7 Considerações

No começo da semana, uma amiga se queixou: “pô, você nunca fala de você no blog!”. É que a proposta do Dia de Folga não é a de blog-diário, sabe?

Só que outro dia, revendo meus rascunhos, achei um convite para meme recebido há meses (há mais de ano, na verdade… vergonha, vergonha). Juntando a fome com a vontade de comer, faço sete considerações casuais sobre mim:

1. Meus cds são arrumados em ordem alfabética e a regra é a mesma das bibliotecas: “Favor não recolocá-los nas estantes”. Meus amigos podem bancar os DJs, mas só eu rearrumo os cds.

2. Tenho cerca de quarenta livros não lidos. Compro e ganho livros numa velocidade maior do que consigo consumi-los.

3. Não tenho a paixão por sapatos que a maioria das mulheres tem, possivelmente porque todo par me machuca em um canto ou outro. Em compensação, tenho casacos suficientes para uma vida inteira.

4. Posso ficar sem televisão, sem sair de casa, sem falar ao telefone, mas não dou conta de ficar sem internet.

5. Vivo de dieta. Consequentemente, vivo quebrando a dieta.

6. Adoro Brasília, mas preciso viajar pelo menos uma vez por ano e passar alguns dias numa cidade de verdade, seja ela qual for.

7. Tenho horror ao comunismo. Não suporto o que Fidel Castro, Che Guevara e afins representam.

Deixo o meme aberto – quem quiser, está convidado a segui-lo.

Obra Completa de Machado de Assis de Graça

Não me lembro de um tempo em que não gostasse de ler. Na formatura do Pré (ou Alfabetização, ou CA), fui a oradora da turma. Com o tempo, viajar nas letras passou a ser um dos meus brinquedos preferidos.

Machado de Assis - Obra Completa Quando chegou aquela época em que a escola começa a cobrar a leitura de trocentos paradidáticos por ano, todos voltados para o vestibular, achei ótimo. Foi nessa época que conheci Machado de Assis, primeiro em Memórias Póstumas de Brás Cubas (um dos meus livros favoritos até hoje), depois em Dom Casmurro, Quincas Borba e outros textos. Foi paixão instantânea.

(É dessa época, também, meu horror a José de Alencar, mas isso já é outro assunto.)

Por gostar tanto desse que que por muitos é considerado o maior escritor brasileiro de todos os tempos, e um dos maiores do mundo, é que achei estranho o centenário da morte de Machado passar em brancas nuvens. Foram poucas as movimentações em torno da data (precisamente, 29 de setembro). Claro, a FLIP 2008 o homenageou, mas a minha impressão (como quem não esteve na FLIP, diga-se) é que os estrangeiros – Neil Gaiman e tal – foram as estrelas.

Talvez por estarem vivos, é verdade. Talvez porque muita gente ainda pensa que só o que vem de fora é que é bom. Talvez porque somos um povo que lê quase nada e que acredita que Paulo Coelho é um excelente escritor – está até na Academia Brasileira de Letras (ah, se Machado visse isso… imagino o que não escreveria a respeito). Talvez porque não dê dinheiro falar de Machado.

Felizmente, uma excelente iniciativa governamental deu algum alento: é o site Machado de Assis – Obra Completa, hospedado no portal do Ministério da Educação. O endereço reúne os textos machadianos (inclusive alguns pouco conhecidos, como poesias e traduções) e os oferece ao público em pdf ou html, gratuitamente. Também traz, entre outras coisas, uma biografia e vários ensaios sobre a obra de Machado, disponíveis para download.

Enquanto o maior best-seller de todos os tempos da última semana custa, digamos, cinquenta reais, você pode baixar todos os livros de Machado de Assis ao custo de um poucos cliques. Que tal, pra variar, dar uma chance a um clássico da literatura universal? Sem preconceitos, sem dizer “ah, é difícil”, sem preguiça. Você vai se surpreender.

Se o problema todo é que ler no computador é cansativo, não se preocupe: os livros de Machado de Assis já estão em domínio público, o que significa que suas reimpressões são baratinhas, em qualquer livraria perto de você.

Serviço

Imagem: Machado de Assis – Obra Completa.

A Ciência Médica de House

A Ciência Médica de House Norte-americanos têm um talento especial para capitalizar em cima de qualquer filme ou seriado – na verdade, em cima de tudo que se torne popular. Desde revistas em quadrinhos até brinquedos da Disney, passado por bonecos, os caras inventam tudo. Agora, a moda são os tais universos expandidos, como fizeram para Lost e Heroes. Os fãs, claro, consomem tudo que podem, seja dedicando seu tempo, seja abrindo a carteira.

Provavelmente, o modelo de exploração mais tradicional são os livros, graças ao seu baixo custo, tanto para quem produz quanto para o público, e à sua capacidade de alimentar a imaginação. Há centenas de histórias sobre Star Trek, Star Wars e Arquivo X, por exemplo, que jamais estiveram nos planos dos seus idealizadores. Às vezes, não passam de fanfics – contos ou romances escritos por fãs, que circulam livremente na internet e, antes, ocupavam os fanzines “de papel xerox”. Algumas histórias são publicadas e, eventualmente, passam a integrar a mitologia oficial das produções. Também há as novelizações de filmes e episódios.

E, claro, existem os livros de referência. Enciclopédias, dicionários, guias de episódios, de civilizações, de citações, de lugares, de comidas que tal seriado exibiu… tudo que possa ser catalogado/copiado/listado vira livro de referência. É óbivo que todos são caça-níqueis – afinal, você paga (caro, às vezes) por eles. Alguns não passam disso (para que, em nome do Grande Pássaro da Galáxia, alguém precisa aprender a falar klingon?). Outros são realmente bons, interessantes e inspirados, como os livros da coleção “________ e a Filosofia”.

Quando vi A Ciência Médica de House, fiquei na dúvida sobre que tipo de caça-níqueis seria. Comprei, li e, oh boy, é caça-níqueis do tipo bom.

Se há uma queixa, é a de que o livro foi escrito cedo demais. Os episódios usados como exemplos pelo autor, jornalista especializado em medicina (daí a linguagem acessível do livro), limitam-se às duas primeiras temporadas da série. Algumas descrições do livro seriam perfeitamente ilustradas por episódios mais recentes, como o da histeria coletiva (Airbone, episódio 18 da terceira temporada – e sim, isto foi um spoiler, mas o episódio já passou no Brasil há um ano). No mais, não há o que reclamar.

Uma das melhores coisas da ficção é que você aprende sobre assuntos com os quais, normalmente, não teria contato. “________ e a Filosofia” aprofunda esse processo muito bem, discorrendo sobre conceitos filosóficos ao analisar séries e filmes. A Ciência Médica de House tem a mesma qualidade, apoiando-se na série a fim de traduzir aspectos da medicina para o público leigo: como funcionam exames e testes; o sistema de saúde norte-americano; a burocracia; o processo de diagnóstico e por aí afora.

House M.D. - divulgação da quarta temporada Outro aspecto muito interessante é a análise do comportamento do Dr. Gregory House. O autor destaca que, na vida real, um médico arrogante, viciado e prepotente como House não duraria nada num hospital-escola, ainda que fosse um gênio do diagnóstico. Aliás, não duraria em canto nenhum e mal teria tempo para fazer outra coisa além de defender-se em tribunais. A agravante é que, na vida real, não há ninguém tão sagaz a ponto de fazer os diagnósticos mais brilhantes e prescrever os tratamentos mais obscuros sem obedecer às normas e sem cometer, no processo, muitos erros médicos.

Os últimos parágrafos do livro (ora, não é um romance, não estou “estragando o final”) resumem bem a idéia:

Um renegado médico brilhante, como o dr. House, que marcha sobre a burocracia e a convenção médica em sua batalha individual para salvar seus pacientes, é muito mais interessante do que os metódicos médicos que seguem as diretrizes e os protocolos mais recentes, tentando não causar mais mal do que bem com seus testes e tratamentos.

No entanto, quando você entra em um avião para atravessar o país, está procurando diversão ou um vôo sem sustos que o leve de maneira segura para o destino informado em seu bilhete? E se um dia precisar ser hospitalizado, com sua vida em jogo, que tipo de médico você realmente vai querer que esteja no controle de seu caso?

O público assiste a House e imagina se as doenças mirabolantes que aparecem no seriado são mesmo possíveis. Talvez também se pergunte se um médico como Dr. House é possível. Bem, surpreendentemente, o livro indica que as doenças da série são muito mais factíveis que seu protagonista.

Mas quem se importa? Eu quero é diversão.

Ficha Técnica

  • Título original: The Medical Science of House, M.D.
  • Autor: Andrew Holtz
  • Primeira edição (nos EUA): 2006.
  • Editora: Best Seller
  • Páginas: 283
  • Pesquise preços de A Ciência Médica de House.

Imagens: divulgação.

Resultado da promoção “Como Falar Bem em Público” – finalmente!

Como Falar Bem em Público Dizem que é melhor demorar que falhar, mas esse atraso todo estava absolutamente fora dos meus planos. Afinal, a promoção para ver quem ganharia o livro Como Falar Bem em Público encerrou-se há mais de duas semanas!

Agradeço aos leitores que compartilharam seus micos suas histórias sobre como falar em público pode ser embaraçoso. Foi um páreo duro escolher a melhor delas. No fim das contas, pesou a minha identificação com o causo.

Vai daí que o ganhador do livro é o Meyviu, do blog Surrealismo do Acaso. A história dele envolve a defesa da monografia final de curso, a audiência da turma inteira e um “branco” que o fez pular a parte mais importante da apresentação, precisando do socorro da banca para recuperar o fio da meada.

Qualquer dia, conto por aqui como foi a minha defesa de monografia…

Quem se interessou pelo livro pode fazer uma pesquisa por Como Falar Bem em Público no JáCotei e encomendar já seu exemplar – vale a pena!