Apegos.

Tenho umas peças de roupa das quais não consigo me desfazer. Não tenho apego emocional a elas, não são lindas e, pior, não me favorecem. Mas servem, prestam-se ao uso diário e vão ficando.

Especificamente, uma calça. A cor não me favorece – um marrom claro, ou bege escuro. O corte é passável, mas tenho outras que caem muito melhor. Certo, paguei um dinheirinho bom por ela, mas já usei tanto que a compra se justificou.  Então, por que a mantenho no armário?

Só porque serve?

Se não é essencial e não me faz feliz… por quê?

A casa nova tem duas arandelas que não uso e das quais não gosto. Mas paguei caro por elas (marinheira de primeira viagem em reformas faz dessas coisas, deixa-se levar), removê-las daria um trabalhão e eu teria que repintar a parede. Vão ficar por um bom tempo, já me conformei. Talvez eu pare de detestá-las. Minha esperança é começar a ignorá-las em breve.

Tem pessoas de quem a gente não gosta, mas não desapega. Pelo menos nesse ponto estou satisfeita – não mantenho por perto ninguém de quem não goste e que não me faça bem. É um processo longo (e doloroso, em certos momentos), esse de conseguir abrir mão de quem não acrescenta nada – e às vezes até tira o que temos de bom. Requer vigilância para não cairmos novamente na tentação de conviver com alguém “só porque serve”, por hábito ou comodismo.

Se não é essencial e não me faz feliz… não vale a pena.

Agora dá licença, que vou me livrar daquela calça.

3 comentários on “Apegos.

  1. Que bom, Lu! Despacha a calça mesmo.
    Quanto às arandelas… não dá pra tirar e cobrir o “estrago” da parede com uma gravura ou um adesivo? Mais fácil do que pintar!
    Beijos

  2. @Nosphie, tks! <3

    @Lud, a calça foi embora assim que acabei o texto – ou melhor, foi pro saco de doação. Dá pra cobrir com gravuras, sim, depois isso também me ocorreu… mas vai levar um tempo pra eu me desapegar do dinheiro que paguei. Eu sei, é bobagem, já gastei e tals. Mas é um processo…

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