Parece que é nesse ritmo que caminha qualquer discussão sobre o meio ambiente.
A Convenção-Quadro de Mudanças Climáticas da ONU em Bali fez água. Nenhum acordo real foi firmado. O máximo que se conseguiu foi uma promessa: “ok, nós acordamos que temos de fazer um acordo em até dois anos”. Grande coisa, ahm? Se já estavam reunidos os representantes das grandes potências econômicas, por que não fechar logo um acordo que garanta que o mundo não vai cair no abismo após 2012?
2012 será um ano-chave para o meio ambiente. Os compromissos firmados no Protocolo de Quioto, a fim de reduzir as emissões de gás carbônico, encerram-se em 2012. Até lá, é imperativo que as potências mundiais reunam-se em torno de um novo protocolo, ainda mais rígido que o primeiro, para que sejam evitadas as conseqüências crescentes do efeito estufa. Esse acordo parece ser tão impossível quanto necessário.
Existem os passos à frente. A política ambiental norte-americana deve tornar-se menos egoísta quando (se?) o governo voltar a ser dos democratas, após o mandanto de George W. Bush. A Austrália finalmente ratificou o Protocolo de Kyoto, no começo de dezembro, deixando os Estados Unidos isolados, carregando o fardo de serem o único país desenvolvido a não ratificar o Protocolo.
No Brasil, a coisa vai e volta. O desmatamento, que tinha caído, voltou a crescer com a valorização da soja no mercado internacional – áreas de mata nativa são destruída para dar passagem ao grão, o “ouro verde”. A política ambiental do governo Lula é pífia, os dados são truncados, a argumentação tende à falácia. O governo brasileiro parece invejar a China tanto no seu crescimento econômico quanto na catástrofe ambiental que vem atrelada a ele.
Assim, 2007, que começou cheio de promessas no tocante à consciência ecológica, que rendeu o Prêmio Nobel da Paz a Al Gore pelo documentário Uma Verdade Inconveniente e que prometia uma virada no modo de encarar a questão ambiental, termina melancolicamente.
Sobre o tema
- Bali, rodapé da história – Marcelo Leite
- Protocolo de Quioto – Wikipédia
Enquanto os EUA não adotarem políticas mais ativas contra o aquecimento global, parece que o resto do mundo não terá muito sucesso, visto que o país é o maior poluidor do mundo.
Mas, se formos maliciosos demais, o aquecimento global é até bom. Quem gosta de morar numa terra que sofre com falta de energia devido aos cabos de transmissão quebrados e nevascas? 🙁
Enquanto isso… calotas polares simplesmente derretem. Será que eles vão aguardar o degelo total antes de fazerem algo efetivo?
Bom final de semana.
Eu sou extremamente cético em relação a tudo que parta de uma atitude governamental. Infelizmente, tudo é planejado através da ótica do mercado. Diminuir a emissão de gases do efeito estufa custa dinheiro, vai gerar impacto nas economias e fontes de energia alternativas são muito caras ainda e demandam mais pesquisas. O mercado mostra que a maximização do lucro é sempre a prioridade. Trabalho na área e sei que é muito difícil esperar comprometimento do governo. Hoje quem mais trabalha positivamente na área são algumas Ong’s que não possuem a lógica do pensamento ECO-chato. Mas, do ponto de vista científico muito ainda tem que ser estudado e testado. Temos que manter certa postura cética perante alguns discursos inflamados.
A questão ambiental ainda não entrou definitivamente nas agendas porque as mudanças no modo de vida das pessoas serão muito drásticas. Todos as vezes que vou num restaurante agora me pego pensando se não deveria pedir agua do filtro, ao invés da garrafinha plástica, será que eles tem filtro nos restaurantes? e os carros? aqui em brasília, então.
As pessoas não estão realmente pressionando seus governantes, porque acham que tudo vai melhorar ou que nada deveria mudar.
Lu, o critério é meramente econômico, nada mais. Você fala com propriedade quando andamos tal como carangueijo na questão do meio ambiente. Esperar catastrofes maiores prá que?
Tenha uma ótima semana