Blog Action Day 2009 – Mudanças Climáticas

O Blog Action Day deste ano convoca blogueiros, twitteiros, facebookeiros etc. e tal a debaterem sobre as mudanças climáticas e suas consequências. Já publiquei diversos textos aqui no DdF relacionados ao tema. Veja alguns:

Como novidade, incluo uma dica bacana: a Tetra Pak, fabricante daquelas caixinhas longa-vida pra sucos, leite e quetais, usou o Google Maps para criar uma Rota de Reciclagem para as embalagens. Você informa seu endereço e o mapa indica pontos de coleta, cooperativas e estabelecimentos que pagam pelo material (mas, normalmente, só se você tiver muito material – o foco desses locais são as cooperativas).

Além do ganho com a economia de matéria-prima, a reciclagem tem o mérito de evitar que as embalagens acabem em lixões, onde não só levariam décadas para se decomporem como também ocupariam um espaço considerável, fazendo surgir a necessidade de lixões maiores, com todos os problemas que acarretam.

Ninguém deseja voltar ao tempo das vendas a granel e dos alimentos não-pasteurizados. Conforto é tudo de bom, sim. Se podemos minimizar o impacto desse conforto no meio ambiente, por que não fazê-lo?

Em tempo: vários dos pontos de coleta listados na rota de reciclagem aceitam outros tipos de lixo seco. É o caso do Pão de Açúcar, que tem recipientes separados para papel, plástico, vidro, alumínio e metais diversos. As embalagens longa-vida podem ser recicladas como plástico ou como alumínio.

Dia Mundial Sem Carro – eu participaria, se pudesse.

Amanhã, 22 de setembro, celebra-se o Dia Mundial Sem Carro. A ideia é conscientizar a população sobre os transtornos que o uso exagerado do carro podem trazer às nossas cidades, incentivando o uso de meios alternativos de transporte ao menos um dia por ano.

A cidade pára, nós paramos.
A cidade pára, nós paramos.

A poluição do ar é só um dos problemas gerados pelo excesso de carros nas ruas. A poluição visual e sonora também reduzem nossa qualidade de vida, as horas perdidas diariamente no trânsito roubam-nos tempo de lazer e convivência com família e amigos, os engarrafamentos são estressantes.

Se você puder, deixe seu carro na garagem amanhã. Use o transporte público para chegar ao trabalho. Se tiver condições, vá de bicicleta, ou quem sabe a pé – e aproveite para praticar exercício. Se não houver jeito de abandonar o carro, tente oferecer carona a um amigo para ir e voltar do trabalho.

Sei que nem todos podem aderir ao manifesto. Costumo participar do Dia Mundial Sem Carro quando ele cai num fim-de-semana.  Infelizmente, durante a semana isso é completamente inviável. Moro numa cidade de concreto e asfalto em que tudo foi pensado para os carros, sem deixar espaço ao ser humano. As linhas de ônibus são pífias e várias delas (inclusive a que me atenderia na volta para casa) são desativadas muito cedo todos os dias. O metrô é lento, superlotado, insuficiente. Não há calçadas. Não há sombras para aplacar o sol, nem iluminação pública na volta para casa. Não há ciclovias.

O que há são inúmeras promessas governamentais (como a construção de 600 quilômetros de ciclovias) e pouca ação (apenas algumas dezenas de quilômetros em construção). Há, também, uma facilidade incrível para a compra do carro, mas nenhuma orientação sobre os juros das prestações ou o custo de manter um automóvel.

Para completar o quadro, existe uma total falta de educação no trânsito, em que vale a lei do mais forte. Pedestres têm vez, é verdade, nas faixas. Ciclistas e motociclistas precisam contar com a sorte para sobreviverem aos desmandos dos possuidores de veículos de quatro rodas. Entre os carros, mesmo, vale o “eu primeiro”: ligar a seta para mudar de pista é interpretado pelo carro ao lado como “vou correr pra não dar chance a esse sujeito”.

“Ecologia” não é só cuidar de plantas. É respeitar o ambiente (inclusive o urbano) e seus componentes (inclusive o homem). Se você, como eu, não pode deixar o carro em casa amanhã, ao menos tente usá-lo com civilidade. Dê a preferência, não jogue lixo pela janela, proteja os que usam meios de transporte mais frágeis. Não se trata apenas de ser “verde” ou de seguir o Código de Trânsito Brasileiro, mas de ter educação, esse artigo que anda tão em falta nos últimos tempos.

Foto: Edgley Cesar (Creative Commons).

Use e abuse de produtos da estação!

Dia desses – não faz um mês – comprei uma centrífuga[bb], dessas que fazem suco de tudo com qualquer coisa. Não é aquela da televisão, a tal Juicer Philips Walita, porque o treco é caríssimo – e, pelo que andei lendo, injustificadamente. Comprei uma muito semelhante da NKS, com bocal de alimentação enorme, corta-pingos na saída, 2 anos de garantia e 700 watts de potência. No fim das contas, o que importa mesmo nesses aparelhos é a potência, para que o máximo de suco seja extraído com o mínimo de esforço.

Estou feliz da vida com o bichinho. Sim, ocupa um espaço enorme na pia do meu apartamento minúsculo. Sim, há várias peças pra lavar, mas quase todas são tão fáceis de limpar quanto um copo. A peneira com microtrituradores dá um pouquinho mais de trabalho, mas nada que uma escovinha (tipo as que são usadas pra limpar unhas) não resolva em dois tempos.

Vale a pena fazer um único copo de suco e ter de lavar tudo? Na minha opinião, vale. Estou me alimentando melhor e com uma facilidade incrível. Certo, gasto 10 minutos lavando louça, mas faço um suco gostoso e nutritivo em poucos segundos – uma coisa compensa a outra, não? Especialmente se você pensar que fazer uma salada de frutas ou ralar uma cenoura e uma beterraba para o almoço tomam muito mais tempo.

Bem, mas não comecei este artigo pra falar da minha centrífuga nova…

Como meu consumo de comida saudável aumentou, comecei a pensar: quais são as frutas e legumes da estação? Produtos da estação são mais gostosos, isso é um fato. As frutas são mais suculentas, os legumes são mais adocicados, as folhas são mais saborosas e tudo tem menos agrotóxico. Além de todas essas vantagens, produtos da época costumam ser mais baratos. Essa diferença de preço às vezes nem é tão significativa, mas em alguns casos chega a 200%: tomate, laranja e abacaxi são bons exemplos de frutas que ficam muito mais baratas na estação. Isso pra não falar do morango, que custa os olhos da cara fora do período certo.

Aproveite o melhor da melancia em janeiro e fevereiro!
Aproveite o melhor da melancia em janeiro e fevereiro!

Eu sei, é cômodo e tentador comprar o que dá na veneta, sem levar em conta a época do ano. Nos grandes supermercados você encontra tudo a qualquer época. Não abro mão totalmente dessa comodidade, admito. Não deixo, por exemplo, de comprar tomates. Adoro e como o ano inteiro. Por outro lado, se você sabe que janeiro é tempo de goiaba, que tal lembrar-se delas e levar pra casa um saco enorme? (Nota: goiabas e centrífuga não combinam. Vá por mim.)

Voltando à pergunta: como saber que produtos são típicos de cada mês? Reparar nos preços, na beleza e na quantidade deles ajuda, mas nem sempre (agrotóxicos conseguem esses efeitos, lembre-se). Minha saída foi recorrer a São Google, padroeiros dos curiosos. Não precisei pesquisar muito para encontrar o site do Ceasa de Campinas, que traz uma lista mês a mês dos alimentos próprios e tabelas que facilitam a consulta, sinalizando as melhores épocas para cada verdura, legume e fruta.

Já salvei a lista nos Favoritos do firefox e dou uma olhadinha antes de passar na quitanda (aliás, outra dica: uma boa quitanda cobra mais caro, mas tem alimentos mais gostosos que os supermercados). Assim, vou tendo idéias de combinações pros meus sucos de centrífuga, evito cair na mesmice e não enjôo do brinquedo.

Você não precisa ter uma centrífuga para aproveitar frutas, legumes e verduras da época, ter produtos mais saborosos na sua geladeira, colaborar com a sua saúde, com seu bolso e, de quebra, com o meio ambiente. É uma lista considerável de bons motivos para observar a tabela antes das compras, não?

Sentindo o aquecimento global na pele

Alguém desliga o aquecimento? Ontem foi o dia mais quente em Brasília desde que… bem, desde que Brasília existe. Em 48 anos, nunca havia sido registrada a temperatura de 35,8ºC que o INMET (Instituto Nacional de Meteorologia) marcou ontem (embora alguns relógios pela cidade registrassem mais que isso).

Para completar, a seca continua por aqui: a umidade relativa do ar estava em 13% ontem, agravando o calor. Clima desértico mesmo e nem uma brisa para amenizar. Ficar na rua era impossível e o ar condicionado de todos os cantos lutava para dar conta. Hoje a coisa não está muito diferente disso como, aliás, não estava na segunda-feira. No domingo, o asfalto de algumas ruas estava mole e na bancada de granito em que fazíamos um churrasquinho dava pra fritar um ovo. Literalmente.

Um efeito colateral dessa onda de calor é a sobrecarga da rede elétrica da cidade. Ontem foi dia de picos de luz e apagões em diversas áreas de Brasília. A CEB diz que a culpa é nossa, claro, já que aparelhos de ar condicionado estão no limite – mas a CEB é aquela empresa que nem nas CNTP consegue atender a demanda e deleita-nos com quedas de luz frequentes, chova ou faça sol.

De quebra, o número de focos de incêndio está mais elevado que nunca, especialmente levando-se em conta a época do ano – novembro já é temporada chuvosa na Capital Federal.

As explicações passam pela ocupação excessiva (embora não desordenada) da cidade, pelo uso exagerado de concreto, pelos prédios de vidro sem isolamento térmico adequado e pelo número de veículos nas ruas. Cada comentarista, especialista ou cidadão comum apresenta a sua hipótese.

A minha é bem simples: o aquecimento global chegou. Fujam para as montanhas.

Imagem: runrunrun.

Atualização: alguns termômetros pela cidade ontem marcavam 40ºC e a umidade “extraoficial”, dizem, foi de 8%.