Ningyos, os bonecos japoneses

O Japão é permeado por ritos e tradições em todos os aspectos cotidianos – não seria diferente quando o assunto é brinquedo. A exposição O mundo mágico dos ningyos apresenta bonecos de tradição milenar, riquíssima em simbolismos.

Os ningyos (a palavra quer dizer “forma humana” em japonês) inspiram admiração e são guardadas pelos seus donos como relíquias de família. Na verdade, não são bonecos com os quais as crianças possam brincar, dadas a sua fragilidade e a carga de significados que carregam.

A mostra enfatiza três tipos de ningyos:

Hina Ningyo
Hina Ningyo simbolizando sacerdotisa xintoísta, a fim de proteger a menina e inspirar-lhe o casamento ou a vida religiosa.

Hina-Nyngions: ofertadas no Dia das Meninas (3 de março), relacionam-se com o casamento ou a vida religiosa.

Musha Ningyos: bonecos guerreiros para o Dia dos Meninos (5 de maio), representam os samurais e devem inspirar-lhes honra e coragem.

Gosho Ningyos: bonecos-bebês ofertados a recém-nascidos para conferir-lhes proteção, sendo deixados perto das crianças para absorver energias negativas.

Também estão expostas algumas gravuras (ukiyo-e) do século XIX, cujo traço limpo e forte inspirou o atual mangá.

Embora a exposição seja voltada para crianças (os bonecos, inclusive, são posicionados em altura menor que a usual, para facilitar-lhes a visão), duvido que algum adulto deixe de se encantar com os detalhes dos adornos, os penteados e os ricos tecidos que vestem os bonecos.

A exposição é pequena – em menos de meia hora, você vê e revê (ótimo para não cansar as crianças). Está em cartaz no CCBB de Brasília até 10 de janeiro de 2010, de terça a domingo, das 9h às 21h (entrada franca).

O metrô de Paris nas telas

Metrô de Paris
Mapa do metrô de Paris. Clique para ampliar.

Não nas telas de cinema, mas nas telas pintadas por Gérard Fromanger.

Quem já viu um mapa do metrô de Paris reconhece o embaralhado de cores que cortam toda a cidade. Gérard Fromanger viu ali inspiração para uma série de pinturas em que as linhas se fundem às pessoas que se fundem à paisagem urbana. As cores são fortes, primárias. As pessoas são representadas por silhuetas nitidamente recortadas do fundo. O fundo são cenas urbanas interessantes em si mesmas, recriadas a partir de fotografias projetadas na tela.

A exposição A Imaginação no Poder (que integra a celebração do Ano na França no Brasil) apresenta essa série como ponto de partida e pode ser vista no CCBB de Brasília até dia 15 de novembro, de terça a domingo, das 9h às 21 horas (entrada franca). A mostra traz, ainda, outros quadros do autor, como retratos de filósofos com quem ele conviveu. São 69 obras, ao todo.

Apesar do apelo à imaginação, tudo é muito concreto nas pinturas de Fromanger. Sua escola, conhecida como “Nova Figuração” ou “Figuração Narrativa”, era uma reação à pintura abstrata e, embora faça uma interpretação da realidade, não a desfigura – ao contrário, torna-a ainda mais objetiva. O engajamento político também é constante e pedaços da história podem ser encontrados nas pinturas, como uma manchete de jornal condenando a Guerra do Yom Kippur (1973).

Criador e criatura.
Criador e criatura.

Vá com tempo suficiente para assistir ao vídeo de cerca de 20 minutos que traz uma entrevista sensacional com Fromanger. Rever a exposição logo após ouvir o artista lança novos tons sobre as obras, contextualiza historicamente seu criador e torna o passeio muito mais rico. Fromanger viveu os conturbados anos 60 em Paris ao lado de artistas e pensadores como  Jean-Luc Godard, Gilles Deleuze e Félix Guattari. Influenciou e foi influenciado por eles.

Outra boa razão para dedicar tempo ao vídeo é ver a pintura feita em 1991 com inúmeros ícones culturais e, no meio deles, as duas torres do World Trade Center tombadas e cobertas de sangue. Profecia? Para Fromanger, era simplesmente a interpretação da Guerra do Golfo dos anos 90, com a projeção lógica das suas consequências.

Também vale ouvir a explicação sobre como buscar inspiração para preencher a tela branca: “a tela é negra, eu preciso esbranquiçá-la”. O artista deve escolher, entre milhares de possibilidades, o que deseja retratar, excluindo todas as outras alternativas, “limpando” a tela.

Foto: Wikipedia, Creative Commons.

Brinquedos de Papel

Os tigres são ferozes!
Os tigres são ferozes!

Começou com um twitt da Carol Linden, que levou-me ao paper toy fofíssimo do Haroldo, aí do lado. Dali, fui direto para a galeria do Lyrin-83, depois para os pokémons de papel. De link em link, passei horas navegando por brinquedos de papel incríveis, criativos e bonitos. Lembraram-me daquelas bonequinhas de cartolina que vinham com roupinhas (também de papel) e rendiam muitas brincadeiras.

Os paper toys de hoje são mais sofisticados  e requerem um pouco de habilidade da montagem, mas não são nada impossíveis. Basta o modelo impresso, tesoura, fita dupla-face (a cola não é recomendada porque pode manchar a tinta) e uma dose de paciência.

Diferencial para cara quadrada!
Diferencial para cara quadrada agora!

Busque o Caminho e encontrará muitos sites sobre o assunto, como o Paper Toy Art (que não tem modelos para impressão, mas aceita encomendas – você pode virar um paper toy, olha só), o Toy-a-Day (com vários modelos para download),  e o Cubeecraft (meio confuso, mas cheio de modelos e links).

Tem paper toy pra todos os gostos:

Se tiver talento, você pode criar seu próprio paper toy a partir de um modelo em branco (também há outros  mais simples). A imaginação é o limite!

Folgando na Rede # 13

Rede arco-íris Na semana retrasada, a Lili Ferrari e a Cozinha da Matilde juntaram forças para proporcionar uma experiência de dar água na boca: o Jantarte Frida Kahlo, um jantar temático em homenagem à grande pintora mexicana. No cardápio, delícias como guacamole, tortillas, brodo de camarão e cocada de forno, além de uma aula sobre a artista e boa música. Veja as fotos da Lu Freitas e fique com água na boca.

O nome Jantarte é criação da Lili para reunir jantar e arte, formando um evento cultural gastronômico. Nessas horas dá uma vontade danada de sair da roça e mudar pra São Paulo!

Dica de blog: Quero Ficar Bonita, da Renata Pinheiro. A Renata dá dicas de beleza sem cair nos estereótipos das capas de revista e sem deixar de lado a saúde.

Por falar em beleza, corra e participe da promoção do Canto da Lu, em conjunto com outros blogs femininos: Shoot Yourself Famous, um desafio de maquiagem que exige um pouco de encenação, bastante glamour e pode ser bem divertido. Os prêmios para as melhores fotos são muito bacanas. Vai lá conferir os detalhes!

Bichinhos de Jardim, um dos melhores sites de quadrinhos que já vi (em português, na minha opinião, é o melhor), comemorou dois anos no último dia 28. Pra comemorar, um passeio pelo túnel do tempo mostrando a evolução da artista (que começou cedo!) e dos bichinhos.

Aliás, a Clara (autora dos Bichinhos) ainda aguarda os adesivos do concurso de design promovido pelo Microonderia, que ela venceu em agosto. E o Cobra aguarda o microondas que ganhou no Microonderia Extra em julho. Parece que a parceria entre a Brastemp e a Espalhe não foi assim, uma… brastemp para os premiados.

E tem outra joaninha de aniversário: no dia 29 passado, o Ladybug Brasil também fez dois anos de rede! Que venham muitos mais!

Aproximação Típica Mudando para outro tipo de bichinhos, eis um site fofíssimo, ideal para espantar a carranca das segundas-feiras: Cute Overload. Algumas imagens realmente contêm excesso de fofura, outras são engraçadas ou curiosas. A que está aí ao lado conta uma típica aproximação felina e foi originalmente postada no blog Agnes and Henry, cheio de gatinhos fotogênicos.

A Mellancia está divulgando uma campanha para tornar o Natal de famílias carentes menos triste: você contribui com apenas 50 reais e ajuda o próximo. Quantas vezes gastamos 50 reais com bobagem? Essa é uma chance de gastá-los com uma boa ação.

A Lu Freitas me deixou com vontade de assistir ao Só dez por cento é mentira. Sabe-se lá quando chega por estas bandas… Avisa quando sair em dvd, Lu?

Pra encerrar a coletânea de hoje, matéria sobre blog publicada na Revista da Cultura de outubro. Fabrício Carpinejar ressalta que “o blog perdeu seu estigma de catarse e escrita sentimental para adquirir o status de uma janela fundamental para a comunicação com os leitores”. É isso aí: blogs podem ser diarinhos, mas frequentemente vão muito além disso! Entre as indicações de leitura, o recente Caderno de Saramago e o sempre delicioso Drops da Fal.