Wall-E

Ficha Técnica

  • Título original: Wall-E
  • País de origem: EUA
  • Ano: 2008
  • Gênero: Animação
  • Duração: 97 minutos
  • Direção: Andrew Stanton
  • Roteiro: Andrew Stanton
  • Elenco: Ben Burtt (Wall-E / M-O), Elissa Knight (Eva), Jeff Garlin (Capitão), Sigourney Weaver (Auto). Em português: Claudio Galvan (Wall-E), Sylvia Salustti (Eva), Reginaldo Primo (Capitão), Manolo Rey (M-O), Guilherme Briggs (Auto). Direção de Manolo Rey.
  • Sinopse: Wall-E, um solitário robô que ficou na Terra para limpar a sujeira deixada pra trás pelos seres humanos, conhece Eva, robô recém-chegado com a missão vasculhar o planeta em busca de vida.

Comentários

Wall-E Fofo. Essa é uma ótima palavra para definir Wall-E. Fofo, mas não besta. Afinal, é um filme da Pixar, responsável por jóias como Procurando Nemo (também dirigido e roteirizado por Andrew Stanton) e Toy Story, e faz jus à tradição do estúdio.

Só que as semelhanças páram por aí. O filme é muito diferente de qualquer outra animação que você já viu. Dá quase pra imaginar que é feito exclusivamente para adultos. O fato de crianças gostarem seria um bônus, um efeito colateral.

A primeira meia hora do filme é, praticamente, uma experiência de cinema mudo. Uma bela trilha sonora acompanha o robozinho Wall-E em sua tarefa de compactar montanhas de lixo deixadas sobre a Terra pelos humanos. De quebra, ele vai juntando tranqueiras que nem sabe para que servem, mas que minimizam sua solidão e viram brinquedos. Que criança não teve a fase de encher os bolsos de bugigangas? Wall-E é assim, uma criança. Não entende o mundo em que vive, mas gosta dele. É curioso e ingênuo. Faz o dever de casa e, no tempo livre, brinca com sua coleção e com sua melhor amiga, uma barata.

(Aliás, parafraseando Indiana Jones… Barata. Por que tinha que ser uma barata? Odeio baratas. Sério. Eu ficava tensa toda vez que aquela criatura nojenta aparecia e, putz, como torci pra que ela fosse esmagada/fulminada.)

O mundo de Wall-E vira do avesso quando conhece Eva, uma robô muito mais moderna e muito menos… humana. O robozinho terá papel fundamental na transformação da metódica Eva, que também modificará para sempre a vida de Wall-E.

O que mais encanta no filme é a habilidade dos animadores em atribuir tanta vida e emoção a uma sucata ambulante (com todo o respeito) é surpreendente. Eles se superaram, decididamente. Não dá pra pensar em Wall-E como um ser inanimado, não com aqueles olhos incrivelmente expressivos.

O enredo é politicamente/ecologicamente correto. As principais críticas são ao consumismo, à economia da moda e do descartável, com os conseqüentes danos ao meio ambiente e, claro, ao próprio homem. Não se preocupe: não há discurso ou pregação escancarada, embora, na verdade, essa crítica seja a base para todo o roteiro. Por fim, a camada das referências. A mais óbvia e constante é ao clássico 2001 – Uma Odisséia no Espaço, mas também há pinceladas de Star Trek e Admirável Mundo Novo. Na versão original, Sigourney Weaver, mais conhecida como Tenente Ripley, faz a voz do piloto automático (no Brasil, a voz coube a Guilherme Briggs, dublador do Worf, de Jornada nas Estrelas: A Nova Geração). O cubo mágico e o joguinho Pong provocam suspiros nostálgicos. Quem assistir aos créditos finais ainda será premiado com figurinhas saídas dos jogos do Atari.

Os mac-maníacos encontram várias referências à Apple (Steve Jobs, fundador da empresa, foi CEO da Pixar até sua compra pela Disney, em 2005) que me passaram completamente despercebidas (ok, depois que soube, até achei evidente a semelhança entre Eve e um iMac).

Wall-E é completo. É um primor de técnica, tem um personagem muito carismático e um enredo cativante. Será uma injustiça se não levar o Oscar 2009 como melhor longa de animação.

Cotação: 4,5 estrelas (se não houvesse a barata…)

Curiosidades

O curta de animação que antecede o filme (hábito da Pixar) é Presto e mostra um mágico entrando em apuros por causa do seu coelho. Bacaninha, mas, de tanto ouvir maravilhas sobre ele, esperava mais.

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As dublagens brasileiras de animações costumam ser excelentes, e Wall-E não foge à regra. Nem dá pra acreditar que os mesmos profissionais fazem trabalhos sofríveis como os vistos no canal Fox. Bem, provavelmente não são os mesmos. O Blog do Bonequinho publicou uma ótima entrevista com Manolo Rey, o diretor da dublagem de Wall-E . Quando perguntado sobre as dublagens para tv a cabo, Manolo disse:

Atualmente, dirijo na Delart, e há empresas que cobram um terço do que é cobrado lá. Como conseguem? Simples, diretores, tradutores e dubladores aceitaram trabalhar por menos, e em condições contrárias às estabelecidas por nós. Acredito que a dublagem só vai crescer quando houver maior cobrança quanto à qualidade. O público tem que reclamar do que é ruim e elogiar o que gostou.

É a velha história: tem os melhores profissionais quem paga o preço justo.

(Confesso: uma das inúmeras profissões que quis seguir na adolescência foi a de dubladora.)

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O site oficial de Wall-E não tem grande coisa, mas vale a visita para uma partidinha de pinball (ninguém mais usa o termo “fliperama”?) em companhia do robozinho mais fofo do universo.

Serviço

Resenhe o Viamão e ganhe a sua geladeira!

Já que está na moda falar de geladeiras, aqui vai mais uma:

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É isso aí: faça uma resenha do Viamão Lotado, blog da dupla Janio Sarmento e Daniel Becher, e concorra à sua mini-geladeira usb!

Você tem até 14 de agosto para participar. Tempo de sobra para conhecer o Viamão Lotado, acompanhar os textos desses feras e fazer a sua crítica, positiva ou negativa (sim, negativa também vale – ninguém tem obrigação de fazer resenha positiva sobre o que quer que seja).

Regras detalhadas aqui: Tenha sua geladeirinha USB, sem precisar de “mimimi”.

O Viamão é um metablog, ou seja, um blog dedicado a falar sobre blogs. Janio e Becher compartilham suas experiências e opiniões sobre monetização, WordPress (a melhor plataforma para blogs), blogosfera, ferramentas para blogueiros e quetais. Tudo isso num texto simples e caprichado. Leitura essencial para blogueiros que já sabem o bê-a-bá e querem se aprofundar sem perder-se no meio de inúmeros blogs de qualidade duvidosa.

Adoro as duas figuras, considero-os amigos, sou cliente do Janio há mais de ano, valho-me do conhecimento dos dois o tempo todo para melhorar o DF. É claro que só tenho elogios ao Viamão – nem poderia ser diferente.

Conheça o blog, tire suas próprias conclusões, faça a resenha e concorra à geladeirinha!

Minha Geladeira

A Liliana começou, o Janio continuou e eu também entro na onda. Apresento-lhe a minha geladeira (clique para ampliar):

Minha Geladeira

Minha Geladeira - Ímãs

Na época, custou exatamente uma viagem à Serra Gaúcha. Ou eu gelava em Gramado, ou gelava o iogurte,  a água, as verduras e tudo o mais.

A anterior era uma tal Bluesky, comprada por 400 reais no Carrefour e com uma única porta, com um congelador vagabundo dentro que mal comportava uma garrafa de vodca – isso quando estava sem as dezenas de camadas de gelo usuais. Coisa de quem vai morar sozinha e precisa mobiliar metade da casa de uma vez. Apesar dos pesares, resistiu bravamente por 5 anos e 2 mudanças.

A atual tem 4 anos e é linda-maravilhosa-salve-salve – e, obviamente, frost free. Esse tal de frost free, aliás, deveria entrar para a lista de invenções maravilhosas do século XX.

Na lateral, uma pequena coleção de ímãs. Alguns são recordações de viagens (as únicas lembrancinhas que julgo aceitáveis são ímãs e postais); outros são só gostos – destes, a maior parte veio da maravilhosa feirinha da Benedito (Alê, te devo essa – foi uma das melhores dicas de viagem que já me deram!).

Ah, você está se perguntando por que estou falando de geladeira? Senta que lá vem a história…

Um ônibus azul desgovernado resolveu dizer que quem divulga uma ação superbacana como a da Coca-Cola ao promover uma bebida nova é “blogueiro de aluguel”. A ação consistia no envio de uma geladeirinha e uma garrafa da bebida a 9 blogueiros selecionados. Foi simpática, bem bolada e não, não foi exigido nada em troca dos blogueiros. É claro que, se eu ganho uma coisa legal, vou falar a respeito. Blogs existem, entre outras coisas, pra falarem sobre o que é legal – seja um filme, um livro, um presente de aniversário ou um mimo enviado por uma empresa. Mas o tal ônibus azul resolveu encrencar, atacando irresponsavelmente os blogueiros agraciados.

Se quiser entender melhor o que aconteceu, siga os links:

Nesses textos, há outros links que dão mais informações.

Eu quero mais é que o ônibus azul se exploda ou, melhor ainda, vire fóssil. E que venham outras ótimas iniciativas como a da Coca-Cola.

(Eu nem ia escrever sobre o assunto, mas gostei tanto do meme da Liliana…)

A Fox e o desrespeito

A Lu Freitas lembrou: dia 1ºde julho fez um ano que o canal Fox, transmitido somente em pacotes de televisão por assinatura, tomou a antipática decisão de dublar quase toda a sua programação. O blog TeleSéries liderou um movimento para marcar a data.

Fox - um ano de desrespeito ao telespectador

Na época, a Fox alegou que uma pesquisa com sua audiência indicava a preferência por programas dublados.

Como assim, Bial?

Então, todos os outros canais de televisão por assinatura têm prejuízo? Universal Channel, Warner, People & Arts, AXN etc. etc. e tal, todos os canais que têm grade de programação majoritariamente legendada estão contrariando sua audiência? Só a Fox está certa?

Televisão por assinatura não é pra todo mundo. Antes que comunistas de cartilha me chamem de reacionária ou elitista, diga-me: quem tem 100 reais, no mínimo, pra pagar mensalmente pela tv a cabo? A verdade é que, no Brasil, somente uma certa classe (econômica e/ou cultural) pode dar-se a esse luxo.

Essa mesma elite freqüenta cinemas, lê romances e navega na internet. É um público que pode até não estar familiarizado com outros idiomas, mas, certamente, é alfabetizado e plenamente capaz de acompanhar legendas.

É essa turma que valoriza o trabalho dos atores originais, que escuta o timbre manso do Robin Williams em Tempo de Despertar e, na hora, já se lembra de Sociedade dos Poetas Mortos, que adora a voz rouca do Al Pacino – ainda mais em Advogado do Diabo –, que acha bacana ouvir a Cameron Diaz em Shrek.

Ah, é uma pequena parte da população? Sim, mas essa minoria compõe a maioria que paga, todo mês, por um pacote especial de televisão, e espera ser respeitada. Não é favor algum levá-la em consideração; antes, é obrigação dos prestadores de serviço que vivem do dinheiro dessa parcela. No mínimo, a opção de som original com legendas deveria estar acessível.

Vindo da Fox, esse desrespeito nem surpreende – a emissora é especialista em ignorar o telespectador. Intervalos comerciais de seis, e até oito minutos são comuns (sim, já cronometrei). Falta de som ou falta de sinal acontecem com mais freqüência que em outros canais. Outro dia, a transmissão estava tão desbotada – não era a minha tv, eu testei – que a cor dos Simpsons era… cor-de-pele.

Aliás, falando em Os Simpsons, realiza a cena: exibição do desenho animado após a meia-noite. Acabou o primeiro episódio, começou o segundo… em espanhol. Esquisito, despropositado, mas tudo bem, dá pra entender. Vem o primeiro intervalo e… surpresa! A Fox tirou o episódio do ar, na metade e, obviamente, sem nenhum aviso.

Bacana, hein?

Depois de tudo isso, ainda tem gente que grita “crime! pirataria!” quando o telespectador resolve baixar episódios e legendas – aos quais tem o direito de assistir, já que paga todo mês por eles – para ver da forma que mais lhe agrada, no horário mais conveniente.

Você vai me dizer: “ah, pára de ver a Fox, se ela te incomoda tanto”. Já parei, há muito tempo (exceto pelos Simpsons, de vez em quando). Só que minha liberdade de parar de ver o canal não anula minha liberdade de, como consumidora, reclamar.

A propósito, o que falta em várias esferas do nosso dia-a-dia é reclamação. O conformismo é característica do brasileiro, infelizmente (e eu me incluo nessa, em alguns aspectos).