Sabe, a pior coisa de Brasília no mês de julho não é a seca, que faz o nariz sangrar, os lábios racharem e a pressão arterial despencar.
Também não é a paisagem, com cara de deserto-que-um-dia-já-foi-verde.
Tampouco são as crianças lotando shoppings e infernizando consumistas como eu, que visitam esses templos em busca de paz espiritual no fim do dia e deparam-se com gritinhos, birras e correria.
Nem a saudade que bate dos amigos que estão aproveitando as férias em outros cantos.
O pior de Brasília, nesta época do ano, são os turistas absolutamente inconvenientes que brotam por aqui.
Realiza a cena: Esplanada dos Ministérios, hora de maior movimento. Um turista dirige b e m d e v a g a r z i n h o pelo Eixo Monumental, enquanto seu companheiro aproveita para fotografar o Congresso Nacional de dentro do carro mesmo. Um motorista local quase enfia a frente do carro na traseira do sossegado excursionista.
Olha essa outra: Praça dos Três Poderes, duas horas da tarde. Uma simpática senhora simplesmente PÁRA o carro NO MEIO da rua para, adivinha só?, isso mesmo, tirar fotos. Ela não parou na pista mais à direita que, aliás, já estava quase tomada pelos ônibus de turismo. Ela parou NO MEIO da rua. Visualizou?
As sortudas pessoas que estão de férias na Capital do Brasil parecem não perceber que aquilo que para elas é ponto turístico, para outras milhares não-tão-sortudas é local de trabalho e via arterial.
E, antes que me joguem tomates podres, não estou falando mal de todos os turistas, apenas dos “absolutamente inconvenientes”. Você não é um deles.