5 Razões Para Não Usar Sacolas Plásticas

Razões Ecológicas

1. Sacos plásticos tradicionais são feitos de petróleo, recurso não-renovável e cuja exploração e refino trazem danos ao meio-ambiente – às vezes, em proporções catastróficas, como os derramamentos de óleo que destróem fauna e flora em largas extensões.

2. Sacos de plástico descartados demoram cerca de 500 anos até serem decompostos pela ação da natureza. Enquanto isso, vão se acumulando em bueiros – contribuindo para as enchentes em áreas urbanas -, aterros e cursos d’água. Além disso, matam animais por sufocamento.

3. Sacolas plásticas não embalam somente suas compras. Descartadas incorretamente, embrulham lixo que poderia se decompor muito mais rapidamente em contato direto com o ambiente.

Razões Práticas

4. Sacolas grandes e resistentes agilizam a guarda da compra no mercado. Abrem rapidinho e comportam muita, muita coisa.

5. Sacolas grandes com alças confortáveis são mais fáceis de carregar. Aquele mundo de saquinhos gera um mundo dobrado de alcinhas que têm que passar pela mão e, não raro, acabam machucando – isso quando não arrebentam no meio da rua.

Sacola Retornável da Rede Ecoblogs Por que esse papo? Porque hoje é Dia Mundial do Meio Ambiente; porque o blog Faça a sua parte promove, hoje, uma blogagem coletiva sobre o tema; e porque justo esta semana ganhei da querida Lu Freitas uma sacola linda, oferecida pela Rede Ecoblogs.

A sacola da Ecoblogs tem o diferencial de ser fabricada com fibra de garrafa pet (como aquelas dos refrigerante de 2 litros). A Rede Ecoblogs e a Fundação Mapfre mostram que estão sintonizadas com o pensamento 3R: Reduzir, Reutilizar, Reciclar.

Para você ter uma idéia do que cabe na sacola, olha só a compra da semana no verdurão (e ainda sobrou espaço):

Cabe a feira da semana

Aliás, o uso de super-sacolas como esta trouxe um benefício pessoal extra: descobri que elas são uma excelente medida para fazer compras de hortaliças que durem uma semana – nem mais, nem menos. Quando o conteúdo do carrinho não cabe na sacola, já sei que vou precisar inventar moda para fugir do desperdício.

As 5 desculpas mais comuns para usar sacos de plástico

“Ah, mas você coloca congelados e verduras juntos?”

Eu sei, sua mãe ensinou a separar tudinho – a minha também. Só que nenhuma hecatombe acontecerá se você misturar manteiga e frutas, ou se colocar a pasta de dentes junto do pacote de pão. Em casa, você separa.

Claro, se você vai demorar para chegar em casa e o congelado pode molhar a caixa de macarrão, use o saquinho plástico. Se o produto é muito frágil (como amoras, ou ovos), o saco de plástico também é útil. Esses, você pode reaproveitar como saco de lixo doméstico.

“Eu já reaproveito os sacos plásticos como sacos de lixo!”

Duvido que você consiga reaproveitar todos. Muitos se rasgam no caminho do mercado até sua casa. Outros são pequenos demais. Outros não cabem no puxa-saco e vão direto para dentro do lixo. E por aí afora.

Se você usa 100% dos seus sacos plásticos para acondicionar lixo, das duas uma: ou você produz lixo demais, ou faz compras de menos. 😉

“Mas não dá pra carregar essa sacola enoooorme pra cima e pra baixo!”

As sacolas são dobráveis, levinhas e ficam muito bem dentro do carro, da bolsa, da pasta ou da mochila.

“Essas sacolas são caras! Você só usa porque ganhou de presente.”

Sacolas retornáveis da rede Pão-de-Açúcar Na-na-ni-na-não. Há modelos de grife por aí, mas também existem alternativas baratinhas. A sacola da Rede Ecoblogs se junta às minhas duas do Pão-de Açúcar, de TNT, que custam 4 ou 5 reais cada e já duram cerca de um ano. Não sai caro colaborar com o meio ambiente.

“Mas é que o vendedor/empacotador/moço-da-banca-de-balinha já vai colocando as coisas no saco…”

Ele não ficará chateado em usar a sua sacola para guardar as compras, acredite. Se a mercadoria é pequena – balinhas, uma revista, um cd -, avalie se não é possível levá-la na bolsa, ou mesmo na mão, e recuse o saquinho.

Bem sei que nem sempre dá pra evitar a sacola de plástico, mas qualquer redução no consumo já é benfazeja ao meio ambiente.

Faça pequenas alterações nos seus hábitos. Repense comportamentos automáticos. Reveja seu dia-a-dia. Não espere por grandes gestos de governantes ou empresas. Faça o que você pode, hoje. São as pequenas atitudes que, somadas, fazem uma grande diferença – para bem ou para mal.

Vá pentear macaco-aranha, Obama!

Macaco-aranha Não bastassem os ecochatos, que prestam um desserviço ao debate ambiental há décadas, destaca-se atualmente uma outra espécie irritante: os ecodemagogos. Semana passada foi a vez do quase-candidato democrata à presidência dos Estados Unidos, Barack Obama proclamar que a Amazônia é um “recurso global”. O recado, pra lá de óbvio, não passou batido ao jornal The New York Times, que publicou em 18 de maio a matéria De quem é a Amazônia, afinal? (em inglês – no Último Segundo há uma tradução), destacando opiniões favoráveis à internacionalização da floresta – da nossa floresta.

Soberania nacional? Integridade territorial? Pelo visto, Obama e outros formadores de opinião por aí desconhecem esses conceitos – quando se referem ao país alheio, claro. Quer apostar que a reação seria bem diferente se alguém sugerisse a internacionalização da Floresta Boreal do Alasca, por exemplo?

Que se fale em proteção da Amazônia, em responsabilidade do Brasil por cuidar dela, em estipulação de padrões mínimos de conduta, até aí, tudo bem. Não defendo a falácia “ah, eles destruíram o que é deles, logo podemos destruir o que é nosso” – embora a premissa seja verdadeira, um erro não justifica o outro.

Mecanismos de controle do desmatamento, aliás, existem. Na verdade, o simples boicote do comércio internacional a produtos oriundos da exploração predatória da Amazônia já faria um belo trabalho, sensibilizando os produtores onde realmente dói – mas ninguém quer isso, não é? Todos lucram com a devastação da floresta. A diferença é que uns são mais demagogos que outros.

Enfim. É justo e necessário que haja uma preocupação com a preservação e que se discutam regras de exploração racional dos recursos florestais. Agora, dizer que a Amazônia é “do mundo”, que se trata de um “recurso global”, um “patrimônio natural” ou o que quer que seja já é passar dos limites do discurso sensato. Brasília, a cidade em que moro, é patrimônio cultural da humanidade e nem por isso está aberta ao domínio estrangeiro.

Do jeito que a coisa vai, acabo virando republicana.

Foto: Sir. Keko (link para a imagem).

Marina Silva pediu demissão do MMA

Marina Silva Lembrei-me do texto Um passo à frente, dois atrás, que publiquei aqui no DF no fim de 2007. A saída de Marina Silva do comando do Ministério do Meio Ambiente representa exatamente isso: um retrocesso, um atraso tremendo na política ambiental brasileira – provavelmente, o seu fim. Isso menos de uma semana depois da notícia de que a cana-de-açúcar já ocupa o segundo lugar na nossa matriz energética. Como eu disse: um passo à frente, dois – ou dez – atrás.

Com a partida de Marina Silva, cai um dos pouquíssimos bastiões de integridade do governo Lula. No que tange ao meio ambiente, descem por água abaixo quaisquer esperanças de um desenvolvimento sustentável, em que o interesse coletivo seja colocado em primeiro lugar.

Marina lutou bravamente enquanto esteve à frente do MMA, com uma determinação que contraria sua imagem frágil de quem já sofreu muito. Perdeu quase todas as lutas para interesses financeiros, corporativos e imediatistas. Percebeu a iminência da sua última derrota ontem, quando era claro que seria aprovava a medida provisória que amplia a extensão das áreas da União que podem ser exploradas e desmatadas na Amazônia sem a necessidade de licitação, medida provisória esta que veio para legalizar a situação de criminosos.

Hoje deveria ser um dia triste para todos que se preocupam com o meio ambiente e com o Brasil.

Serviço

Foto: Agência Brasil, encontrada na Wikipédia.

Cana-de-açúcar já é a segunda fonte de energia do Brasil

Plantação de Cana-de-Açúcar Deu ontem na Folha Online: Cana-de-açúcar se torna segunda fonte de energia no Brasil. Segundo os dados de 2007, a cana-de-açúcar já responde por 16% da matriz energética brasileira, atrás apenas do petróleo e seus derivados, com 36,7%. A energia hidráulica caiu para o terceiro lugar, com 14% de importância.

Em meio a toda a polêmica que se criou em torno da produção de biocombustíveis, é um alento e uma esperança ouvir uma boa notícia como esta.

Polêmica, diga-se, mal-intencionada na maioria dos casos. Lula falou bem ao declarar, em outras palavras, que ninguém fazia/faz tanto fuzuê quando o assunto é aumento de preços do petróleo, mesmo sendo de conhecimento geral o impacto enorme que ele causa sobre toda a cadeia produtiva; no entanto, é só a produção de biocombustível se tornar interessante – e concorrente – que lá vêm as críticas. (De vez em quando, bem de vez em quando, o Lula manda bem.)

Boa parte das críticas derivam da comparação da produção de etanol a partir da cana-de-açúcar com a produção do mesmo combustível a partir do milho, querendo atribuir à primeira os problemas inerentes à segunda – e isso é comparar alhos com bugalhos. Quem faz tal associação, ou ignora completamente o assunto ou está, realmente, cheio de más intenções.

Em linhas gerais:

Corn FlakesA produção de cana-de-açúcar não concorre com a de alimentos. No caso do milho, essa concorrência é direta (os norte-americanos, que têm se dedicado ao cultivo do milho para etanol, utilizam o mesmo grão em larga escala na sua alimentação) e indireta (por lá, o milho serve de ração para o gado).

O álcool de cana é muito mais barato que o de milho. O galão de gasolina custa 27% mais que a quantidade equivalente de etanol de cana (já considerado que o consumo deste é 30% maior); comparada ao etanol de milho, a gasolina custa 18% a menos.

O etanol de cana é muito menos poluente que o de milho. A gasolina libera 20,4 libras de gases causadores do efeito estufa a cada galão queimado; o álcool de milho libera 16,2 libras; o álcool de cana libera apenas 9 libras – 56% a menos que a gasolina usada no Brasil, que traz 25% de álcool e, portanto, já polui menos que a norte-americana. A depender da gasolina, a redução na poluição chega a 90%.

– O etanol de milho consome, na sua produção, tanto combustível fóssil que quase não compensa o que economiza de carbono na queima, em relação à gasolina. Já o etanol de cana produz 8 vezes mais energia consumindo a mesma quantidade de combustível fóssil.

Pode-se reduzir a zero o consumo de combustível fóssil para a produção do álcool de cana: basta usar seu próprio bagaço na geração da energia necessária para a produção do etanol. Várias usinas brasileiras fazem isso, dispensando o consumo de petróleo e derivados e de eletricidade.

Claro que, nessa equação, há outros dados a considerar. O Brasil tem 4 grandes desafios para a produção de um biocombustível realmente limpo:

Limitar a expansão das plantações de cana-de-açúcar sobre terras dedicadas à agricultura de alimentos e à pecuária. Hoje, cerca de apenas 2% da terra arável do país é ocupada com cana-de-açúcar. Esse percentual pode aumentar, desde que racionalmente. Há terras ociosas aos montes no país, além de espaço para o incentivo à mecanização da agricultura e à pecuária intensiva, gerando maior produção por hectare.

Impedir o avanço da cana sobre a floresta amazônica. Atualmente, as maiores agressões à Amazônia vêm de madeireiros e plantadores de soja. Para que venham dos canaviais, basta que a cana se torne mais lucrativa que a madeira e a soja – e aí, ao custo da floresta amazônica, será difícil convencer o mundo de que o álcool de cana vale a pena.

Eliminar o trabalho penoso, degradante e, às vezes, em regime de escravidão a que estão sujeitos, hoje, boa parte dos cortadores de cana. A mecanização é um caminho necessário. Sim, trará desemprego, mas o trabalho em condições subumanas não se justifica em nenhum cenário.

Erradicar a prática das queimadas, usadas para facilitar o corte da cana e responsáveis por uma alta liberação de gases causadores do efeito estufa.

O jogo consiste em dominar a ganância e trabalhar a favor da produção sustentável – algo em que o Brasil não costuma ser bem-sucedido. Não dá para esperar que esse equilíbrio entre lucros e danos seja atingido pela simples conscientização dos produtores. A palavra-chave é fiscalização, acompanhada de rigorosa punição aos infratores – as leis já existem, basta aplicá-las. Infelizmente, o governo brasileiro é mal-aparelhado, ineficiente e pouco preocupado em fazer valer a lei.

O problema é que, se o custo do álcool de cana for alto, traduzindo-se na exploração humana e no desmatamento, não há carbono zero na saída que convença o mundo de que o preço na entrada vale a pena.

Os dados que comparam o etanol de cana ao de milho e à gasolina
foram retirados da National Geographic Brasil de outubro de 2007.

Créditos das imagens: jesuino e woodsy.