinho era um padre irlandês e, na cabeça torta dele, estava fazendo um protesto religioso, cuja consequência foi a perda do ouro de Vanderlei.

Foi por sorte que o atleta não se contundiu. Ele se assustou, perdeu o ritmo e a vantagem, mas conquistou a medalha de bronze – o melhor resultado da história do Brasil na prova.

O que me faz erguer o brinde nem é a medalha de bronze, mas a ombridade de Vanderlei: ele viu o ouro olímpico escorrer de suas mãos e, mesmo assim, suas entrevistas após o acontecido foram engrandecedoras. Claro que o maratonista ficou indignado com o doido varrido, mas carregou o bronze com orgulho e satisfação. O ex-bóia-fria deu uma lição de humildade em muita gente culta que, achando-se a última coca-cola do deserto, fica ofendidinha quando perde um prêmio e ainda tem a deselegância de desmerecer o vencedor (sim, estou falando da Fernanda Montenegro).

Vanderlei não ganhou medalha na última São Silvestre, mas subiu ao pódio como herói e foi homenageado. Seu caráter já tinha lhe valido a Medalha Pierre de Coubertin, honraria concedida a pouquíssimos atletas (cinco até hoje, dois em reconhecimento póstumo) e que simboliza o verdadeiro espírito olímpico.

Faz muito bem começar o ano pensando em alguém tão batalhador e honrado quanto Vanderlei Cordeiro de Lima. É um alívio, frente a tantos canalhas que lotam diariamente as manchetes, e um exemplo a ser seguido.

Um brinde ao Vanderlei, e feliz 2009 para todos nós!

Imagem: Ricardo Stuckert/PR, para Agência Brasil. Wikipédia. CC 2.5.