Urubu

Tem gente que se diverte intensamente quando pode dar uma má notícia. O porteiro do meu prédio, por exemplo.

– A senhora está indo fazer caminhada?

Não, criatura, eu vou a uma festa de gala às dez da manhã, vestindo short e camiseta de alça.

– Estou.

– Ah, tá. Quando voltar, passa na portaria que tem correspondência.

– Tá bom.

Já tinha colocado o pé pra fora do prédio, quando ouço o porteiro, novamente:

– Mas não é boa notícia, viu?

Claro que pensei o pior: um telegrama, um porteiro bisbilhoteiro, alguém morreu, é isso que ele vai me dizer!

– O quê?!

Passaram-se frações de segundo. Um sorriso debochado foi surgindo na cara do engraçadinho.

– É multa.

Informa o dito cujo, todo contente, como se dissesse que ganhei na loteria.

Eu, contendo-me pra não xingar o cidadão, só consegui retrucar:

– Sabe, esse seu comentário era completamente dispensável.

Ser mulher independente é…

…acordar cedo pra passar instruções pra faxineira;

…pra facilitar o serviço dela (e deixar tudo no lugar certinho), guardar a bagunça que está em cima da mesa;

…escolher a roupa cuidadosamente, para poder sair do trabalho direto para o rapi-auer sem perder a classe;

…ir sozinha à oficina, pra trocar óleo, filtros, checar o sistema de freios e, de quebra, consertar um vazamento no radiador;

…ficar de papo com o mecânico sem fazer papel de idiota;

…comer um sanduíche natural enquanto aguarda o conserto, pra não perder a linha;

…e ainda aproveitar pra esmaltar as unhas durante a espera, porque não basta estar com o carro em dia, tem de estar com a aparência em dia!

Retrospectiva 2005

Sim, eu sei que ainda estamos na metade do ano. Acontece que julho é mesmo um bom mês para reflexões. Na metade do ano, é possível avaliar os erros cometidos e as promessas negligenciadas, tomando-se novo fôlego e recriando as resoluções-de-ano-novo.

Quem provocou a reflexão, ainda que sem saber disso, foi a Renata, há várias semanas, quando comentou sobre como foi legal o mês de janeiro. Realmente, foi um mês incrível. Prenunciava um ano excepcionalmente bom.

Pena que a alegria do semestre foi quase toda gasta em apenas trinta dias. É verdade que fevereiro ainda foi legal. De março em diante, no entanto, as coisas só foram piorando. Salvava-se apenas a parte financeira. O resto beirava o insuportável.

O inferno astral começou pontualmente em abril, mas não fez questão de respeitar o prazo para ir embora. Gostou tanto de mim que resolveu continuar por perto durante todo o mês de maio. Raras vezes vi um inferno astral tão empenhado em fazer jus ao nome.

A única vantagem de chegar-se ao fundo do poço é que, se você não for idiota o suficiente para continuar cavando, sobra apenas um caminho: para o alto, e avante! Foi o que fiz em junho – que, tradicionalmente, costuma ser o melhor mês do ano para mim. Esse não foi diferente. Alcançou a qualidade de janeiro em vários aspectos e ultrapassou-a em outros tantos!

Não é à toa que estou com as energias renovadas para a segunda parte do ano, tomada por um otimisto que, realmente, não é da minha natureza, certa de que os próximos meses trarão muitas surpresas positivas.

Feliz 2005 pra vocês!

Eu voltei…

Pois é, acho que nunca fiquei tanto tempo afastada do blog. Cinco dias úteis de folga, o que resultou em pouco acesso à web; milhares de coisas para pôr em dia; faxina nos armários e outras coisinhas assim mativeram-me longe. Mas estou voltando…

Últimas notícias:

– Junho continua sendo o melhor mês do ano, na minha modesta opinião.

– A vodca e eu continuamos tendo uma relação de amor e ódio.

– Acabei O exército perdido de Cambises e comecei O Príncipe – preciso aprender a ser maquiavélica.

– Retomei a mania de ler mil coisas ao mesmo tempo e demorar um século para acabar uma mera revista.

– Ainda estou sem cd-player, e quase enlouquecendo com isso.

– As seis temporadas de Sex and the City estão passando uns dias lá em casa – Ricardo, meu querido, eu te amo!

– Últimos cds: Rita Ribeiro, Vanessa da Mata (o primeiro), Los Hermanos (o Ventura – e isso vai render um texto próprio mais tarde), Pega Vida (do Kid Abelha).

– Últimos filmes: Closer (duas vezes), Brilho eterno de uma mente sem lembranças (também duas vezes), O diário de Bridget Jones (preciso dizer?!), Ata-me (fantástico!), Jogos, trapaças e dois canos fumegantes (surpreendentemente, adorei esse filme!), Clube da Luta (um clássico do gênero) e provavelmente mais alguns que não me ocorrem agora.

– No cinema: uma pobreza. Só um filme nas últimas semanas, A pequena Lili. Recomendo, um ótimo filme sobre a alma humana e seus podres.

– Meu estoque de sopas não está resistindo ao frio siberiano desta cidade.

– Novo hobby: scrapbook.

– Louca pra mudar a cara deste blog, mas morrendo de preguiça.

E, aos poucos, voltaremos à nossa programação normal.