Twitter – será que a moda pega por aqui?

(ou Os Grupos de Internautas Brasileiros)

TweetyEnquanto o Twitter chegou à casa dos 100.000 usuários no fim do mês passado, com direito a wiki e fã-clube, e já tem até concorrente, aqui no Brasil a moda simplesmente não pegou – ou, pelo menos, não ainda.

O Twitter existe para que os internautas respondam a uma única pergunta: o que você está fazendo? Para entender melhor, dê uma chegada à página inicial do serviço e observe as atualizações mais recentes. Nesse exato momento, 12h45m, o usuário Hobs707 informa que está fazendo uma pizza, enquanto labelreader enrola no trabalho e DanBowles pensa em como terá um fim-de-semana atribulado. Como membro, você pode digitar mensagens de até 140 caracteres que contem aos seus amigos e ao mundo o que ocupa sua vida a cada instante.

Mas espere, isso não é tudo! Você pode atualizar o Twitter do seu desktop, sem a necessidade de entrar no site, usando programas criados exclusivamente para este fim e que permitem, de quebra, que você leia as últimas atualizações dos seus amigos. Você também pode enviar suas novidades pelo seu comunicador instantâneo (GTalk, Jabber ou AIM) ou do celular. Para completar, pode exibir no seu blog uma caixinha com suas atualizações mais recentes.

“Tá”, você pergunta, “e pra que serve isso?”

Essa questão é quase tão insolúvel quanto o mistério da vida, do universo e de tudo o mais. Rios de tinta, ou melhor, milhares de pixels têm sido gastos na tentativa de explicar a utilidade do Twitter. As justificativas vão das mais simples (estar em contato com os amigos) às mais elaboradas (formar uma rede de negócios, por exemplo). Boa parte da blogosfera, porém, só consegue vê-lo como uma grande inutilidade com forte apelo ao voyerismo de uns e, em contrapartida, ao narcisismo de outros.

Seja lá como for, a moda “pegou” nos Estados Unidos. Por aqui, no entanto, o Twitter não anda fazendo sucesso. O que explica essa indiferença dos internautas brasileiros, normalmente ligeiros em aderir aos modismos da web?

Tenho cá minha teoria, claro.

Para começar, divido os usuários da web no Brasil, grosso modo, em três grandes grupos:

1. Leitores

2. Orkuteiros

3. Blogueiros

Já admito que essa divisão não se funda em critérios científicos de qualquer espécie, mas na mera observação.

Grupo 1 – Leitores

Neste grupo estão as pessoas que dedicam a maior parte do seu tempo online à leitura de notícias, à troca de emails e ao uso de motores de busca (como o Google). Muitos participam de listas de discussões; alguns juntam-se a fóruns. Eventualmente, podem ter registro em comunidades ou redes sociais, como o orkut, mas não dedicam muito tempo a elas. Também não são grandes adeptos de comunicadores instantâneos, restringindo seu uso ao bate-papo com amigos “da vida real”. Dificilmente lêem um blog e, quando o fazem, é por tratar-se do blog de um conhecido, ou por terem caído nele por acidente, vindos principalmente do Google.

A maior parte dos internautas brasileiros enquadra-se no Grupo 1.

Grupo 2 – Orkuteiros

O orkut chegou ao Brasil no começo de 2004 como uma espécie de clube exclusivo. Poucas pessoas tinham acesso, que só se dava por convite. Com o lema “Quem você conhece”, a idéia era, justamente, levar para o mundo “virtual” os contatos da “vida real”. Por outro lado, servia como teste da teoria dos seis graus de separação, segundo a qual todas as pessoas do mundo estão distantes umas das outras por, no máximo, seis conhecidos.

Quem entrou no orkut no início lembra como era legal essa nova forma de rever conhecidos perdidos no tempo, de fazer novas amizades e trocar informações. Com o tempo (e, segundo alguns, com a invasão dos brasileiros), o site tornou-se reduto de emos e miguxos, que escrevem num idioma só muito levemente parecido com o português e passam o tempo espiando a vida alheia. Isso pra não mencionar a presença de criminosos empenhados na formação de quadrilhas e na propagação de idéias abjetas, como racismo e pedofilia.

O indivíduo do Grupo 2 pratica as mesmas atividades na internet que o indivíduo do Grupo 1; entretanto, mais da metade do seu tempo online é dedicada ao orkut e a outras redes de relacionamento, a sites de paqueras e a conversas em comunicadores instantâneos (particularmente no msn, embora a integração do GTalk ao orkut tenha tirado um pouco do mercado do comunicador da Microsoft). Youtube e variados serviços de fotolog também disputam a atenção dos orkuteiros. Uma parcela deste grupo possui blog tão-somente para contar suas aventuras cotidianas no estilo “querido diário”.

Grupo 3 – Blogueiros

De longe, o menor grupo da web brasileira.

Freqüentemente, o internauta do Grupo 3 pratica as atividades do Grupo 2 – ou seja, tem perfil no orkut e em diversas outras redes sociais, como youtube e Flickr e usa comunicadores instantâneos; no entanto, o tempo que passa em redes sociais é bem mais reduzido. Seu tempo é gasto com atividades do Grupo 1 (troca de emails, participação em listas de discussão e fóruns e leitura na web em geral) e, prioritariamente, com a atividade própria deste grupo: blogar, obviamente.

Blogar é mais que produzir texto. Inclui a leitura contínua de outros blogs, além da “grande mídia”, e a pesquisa por material para idéias e textos. No caso de vários blogueiros, uma parcela do tempo é usada, ainda, para manter seu próprio blog em servidor pago, com domínio próprio – como insinuei aqui, essa parte pode ser bem desgastante.

Certo: leitores, orkuteiros e blogueiros – e aí?

E aí que a minha conclusão é a seguinte:

O Grupo 1 não tem interesse no voyerismo proporcionado pelo Twitter. De todos, é o grupo que passa menos tempo em frente ao computador e foca sua atenção em tarefas bem objetivas.

O Grupo 2 está muito bem servido pelo orkut e pelas demais redes sociais. Expõe seu passo-a-passo em fotologs, com direito a letras de músicas melosas e imagens photoshopadas. Sabe o que seus amigos estão fazendo pelos nicknames do msn.

O Grupo 3 ainda está se perguntando a que veio o Twitter. Trata-se de um grupo que adora novidades mas que, justamente por ver tantas todos os dias, assume uma postura mais crítica. Ademais, 140 caracteres é muito pouco para um texto – a maioria dos blogueiros é prolixa! 😉

Vai daí que não vejo o Twitter se tornando um fenômeno por estas terras. Talez um usuário ou outro consiga dar-lhe uma utilidade maior do que, simplesmente, informar o que vai jantar hoje – e os twitters desse grupo podem se tornar bem interessantes. A maioria, porém, vai cansar logo da bricadeira e voltará aos seus afazeres principais, seja trocando emails, seja no orkut ou em blogs.

Este artigo foi motivado pela pergunta que John Baeyens me fez hoje cedo: “Lu, você sabe por que não tenho ninguém do Brasil no Twitter?”. Taí minha opinião, John.

Referências

A opinião de alguns blogueiros brasileiros sobre o Twitter (não deixe de ler os comentários a cada artigo, que enriquecem a discussão)

  • Dudu Tomaselli: radicalmente contra o Twitter.
  • Mundo Linear: vê o serviço como digno de atenção e com várias possíveis utilidades.
  • Superfície Reflexiva: destaca a inutilidade do Twitter.
  • Meio Bit: dá algumas dicas sobre como usar o serviço.
  • futuro.vc: texto bem completo sobre as várias maneiras de enviar novas atualizações ao Twitter.

Opiniões mundo afora (os textos a seguir são em inglês)

  • lifehack.org: sugestões para o bom uso do Twitter.
  • SplashCast: pistas para entender o sucesso do Twitter.
  • Scripting News: levanta dúvidas sobre o futuro do serviço.
  • Ten Zen Monkeys: a crítica ao Twitter mais divertida que já vi.
  • E L S U A: oferece dez motivos para usar o Twitter como reforço para as redes sociais.
  • 901am: mais cinco dicas para usar o serviço com produtividade.

Flickr? Plugins? Picasa?

Nada como um álbum de fotos de verdade...Quem gosta de fotografar e quer compartilhar seus registros na web tem diversas alternativas. Nos últimos anos, testei algumas delas. Nada de flogs, adianto logo. Minha idéia sempre foi exibir galerias de imagens, não fotos “perdidas”, fora de contexto. Ademais, flogs são reduto de miguxos e pouquíssimos ultrapassam a fronteira do narcisismo adolescente.

No WordPress, é possível criar galerias de imagens com o auxílio de plugins. Essa foi minha solução por mais de um ano. Há cerca de um mês, no entanto, desisti dos plugins de galerias. Não que não existam boas opções. Uma rápida prece a São Google, padroeiro dos curiosos, retorna várias alternativas, das quais destaco o Lazy-K Gallery, pela facilidade de instalação e possibilidade de comentários foto a foto; e o Popup Image Gallery, pela beleza e alta customização.

Por que desisti dos plugins? Porque galerias internas significam mais uma mão-de-obra para o blogueiro. Alguns plugins exigem ajustes a cada mudança de layout, para que a aparência das galerias fique condizente com o novo visual do blog. Em qualquer caso, fotos no mesmo servidor do blog implicam maior consumo dos recursos da hospedagem e um trabalho extra caso surja a necessidade de migrar o blog para outro serviço.

Dito isso, uma boa alternativa para hospedar os álbuns que costumavam ficar no Dia de Folga seria o famoso Flickr, certo?

Errado.

Uso o Flickr há alguns anos, embora não seja heavy user. Acho-o um serviço fantástico quando analisado como rede social. No melhor estilo web 2.0, é possível encontrar conhecidos, entrar em contato com gente interessante, pesquisar fotos sobre um determinado tema, compartilhar imagens.

Quando se trata, porém, de algo mais tradicional, no velho e bom estilo dos álbuns de papel, o Flickr deixa a desejar.

É que o serviço oferece tantos recursos, tantas opções, que alguém que passe por lá só para ver algumas fotos pode se assustar, especialmente se não tiver muita familiaridade com a web em geral, e com o Flickr em particular: “tantos links, em qual devo clicar?!”. Para complicar, o site é em inglês – problema nenhum para mim, mas fico imaginando minha avó, por exemplo, tentando se entender com aquelas letrinhas todas.

Aliás, foi justamente por achar o Flickr muito confuso para o público leigo que optei pela exibição das fotos dentro do blog, em primeiro lugar.

Então, meio por acaso, conheci com o Picasa na web.

Já conhecia o programa para desktop, que realmente cumpre o que promete: localiza e organiza todas as imagens no seu computador, até aquelas que você nem sabia que tinha. Nada mais lógico, já que localizar e organizar são as missões do Google. O software também é útil para pequenos ajustes, como redimensionamento de imagens, e até coisas um pouco mais complexas, como eliminação de olhos vermelhos.

Nunca tinha usado a versão online do Picasa, até que me ofereci para jogar para a web alguns cds de fotos de uma amiga. Já que ela não tinha preferência por nenhum serviço, resolvi me aventurar nos álbuns do Picasa na web. Em cinco minutos, já estava encantada com sua beleza e facilidade de uso.

Começa que, para quem já usa a versão para desktop, o Picasa na web é uma mão na roda. O software permite transferir tantas fotos quantas você desejar de uma vez, com um só clique, para um álbum já existente ou para uma nova galeria. As fotografias podem ser enviadas numa resolução inferior (1024 ou 1600 pixels de largura) àquela em que foram tiradas, o que facilita a sua visualização pelos visitantes, já que as imagens ficam mais leves. (Pessoalmente, reduzo as imagens antes de enviá-las em outro programinha, já que prefiro que tenham apenas 640 pixels de largura.)

Uma vez que os álbuns estejam na web, é facílimo gerenciá-los. Com um ou dois cliques, é possível reordenar as fotos dentro de cada álbum, apagar as indesejáveis ou transferir algumas para um novo álbum. Também é muito simples adicionar legendas a cada imagem e alterar a descrição da galeria. O Picasa na web oferece, claro, a possibilidade de publicar uma imagem num site externo, ou links para álbuns inteiros.

O Picasa na web permite que o visitante faça o download das imagens que desejar, ou assine o feed dos álbuns. Esses recursos podem ser desativados se o dono das galerias preferir. Comentários a cada foto também podem ser deixados pelos visitantes que tenham uma conta no Google. Cada álbum pode ser, ainda, definido como “público” (visível a qualquer pessoa que pesquise na web) ou “não listado” (nesse caso, só quem tiver o endereço direto para o álbum será capaz de vê-lo).

A melhor parte é a facilidade de navegação. O Picasa é inteiramente em português e as páginas são limpas, com poucos botões – apenas o essencial para que o visitante navegue confortavelmente entre álbuns e fotos, inclusive com a opção de exibi-las como slides.

Facilidade de manutenção, simplicidade na navegação, rapidez e economia dos recursos da minha hospedagem – o que mias eu poderia desejar para um álbum de fotos?

Se você quiser testar mais esse recurso do google, basta criar uma conta no Picasa na web, ou usar sua conta Google preexistente. Se desejar dar uma olhadinha no visual das galerias, visite os álbuns de fotos do Dia de Folga.

Você exibe fotografias na web? Se sim, que serviço utiliza, e por quê?

Boo-Box

O projeto mal foi lançado e a blogosfera já começou a falar dele. Trata-se do Boo-Box, mais uma forma de ganhar dinheiro com blogs. Vi a novidade no blog do Fabio Seixas, empolguei-me, fiz o registro para ser beta-tester e recebi um email informando que poderei implantar o serviço no Dia de Folga a partir de 26 de janeiro.

O projeto, criado por brasileiros, é bem interessante. O funcionamento é simples e pouco intrusivo: o blogueiro escreve um novo artigo, adiciona uma imagem e marca-a com a tag do serviço; quando o leitor clicar na foto, uma caixa com anúncios de produtos será aberta e, se ele comprar algo, o blogueiro receberá uma comissão. Mais fácil que explicar o funcionamento é vê-lo na prática.

Passada a empolgação inicial, comecei a ver defeitos no programa. Em primeiro lugar, ele é discreto demais, se é que você me entende. O leitor não tem nenhum aviso de que será exposto a propaganda, apenas uma caixinha quase imperceptível é inserida no canto da imagem. Tudo bem, quem quer ganhar dinheiro na rede gosta do AdSense (programa de anúncios do Google) justamente porque é pouco intrusivo, não incomoda o layout do blog e não aborrece o leitor. Acontece que o Boo-Box exagerou na dose. Quem clica numa imagem espera vê-la ampliada, quer observar melhor algum detalhe. Já temos esse condicionamento. O leitor que clicar numa imagem marcada com o Boo-Box, além de ter frustrado o seu objetivo de observá-la mais detalhadamente, esbarrará numa caixa de propaganda que lembra bastante os famigerados pop-ups, tão comuns antigamente e tremendamente incômodos (substituído, atualmente, por propagandas em flash igualmente chatas).

Por outro lado, qual é o percentual de visitantes de blogs que clica em imagens?! Como leitora, até gosto de ver artigos ilustrados, mas as fotos são mero complemento ao texto – a palavra é que me chama a atenção, é ela que me atrai e mantém-me no blog. Os links que, eventualmente, aparecem no texto têm várias vezes mais chances de serem clicados do que as imagens, pelas quais os olhos só passam rapidamente.

Por essas razões, estou muito inclinada a não adotar o Boo-Box aqui no Dia de Folga.

Passe no site oficial do projeto, dê uma olhada na demonstração e comente sobre o projeto.