Tem muito texto pela web falando sobre como fazer a adaptação do gato “chegante” com o gato reinante. Não é tarefa fácil, acredite. Dá aflição sim, ver os dois gatinhos que você escolheu com tanto carinho tentando se matar bem na sua frente. Corta o coração cada fuuuuuu, fere a alma cada arranhão. Isso sem falar nos gritos medonhos durante as perseguições.
O que dizem por aí é que “no pain, no gain” – se você não passar por esse calvário, não alcançará o paraíso de ver seus dois fofolentos brincando juntos pela casa.
Qual a melhor forma de fazer essa adaptação, tornando-a o menos traumática possível?
Há controvérsias.
A maior parte dos sites especializados aconselha o confinamento do gato novato em um único cômodo, por alguns dias. Enquanto isso, o gato já existente vai se acostumando com o cheiro do novo companheiro e com a dura realidade de não ser mais filho único. Durante esse processo, ajuda fazer troca de edredons, para que um sinta o cheiro do outro. Eventualmente, convém prender o gato “antigo” e soltar o novato, para que ele conheça a casa e, novamente, para que um sinta o cheiro do outro sem que se vejam. Também é bacana passar um brinquedo por baixo da porta com que os dois possam brincar (pode ser um barbante com uma bolinha amarrada em cada ponta).
Depois dos primeiros dias, inicia-se a apresentação gradual: solta-se o gatinho novo por uma hora num dia, duas horas no seguinte, até que as brigas diminuam.
Daí até surgir o amor e a amizade entre eles, o caminho ainda é longo – mas pelo menos você já sabe que não vão se matar na sua ausência e pode deixar os dois soltos.
Por outro lado, tem muita gente boa que nem liga pra isso tudo e simplesmente libera o novo gato junto do(s) gato(s) já existente(s), sem se preocupar com nada.
Eu, como não tenho porta (ou quase), não podia dar-me ao luxo de um confinamento nos conformes. Fechava a Cacau no banheiro (onde está a única porta da casa) pela tarde inteira nos primeiros dias, porque esse era o único jeito de um aterrorizada Mel comer, beber água e usar a caixa de areia. Do início da noite até o fim da manhã do dia seguinte, Cacau ficava solta, eu podia usar o banheiro e Mel ficava ilhada num móvel alto, vendo a intrusa de cima.
Parecia que a cada novo confinamento as duas regrediam, porque, quando eu soltava a Cacau, o pega-pra-capar era monstruoso. De manhã as coisas estavam nos eixos, mas aí vinha novo confinamento… e novo pega-pra-capar.
Por fim – e já desesperada – desisti de prender a Cacau. Isso foi no quinto dia da chegada dela.
Em dois dias, as brigas diminuíram sensivelmente. Quando fez uma semana que a Cacau estava em casa, as duas comiam juntas.
Hoje, pouco mais de um mês depois, não são melhores-amigas-de-infância, mas ficam próximas, brincam juntas e até se unem para me acordar quando acham que já dormi demais.
Sim, cortei um dobrado durante o processo, e enchi a paciência de muita gente (as meninas do blog, meus pais, a protetora da Cacau etc. etc. etc.) toda vez que entrava em pânico dizendo “Isso não vai dar certo!”. No fim das contas, o que importa é que deu certo.
Não estou dizendo que é melhor partir pro seja-o-que-deus-quiser. No meu caso, foi o que funcionou mais. No seu, se você puder dispor de um cômodo para um confinamento decente durante vários dias, talvez valha a pena fazer uso dele.
Antes de trazer a Cacau, procurando informações sobre o tema, achei dois links bem bacanas:
A importância de uma boa apresentação: passo-a-passo para tornar a aproximação dos gatos o mais tranquila possível.
Adaptando… a história de Messy: “fotonovela” mostrando a adaptação de duas gatinhas – vale a pena lembrar sempre da sequência para se animar quando as coisas entre os felinos parecerem não dar certo.