Ficha Técnica
- Título original: District 9
- País: Estados Unidos/Nova Zelândia
- Ano: 2009
- Gênero: Ficção Científica
- Duração: 112 minutos
- Direção: Neill Blomkamp
- Roteiro: Neill Blomkamp e Terri Tatchell
- Elenco: Sharlto Copley, Jason Cope, Nathalie Boltt, Sylvaine Strike, Vanessa Haywood e Johan van Schoor.
- Sinopse: há 20 anos, uma nave espacial chegou a Joanesburgo, capital da África do Sul. Seus tripulantes foram confinados no Distrito 9, sob péssimas condições e sofrendo maus-tratos. Pressionado por problemas políticos e financeiros, o governo local deseja transferir os alienígenas para outra área. Para tanto, é preciso realizar um despejo geral, o que cria atritos com os extraterrestres.
Comentários
Eu sei, o filme é badaladíssimo, cotadíssimo, todos os “íssimos” do mundo. O sucesso foi tanto que já se fala numa sequência. Baixo orçamento, história inovadora, yada yada yada. A propaganda pré-lançamento era realmente interessante. Fiquei com vontade de ver. Vi e… não gostei.
Distrito 9 começa bem, num tom de documentário e fazendo óbvias referências ao Apartheid. A seguir, caminha para um discurso sobre miséria, favelização, violência e suas interrelações. Depois… bem, depois começa a se perder. Navega por experimentos pseudomédicos, conspirações governamentais, críticas à indústria armamentista e por aí afora. São tantos assuntos que o filme tenta abordar que não consegue aprofundar nenhum deles e deixa uma sensação de colcha de retalhos.
Essa impressão se intensifica diante das inúmeras produções que o filme evoca: de Alien – O Oitavo Passageiro até X-Men, passando por A Mosca, Independence Day, Transformers, entre outros. Há muito pouco realmente original em Distrito 9.
Nem vou mencionar os furos no roteiro. Sim, ficção científica exige um exercício de abandono do real – toda produção de ficção, na verdade, exige. District 9, porém, força demais a barra, a ponto de a prosaica explicação “se não fosse assim não existira filme” fazer-se necessária umas duas vezes, no mínimo. Falta coerência interna à história.
Diga-se de passagem que outras produções foram muito mais felizes ao abordar temas pungentes como preconceito e favelização – basta lembras de Hotel Ruanda e Cidade de Deus, para ficar apenas com dois exemplos. Na ficção científica, o preconceito rendeu ótimos enredos, como Planeta dos Macacos ou o clássico Blade Runner e é tema recorrente em seriados como Star Trek.
De positivo, em District 9, destacam-se as ótimas atuações (a do estreante Sharlto Copley no papel principal é particularmente brilhante) e os efeitos visuais de altíssima qualidade, tornando os alienígenas gerados por computação gráfica tão convincentes quanto nojentos.
Cotação:
Curiosidades
O ponto de partida para Distrito 9 foi o curta-metragem Alive in Joburg, do mesmo diretor.
Algumas entrevistas que permeiam o filme foram feitas com sul-africanos pobres que, perguntados sobre o que achavam dos “aliens”, ligaram a expressão aos imigrantes ilegais vindos do Zimbábue (o idioma inglês permite a confusão e esse era mesmo o intento) e soltaram o verbo. O preconceito demonstrado pelos entrevistados é, portanto, bem real.
Os nigerianos estão entre os “caras maus” da história – o chefão Obesandjo, inclusive, tem o nome muito parecido com o do ex-presidente Olusegun Obasanjo. O governo nigeriano manifestou-se oficialmente contra o filme, e ainda exigiu que fossem retiradas dele todas as referências à Nigéria (o que não foi feito, evidentemente).
Serviço
- Distrito 9 – Adoro Cinema
- Distrito 9 – site oficial
- District 9 – site oficial (em inglês)
Imagens: divulgação.
Olá, Lu. Legal vc ter voltado com força ao blog.
E essa postagem instigou um comentário. Sobre os discursos, talvez por o mundo em muito pouco (Quico: quase nada… nada?… nadinha?) ter evoluído com relação aos temas, acho que isso ainda perdurará por muito tempo.
Se pano de fundo fácil ou alguma consciência política, nunca saberemos. Os produtores, é claro, se instados a responder dirão que é o segundo.
Agora, o que não tolero mesmo, acho que é o que você chamou de coerência interna da história.
Não sei se é o mesmo, mas chamo de verossimilhança, ou seja, mesmo que no campo da ficção, as coisas precisam estar costuradas umas as outras de forma coerente, que tenham sentido lógico (dentro da lógica interna, é claro).
Sabe, aquelas coisas de seriados do Batman ou de Perdidos no Espaço, quando colocavam uma pedra, um trapo de pano no computador e ele dava as respostas?
Nem tanto, é só para exemplificar radicais.
***
Conhece o “Mais Estranho que a Ficção”?
Bem, vi ele numa madrugada, os olhos pregando de sono, mas resisti. E exatamente por eu ter achado evoluído nesse particular, dar verossimilhança a um nonsense, que é que acho que seja.
Não sei se resistiria a uma segunda espiadela, mas por ora o tenho como campeão.
Abs!
Me convidaram para assistir a uma sessão do referido filme, de início pensei que fosse um filme no estilo ação, com númerosos carros batendo nas ruas e tiroteio pra tudo que é lado, mas depois de ler esse post, não consigo enchergar um enredo principal no filme! Alienígenas? Preconceito? Pobreza?
Concordando com todas as suas críticas, acabei gostando do filme como um todo, mas meu lado menininho A-DO-ROU o final, onde aquele magnífico exoesqueleto-extraterrestre-chuta-bundas faz o serviço pesado… queria um daquele pra mim :'(
Bobeiras à parte, reafirmo o que disse antes, gostei do filme como um todo, mas o final deixou claro que ficou aberto a continuações.
Beijo