Esporte pode virar contravenção penal

A morte da da estudante Letícia Santarém Amaro Rodrigues em 03 de julho, ao praticar o “bungee jump” (o “ioiô humano”) motivou o deputado federal João Paulo Gomes da Silva (PL-MG) a apresentar projeto de lei visando à proibição da prática do esporte. A alegação: trata-se de esporte de risco, podendo causar a morte.

Ótimo. Faz mesmo todo o sentido.

Deveriam proibir, também, o paraquedismo, os vôos de asa delta, o mergulho, as provas de automobilismo e moto-velocidade. Aliás, deveriam urgentemente enquadrar como crime (e não mera contravenção) o jogo de futebol. Tantos jogadores já morreram em campo que é um absurdo que esporte tão arriscado ainda seja permitido e até incentivado.

Ironias à parte, o projeto de lei é tão absurdo quanto o que pretende poibir a venda de artigos de RPG (Role Playing Game), assunto que já foi tratado neste blogue. Neste país, parece mais fácil culpar quaisquer atividades em que ocorra uma fatalidade do que procurar os verdadeiros (ir)responsáveis pelas mortes.

Atualidades

Está realmente difícil escrever antecipadamente sobre a CPMI dos Correios e seus meandros, ou deixar comentários previamente gravados. Bem que o Luis Fernando Veríssimo falou avisou, na sua coluna no Jornal O Globo, no último sábado.

Ontem, o Jô Soares perguntou ao senador Sérgio Guerra (PSDB) o que ele pensava do pedido de prisão preventiva do empresário Marcos Valério. Queria saber se, na opinião do senador, o pedido deveria ou não ser deferido.

Acontece que o Programa do Jô é gravado poucas horas antes de ir ao ar. Tempo suficiente para que o pedido já tivesse sido indeferido, como veiculado no Jornal da Globo, minutos antes de ser exibida a entrevista.

Manda quem pode.

Hoje, nada de política. O assunto do dia é o vexame da Fórmula 1 no GP dos Estados Unidos, ontem.

O resumo da ópera: das dez escuderias, sete utilizam pneus Michelin, que se revelaram inapropriados para a corrida. A alta velocidade do autódromo de Indianápolis fazia os pneus desmancharem em menos de 10 voltas. As equipes, em nome da segurança, pediram a modificação do traçado, de modo a forçar a redução da velocidade.

Das três escuderias que usam outra marca de pneus, Jordan e Minardi concordaram. Só a Ferrari bateu o pé e foi do contra.

Pensa que a maioria prevaleceu? Que nada. Manda quem tem mais dinheiro.

As sete equipes que usam Michelin retornaram aos boxes após a volta de apresentação. A corrida contou com apenas seis carros. Uma cena ridícula. Vaias dos torcedores nas arquibancadas acompanharam toda a prova, até o pódio.

Nessa, só quem se deu bem foi Michael Schumacher, que agora entrou na briga pelo título de 2005, já que sua diferença para Raikkonen caiu para apenas três pontos.

Ainda caberia uma piadinha sobre o Barrichello, que nem com tão poucos carros conseguiu o primeiro lugar. Acontece que a escuderia italiana, pra variar, pediu para o Rubinho desacelerar e dar passagem ao alemão.

Enquanto isso, o Papa Bento XVI (para mim, continua sendo Joseph Ratzinger e ponto) abençoava cerca de 20 carros Ferrari estacionados na Praça São Pedro. Eu, hein.

Alemães e Ferrari – um caso de amor.

Notinha

A matéria lincada informa que o Papa falou, sobre os carros da Ferrari, “Nós os vemos e os sentimos”. Na verdade, o que ele disse foi “Nós os vemos e os ouvimos” – uma piadinha infame. Ouvir, em italiano, é sentire – daí a confusão de muitos jornalistas.