Quem Quer Ser um Superpanaca?

Você acha que, depois de Super Pop e Big Brother Brasil, já viu o que de pior existe na televisão? Acredita que a televisão brasileira é um lixo e que qualquer outro país tem programas melhores?

Então, veja Who Wants to Be a Superhero? e mude de idéia.

Tive o desprazer de esbarrar nesse reality show dia desses. O resumo da ópera é o seguinte: um bando de gente sem-noção fantasiada, fingindo com a maior cara-de-pau que tem superpoderes e cumprindo as mais estrambóticas “missões”. O comandante-em-chefe dessa bizarrice é o (até então) venerável Stan Lee – sim, o cara que criou alguns dos melhores super-heróis de todos os tempos: X-Men, Homem-Aranha, Demolidor, entre outros.

Não sei o que leva alguém como o Stan Lee, com uma carreira notável, a fazer um papel ridículo desses. Vacas magras, talvez? Desconheço, também, a causa, razão, motivo ou circunstância que leva doze pessoas aparentemente saudáveis mentalmente a aparecerem para milhares de pessoas trajando roupas que envergonhariam o Super-Homem.

A pior parte é que, pelo visto, o programa fez sucesso, já que o SciFi Channel – canal que produz o reality show – já está montando a segunda edição. Portanto, não fique triste se não descobriu essa “pérola” a tempo (a Sony transmite para o Brasil o último episódio esta noite), logo terá a chance de acompanhar uma temporada novinha em folha. Santa babaquice, Batman.

Oscar 2007

Chegará o ano em que a festa do Oscar será uma minissérie em quatro ou cinco capítulos, televisionada ao longo da semana. A 79ª edição da premiação atingiu a impressionante duração de quatro horas e vinte minutos – sem contar a tansmissão da passagem das celebridades pelo tapete vermelho. Quem aguenta? Eu aguentei, mas a duras penas. A Academia premiou alguns dos meus filmes favoritos, o que compensou o esforço. Vamos aos destaques.

Babel, um dos filmes mais badalados do ano, com sete indicações, levou apenas o Oscar de melhor trilha sonora. Merecidíssimo, sem dúvida, porque se trata daquele tipo de filme em que a trilha é personagem principal, respondendo por momentos de forte apelo.

Dreamgirls, o recordista de indicações (oito, três delas na categoria de melhor canção original) saiu com somente dois prêmios: melhor atriz coadjuvante (a excelente cantora e boa atriz Jennifer Hudson, gongada na terceira temporada de American Idol, aparentemente sem motivo) e melhor mixagem de som. Não merecia nem mais, nem menos. É um bom musical, mas não se justifica todo o barulho feito em torno dele.

A estatueta de melhor canção original foi, surpreendentemente (mas com mérito), para I need to wake up, de Melissa Etheridge, feita para a seqüência final de Uma Verdade Inconveniente. A belíssima canção pode ser ouvida no youtube.

Aliás, o filme de Al Gore sobre o aquecimento global levou, também, o Oscar de melhor documentário em longa-metragem, para minha felicidade. Quem sabe agora volte às telas dos cinemas brasileiros e, ainda, faça sucesso nas locadoras quando o dvd chegar por aqui.

Helen Mirren, absolutamente convincente no papel da Rainha Elizabeth II, confirmou o favoritismo e ganhou o prêmio de melhor atriz pelo filme A Rainha. Esbanjou elegância ao recebê-lo.

Sherry Lansing no tapete vermelho do Oscar 2007Falando em elegância, ela foi uma constante entre os que passaram pelo palco do Oscar. Destaque para os belos vestidos de Kate Winslet, Cate Blanchett e, especialmente, Sherry Lansing (foto à direita), homenageada com o prêmio de benemerência Jean Hersholt. Você pode ver as roupas das outras estrelas no site do Oscar.

O adorável Pequena Miss Sunshine levou para casa as premiações de melhor ator coadjuvante (Alan Arkin, no papel do avô viciado em heroína) e melhor roteiro original – nada mais justo diante de uma excelente história recusada por todas as grandes produtoras (ahá, bem-feito para elas!) e que só saiu do papel graças à perseverança de seu autor, Michael Arndt.

Piratas do Caribe – O Baú da Morte, divertidíssimo como o anterior e concorrente em quatro categorias, ganhou a estatueta de efeitos especiais graças à incrível fusão entre cenas reais e computação gráfica.

Para fechar a noite com chave de ouro, Martin Scorsese finalmente foi reconhecido com o Oscar de melhor diretor – e aplaudido de pé pelos colegas – pelo excelente Os Infiltrados, que também foi premiado como melhor filme do ano. Nada mais justo, embora, diga-se de passagem, seus demais concorrentes também estivessem à altura da estatueta.

Uma cerimônia de grandes filmes, algumas surpresas e premiações merecidas. Também excelentes as diversas montagens com cenas de filmes de todos os tempos, numa verdadeira viagem pela história do cinema, e belíssimas as encenações de imagens significativas dos principais concorrentes, feitas por bailarinos por trás de uma tela branca, num gracioso jogo de movimento, luz e sombra.

Só faltou ser menos cansativa. E não, desta vez não vou comentar sobre a péssima tradução simultânea de Rubens Ewald Filho.

Referências