Sob o Domínio do Mal

Ficha técnica

The Manchurian Candidate. EUA, 2004. Suspense. 129 min. Direção: Jonathan Demme. Com Denzel Washington, Meryl Streep, Liev Schreiber e Jon Voight.

Homem que lutou na Guerra do Golfo acha que passou por uma lavagem cerebral que fazia com que ele executasse ordens sem contestação. Agora, ele procura um antigo amigo de pelotão que se tornou político e pode também estar sendo manipulado. Refilmagem do filme homônimo de 1962. Do mesmo diretor de O Silêncio dos Inocentes (1991).

Mais informações: Adoro Cinema.

Comentários

4 estrelas

Sob o Domínio do Mal funciona muito bem. O elenco está ótimo, afinado e convincente. O enredo é ágil e intrigante, cheio de surpresas. Mais de duas horas de duração que mal são percebidas.

Exibido pouco antes das eleições presidenciais norte-americanas, traz críticas claras ao governo Bush e ao seu objetivo de “dominar o mundo”. Infelizmente, o público a que se dirigia parece não ter sido atingido pelas referências…

Os Esquecidos

Ficha técnica

The Forgotten. EUA, 2004. Suspense. 91 min. Direção: Joseph Ruben. Com Julianne Moore, Gary Sinise e Anthony Edwards.

Mulher tenta superar morte do filho, mas seu psiquiatra diz que a criança é fruto de sua imaginação e nunca existiu.

Mais informações: Adoro Cinema.

Comentários

Uma estrela

Quer uma sugestão? Esqueça Os Esquecidos. Desculpe o trocadilho infame, mas é isso mesmo. A idéia é até boa, só que se perde em meio a um roteiro fraco. O elenco não colabora. No fim das contas, tem-se um arremedo de Arquivo X que peca previsibilidade e por algumas incoerências grosseiras (um exemplo: como a detetive foi convencida tão rapidamente? Uma ligação de uma desconhecida, e pronto! Oras…).

Pontos positivos: três bons sustos e a pouca duração do filme – apenas uma hora e meia.

Sobre Meninos e Lobos

Ficha técnica

Mystic River. EUA, 2003. Suspense. 137 min. Direção: Clint Eastwood. Com Sean Penn, Tim Robbins e Kevin Bacon.

Três amigos adolescentes seguem caminhos opostos. Anos depois, um deles, que se tornou policial, tem que investigar a morte da filha do outro, um ex-presidiário. O terceiro é um dos suspeitos.

Mais informações: Adoro Cinema.

Comentários

4 estrelas

Apesar do elenco de peso, não estava lá muito interessada em ver Sobre Meninos e Lobos, até ouvir duas ou três pessoas elogiando-o. Animei-me e, devo dizer, não me arrependi.

O filme é magistralmente conduzido. Não sabia que o Clint Eastwood dirigia tão bem, nunca tinha visto nenhum filme dele. Não há tiroteios, perseguições, batidas de carros. Sem apelar para nenhum desses recursos, o enredo prende a atenção do espectador por mais de duas horas.

A discussão sobre a possibilidade de uma ação supostamente trivial mudar toda uma vida, ou melhor, várias vidas, permeia o filme e faz-nos refletir sobre os passos que damos, as decisões que tomamos, as situações que vivemos.

Passei boa parte do tempo tentando adivinhar o fim da história e cheguei bem perto, embora tenha errado feio quanto à motivação.

O roteiro é baseado em um livro de Dennis Lehane que, obviamente, já está na minha listinha de leitura.

O Júri

Ficha técnica

Runaway Jury. EUA, 2003. Suspense. 127 min. Direção: Gary Fleder. Com John Cusack, Gene Hackman e Dustin Hoffman.

Homem misterioso começa a manipular um julgamento envolvendo uma indústria de tabaco e uma viúva. Do mesmo diretor de Refém do Silêncio. Fonte: Guia da Folha de São Paulo.

Mais informações: Adoro Cinema.

Comentários

4 estrelas

É a segunda sinopse que leio que afirma que a trama se refere a uma indústria de tabaco. Na verdade, trata-se de uma indústria de armas.

Sou um tanto suspeita para comentar esse filme. Adoro “filmes de tribunal”. Sempre gostei deles, mesmo antes de estudar Direito (não, não foi por isso que resolvi fazer esse curso).

Em O Júri, somos forçados a refletir sobre a credibilidade dos julgamentos realizados por leigos. É uma questão bastante delicada. A idéia por trás de um julgamento realizado por populares é permitir que os indivíduos sejam julgados por seus pares, afastando-se o legalismo, a frieza das normas e privilegiando-se o clamor das multidões. Supõe-se que, em determinadas matérias, é mais importante atender às aspirações sociais de justiça do que às normas postas em caráter abstrato, freqüentemente inadequadas ao mundo real.

Os críticos do julgamento pelo júri defendem que a emoção trazida ao tribunal por leigos é, muitas vezes, exacerbada, o que pode levar a injustiças. Argumentam que o juiz togado , que estudou por anos o Direito, está mais habilitado a dizer o justo e a dar a medida adequada da pena. Acrescentam que é muito fácil manipular as emoções dos leigos para absolver ou condenar os réus, sendo a decisão final tomada não com base em fatos, mas em prol do advogado/promotor com melhor poder de argumentação ou encenação. Por fim, há o problema dos quesitos, por meio dos quais chega-se ao veredicto, freqüentemente mal formulados.

No Brasil, o Tribunal do Júri tem competência para julgar os réus acusados de crimes dolosos contra a vida: homicídio, induzimento, auxílio ou instigação ao suicídio, aborto e infanticídio. Não sei qual é a lei dos Estados Unidos, mas certamente atribui mais competências ao Júri do que a nossa.

O filme, baseado em livro de John Grisham, é instigante. Faz-nos questionar sobre a real capacidade dos jurados em decidir imparcialmente uma causa. Mostra como pode ser fácil, para alguém competente, manipular o júri a ponto de fazê-lo tomar essa ou aquela decisão. Não se trata, apenas, da manipulação feita pelos operadores da lei, mas principalmente daquela que pode correr nos bastidores, organizada por um dos jurados. Além de tudo isso, esclarece que existe toda uma técnica na escolha das pessoas que farão parte de cada júri – técnica com a qual é fácil vencer, mesmo quando não se tem razão.

Gene Hackman rouba a cena no papel do consultor de júri contratado pela indústria de armas. John Cusack está ótimo. Dustin Hoffman está um tanto apagado, em uma posição de mero coadjuvante, sem grande expressividade.

A Folha de São Paulo deu apenas uma estrela para o filme. Nada poderia ser mais… injusto, na minha modesta opinião. O filme é excelente, o roteiro é ágil e prende a atenção do público, as reviravoltas surpreendem. Como disse no início, sou suspeita por gostar do gênero, mas dou quatro estrelas.

Saí do cinema com vontade de ler o livro. Já está na minha listinha.

Atualização: lendo uma crítica ao filme, finalmente descobri o motivo de as críticas sempre se referirem a uma indústria tabagista – no livro, a guerra é contra uma delas. Fica a pergunta: será que nenhum dos críticos realmente viu o filme?! Como levar a sério a nota baixa dada pela Folha depois de um “fora” tão grande??