Os Blogs no Conflito de Gaza

Sexta-feira passada, o Emerson sugeriu meu nome para uma matéria sobre blogs feita pela TV Brasil. O foco da reportagem era a cobertura do recente conflito em Gaza por blogueiros: jovens, donas de casa, jornalistas, moradores do local que vivem o drama de ter mísseis passando sobre suas cabeças a todo o tempo, que acompanham a guerra porque não têm escolha e contam ao mundo o que acontece, ainda que parte dele se recuse a acreditar.

Aqui no Brasil não temos guerra, mas temos blogueiros que escrevem sobre o que querem e não dependem da aprovação ou do espaço dos grandes veículos de comunicação para serem lidos – e foi aí que entrou minha participação.

O bacana mesmo é que eu apareci na tv é que a matéria evitou o clichê “blogs são diários virtuais”, ressaltando que há blogs sobre os mais diversos assuntos e, inclusive, já têm lugar nos grandes portais e jornais online. Assista e confira:


Blogs na TV Brasil (via youtube)

Um Brinde ao Vanderlei

Vanderlei Cordeiro de Lima, exemplo de ombridade.
Vanderlei Cordeiro de Lima, exemplo de ombridade.

Vanderlei Cordeiro de Lima, 39 anos, aposentou-se no último dia 31, após correr a São Silvestre de 2008.

“Quem é esse cara?”, você pergunta.

Vanderlei é ex-bóia-fria, fundista, medalhista olímpico e herói. Nas Olímpiadas de Atenas, em 2004, corria em direção a uma inédita medalha de ouro na maratona. No 36º quilômetro, um maluco invadiu a prova e agarrou Vanderlei. O sujeitinho era um padre irlandês e, na cabeça torta dele, estava fazendo um protesto religioso, cuja consequência foi a perda do ouro de Vanderlei.

Foi por sorte que o atleta não se contundiu. Ele se assustou, perdeu o ritmo e a vantagem, mas conquistou a medalha de bronze – o melhor resultado da história do Brasil na prova.

O que me faz erguer o brinde nem é a medalha de bronze, mas a ombridade de Vanderlei: ele viu o ouro olímpico escorrer de suas mãos e, mesmo assim, suas entrevistas após o acontecido foram engrandecedoras. Claro que o maratonista ficou indignado com o doido varrido, mas carregou o bronze com orgulho e satisfação. O ex-bóia-fria deu uma lição de humildade em muita gente culta que, achando-se a última coca-cola do deserto, fica ofendidinha quando perde um prêmio e ainda tem a deselegância de desmerecer o vencedor (sim, estou falando da Fernanda Montenegro).

Vanderlei não ganhou medalha na última São Silvestre, mas subiu ao pódio como herói e foi homenageado. Seu caráter já tinha lhe valido a Medalha Pierre de Coubertin, honraria concedida a pouquíssimos atletas (cinco até hoje, dois em reconhecimento póstumo) e que simboliza o verdadeiro espírito olímpico.

Faz muito bem começar o ano pensando em alguém tão batalhador e honrado quanto Vanderlei Cordeiro de Lima. É um alívio, frente a tantos canalhas que lotam diariamente as manchetes, e um exemplo a ser seguido.

Um brinde ao Vanderlei, e feliz 2009 para todos nós!

Imagem: Ricardo Stuckert/PR, para Agência Brasil. Wikipédia. CC 2.5.

Ações Bacanas para o Natal

Você já sabe: dias sem escrever por aqui querem dizer dias de muito, muito trabalho. Desta vez não é exceção, mas não poderia viajar (amanhã, para o Rio) sem destacar três ações bacanas pra quem deseja aproveitar o natal para fazer algo além de estourar o cartão de crédito.

Projeto  “Feliz Natal Crafter” e Daluli

Feliz Natal Crafter Esse é para quem tem habilidade manual (não é o meu caso, tenho duas mãos direitas – e sou canhota): o .faso criou o Daluli, um polvo (de sete pernas, mas quem está contando?) fofíssimo de suspensório, que pode fazer a alegria de crianças carentes neste fim de ano. Lá no .marcamaria, você encontra o passo-a-passo para fazê-lo a mão ou na máquina de costura.

Se, como eu, você não tem talento com agulha e linha, pode ajudar divulgando o projeto.

Cestas de Natal

Já mencionei aqui, mas não custa frisar: a mãe da Mellancia coordena uma distribuição anual de cestas básicas de natal para tornar o fim de ano de famílias carentes menos sofrido. Participar é simplérrimo: basta ter boa-vontade e 50 reais no bolso.

A campanha é do Instituto Espírita Cidadão do Mundo. Não, não sou espírita, mas conheço alguns trabalhos voluntários coordenados por instituições espíritas e sei como eles são bons nesse lance de ajudar quem precisa.

A Mellancia pede pra avisar que a instituição envia recibo das doações (embora ainda não sejam dedutíveis do imposto de renda). Basta enviar o comprovante do depósito para o email dela, que não vou divulgar aqui pra não virar contato de spammer, mas que você pode descobrir deixando um comentário no blog da Mellancia.

Papai Noel dos Correios

Essa campanha é meu xodó. Funciona assim: crianças carentes que escrevem para o Papai Noel têm suas cartinhas recolhidas pelos Correios, que as deixa nas agências para que pessoas comuns possam dar uma de Papai Noel e comprar o que a criança pediu. Aí, é só levar o brinquedo (ou roupa, ou material escolar – tem de tudo) de volta à mesma agência em que a cartinha foi retirada, que os Correios se encarregam da entrega.

Conselho: não vá com pressa. Tire, digamos, uma hora pra ficar na agência lendo as cartinhas. Até o Spock se emocionaria com o que essas crianças escrevem.

Na agência dos correios perto da minha casa, as cartinhas chegam só dia 17, mas é capaz de já estarem disponíveis em outras agências. De qualquer forma, dá pra ser Papai Noel ainda em novembro e escapar da loucura de fim de ano dos shoppings.

Claro, ninguém tem de ajudar ninguém só porque é natal. Tem gente que ajuda o ano todo. Tem gente que quer que o mundo se exploda. Pra mim, natal e décimo-terceiro chegam na mesma época e funcionam como um lembrete de que tenho mais do que preciso e posso colaborar um pouquinho.

Sentindo o aquecimento global na pele

Alguém desliga o aquecimento? Ontem foi o dia mais quente em Brasília desde que… bem, desde que Brasília existe. Em 48 anos, nunca havia sido registrada a temperatura de 35,8ºC que o INMET (Instituto Nacional de Meteorologia) marcou ontem (embora alguns relógios pela cidade registrassem mais que isso).

Para completar, a seca continua por aqui: a umidade relativa do ar estava em 13% ontem, agravando o calor. Clima desértico mesmo e nem uma brisa para amenizar. Ficar na rua era impossível e o ar condicionado de todos os cantos lutava para dar conta. Hoje a coisa não está muito diferente disso como, aliás, não estava na segunda-feira. No domingo, o asfalto de algumas ruas estava mole e na bancada de granito em que fazíamos um churrasquinho dava pra fritar um ovo. Literalmente.

Um efeito colateral dessa onda de calor é a sobrecarga da rede elétrica da cidade. Ontem foi dia de picos de luz e apagões em diversas áreas de Brasília. A CEB diz que a culpa é nossa, claro, já que aparelhos de ar condicionado estão no limite – mas a CEB é aquela empresa que nem nas CNTP consegue atender a demanda e deleita-nos com quedas de luz frequentes, chova ou faça sol.

De quebra, o número de focos de incêndio está mais elevado que nunca, especialmente levando-se em conta a época do ano – novembro já é temporada chuvosa na Capital Federal.

As explicações passam pela ocupação excessiva (embora não desordenada) da cidade, pelo uso exagerado de concreto, pelos prédios de vidro sem isolamento térmico adequado e pelo número de veículos nas ruas. Cada comentarista, especialista ou cidadão comum apresenta a sua hipótese.

A minha é bem simples: o aquecimento global chegou. Fujam para as montanhas.

Imagem: runrunrun.

Atualização: alguns termômetros pela cidade ontem marcavam 40ºC e a umidade “extraoficial”, dizem, foi de 8%.