Quem entende a Record?

Posso compreender a preferência da Rede Record por exibir House dublado e posso até aceitar que essa dublagem seja sofrível. Sei lá por que razão pularam a primeira temporada, tudo bem. Passar à meia-noite uma série excelente? Vá lá, eles devem entender de grade de programação melhor que eu – e, afinal, se derem sorte, pegam a audiência que assiste à temporada mais recente no Universal Channel às 23 horas (tem funcionado comigo). Nem vou reclamar do “Doutor” que inseriram no nome da série. Fizeram muito pior com Monk, que ganhou o subtítulo cafona “Um Detetive Diferente”.

Agora, o que não dá pra entender é como a Record abre mão de 15 minutos de anúncios comerciais a cada episódio.

15 minutos – 30 anunciantes, ou 20, que seja – por episódio. 15 minutos que poderiam trazer dinheiro à emissora e, quem sabe, mostrar-lhe que sim, vale a pena exibir boa programação na tv aberta. 15 minutos que a rede ignora, preferindo colocar um telejornal sem graça que repete o que todos os outros já disseram ao longo do dia.

Eu sei, deveria ficar contente por assistir a menos propaganda a cada episódio. Mas é que eu queria mesmo compreender o que se passa na cabeça dos engomadinhos que controlam os canais abertos.

Possivelmente, é mais fácil entender a vida, o universo e tudo o mais.

Resultado: os gastos com o Pan-americano 2007 valem a pena?

Em 13 de junho, perguntei se valia a pena gastar tanto dinheiro com o Pan-americano 2007, no Rio de Janeiro.

Pouco mais de 2 meses e 194 votos depois, o resultado é que:

  • 25%, ou 48 votantes, acham que sim, pois reverterão na melhoria da imagem do Brasil e da qualidade de vida dos cariocas
  • 75%, ou 146 votantes, acham que não e acreditam que os recursos deveriam ser usados para resolver os graves problemas do Rio de Janeiro

Resultado da Enquete: Os gastos com o Pan-americano 2007 valem a pena? Minha opinião sobre o assunto não mudou. Sim, foi legal ver o Brasil ganhar medalhas, a competição foi acessível aos praticantes de modalidades que contam com poucas verbas e muitas dificuldades para bancar viagens e, ok, talvez uma ou outra instalação venha a beneficiar a população do Rio de Janeiro.

O fato é que temos questões realmente graves para resolver. A criminalidade, a péssima qualidade do sistema educacional, o descalabro do Sistema Único de Saúde, para ficar apenas com três exemplos, são problemas urgentes que atingem não só o carioca, mas cada brasileiro, direta ou indiretamente. Eu sei, estou sendo repetitiva.

Gostei do debate, especialmente nos comentários feitos ao artigo original. Outro acréscimo valioso à discussão é a compilação de artigos sobre o tema organizada pela Veridiana Serpa. Sugiro a leitura de todo esse material.

Ainda não coloquei uma nova enquete no ar. Aliás, estou cada vez mais dividida sobre a utilidade dessas pesquisas. Comentários sobre questões específicas são muito mais instigantes que meros números impessoais.

O que você acha? Pesquisas de opinião nos menus laterais de blogs são úteis? São interessantes?

(Será que devo criar uma enquete para responder essa pergunta? 😉 )

Mude-se para Springfield!

Mas, primeiro, simpsonize-se!

Algum filme já investiu tanto em publicidade quanto Os Simpsons? Lojas de conveniência transformadas em Kwik-E-Mart, aviões decorados, propaganda por todo lado. Não podia faltar um site divertido, interativo e com um recurso que te transforma num personagem de Matt Groening:

Eu, simpsonizada

Já o Carlos Carvalho preferiu usar o Simpsonize Me, oferecido pelo Burger King, para brincar com alguns blogosféricos:

Em outra versão, mais bronzeada.

Devo admitir que a versão do Carlos foi muito mais fiel ao meu penteado. Por outro lado, nem com férias prolongadíssimas no Caribe e quilos de beterraba a figurinha aqui conseguiria esse bronzeado.

E sim, eu fui ver o filme. Acabei de chegar em casa. Ainda não consegui parar de rir. 😛

Aja!

Escrito para a blogagem coletiva Eu Exijo Ordem e Progresso, organizada pela Veridiana Serpa.

Mensalão, mensalinho, anões do orçamento, Correios, sanguessugas, chacinas, favela, desemprego, subemprego, infidelidade partidária, subornos, ocultação, lavagem de dinheiro, bois a peso de ouro, caos aéreo, estradas esburacadas, agências reguladoras desreguladas, mortes, tantas mortes, fila do INSS, preconceito, SUS, greve atrás de greve, crianças nas ruas, prostituição infantil, turismo sexual, relaxa e goza, polícia mal remunerada, polícia que vira ladrão, previdência vilipendiada e falida, presidente alheio, eu não sabia de nada, costas quentes, pistolão, favorecimento, nepotismo, verbas de gabinete, corrupção por todo lado, celulares nas prisões, dinheiro na mala, dinheiro na cueca, dinheiro para os bancos, pobreza por todo lado, constituição rasgada, contribuição permanente sobre movimentação financeira, custo brasil, assistencialismo, coronelismo, política ambiental deturpada, interesses escusos, salário de fome para professores, populismo, roubos, furtos, seqüestros, crimes bárbaros, impunidade, administração ineficiente, sucateada, paralisada, má gestão do erário, verbas pífias para a educação, analfabetismo funcional…

A lista de mazelas que assolam o Brasil é sem fim.

Aí, surge uma tal campanha “Cansei” demagógica e alienada.

Eu não estou cansada. Estou desapontada, isso sim. Ando descrente desse tal papo geopolítico contempla um futuro glorioso que nunca chega e ignora as crises que nos soterram.

Mas não estou cansada.

Eu Exijo Ordem e Progresso - Blogagem ColetivaEstou cada vez mais decepcionada, não somente com a classe política, à qual se atribui a culpa pelos males do mundo, mas com a população brasileira – essa coletividade amorfa na qual me incluo e que é tão manipulável, tão desorganizada, tão passiva, tão crédula.

Mas, apesar de tanto descalabro, não estou cansada.

Aos que estão assim, tão cansados, que saiam do país. Sigam aquela velha piada, que proclama que a única saída para o Brasil é o aeroporto (mas o façam em seus jatinhos particulares, para escapar ao caos aéreo). Vão descansar em outras praias.

O povo brasileiro não precisa de choramingos da classe dita formadora de opinião. Cada um de nós tem suas batalhas, seus fardos – uns mais pesados, outros menos – e ninguém pára pelo caminho para dizer “cansei”.

O que precisamos é de ação. De protestos, sim, mas daqueles que despertam a vontade de mudar o estado de coisas. Basta de derrotismo, basta de cansaço, basta de entregar os pontos ou de dizer que a responsabilidade é exclusiva de um grupo.

A responsabilidade é de cada cidadão.

Informe-se. Leia. Pense. Deixe a preguiça de lado. Vote em gente decente. Ensine alguém a pensar. Desperte o senso crítico em quem está à sua volta. Questione. Pesquise. Brigue. Esbraveje. Vaie.

AJA!

Não assuma a postura entreguista dos “cansados” ou a atitude irresponsável de quem diz “não é comigo”.

Você exige ordem e progresso? Eu também. O que estamos fazendo a respeito?

Este texto não vai mudar o mundo. Não vai mudar o Brasil, a sua ou a minha vida.

Cruzar os braços também não.