A Agência Espalhe iniciou o Perca um Livro, uma mistura de campanha de marketing e projeto de incentivo à leitura. O funcionamento é simples: você tira a poeira daquele livro encostado na estante, cadastra-o no site, imprime e cola uma etiqueta com o código conferido ao livro e deixa-o por aí. Quem achá-lo, tem a missão de informar o código no site e, depois de o ler, pode perdê-lo novamente, reiniciando o ciclo.
A idéia não é nova. Há seis anos existe o BookCrossing, uma comunidade muito ativa, construída em torno da idéia de que livros não são feitos para mofarem em prateleiras, mas para circularem de mão em mão. O nome do projeto acabou virando substantivo comum, tamanha a sua popularidade. O código de rastreamento torna tudo mais interessante, aproximando pessoas que leram a mesma obra e motivando a continuidade da brincadeira. Formaram-se os bookrings: alguém divulga que tem um determinado livro e os interessados se manifestam; o livro vai passando de um a outro, via correio, até voltar ao seu dono. O bookray funciona da mesma forma, mas o livro nunca volta ao dono.
Também há listas de discussão, fóruns e comunidades no orkut que agregam participantes do BookCrossing. Hoje em dia, redes sociais estão na moda; o BookCrossing teve início antes de todas elas, constituindo-se uma verdadeira rede social de amantes da leitura.
Aqui no Brasil, a idéia nunca pegou. A uma, porque a grande maioria dos livros do BookCrossing é escrita em inglês. A duas, porque brasileiro não é mesmo fã da leitura. Por outro lado, quem gosta de ler tem a tendência de apegar-se à sua coleção, hesitando em passar obras adiante, sempre pensando “posso querer ler isso de novo um dia”. E ainda tem o fato de que nem todos têm acesso fácil à internet para informar o código de rastreamento – alguns livros podem ficar, teoricamente, perdidos para sempre.
Apesar disso tudo, a Espalhe quer provar que o bookcrossing pode funcionar em terras tupiniquins. Para o pontapé inicial, a Editora Zeiz “perdeu” por aí 150 exemplares do livro A Unidade dos Seis – O Herdeiro Especial. Quem encontra um exemplar é convidado a cadastrá-lo no Perca um Livro, lê-lo e perdê-lo novamente. O meu chegou pelo correio (mais uma cidade além de São Paulo, Rafael) e já está emprestado. Depois que o ler, vou soltá-lo aqui em Brasília. Também já separei uns livros para perder: O Príncipe, Pandora e O Fantasma de Manhattan.
Embora o Perca um Livro tenha começado como uma ação de marketing, não pretende esgotar-se nisso. Existe potencial e intenção de que cresça e tome proporções de um verdadeiro bookcrossing. A barreira da língua, ao menos, fica afastada. Já existe comunidade no orkut para reunir os participantes. Torço para que a adesão aumente. Quem sabe, daqui a algum tempo, tenhamos algo de proporções semelhantes ao BookCrossing.
Quem gostou da idéia e quer liberar um livro deve escolher o local de forma a favorecer o seu resgate. Os veteranos do bookcrossing recomendam alguns pontos: cafés, restaurantes, arredores de livrarias, museus, teatros e cinemas, salas de aula, salas de espera, bancos de parques.
Sugestões
Porque, é claro, eu preciso dar meus pitacos. 😉
Seria ótimo se houvesse uma forma de imprimir as etiquetas em branco, sem o código do livro. Nem todos têm impressoras – quem não tem, poderia usar a de um colega, ou de uma gráfica para imprimir o modelo em branco e, na hora de cadastrar o livro, copiaria a mão o código no espaço correspondente.
O BookCrossing vende, pelo correio, etiquetas auto-adesivas que são uma mão na roda na hora de liberar livros, além de serem muito bonitas. Fazem séries comemorativas e tudo o mais. Exageram no tamanho das encomendas – cada pacote tem 250 etiquetas – mas o preço é camarada: cada etiqueta sai por uns 30 centavos de dólar. Iniciativa semelhante do Perca um Livro viria a calhar.
Faltam ao site ferramentas que o deixem com cara de rede social, como cadastro de participantes e uma pesquisa mais detalhada dos livros cadastrados. Uma seção “Sobre” mais detalhada também é necessária para fisgar novos participantes.
Será que você não tem algum livro esquecido num canto? Dê uma espanada, cadastre-o no Perca um Livro e deixe-o em algum lugar bacana. Livro é feito pra circular!
Aeee Lu!
Gostei das dicas, muito válidas.
Vamos torcer para que a moda pegue mesmo…
Beijos
Muito bom, Lu. Tenho uns livros repetidos, e farei isso. Mas uma coisa é correta no seu texto: é difícil nos desfazermos de nossas coleções. Eu tenho Edgar Alan Poe, Shakespeare, O. Wilde, Machado, Pessoa, Camões, e mais outros autores dos quais sou fã. Mas um dos repetidos é Machado.
Beijo
Já quis sair caçando um livro do bookcrossing, mas geralmente eles “se perdem” em horários e locais que tornam a busca impossível. Ainda estou cadastrada no site, de vez em quando espio para ver se tem gente de BH partcipando, mas é só!
Primeiro, muito legal o blog!
Sobre esses projetos, fiquei sabendo há algum tempo, mas sempre achei que no Brasil não daria muito certo (talvez puro pessimismo) pelas razões apontadas no post. Um outro fator é o preço dos livros, que não incentiva ninguém a comprar e depois abandoná-lo (ainda mais com dúvidas se ele não será vendido para reciclagem).
Apesar de tudo, espero que funcione.
Ksss.
Oi!
Tentei ir no Perca um livro mas na hora de cadastrar não funcionou.Usei o Book Crossing. Valeu a dica!
Bom dia
Sou crrdenadora de um fã clube da série Crepúsculo aqui em BH. Vamos tentar implantar cok os membros e coma parceria de algumas editoras isso por aqui…vamos ver se funciona. Se não funcionar, vamos tentar pelo mennos entre os membros dos fã clubes nos encontros. Achoq ue pdoe ser uma iniciativa muito legal… problema é as pessoas colaborarem com elas.
=)