Ser mulher independente é…

…acordar cedo pra passar instruções pra faxineira;

…pra facilitar o serviço dela (e deixar tudo no lugar certinho), guardar a bagunça que está em cima da mesa;

…escolher a roupa cuidadosamente, para poder sair do trabalho direto para o rapi-auer sem perder a classe;

…ir sozinha à oficina, pra trocar óleo, filtros, checar o sistema de freios e, de quebra, consertar um vazamento no radiador;

…ficar de papo com o mecânico sem fazer papel de idiota;

…comer um sanduíche natural enquanto aguarda o conserto, pra não perder a linha;

…e ainda aproveitar pra esmaltar as unhas durante a espera, porque não basta estar com o carro em dia, tem de estar com a aparência em dia!

Retrospectiva 2005

Sim, eu sei que ainda estamos na metade do ano. Acontece que julho é mesmo um bom mês para reflexões. Na metade do ano, é possível avaliar os erros cometidos e as promessas negligenciadas, tomando-se novo fôlego e recriando as resoluções-de-ano-novo.

Quem provocou a reflexão, ainda que sem saber disso, foi a Renata, há várias semanas, quando comentou sobre como foi legal o mês de janeiro. Realmente, foi um mês incrível. Prenunciava um ano excepcionalmente bom.

Pena que a alegria do semestre foi quase toda gasta em apenas trinta dias. É verdade que fevereiro ainda foi legal. De março em diante, no entanto, as coisas só foram piorando. Salvava-se apenas a parte financeira. O resto beirava o insuportável.

O inferno astral começou pontualmente em abril, mas não fez questão de respeitar o prazo para ir embora. Gostou tanto de mim que resolveu continuar por perto durante todo o mês de maio. Raras vezes vi um inferno astral tão empenhado em fazer jus ao nome.

A única vantagem de chegar-se ao fundo do poço é que, se você não for idiota o suficiente para continuar cavando, sobra apenas um caminho: para o alto, e avante! Foi o que fiz em junho – que, tradicionalmente, costuma ser o melhor mês do ano para mim. Esse não foi diferente. Alcançou a qualidade de janeiro em vários aspectos e ultrapassou-a em outros tantos!

Não é à toa que estou com as energias renovadas para a segunda parte do ano, tomada por um otimisto que, realmente, não é da minha natureza, certa de que os próximos meses trarão muitas surpresas positivas.

Feliz 2005 pra vocês!

Eu voltei…

Pois é, acho que nunca fiquei tanto tempo afastada do blog. Cinco dias úteis de folga, o que resultou em pouco acesso à web; milhares de coisas para pôr em dia; faxina nos armários e outras coisinhas assim mativeram-me longe. Mas estou voltando…

Últimas notícias:

– Junho continua sendo o melhor mês do ano, na minha modesta opinião.

– A vodca e eu continuamos tendo uma relação de amor e ódio.

– Acabei O exército perdido de Cambises e comecei O Príncipe – preciso aprender a ser maquiavélica.

– Retomei a mania de ler mil coisas ao mesmo tempo e demorar um século para acabar uma mera revista.

– Ainda estou sem cd-player, e quase enlouquecendo com isso.

– As seis temporadas de Sex and the City estão passando uns dias lá em casa – Ricardo, meu querido, eu te amo!

– Últimos cds: Rita Ribeiro, Vanessa da Mata (o primeiro), Los Hermanos (o Ventura – e isso vai render um texto próprio mais tarde), Pega Vida (do Kid Abelha).

– Últimos filmes: Closer (duas vezes), Brilho eterno de uma mente sem lembranças (também duas vezes), O diário de Bridget Jones (preciso dizer?!), Ata-me (fantástico!), Jogos, trapaças e dois canos fumegantes (surpreendentemente, adorei esse filme!), Clube da Luta (um clássico do gênero) e provavelmente mais alguns que não me ocorrem agora.

– No cinema: uma pobreza. Só um filme nas últimas semanas, A pequena Lili. Recomendo, um ótimo filme sobre a alma humana e seus podres.

– Meu estoque de sopas não está resistindo ao frio siberiano desta cidade.

– Novo hobby: scrapbook.

– Louca pra mudar a cara deste blog, mas morrendo de preguiça.

E, aos poucos, voltaremos à nossa programação normal.

Vida musicada

Às vezes, era pura música. Tudo que a prendia à realidade eram os sons. Parecia-lhe que se desvanecia junto com cada acorde, renascendo no próximo, num movimento constante.

Música a envolvia, música a seduzia, música era a única forma de se aproximar dela. Tudo o mais restava inútil. Seus sentidos todos concentrados nos sons e alheios ao resto do mundo. Uma espécie autismo, uma compreensão limitada e, por outro lado, tão mais abrangente que a das pessoas ao seu redor.

Nessas horas, ou dias, tinha a sensação de não precisar de nada nem de ninguém. Pouco se lhe dava se dormia ou não, se havia comido ou se o telefone tocava. Importava-lhe somente os instrumentos e vozes que lhe chegavam como única ligação com a realidade. Eles a inebriavam como conhaque. Neles navegava, boiava, mergulhava, como em águas tranqüilas e mornas.

Sua maior vontade, seu desejo íntimo e não revelado, nessas águas sonoras, era mergulhar até as profundezas, soltando todo o ar no trajeto, para jamais voltar à tona.