Decidi seguir viagem para Beagá e participar do BlogCamp MG em cima da hora, mas a tempo de ganhar meu Coolnex Card:
Valeu, Rafael Arcanjo, pela inclusão, sem mencionar a idéia de desenvolver os Coolnex Cards para essa edição do BlogCamp, e todo o empenho na organização do evento. E valeu ao Celso Junior, que pegou essa imagem com definição sofrível e conseguiu ajeitar o suficiente para virar cartão. Atualização: parabéns ao Nick Ellis pelo design – nope, eu não sabia que era obra sua. 😉
Quer conhecer os outros cards? Visite o blog do Arcanjo. Um mais bonito que o outro – e o meu no meio, com uma logomarca feita a marretadas por esta que escreve, mas não desenha nem casinha com chaminé (novidades em breve…).
Já no ritmo do próximo fim-de-semana, o Norberto Kawakami promove um esquenta e pede algumas opiniões.
(…) Blogurinhas, os super-trunfos, as garrafas de vodka, os tazos, etc, etc, etc… Será que isso é interessante para atrair público não-blogueiro? E se queremos atrair esse público fora da blogosfera, não remamos contra a maré quando fazemos esse tipo de divulgação?
O Norberto se refere a uma série de iniciativas umbiguísticas, autocentradas e divertidíssimas. Tratam-se de brincadeiras criadas por e para blogueiros – e, realmente, desinteressantes para os não-iniciados, embora possam valer pela graça e pela sugestão de leitura de vários blogs.
A blogosfera é infinita. Acredito que haja espaço de sobra para essas iniciativas. O que não dá é para ficarmos só nisso. Blogueiros precisam falar para todos, não apenas para outros blogueiros, sob o risco de nos confinarmos numa cabeça de alfinete. Há um mundo lá fora!
Podemos falar em “internet mineira”? O mineiro reproduz online o mesmo comportamento que tem na “vida real”? Minas Gerais está adiantada ou atrasada em termos de internet, tanto do ponto de vista corporativo quanto do ponto de vista “civil” (blogs influentes, comunidade online forte, cultura online específica, etc)?
Não creio que seja possível segmentar tanto assim a coisa, reproduzindo online padrões ou estereótipos da vida offline.
Quando leio um blog, não reconheço imediatamente a região geográfica a que pertence o blogueiro, a não ser em casos específicos – quando o blog é focado na sua cidade, ou se caio exatamente em um artigo com referência geográfica. Não existe a coisa do sotaque, do gestual e, geralmente, nem as gírias denunciam a origem do blogueiro (claro, há exceções).
Acho ótima essa sensação de mundão grande sem porteira, ainda que, na hora de participar (ou não poder participar) de eventos, a realidade das distâncias apareça.
Os blogs devem necessariamente passar pelo âmbito jornalístico? Por que sempre que se fala em blogs e de sua credibilidade, sempre temos que nos basear no jornalismo cidadão? Não podemos encará-lo (o blog) apenas como uma ferramenta? E sua credibilidade, apenas um retrato do modo como o seu autor se utiliza dela?
Não. Por vício pseudopurista. Sim. Sim.
Sendo menos lacônica: blogs não são jornais, não querem ser jornais e não precisam ser jornais para sobreviver. Muito menos precisam ser o tipo de jornal formatadinho, convencional, que você deixaria na sala de espera do seu escritório.
Blogs são, sim, ferramentas de publicação, e cada um faz delas o que bem entender.
Houve uma discussão, faz alguns meses, sobre a responsabilidade/credibilidade dos blogs. Rolou até meme – um dos que ficaram na minha lista de textos a publicar. Eis aqui uma boa oportunidade de respondê-lo.
Eu lido com o Dia de Folga pensando em relevância, credibilidade, opinião embasada. Para isso, preciso ser responsável. Se comento sobre um filme, isso quer dizer que vi o filme, não apenas peguei um resumo da Veja e parafraseei. Também não me limito a dizer “o filme tal é uma droga” ou “é maravilhoso” – eu digo porque acho isso ou aquilo. Quando publico uma receita, eu fiz o prato. Quando opino, dou meus argumentos para que você possa concordar ou discordar.
Agora, essa é a minha forma de encarar. Tem blogueiro que escreve chamariz, prometendo entregar a última capa da Playboy, e sequer indica um link para as fotos – direito dele. Tem blogueiro que faz mera compilação de notícias, sem acrescentar sua opinião – direito dele. Tem blogueiro que copia receita de portal e sequer testa – adivinha? Sim, direito dele.
Tem blog de humor, blog sobre blogs, blog miguxo, blog querido-diário, blog corporativo… se a internet é o meio mais democrático que existe, os blogs são a expressão máxima dessa democracia. Nunca haverá homogeneidade (felizmente!) e, portanto, jamais será possível aplicar um conceito de responsabilidade universal.
Aliás, na mídia tradicional também não há padrões absolutos de responsabilidade ou credibilidade. Cabe ao consumidor de informações, venham de onde vierem, fazer o seu próprio filtro, ler o que lhe interessa, diferenciar o Caderno C do Caderno de Economia, o telejornal vespertino do documentário, os classificados da matéria paga.
IG e Interney, encontros com Yahoo, IG, outros, Via6 criando a NossaVia com o Boombust, BlogBlogs em reformulação se turbinando para turbinar os blogs, fora outras iniciativas que ainda não vieram à tona mas que sabemos que estão em períodos de incubação. Isso é a transformação definitiva dos blogs e dos blogueiros em mídia relevante e aceita? Quais os requisitos a serem preenchidos para estarmos capacitados a não ficar de fora dessa onda? O que temos que saber e dominar? Só os blogs e blogueiros “famosos” (nossas Miss Cangaíbas) terão oportunidades interessantes? Onde estão os blogs pequenos de nicho ainda não projetados?
Definitivamente, a blogosfera brasileira está na direção de se consolidar como mídia relevante. Toda a blogosfera? Não. Como eu disse, muitos blogueiros não almejam essa tal relevância (alguns, imagine você, nem desejam fama ou fortuna).
O fato é que estamos engatinhando por aqui. Blogueiros norte-americanos são chamados para cobrir lançamentos de produtos ou eventos políticos, enquanto nós mendigamos amostras grátis para resenhas pagas. Ainda temos um longo chão a percorrer, muito Café.com Blog, muita aglutinação em rede, muito diálogo, ajuste e trabalho, muita saliva e pixels gastos repetindo os mesmos conceitos, reexplicando blogs, desenhando a coisa de novo e novamente.
O novo espaço que surge no horizonte não é exclusivo para blogueiros “famosos”. Está aberto a todos que tenham interesse e competência para produzir conteúdo e que estejam dispostos a ralar o suficiente para alcançar um lugar ao sol. Veja, por exemplo, o Dinheirama. Em fevereiro de 2007, nem existia. Nove meses depois, é autoridade na web quando se trata de finanças pessoais, tem uma baita comunidade de leitores e quase 2.000 assinantes de feed. Não é feitiçaria, é tecnolog, digo, competência e trabalho árduo.
A gente se encontra e continua o debate no BlogCamp MG, dias 17 e 18 de novembro. Ou a qualquer momento, num navegador perto de você.