Urubu

Tem gente que se diverte intensamente quando pode dar uma má notícia. O porteiro do meu prédio, por exemplo.

– A senhora está indo fazer caminhada?

Não, criatura, eu vou a uma festa de gala às dez da manhã, vestindo short e camiseta de alça.

– Estou.

– Ah, tá. Quando voltar, passa na portaria que tem correspondência.

– Tá bom.

Já tinha colocado o pé pra fora do prédio, quando ouço o porteiro, novamente:

– Mas não é boa notícia, viu?

Claro que pensei o pior: um telegrama, um porteiro bisbilhoteiro, alguém morreu, é isso que ele vai me dizer!

– O quê?!

Passaram-se frações de segundo. Um sorriso debochado foi surgindo na cara do engraçadinho.

– É multa.

Informa o dito cujo, todo contente, como se dissesse que ganhei na loteria.

Eu, contendo-me pra não xingar o cidadão, só consegui retrucar:

– Sabe, esse seu comentário era completamente dispensável.

Lei de Murphy aplicada à Fotografia

Murphy, amigo inseparável de todos os mortais, aprontou mais um neste fim-de-semana.

Depois de um mês de céu de brigadeiro, mandou para Brasília um sábado muito nublado. Só porque era o dia da saída fotográfica de encerramento do curso de leitura crítica da imagem que fiz durante a semana. A primeira saída fotográfica minha em anos, e o tempo fecha.

Pra completar, em pleno junho esturricante, quando a seca deveria ser a certeza mais certa de todas, Murphy providenciou chuva para hoje, domingo. Além do céu absolutamente nublado. Só porque era o único dia em que eu poderia sair para fotografar com uma câmera analógica manual – emprestada, que será devolvida amanhã.

Saí, mesmo assim. Com o filme ASA 100 mesmo, fazer o quê.

Eu fiz faxina com o Santo Sudário, tô dizendo.

Difícil de engolir

A notícia já é da semana passada e todos estão carecas de saber: o CESPE, maior realizador de concursos do país, não é tão idôneo quanto parecia ou deveria ser.

Agora, o que tem me irritado tremendamente nos últimos dias são comentários do tipo “tá vendo?, por isso que eu nunca passo nos concursos”.

Ora, pílulas. Quem estuda, passa. Apenas uma minoria de vagas é vendida.

Não quero, com isso, defender essa máfia detestável. Claro que a história toda é um absurdo, um escândalo de grandes proporções, além de configurar crime. Só não estou para desculpas fajutas vindas de quem nunca teve empenho ou competência. Ponto final.

Sai de mim!

A sexta-feira treze resolveu passar por aqui com uma semana de atraso.

Primeiro, acordo passando mal até dizer chega. Princípio de desidratação, provavelmente. Você sabe o que acontece com as crianças quando começam a desidratar, não sabe? Pois é, eu tava igualzinha – só que sem mamãe por perto pra cuidar de mim.

Quando consigo melhorar e vou me arrumar pro trabalho, já pensando na saída da noite, descubro que “aquela” blusa preta que eu adoro mas, por obra do destino, ficou anos encalhada, já não tem mais nada a ver. Não a adoro mais. Coisas da vida, sabe como é.

Procuro uma segunda blusa. Linda, e ainda é a minha cara. Quase saindo, percebo que ela está descosturada. Ótimo.

Já atrasada, desço às pressas pra garagem. Entro no carro e ligo o som, como sempre. Só que não funciona. Legal, não falta acontecer mais nada. Não pode ficar pior.

Ah, pode. Sempre pode.

O som não funcionou porque deixei os faróis ligados ontem. Bateria descarregada.

E cá estou eu, atrasadíssima para o trabalho, esperando o atendimento 24 horas do seguro me socorrer.

Xô, urucubaca!

Atualização
– Esqueci de contar que perdi a hora do salão por causa da ziguizira. Unhas em estado lamentável.
– Tenta passar um endereço de Brasília para um suporte de São Paulo, que tem de retransmitir os dados para o suporte local. Tenta, e vê o telefone-sem-fio que vira.