XI FICBrasília começa hoje!

Foi dada a largada para a décima-primeira edição do Festival Internacional de Cinema de Brasília. Parada obrigatória para cinéfilos, este ano o festival apresenta em apenas 12 dias mais de 80 filmes  – uma verdadeira maratona.

A casa tradicional do Festival é o Cine Academia, na Academia de Tênis (SCES Trecho 4 Conjunto 5 Lote 1/B), mas este ano o CCBB de Brasília também entra na roda, com a vantagem de ter entradas bem mais baratas: 4 reais a inteira, 2 a meia.

Veja a lista de filmes que estarão no CCBB de Brasília:

  • Apology of an Economic Hitman (Grécia, documentário, 90 min.)
  • Arranca-me a Vida (México, drama, 110 min.)
  • Bonus Track (Argentina, drama, 84 min.)
  • El Niño Pez (Argentina/Espanha/França, drama 96 min.)
  • Francia (Argentina, comédia, 77 min.)
  • O Pequeno Burguês – Filosofia de Vida (Brasil, documentário, 70 min.)
  • I am Happy (Japão/Brasil, documentário, 66 min.)
  • Je Veux Voir (Líbano/França, drama, 75 min.)
  • Karma: Crime, Passion, Reincarnation (Índia, suspense, 100 min.)
  • March (Áustria, drama, 83 min.)
  • Material (Alemanha, documentário, 164 min.)
  • Petition (China, documentário, 120 min.)
  • Prince of Broadway (EUA, drama, 100 min.)
  • Wakaranai (Japão, drama, 104 min.)

Você pode ver a programação e as sinopses de cada filme no site oficial do Festival. No CCBB, também há o livreto com a programação de novembro, incluindo os horários e informações sobre os filmes que estarão em cartaz por lá.

O FICBrasília é uma excelente oportunidade de sair do circuito pipoca de Hollywood. O bom cinema não se resume, afinal de contas, aos Estados Unidos.

Como ando numa pegada sambista, daqui a pouco verei O Pequeno Burguês – Filosofia de Vida, documentário sobre Martinho da Vila. A estréia é hoje no CCBB, às 17 horas, com reapresentação nos dias 8 (21 horas) e 15 (19 horas).

A gente se vê por lá. 😉

Mariana Aydar arrasa no palco.

Eu já tinha ouvido um cd dela, há algum tempo. Achei bacana, resolvi ir ao show. Não me arrependi: o espetáculo é sensacional.

Mariana Aydar é uma cantora de primeira. Sua voz é grave, às vezes ligeiramente rouca, muito agradável. A presença de palco é contagiante, tornando  quase impossível não mexer o corpo na cadeira ao ritmo da música. Além de talentosíssima, Mariana é uma simpatia, cativando com o sorriso, conversando com o público e fisgando a atenção.

A apresentação dura cerca de uma hora e meia. O ponto forte é o samba em suas várias roupagens: do samba-canção à batida de samba-enredo, de músicas novas a consagradas, de Baden Powell a Zeca Pagodinho. Ainda tem espaço pro xote – a cantora faz questão de lembrar que começou a carreira cantando forró. O clima é bem-humorado, com boas doses de sensualidade e espaço para a crítica social, como na interpretação emocionante de Zé do Caroço – ouça um trecho, com Leci Brandão:

É usual comprar cantoras à incomparável Elis Regina, tanto para elogiá-las quanto para sentar o sarrafo. Mariana Aydar tem expressão e interpretação muito próprias e comparações são desnecessárias. É natural, por outro lado, que uma sambista de mão cheia como ela inclua no repertório Menino das Laranjas, canção que Elis consagrou. Mariana a conduz com primor e, em dado momento, lembra o mito de uma forma muito autêntica.

O show é daqueles que alegram a alma. Diverte mesmo que você não conheça nenhuma música – e deixa com vontade de comprar o cd para ouvi-las todas de novo.

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O show da Mariana Aydar abriu o projeto Pode Apostar! no CCBB de Brasília.  Hoje é dia do compositor e cantor Rodrigo Campos. A programação continua até 15 de novembro, assim:

  • Nina Becker – 1º de novembro
  • Fino Coeltivo – 6/11
  • Rodrigo Maranhão – 7/11
  • Marina de La Riva – 8/11
  • Marcelo Jeneci – 13/11
  • Curumin – 14/11
  • Silvia Machete – 15/11

São apresentações únicas, a 15 reais (entrada inteira). Sextas e sábados às 21 horas, domingos às 20 horas. O projeto quer divulgar cantores ainda em início de carreira mas já premiados, mostrando que, ao contrário do senso comum, a música popular brasileira tem, sim, renovação de qualidade.

O Pode Apostar! também acontece no CCBB do Rio de Janeiro e de São Paulo.

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Show em Brasília é uma coisa complicada. Há poucos espaços bons, é comum ver ingressos a preços irreais e, pra completar, atrasos enormes são frequentes. Na última vez em que me arrisquei, tive de suportar duas horas de espera num local com pouca infraestrutura. Não é culpa dos artistas, mas da organização(?) dos eventos. Depois dessa experiência, só vou a shows em teatros, tanto pelo conforto quanto pela certeza de que a apresentação começará na hora marcada.

O teatro do CCBB é muito bom, mas pequeno – menos de 400 lugares – e os ingressos costumam esgotar-se rapidamente. São postos à venda sempre no domingo que antecede o espetáculo. Procure adquirir o seu no domingo mesmo. A dica vale tanto para espetáculos de música quanto para peças teatrais.

O metrô de Paris nas telas

Metrô de Paris
Mapa do metrô de Paris. Clique para ampliar.

Não nas telas de cinema, mas nas telas pintadas por Gérard Fromanger.

Quem já viu um mapa do metrô de Paris reconhece o embaralhado de cores que cortam toda a cidade. Gérard Fromanger viu ali inspiração para uma série de pinturas em que as linhas se fundem às pessoas que se fundem à paisagem urbana. As cores são fortes, primárias. As pessoas são representadas por silhuetas nitidamente recortadas do fundo. O fundo são cenas urbanas interessantes em si mesmas, recriadas a partir de fotografias projetadas na tela.

A exposição A Imaginação no Poder (que integra a celebração do Ano na França no Brasil) apresenta essa série como ponto de partida e pode ser vista no CCBB de Brasília até dia 15 de novembro, de terça a domingo, das 9h às 21 horas (entrada franca). A mostra traz, ainda, outros quadros do autor, como retratos de filósofos com quem ele conviveu. São 69 obras, ao todo.

Apesar do apelo à imaginação, tudo é muito concreto nas pinturas de Fromanger. Sua escola, conhecida como “Nova Figuração” ou “Figuração Narrativa”, era uma reação à pintura abstrata e, embora faça uma interpretação da realidade, não a desfigura – ao contrário, torna-a ainda mais objetiva. O engajamento político também é constante e pedaços da história podem ser encontrados nas pinturas, como uma manchete de jornal condenando a Guerra do Yom Kippur (1973).

Criador e criatura.
Criador e criatura.

Vá com tempo suficiente para assistir ao vídeo de cerca de 20 minutos que traz uma entrevista sensacional com Fromanger. Rever a exposição logo após ouvir o artista lança novos tons sobre as obras, contextualiza historicamente seu criador e torna o passeio muito mais rico. Fromanger viveu os conturbados anos 60 em Paris ao lado de artistas e pensadores como  Jean-Luc Godard, Gilles Deleuze e Félix Guattari. Influenciou e foi influenciado por eles.

Outra boa razão para dedicar tempo ao vídeo é ver a pintura feita em 1991 com inúmeros ícones culturais e, no meio deles, as duas torres do World Trade Center tombadas e cobertas de sangue. Profecia? Para Fromanger, era simplesmente a interpretação da Guerra do Golfo dos anos 90, com a projeção lógica das suas consequências.

Também vale ouvir a explicação sobre como buscar inspiração para preencher a tela branca: “a tela é negra, eu preciso esbranquiçá-la”. O artista deve escolher, entre milhares de possibilidades, o que deseja retratar, excluindo todas as outras alternativas, “limpando” a tela.

Foto: Wikipedia, Creative Commons.

Cláudio Santoro, parte integrante da história de Brasília

Teatro Nacional
Teatro Nacional Claudio Santoro

Quem mora em Brasília já ouviu o nome Claudio Santoro, ainda que nada saiba sobre ele. Afinal, é ele quem dá nome ao principal teatro da cidade.

Santoro nasceu em Manaus em 1919, começou a estudar violino e piano na infância, aperfeiçoou-se no Conservatório de Música do Distrito Federal (então no Rio de Janeiro) aos 14 anos e tornou-se professor assistente da instituição aos 18, tamanhos eram seu talento e dedicação.

Além de executar peças com perfeição, Santoro também foi compositor premiado e regente de destaque. Foi professor fundador do Departamento de Música da Universidade de Brasília, em 1962. Poucos anos depois, mudou-se para a Alemanha, onde foi professor titular de regência na Escola Estatal Superior de Música de Mannheim.

Em 1979, fundou a Orquestra do Teatro Nacional de Brasília. Um ano depois, sem esquecer da sua terra natal, compôs o hino oficial do estado do Amazonas.

Claudio Santoro
Claudio Santoro

Em 27 de março de 1989, após uma temporada de férias na Alemanha, Santoro morreu em Brasília. Em 1º de setembro do mesmo ano, o Teatro Nacional de Brasília passou a denominar-se Teatro Nacional Claudio Santoro.

No ano em que o compositor completaria 90 anos, o Centro Cultural Banco do Brasil em Brasília presta-lhe homenagem com uma série de concertos apresentados pela orquestra Camerata Brasil, formada por músicos brasilienses (coincidência: 20 anos de morte de Santoro, 20 anos de nascimento do CCBB). O próximo concerto será dia 28 de outubro, com duas apresentações: 13 horas (entrada franca) e 21 horas (15 reais, inteira). Os ingressos podem ser adquiridos na bilheteria do CCBB (das 9h às 21h, de terça a domingo).

No site dedicado a Claudio Santoro, você lê mais sobre ele e pode ouvir (e baixar em mp3) trechos de suas composições. Também há uma galeria de imagens, à qual pertence a foto ao lado.