Meu Top 5 de Músicas Bregas

Inspirado pelos comentários recentes sobre Michel Teló (vamos combinar que já apareceu coisa muito pior que ele), o Janio fez uma coletânea de músicas bregas dos anos 70 e 80. Já eu, inspirada pelo meu amigo, fiz minha própria seleção, meu Top 5 de músicas bregas dos anos 80 e 90. Duvido que você não cante junto com a maioria desses vídeos!

1. O Amor e o Poder (“Como uma deusaaaaaa…”)

A primeira música brega que grudou na minha memória – e na de muita gente que nasceu no fim dos anos 70 e acompanhou a novela Mandala. O clipe é brega, a dancinha é brega, mas a Rosana fazia um sucesso monumental e era considerada uma “cantora romântica”. Afinal, qual é a linha que separa o romântico do brega?

 2. Volta Pra Mim (“Amanheci sozinho… na cama, um vaziiio…”)

Adooooro Roupa Nova até hoje, mas admito que de vez em quando (sim, só de vez em quando) eles são bregas até a medula. Essa música marcou meus 8 anos. Eu costumava cantar a plenos pulmões no quintal de casa, enquanto brincava no balanço.

3. Desculpe, Mas Eu Vou Chorar (“As luzes da cidade acesas, clareando a foto sobre a mesa…”)

Grandes Leandro e Leonardo! O sr. e a sra. Monte estavam retidos em algum lugar de Salvador devido a uma chuvarada típica de verão e eu estava no apartamento, vendo algum programa de auditório, quando começou essa música. Decorei a letra quase imediatamente.

4. Evidências (“Eu sei que te amo!”)

Essa a gente praticamente gritava o refrão no ônibus escolar, tentando imitar o timbre do Chitãozinho e Xororó, pra desespero do motorista.

5. Se Você Quer (“Mas eu sempre fui assim, um boêmio um sonhador, pela vida apaixonado.”)

O sr. Monte ia me pegar na escola em 1992 e duas músicas sempre tocavam durante o trajeto de volta: Listen to yout heart (Roxette) e esse dueto da Fafã de Belém com o Roberto Carlos. Alguém aí lembra de um sujeito que ia num programa de auditório (Domingão do Faustão?) e fazia as duas metades do dueto, inclusive com roupas, cabelo e maquiagem?

Faixa-Bônus: O Grande Amor da Minha Vida (“O tempo passou e eu sofri calado…”)

A Nova Brasil FM insistia em tocar essa música do Gian e Giovani insistia em tocar enquanto eu ia pra faculdade. Nunca esqueci o finzinho da música:

Eu ia dizer que estava apaixonado
Recebi o convite do seu casamento
Com letras douradas num papel bonito
Chorei de emoção quando acabei de ler
Num cantinho rabiscado do verso
Ela disse meu amor eu confesso
To casando mais o grande amor da minha vida é você

Aposto que você também tem sua seleção pessoal de músicas bregas. Compartilhe!

O Mundo Mágico de Escher

Visitar uma exposição no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) é certeza de ir a um ambiente bem cuidado, caprichado, agradável e instrutivo. Disso, já sei há anos. Ainda assim, fiquei surpresa com a mostra O Mundo Mágico de Escher. O CCBB realmente se superou dessa vez!

São tantas instalações e informações que recomendo uma tarde toda para aproveitar bem a exposição. Mais de 90 gravuras foram trazidas diretamente da Holanda – terra do artista – para a mostra. Um vídeo de cerca de uma hora (eu acho – assisti ao vídeo todo e esqueci-me de marcar o tempo) conta a vida de M. C. Escher: fala do seu casamento, do tempo que passou na Itália, dos apuros durante a Segunda Guerra Mundial, menciona que só a partir dos trinta anos o artista começou a ganhar dinheiro com seu trabalho, mostra as técnicas por ele empregadas etc. e tal.

Dia e Noite - M. C. Escher
Dia e Noite.

Em outra sala, painéis holográficos tornam ainda mais enriquecedora a experiência de ver obras como Dia e Noite (ao lado) ou Metamorfose II. No chão da sala, um quebra-cabeças baseado em um dos quadros fica à disposição da criançada. Ao longo das paredes, monitores sensíveis ao toque mostram o desenrolar (isso mesmo) dos quadros.

Pensa que acabou? Nada disso. Uma outra sala exibe cenários baseados nos conceitos de Escher e ainda há um vídeo de 10 minutos em 3D desconstruindo algumas de suas gravuras, como Cascata.

Na mesma proporção em que amei a exposição, tenho dificuldades em escrever sobre ela. É para ser vista, experimentada, sentida. Foge a meras descrições, extrapola o texto como os desenhos de Escher extrapolam o papel.

O Mundo Mágico de Escher ficou em cartaz em Brasília de outubro a dezembro de 2010. Em 18 de janeiro de 2011, foi montada no CCBB do Rio de Janeiro, onde fica até 27 de março. Depois, segue para São Paulo. Não perca!

Referência

Mauricio de Sousa ao vivo!

As Aventuras da Turma da Mônica - capa do vinil
A capa do meu primeiro disco!

Quem não leu gibi, não teve infância. Quem leu, mas deixou de lado a Turma da Mônica, teve uma infância menos divertida.

Minha recordação mais antiga da turminha não é dos quadrinhos, mas do LP As Aventuras da Turma da Mônica. O disco foi lançado em 1982 e foi o primeiro vinil que chamei de meu. Do alto dos meus três anos de idade, sabia todas as músicas de cor e até hoje posso ouvir nas minhas memórias o “Sou a Mônica, sou a Mônica, dentucinha e sabichona”, alto e claro. E sim, ainda tenho o disco.

Depois vieram as revistinhas, as assinaturas, os desenhos animados (levanta o mouse quem curtiu A Sereia do Rio, com participação da Tetê Espíndola!), os gibizinhos (você juntava não sei quantas tampinhas de refrigerante, ganhava um e começava a coleção)… A Turma da Mônica marcou minha infância, sim, e se tenho uma queixa é não terem feito o Sansão de pelúcia quando eu era criança.

Palestra com o Mauricio de Sousa
Centro de Convenções de Brasília, 21.10.2010.

Ontem tive a honra de ver ao vivo e a cores, a poucos metros de distância, o criador desse mundo que cativa geração após geração. Mauricio de Sousa brindou mais de 1.000 pessoas com recordações, casos divertidos, vídeos (Cebolinha e Mônica falando mandarim provocaram furor) e lições como só alguém que sempre perseguiu seus sonhos pode dar.

Quando apresentou seus desenhos a um editor pela primeira vez, Mauricio foi aconselhado a desistir. Em vez disso, tentou novamente anos depois e conseguiu emplacar suas tirinhas na Folha de São Paulo. Isso foi há 51 anos. De lá pra cá, a cada década ele se colocou um novo objetivo: ampliar a tiragem das revistinhas, criar um parque temático, emplacar desenhos animados, levar os personagens ao exterior… Conseguiu tudo isso e muito mais. Pra você ter uma ideia, a Turma da Mônica já está em 50 países, e esta semana foi inaugurado o primeiro Parque da Mônica no exterior (em Luanda, capital da Angola). E vem mais pela frente: entre outros planos, um longa-metragem com animação de babar está no forno (tivemos uma prévia); um braço da Mauricio de Sousa Produções desenvolve, no Nordeste, soluções em softwares; um Parque do Cebolinha (“ladical!”) está a caminho, e outro do Chico Bento, antenado com as questões relativas a meio ambiente e sustentabilidade e pronto a ensiná-las às crianças (Mauricio conhece e acredita no poder educativo das suas histórias).

Sobre a queda das vendas de quadrinhos apregoada por alguns, o desenhista diz que é puro papo; segundo ele, as vendas só aumentam. A Turma da Mônica Jovem, por exemplo, é a revistinha mais vendida no Brasil hoje. Aliás, a ideia para a publicação tomou forma no dia em que Mauricio percebeu que seu filho mais novo (hoje com onze anos de idade) pela primeira vez não pegou as revistinhas da Turma da Mônica de cara, mas titubeou entre elas e os mangás. “Meu filho não pode deixar de me ler!” – e assim Mônica e cia. ganharam cara de mangá.

O caminho para o sucesso não costuma ser fácil pra ninguém, e também não foi sempre um mar de rosas para o Mauricio. Quando, por exemplo, decidiu sair da Editora Abril nos anos 80, ao sentir que não crescia por estar à sombra das historinhas da Disney (publicadas pela mesma editora), passou quatro anos negociando o novo contrato com a Editora Globo. Valeu a pena: no primeiro mês na casa nova, a tiragem das suas revistinhas saltou de um milhão para três milhões e meio. Focar num objetivo é fundamental, ensina, ainda que eventualmente seja necessário mudar o curso.

Mauricio de Sousa!
Após a palestra, foto e autógrafo.

Mauricio não descansa sobre os louros e não pára no tempo. Enquanto muita gente não entende e até mesmo teme a internet, ele diz que ela “veio para ajudar mais ainda”. Em vez de intimidar-se pelo novo, afirma com clareza que não há nada a temer, pois sua empresa é uma fábrica de conteúdo, “a mercadoria mais importante hoje em dia”. Não se trata de desenhos, produtos ou merchandising, mas de conteúdo de qualidade, “que está fazendo falta no mundo”. Novas plataformas não o assustam: “iPod, iPad, iPid, iPud, temos que estar em tudo”. Enquanto muito tiozinho não se entende com o caixa eletrônico do banco, Mauricio, que já é bisavô, tem um BlackBerry que serve, entre outras coisas, para atualizar sua ótima página no twitter.

Essa capacidade de se renovar e de traçar novas metas deve ser a fonte da eterna juventude do Mauricio. No próximo dia 27, ele faz 75 anos de idade. Ninguém diria. O corpo é de 50 (se tanto) e a mente é de um jovem de 20 anos empreendedor, ousado e cheio de planos. Arrependimentos? Nenhum. Segundo ele, o segredo “é terminar o dia achando que você fez o possível para aquele dia, sem se angustiar; amanhã é um novo dia”.

PS.: muito obrigada ao Marietta, que sorteou dois convites para a palestra de ontem pelo twitter @marietabsb; e à VBN, fã nº 1 do Mauricio, que foi comigo; se eu estivesse sozinha, não teria a determinação necessária para conseguir o autógrafo no meu História em Quadrões 2, nem a foto ao lado do Mauricio de Sousa.