Ficha técnica
Fahrenheit 9/11. EUA, 2004. Documentário. 122 min. Direção: Michael Moore. Com Michael Moore.
O documentário procura explicar as atitudes e os interesses políticos do governo norte-americano, chefiado por George W. Bush, depois do atentado de 11 de Setembro. Palma de Ouro no Festival de Cannes. Do mesmo diretor de Tiros em Columbine (2003).
Mais informações: Adoro Cinema.
Comentários
O Michael Moore é um excelente documentarista. Quem assistiu a Tiros em Columbine sabe disso. Em Fahrenheit 9/11, ele consegue prender a atenção do espectador por quase duas horas. Combina edições bem-feitas, entrevistas magistralmente conduzidas, imagens fortes e músicas inusitadas de forma perfeita.
O filme foi feito para que George W. Bush não se reeleja. Não começa com o 11 de setembro, mas com as eleições em que Bush derrotou Al Gore de uma forma um tanto misteriosa. Prossegue demonstrando o descaso com que ele conduziu os primeiros meses de governo – como, aliás, sempre tinha conduzido seus negócios. Dá ênfase às relações da família Bush com os Bin Laden.
O atentado de 11 de setembro é mostrado de uma forma tremendamente impactante – resultado que não seria alcançado se Moore usasse as imagens tão insistentemente divulgadas do prédio em chamas.
O documentário segue mostrando as implicações econômicas do atentado – que rendeu dividendos a muita gente –, as medidas tomadas – muitas delas, absolutamente incoerentes – e o absurdo que foi a invasão ao Iraque, tanto do ponto de vista dos iraquianos quanto das famílias americanas. Tem cenas fortes, mas não há forma suave de abordar a guerra. Só acho que 12 anos como censura é pouco.
Alguns momentos marcantes do filme:
- a displicência que Bush demonstrou ao receber a notícia do atentado;
- um parlamentar explicando ao Moore que os congressistas não lêem o que aprovam (você acha que no Brasil é diferente?), em alusão ao “Decreto Patriótico” promulgado em razão do 11 de setembro;
- Moore desfilando em carrinho de sorvete, na frente do Congresso, lendo o tal Decreto;
- o enfoque dado à manipulação do medo, feita tanto pelo governo quanto pela mídia – algo que já havia sido abordado em Tiros em Columbine;
- os inocentes iraquianos atingidos pela guerra;
- os inocentes norte-americanos atingidos pela guerra.
E outros tantos, que não me vêm à lembrança agora.
Em sã consciência, algum norte-americano teria coragem de dar novo voto ao Bush, após esse documentário?
Ah, sim: ao fim da sessão (que estava lotada em plena quarta-feira, num cinema que nunca enche), o público explodiu em aplausos.
.: Algo de muito interessante nisso tudo é que existe a equivocada idéia de que o filme demonstra que o próprio governo Bush forjou e planejou os ataques terroristas de 11 de setembro. Isso aumentou a polêmica entorno do filme e contribui para que se fortalecesse a idéia de que o filme era uma fraude total. O filme em momento algum tem a intenção de demonstrar isso. Como foi explicitado acima, o que o filme demonstra é que Bush e uma parte podre da política norte-americana se aproveitaram dos ataques terroristas de 11 de setembro para inventar a guerra do Iraque a fim de lucrarem com ela. E efetivamente tiveram, mesmo, um lucro político, ao dar uma resposta imediata e “satisfatória” a seus compatriotas, e um lucro financeiro estratosférico, pelas ligações que tinham com a indústria da guerra, bem como com os gananciosos empresários do ramo petrolífero. Não deduziram, porém, de seus lucros, as grandes perdas humanas e o sofrimento dos estadunidenses impingido pela cultura do medo instituído por Bush
E isso vai continuar, por séculos…
no brasil é a cultura do bolsa-esmola… Agora com Dilma…