Campus Party – quase estarei lá!

Você já sabe o que é o Campus Party? É a maior reunião de geeks por metro quadrado que esse país já viu. Acontecerá entre os dias 11 e 17 de fevereiro, no Parque do Ibirapuera em São Paulo. O evento ocorre na Espanha desde 1997 – é a primeira vez que acontece fora de lá.

O Campus Party é dividido em áreas. Este ano, pela primeira vez, uma das áreas é totalmente dedicada aos blogs. O CampusBlog é mérito da Lu Freitas que, de tanto que trabalha, está mais para formiga que para joaninha. A programação é de primeiro nível e muita, muita gente boa vai passar por lá. Imagina se eu não queria participar? Acontece que tenho outra viagem na mesma época.

Bom, de qualquer jeito, eu não poderia ficar completamente de fora dessa festa. Vai daí que fiquei sabendo que uma blogueira – ainda anônima – vendeu o corpo para participar do CParty. Ou melhor, vendeu publicidade na roupa dela E, adivinha?, o Dia de Folga estará lá, na companhia de outros blogueiros, marcando presença:

Participação do Dia de Folga no Campus Party

Quer saber quem mais comprou um pedaço do corp, digo, da roupa da blogueira? Leia os textos:

Atualização em 15.02.2008: agora todos já sabem que a blogueira que vendeu o corpo foi a Nospheratt! Veja as fotos tiradas pelo Rafa (clique para ampliar):

A blogueira que vendeu o corpo para ir ao Campus Party

A blogueira que vendeu o corpo para ir ao Campus Party

Ó, Minas Gerais…

Então, sô. Criei coragem e encarei 11 horas de ônibus para Belo Horizonte, a fim de participar do primeiro BlogCamp MG. Se valeu a pena? Ô! Embora haja quem diga que estamos todos caminhando para uma latrina mambembe, são esses encontros que fortalecem a blogosfera e contribuem para o seu crescimento como mídia.

Minhas impressões do evento estão no BlogCamp Brasil: Anotações sobre o BlogCamp MG. As fotos (minhas e de um monte de gente) estão no Flickr.

Como nem tudo se resumiu à desconferência, lá vão algumas observações aleatórias e absolutamente casuísticas.

A viagem

Se não fosse o tempo perdido na estrada e o cansaço que decorre das longas horas, viajar de ônibus seria minha opção preferencial, sempre. Poltronas largas (se comparadas às de um 737) e bastante reclináveis, apoio para as pernas, manta e travesseiro. Só se assemelha às empresas aéreas no lanche: barrinha de cereal, saquinho de amendoim e umas balas vagabundas.

Dica de viagem de uma amiga: escolha a poltrona 23. A chance de viajar sem ninguém ao lado é de 50%. Funcionou comigo.

O hotel

Sem a menor referência sobre Beagá, consultei São Google em busca de um abrigo. Encontrei uma relação de hotéis em Belo Horizonte. Escolhi a hospedagem pelo menor preço, claro.

E quebrei a cara, claro.

O tal hotel era, teoricamente, bem localizado e primava pela higiene e conforto. Na prática, situava-se na frente do baixo meretrício da cidade, o banheiro era revestido com pastilhas do tempo do guaraná de rolha que, de tão velhas, estavam encardidas e a cama só deu para o gasto porque eu chegava tão cansada que desmaiava. O café-da-manhã era esquecível.

Ao menos, não entrei sozinha nessa fria. Indiquei o hotel ao Fugita, que espalhou a informação. Helder, Bruno Dulcetti, Thiago Mobilon e Mirian Bottan foram vítimas. Espero que não se unam numa vingança blogosférica – eu não tive culpa!

A volta da Pampulha

O Fugita tinha perguntado o que eu pretendia fazer na sexta-feira. Minha idéia era conhecer o complexo da Pampulha: lagoa, igreja de São Francisco de Assis, estádios, zoológico, parque ecológico… Fugita e Helder toparam, pegamos o ônibus e começamos o passeio.

Só não sabíamos que o percurso da lagoa tem 18 (é, DEZOITO, não oito) quilômetros. Não, ninguém se lembrou (a tempo) que é por lá que acontece a volta da Pampulha, corrida famosa de Beagá.

Poderíamos ter dado meia-volta e nos contentado com um passeio curto, mas nãããão! Num surto de insanidade coletiva, resolvemos andar os 18 quilômetros.

Lá pelas tantas, juntou-se a nós Rafael Silva (vulgo RafaCast), que deveria estar cheio de gás, mas foi o único a desistir no meio do caminho.

O pior não foi fazer a caminhada. Nem foi almoçar às 5 da tarde. Nem foi ficar meio morta de tanto cansaço. O pior mesmo foi ter torrado até ficar roxa, cheia de dor e com febre. Cada abraço, no dia seguinte, provocava uma lamentação. Haja analgésico pra suportar.

Chegamos!Ao menos, demonstramos que blogueiros geek são capazes de praticar exercícios…

Os intervalos

A melhor parte dos BlogCamps. Não que as desconferências não sejam boas. Elas são como pizza: até quando são ruins, valem a pena. Acontece que são os intervalos que propiciam a interação, o contato, o tal networking. Não faltou tempo para isso nos lanches, almoços e botecos.

Pude rever gente legal e sobrou tempo pra bater papo: Ian Black, Conrado Navarro, Norberto Kawakami, além da Mirian, do Mobilon, do Fugita e do Helder.

Conheci mais gente pessoalmente: Rafael Arcanjo, Ronaldo, Maysa, João Nababu, Guilherme Valadares, Pedro Villa Lobos, Marcellus, Rafael Apocalypse, Bressane, Esparroman (há!, lembrei quem você é!) e ainda o Dulcetti e o RafaCast (e mais gente que, certamente, estou esquecendo).

De quebra, ainda falei com a Nospheratt, direto do Uruguai, via Skype. 🙂

O próximo evento

BlogBar BrasíliaOs blogueiros já se agitam para o BlogCamp PR, em primeiro de dezembro. Como dinheiro não dá em árvore (nem no Dia de Folga), vou ficar de fora dessa.

Em compensação, estamos preparando o primeiro BlogBar Brasília, no dia 30 de novembro. Blogueiros do quadradinho do Cerrado, uni-vos!

O BlogCamp MG está chegando

Decidi seguir viagem para Beagá e participar do BlogCamp MG em cima da hora, mas a tempo de ganhar meu Coolnex Card:

Coolnex Card do Dia de Folga

Valeu, Rafael Arcanjo, pela inclusão, sem mencionar a idéia de desenvolver os Coolnex Cards para essa edição do BlogCamp, e todo o empenho na organização do evento. E valeu ao Celso Junior, que pegou essa imagem com definição sofrível e conseguiu ajeitar o suficiente para virar cartão. Atualização: parabéns ao Nick Ellis pelo design – nope, eu não sabia que era obra sua. 😉

Quer conhecer os outros cards? Visite o blog do Arcanjo. Um mais bonito que o outro – e o meu no meio, com uma logomarca feita a marretadas por esta que escreve, mas não desenha nem casinha com chaminé (novidades em breve…).

Já no ritmo do próximo fim-de-semana, o Norberto Kawakami promove um esquenta e pede algumas opiniões.

(…) Blogurinhas, os super-trunfos, as garrafas de vodka, os tazos, etc, etc, etc… Será que isso é interessante para atrair público não-blogueiro? E se queremos atrair esse público fora da blogosfera, não remamos contra a maré quando fazemos esse tipo de divulgação?

O Norberto se refere a uma série de iniciativas umbiguísticas, autocentradas e divertidíssimas. Tratam-se de brincadeiras criadas por e para blogueiros – e, realmente, desinteressantes para os não-iniciados, embora possam valer pela graça e pela sugestão de leitura de vários blogs.

A blogosfera é infinita. Acredito que haja espaço de sobra para essas iniciativas. O que não dá é para ficarmos só nisso. Blogueiros precisam falar para todos, não apenas para outros blogueiros, sob o risco de nos confinarmos numa cabeça de alfinete. Há um mundo lá fora!

Podemos falar em “internet mineira”? O mineiro reproduz online o mesmo comportamento que tem na “vida real”? Minas Gerais está adiantada ou atrasada em termos de internet, tanto do ponto de vista corporativo quanto do ponto de vista “civil” (blogs influentes, comunidade online forte, cultura online específica, etc)?

Não creio que seja possível segmentar tanto assim a coisa, reproduzindo online padrões ou estereótipos da vida offline.

Quando leio um blog, não reconheço imediatamente a região geográfica a que pertence o blogueiro, a não ser em casos específicos – quando o blog é focado na sua cidade, ou se caio exatamente em um artigo com referência geográfica. Não existe a coisa do sotaque, do gestual e, geralmente, nem as gírias denunciam a origem do blogueiro (claro, há exceções).

Acho ótima essa sensação de mundão grande sem porteira, ainda que, na hora de participar (ou não poder participar) de eventos, a realidade das distâncias apareça.

Os blogs devem necessariamente passar pelo âmbito jornalístico? Por que sempre que se fala em blogs e de sua credibilidade, sempre temos que nos basear no jornalismo cidadão? Não podemos encará-lo (o blog) apenas como uma ferramenta? E sua credibilidade, apenas um retrato do modo como o seu autor se utiliza dela?

Não. Por vício pseudopurista. Sim. Sim.

Sendo menos lacônica: blogs não são jornais, não querem ser jornais e não precisam ser jornais para sobreviver. Muito menos precisam ser o tipo de jornal formatadinho, convencional, que você deixaria na sala de espera do seu escritório.

Blogs são, sim, ferramentas de publicação, e cada um faz delas o que bem entender.

Houve uma discussão, faz alguns meses, sobre a responsabilidade/credibilidade dos blogs. Rolou até meme – um dos que ficaram na minha lista de textos a publicar. Eis aqui uma boa oportunidade de respondê-lo.

Eu lido com o Dia de Folga pensando em relevância, credibilidade, opinião embasada. Para isso, preciso ser responsável. Se comento sobre um filme, isso quer dizer que vi o filme, não apenas peguei um resumo da Veja e parafraseei. Também não me limito a dizer “o filme tal é uma droga” ou “é maravilhoso” – eu digo porque acho isso ou aquilo. Quando publico uma receita, eu fiz o prato. Quando opino, dou meus argumentos para que você possa concordar ou discordar.

Agora, essa é a minha forma de encarar. Tem blogueiro que escreve chamariz, prometendo entregar a última capa da Playboy, e sequer indica um link para as fotos – direito dele. Tem blogueiro que faz mera compilação de notícias, sem acrescentar sua opinião – direito dele. Tem blogueiro que copia receita de portal e sequer testa – adivinha? Sim, direito dele.

Tem blog de humor, blog sobre blogs, blog miguxo, blog querido-diário, blog corporativo… se a internet é o meio mais democrático que existe, os blogs são a expressão máxima dessa democracia. Nunca haverá homogeneidade (felizmente!) e, portanto, jamais será possível aplicar um conceito de responsabilidade universal.

Aliás, na mídia tradicional também não há padrões absolutos de responsabilidade ou credibilidade. Cabe ao consumidor de informações, venham de onde vierem, fazer o seu próprio filtro, ler o que lhe interessa, diferenciar o Caderno C do Caderno de Economia, o telejornal vespertino do documentário, os classificados da matéria paga.

IG e Interney, encontros com Yahoo, IG, outros, Via6 criando a NossaVia com o Boombust, BlogBlogs em reformulação se turbinando para turbinar os blogs, fora outras iniciativas que ainda não vieram à tona mas que sabemos que estão em períodos de incubação. Isso é a transformação definitiva dos blogs e dos blogueiros em mídia relevante e aceita? Quais os requisitos a serem preenchidos para estarmos capacitados a não ficar de fora dessa onda? O que temos que saber e dominar? Só os blogs e blogueiros “famosos” (nossas Miss Cangaíbas) terão oportunidades interessantes? Onde estão os blogs pequenos de nicho ainda não projetados?

Definitivamente, a blogosfera brasileira está na direção de se consolidar como mídia relevante. Toda a blogosfera? Não. Como eu disse, muitos blogueiros não almejam essa tal relevância (alguns, imagine você, nem desejam fama ou fortuna).

O fato é que estamos engatinhando por aqui. Blogueiros norte-americanos são chamados para cobrir lançamentos de produtos ou eventos políticos, enquanto nós mendigamos amostras grátis para resenhas pagas. Ainda temos um longo chão a percorrer, muito Café.com Blog, muita aglutinação em rede, muito diálogo, ajuste e trabalho, muita saliva e pixels gastos repetindo os mesmos conceitos, reexplicando blogs, desenhando a coisa de novo e novamente.

O novo espaço que surge no horizonte não é exclusivo para blogueiros “famosos”. Está aberto a todos que tenham interesse e competência para produzir conteúdo e que estejam dispostos a ralar o suficiente para alcançar um lugar ao sol. Veja, por exemplo, o Dinheirama. Em fevereiro de 2007, nem existia. Nove meses depois, é autoridade na web quando se trata de finanças pessoais, tem uma baita comunidade de leitores e quase 2.000 assinantes de feed. Não é feitiçaria, é tecnolog, digo, competência e trabalho árduo.

A gente se encontra e continua o debate no BlogCamp MG, dias 17 e 18 de novembro. Ou a qualquer momento, num navegador perto de você.

Café.com Blog e empresas de tecnologia

Café.com BlogNo último dia 06, aconteceu em São Paulo o Café.com Blog, projeto em parceria de Lu Freitas, Manoel Netto e Manoel Fernandes. De um lado, blogueiros; de outro, representantes de empresas de tecnologia. E foi assim mesmo – cada um de um lado. Apesar da tentativa de misturar os dois times em cada mesa, o entrosamento não foi lá essas coisas, não.

Não é que blogueiros sejam arrogantes; simplesmente, respiramos internet. Para alguns de nós, blogar é hobby, mas daqueles bem exigentes, em que estamos ligados a todo minuto; para outros, é meio de vida mesmo. A primeira palestra, sob o comando de Aloísio Sotero, ignorou tudo isso e quis ensinar padre-nosso ao vigário por meia hora.

A palestra seguinte, da Forrester, foi mais interessante (e mais curta), trazendo dados e conceitos recentes, explicando como procedem à avaliação de blogs – basicamente, uma equação em que entram as variáveis “custo”, “benefício” e “risco” – e ressaltando o papel dos blogs na formação da opinião dos consumidores.

Depois, a rodada de perguntas, das quais a mais interessante foi a da Lu Freitas, patrocinada pelo Fugita via twitter: quantos daqueles representantes de empresas ali presentes têm o hábito de ler blogs? Dá pra imaginar a resposta? Isso mesmo: quase todos limitam-se a ler blogs apenas quando aparecem em buscas específicas.

Agora, como alguém que não tem o hábito de ler blogs pode entender o funcionamento deles?

O blog não é uma ferramenta estática e finalizada em si mesma, como um jornal. Blogs são feitos de interação ou, como lembrou o Edney, de conversas. Você, leitor, não é um mero receptor de informações. Você as analisa, deixa comentários nos blogs que acompanha, inicia bate-papos. Eventualmente, constrói seu próprio blog e cria discussões por lá, respondendo a textos de outros blogueiros. Forma-se uma teia de trocas e complementos. Um bom conteúdo é comentado. Um produto legal é divulgado. Um serviço péssimo (ou excelente, vá lá) torna-se conhecido de um público maior que a sua família, um público com poder de consumo e de divulgação de informações. É o boca-a-boca, nada novo, multiplicado via web.

O que leva à segunda pergunta mais interessante da manhã: uma representante de empresa (falha-me a memória) perguntou como o blogueiro reage quando é contactado para divulgar um produto. A resposta, como em quase tudo na vida, é “depende”.

O que você pensa quando um operador de telemarketing quer empurrar-lhe um produto? E o que acha quando recebe uma amostra grátis na sua caixa de correspondência?

Uma empresa que manda spam em forma de comentário ou email, dando uma de joão-sem-braço no estilo “Olha só que produto legal! Venha conhecer e divulgue!” ganha, na melhor das hipóteses, um clique no botão “apagar”. Já aquele contato franco, honesto e inteligente, do tipo “Tenho um produto interessante. Gostaria que você testasse e desse a sua opinião. Enviarei uma amostra/unidade/assinatura para tanto.” certamente será bem recebido pelo blogueiro. Um “por favor, avalie meu produto, pago X pela resenha” pode iniciar uma conversação produtiva.

Apesar do abismo entre blogueiros e empresas, o Café.com Blog foi proveitoso. Se queremos dar relevância aos blogs, precisamos descobrir como eles são encarados pelos diversos segmentos de produtores e consumidores e, a partir daí, corrigir as falhas na comunicação. A blogosfera está engatinhando. Estamos todos aprendendo juntos. É tempo de trocar experiências, traçar planos de ação, provar que blogs são uma importante ferramenta de mídia. Embora blogueiros não sejam um corpo homogêneo (“nunca serão!”), existem grupos com interesses afins e esse é o ponto de partida para ganhar visibilidade.

No próximo encontro, que tal uma reunião prévia de pauta entre os blogueiros participantes, para que saiam do papel de ouvintes para o de divulgadores?

Também falaram sobre encontro do dia 06: