Escrito para a blogagem coletiva Eu Exijo Ordem e Progresso, organizada pela Veridiana Serpa.
Mensalão, mensalinho, anões do orçamento, Correios, sanguessugas, chacinas, favela, desemprego, subemprego, infidelidade partidária, subornos, ocultação, lavagem de dinheiro, bois a peso de ouro, caos aéreo, estradas esburacadas, agências reguladoras desreguladas, mortes, tantas mortes, fila do INSS, preconceito, SUS, greve atrás de greve, crianças nas ruas, prostituição infantil, turismo sexual, relaxa e goza, polícia mal remunerada, polícia que vira ladrão, previdência vilipendiada e falida, presidente alheio, eu não sabia de nada, costas quentes, pistolão, favorecimento, nepotismo, verbas de gabinete, corrupção por todo lado, celulares nas prisões, dinheiro na mala, dinheiro na cueca, dinheiro para os bancos, pobreza por todo lado, constituição rasgada, contribuição permanente sobre movimentação financeira, custo brasil, assistencialismo, coronelismo, política ambiental deturpada, interesses escusos, salário de fome para professores, populismo, roubos, furtos, seqüestros, crimes bárbaros, impunidade, administração ineficiente, sucateada, paralisada, má gestão do erário, verbas pífias para a educação, analfabetismo funcional…
A lista de mazelas que assolam o Brasil é sem fim.
Aí, surge uma tal campanha “Cansei” demagógica e alienada.
Eu não estou cansada. Estou desapontada, isso sim. Ando descrente desse tal papo geopolítico contempla um futuro glorioso que nunca chega e ignora as crises que nos soterram.
Mas não estou cansada.
Estou cada vez mais decepcionada, não somente com a classe política, à qual se atribui a culpa pelos males do mundo, mas com a população brasileira – essa coletividade amorfa na qual me incluo e que é tão manipulável, tão desorganizada, tão passiva, tão crédula.
Mas, apesar de tanto descalabro, não estou cansada.
Aos que estão assim, tão cansados, que saiam do país. Sigam aquela velha piada, que proclama que a única saída para o Brasil é o aeroporto (mas o façam em seus jatinhos particulares, para escapar ao caos aéreo). Vão descansar em outras praias.
O povo brasileiro não precisa de choramingos da classe dita formadora de opinião. Cada um de nós tem suas batalhas, seus fardos – uns mais pesados, outros menos – e ninguém pára pelo caminho para dizer “cansei”.
O que precisamos é de ação. De protestos, sim, mas daqueles que despertam a vontade de mudar o estado de coisas. Basta de derrotismo, basta de cansaço, basta de entregar os pontos ou de dizer que a responsabilidade é exclusiva de um grupo.
A responsabilidade é de cada cidadão.
Informe-se. Leia. Pense. Deixe a preguiça de lado. Vote em gente decente. Ensine alguém a pensar. Desperte o senso crítico em quem está à sua volta. Questione. Pesquise. Brigue. Esbraveje. Vaie.
AJA!
Não assuma a postura entreguista dos “cansados” ou a atitude irresponsável de quem diz “não é comigo”.
Você exige ordem e progresso? Eu também. O que estamos fazendo a respeito?
Este texto não vai mudar o mundo. Não vai mudar o Brasil, a sua ou a minha vida.
Cruzar os braços também não.