Se minha gata fosse gente…

Texto inspirado na pergunta da Juliana, do Diário de Dois Gatos.

Se a Cacau fosse gente, seria especialista nos pecados da gula e da preguiça. Pela intersecção deles, inevitavelmente seria gorda. Fast food seria sua preferência – aliás, se não existissem comidas prontas, delivery e outras maravilhas da vida moderna, a Cacau morreria de fome. Exercícios? Até faria, mas apenas por puro prazer, com o foco na diversão e não no emagrecimento. Um banho de mar num dia quente, uma caminhada por um parque bonito, uma partida de vôlei com os amigos. Tudo sem compromisso.

Cochilo da Tarde
Banho de sol, um dos prazeres simples da Cacau.

Aliás, a vida da Cacau seria assim, sem compromisso. Seria profissional liberal e trabalharia o suficiente para pagar as contas e os seus pequenos prazeres – se fizesse dinheiro suficiente na primeira quinzena do mês, a segunda seria dedicada ao ócio, no melhor espírito baiano.

Teria hábitos simples. Além de comer e dormir, seus grandes prazeres seriam conhecer novas pessoas e rever velhos amigos. Seria atenciosa, carinhosa, até grudenta. Ficaria conhecida pelo constante bom humor e pela habilidade de fazer todos à volta sorrirem, esquecendo-se dos próprios problemas. Teria um milhão de amigos nas redes sociais e outro milhão no dia-a-dia real.

Se o seu gato fosse gente, como ele seria?

Kitty, a Gatinha Mochileira

Kitty e Guillaume.
Com Guillaume, protegida do sol.

Minhas gatas vivem muito felizes num apartamento e, se depender de mim, não se perderão pelas ruas. Kitty, entretanto, tem uma rotina bem diferente – e também feliz. A linda gatinha tigrada adotou Guillaume e Laetitia, um casal francês que encarou a aventura de percorrer a pé 15.000 quilômetros, de Miami (EUA) a Ushuaia (Argentina) – uma viagem de três anos! A gata, muito esperta, passa boa parte do tempo entre as mochilas do casal, mas também arrisca suas caminhadas.

Kitty foi encontrada com cerca um mês de vida, em novembro de 2008. Os aventureiros ainda estavam na Luisiana (EUA), mal fazia dois meses que a viagem começara. A gatinha mostrou-se uma grande companheira e ganhou até guarda-sol para viajar sobre a mochila de Guillaume sem se queimar.

Desde setembro de 2009 Laetitia não faz mais parte da expedição. Guillaume e Kitty, porém, continuam firmes e fortes. A atualização mais recente do diário de viagem (em francês) é de agosto deste ano, da Colômbia. Kitty, perto de completar dois anos de vida, já virou assunto no Discovery Channel e provavelmente é a gata mais viajada do mundo!

Kitty em Chiapas.
Fazendo pose em Chiapas (México).

Quando a aventura acabar, Kitty voltará para a França com Guillaume.

Dica: Lu Freitas.

Imagens: Turn of the World.

Como adaptar o bebê novo ao dono (ou à dona) da casa?

Tem muito texto pela web falando sobre como fazer a adaptação do gato “chegante” com o gato reinante. Não é tarefa fácil, acredite. Dá aflição sim, ver os dois gatinhos que você escolheu com tanto carinho tentando se matar bem na sua frente. Corta o coração cada fuuuuuu, fere a alma cada arranhão. Isso sem falar nos gritos medonhos durante as perseguições.

O que dizem por aí é que “no pain, no gain” – se você não passar por esse calvário, não alcançará o paraíso de ver seus dois fofolentos brincando juntos pela casa.

Qual a melhor forma de fazer essa adaptação, tornando-a o menos traumática possível?

Há controvérsias.

A maior parte dos sites especializados aconselha o confinamento do gato novato em um único cômodo, por alguns dias. Enquanto isso, o gato já existente vai se acostumando com o cheiro do novo companheiro e com a dura realidade de não ser mais filho único. Durante esse processo, ajuda fazer troca de edredons, para que um sinta o cheiro do outro. Eventualmente, convém prender o gato “antigo” e soltar o novato, para que ele conheça a casa e, novamente, para que um sinta o cheiro do outro sem que se vejam. Também é bacana passar um brinquedo por baixo da porta com que os dois possam brincar (pode ser um barbante com uma bolinha amarrada em cada ponta).

Depois dos primeiros dias, inicia-se a apresentação gradual: solta-se o gatinho novo por uma hora num dia, duas horas no seguinte, até que as brigas diminuam.

Daí até surgir o amor e a amizade entre eles, o caminho ainda é longo – mas pelo menos você já sabe que não vão se matar na sua ausência e pode deixar os dois soltos.

Por outro lado, tem muita gente boa que nem liga pra isso tudo e simplesmente libera o novo gato junto do(s) gato(s) já existente(s), sem se preocupar com nada.

Eu, como não tenho porta (ou quase), não podia dar-me ao luxo de um confinamento nos conformes. Fechava a Cacau no banheiro (onde está a única porta da casa) pela tarde inteira nos primeiros dias, porque esse era o único jeito de um aterrorizada Mel comer, beber água e usar a caixa de areia. Do início da noite até o fim da manhã do dia seguinte, Cacau ficava solta, eu podia usar o banheiro e Mel ficava ilhada num móvel alto, vendo a intrusa de cima.

Parecia que a cada novo confinamento as duas regrediam, porque, quando eu soltava a Cacau, o pega-pra-capar era monstruoso. De manhã as coisas estavam nos eixos, mas aí vinha novo confinamento… e novo pega-pra-capar.

Por fim – e já desesperada – desisti de prender a Cacau. Isso foi no quinto dia da chegada dela.

Em dois dias, as brigas diminuíram sensivelmente. Quando fez uma semana que a Cacau estava em casa, as duas comiam juntas.

Hoje, pouco mais de um mês depois, não são melhores-amigas-de-infância, mas ficam próximas, brincam juntas e até se unem para me acordar quando acham que já dormi demais.

Sim, cortei um dobrado durante o processo, e enchi a paciência de muita gente (as meninas do blog, meus pais, a protetora da Cacau etc. etc. etc.) toda vez que entrava em pânico dizendo “Isso não vai dar certo!”. No fim das contas, o que importa é que deu certo.

Não estou dizendo que é melhor partir pro seja-o-que-deus-quiser. No meu caso, foi o que funcionou mais. No seu, se você puder dispor de um cômodo para um confinamento decente durante vários dias, talvez valha a pena fazer uso dele.

Antes de trazer a Cacau, procurando informações sobre o tema, achei dois links bem bacanas:

A importância de uma boa apresentação: passo-a-passo para tornar a aproximação dos gatos o mais tranquila possível.

Adaptando… a história de Messy: “fotonovela” mostrando a adaptação de duas gatinhas – vale a pena lembrar sempre da sequência para se animar quando as coisas entre os felinos parecerem não dar certo.